quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Pesquisas em hantavirose e outras doenças virais são avaliadas

WWW.SAUDE.GOV.BR Janeiro, 2008 Nº02
Pesquisas em hantavirose e outras doenças virais são avaliadas
Doença com alta taxa de letalidade no Brasil – em torno de 35% –, a hantavirose entrou na Agenda Nacional de Prioridades
de Pesquisa em Saúde em 2004, quando 163 casos da enfermidade foram detectados no país. Para estimular a produção
científica nessa área, o Ministério da Saúde (MS), por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) da Secretaria
de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), lançou naquele ano, em parceria com o Ministério de Ciência e
Tecnologia por meio do CNPq, o Edital 39/2004, temático para hantavirose e outras viroses.
Os resultados de 20 projetos contemplados na chamada pública foram avaliados em seminário realizado nos dias 19 e 20 de
novembro, durante a 7ª Mostra Nacional de Experiências Bem-sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças
(Expoepi), ocorrida em Brasília. Na abertura do evento, a técnica da Coordenação-Geral de Fomento à Pesquisa em Saúde Marge
Tenório falou sobre os objetivos e os procedimentos adotados para avaliação e acompanhamento dos estudos fi nanciados.
Para esse edital, o investimento total foi de aproximadamente R$ 2,7 milhões, sendo R$ 1,5 milhão provenientes do Decit e R$
1,1 milhão oriundos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Trabalhos relacionados a outras doenças virais transmitidas por
roedores (roboviroses) e mosquitos (arboviroses), sarampo e hepatites também foram incluídos.
Os especialistas Christian Niel, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Cláudio Pannuti, da Universidade de São Paulo (USP),
Erna Kroon, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Expedito Luna e Maria Inês Costa Dourado, da Universidade Federal
da Bahia (UFBA), foram os avaliadores convidados.
Também participaram do encontro, as representantes das áreas técnicas do MS Carmen Regina da Silva, Sandra Helena Gurgel,
Andréa Domanico, Luciana Rezende Lara, Naiara Thomazoni e Gerusa Figueiredo, e as técnicas da Coordenação-geral de Fomento
à Pesquisa em Saúde Celine Prado e Shirlene Holanda. Confi ra, a seguir, as principais informações apresentadas no evento.
Estudos para obtenção de novos kits de diagnóstico apresentam resultados
O Brasil pode ser tornar, nos próximos anos, mais independente com relação ao diagnóstico da hantavirose. Dois projetos contemplados
no Edital 39/2004 obtiveram avanços na produção de testes nacionais para detecção da doença. Os novos insumos ainda estão em fase
inicial de desenvolvimento, mas seriam mais sensíveis para diagnosticar pacientes brasileiros por usarem proteínas de vírus que circulam
no país, em vez das cepas estrangeiras usadas nos kits convencionais. Essas proteínas funcionariam como ótimos reagentes para o
diagnóstico da doença, agindo como “iscas” (antígeno) para “atrair” os anticorpos presentes nas amostras de soro.
O projeto desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB) e coordenado pelo biólogo Marcelo Brígido obteve a produção em pequena
escala do antígeno S700, proteína extraída do Paranoa vírus, que circula no Centro-Oeste. A expectativa é que ele possa ser usado
para detectar tanto IgM (anticorpo característico de uma infecção recente) como IgG (anticorpo presente em uma fase mais tardia da
doença) em pacientes e roedores infectados.
Já o trabalho da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), coordenado pelo biólogo molecular José Luiz Caldas Wolff, resultou na
construção de dois vetores capazes de expressar a proteína N do hantavírus Araraquara, presente no estado de São Paulo. O projeto
oferece uma alternativa para produção de antígenos de hantavírus mais adequados à realidade local.
Contato: brigido@unb.br / wolff@umc.br
Saiba mais sobre hantavirose
O número de casos de hantavirose aumentou progressivamente no Brasil entre 2003 e 2006, quando foi registrado um total de
600 ocorrências. A doença é considerada grave e não possui vacina ou tratamento específi co. Apesar de já ter sido detectada em
quase todo país, a moléstia tem maior incidência nas regiões Sul e Centro-Oeste.
A enfermidade é causada por mais de 20 tipos diferentes de hantavírus, eliminados pela saliva, fezes ou urina de roedores
infectados. Sua transmissão ocorre por meio da inalação do vírus presente no ar, por meio de água e comida contaminadas, de
lesões na pele ou mordidas de ratos.
Os sintomas da hantavirose começam a aparecer normalmente 15 dias após o contágio e se assemelham aos da gripe: febre,
dores de cabeça, no corpo e na região abdominal. Ao surgir a suspeita de infecção pelo hantavírus, o doente deve ser encaminhado
imediatamente a um hospital que disponha de UTI. O diagnóstico precoce é a única medida capaz de evitar a morte.
Trabalhos avaliados
Genótipo 1 do HCV é predominante em Pernambuco e Alagoas
Um estudo desenvolvido pela bióloga Itatiana Rodart, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), traçou um perfi l genotípico
do vírus da hepatite C na população de Pernambuco e Alagoas. Em Maceió, dos 154 pacientes testados, 74,7% foram positivos. O
genótipo 1 esteve presente em 77,4% deles e o genótipo 3 em 20,1%. Chama atenção o fato de, pela primeira vez, uma equipe de
pesquisa ter descrito o genótipo 2 no estado. Ele esteve presente em um dos pacientes. Já em Pernambuco 75% das 12 amostras
testadas deram positivo para o vírus; 66,6% foram do genótipo 1 e 33,3% foram do genótipo 3. Esse conhecimento é importante
porque geralmente o tratamento do paciente portador do genótipo tipo 1 é realizado em 12 meses, enquanto que o genótipo tipo 3
ocorre em seis meses.
Contato: irodart@yahoo.com.br
DECIT INFORMATIVO
Resultados de Pesquisa Hantavirose
Caracterização do hantavírus em roedores ajuda na vigilância da doença
Entender as características moleculares do hantavírus presente nas amostras de sangue de roedores
silvestres é fundamental para produção de insumos e promoção de estratégias preventivas. Os projetos
de pesquisa apresentados pela bióloga Akemi Suzuki, do Instituto Adolfo Lutz (IAL), e pela
médica Elba Lemos, da Fundação Oswaldo Cruz, tiveram exatamente esse objetivo.
No primeiro estudo, foram capturados 1.300 roedores de 18 espécies diferentes, comuns em áreas
de Mata Atlântica dos municípios de Espírito Santo do Pinhal, Mogi das Cruzes e Cotia. Foram
identificados e analisados geneticamente os hantavírus Araraquara, Juquitiba e Cocuera. A equipe
coordenada pela bioquímica Cecília Luiza Simões dos Santos também estudou microorganismos
do gênero arenavírus, primos do hantavírus que podem causar febre hemorrágica. Os especialistas
identificaram um novo arenavírus em Espírito Santo do Pinhal, para o qual sugeriram o nome de
Pinhal. Apesar dos dois relatos de casos de infecção humana pelo arenavírus Sabiá, o vírus não foi
detectado em roedores da região.
A outra pesquisa, conduzida pela Fiocruz, caracterizou hantavírus detectados em roedores silvestres
capturados nos municípios de Jaborá (SC), Luziânia (GO) e Teresópolis (RJ). Dos 509 roedores
capturados em Jaborá, 22 eram soropositivos para o vírus; em Luziânia, 76 roedores foram capturados
e três amostras sorológicas acusaram a presença do vírus; já em Teresópolis, três amostras
de sangue das 89 analisadas deram positivo para o vírus. Um dos desdobramentos desse trabalho
é a realização de um projeto colaborativo entre o Brasil e a Argentina para identificar os roedores
reservatórios associados com arenavírus e hantavírus no Mato Grosso do Sul.
Contato: aksuzuki@ial.sp.gov.br / elemos@ioc.fiocruz.br
Transmissão da hantavirose em SP ocorre mais em áreas de cultivo agrícola
Os seis municípios do estado de São Paulo onde houve mais notificação de hantavirose entre
1993 e 2005 têm em comum a ocupação humana do solo por meio da agricultura. A constatação
é de um estudo conduzido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenado pela
médica Maria Rita Donalisio. A partir de técnicas de sensoriamento remoto, a equipe analisou os
padrões ecológicos da doença nas 12 áreas das cidades de Juquitiba, Mogi das Cruzes, Cássia dos
Coqueiros, São Carlos, Aguaí e Tupi Paulista onde se concentraram quase todas as 80 ocorrências
da enfermidade registradas no estado no período. Entre as características mais comuns a essas
regiões, destacam-se modificação da vegetação nativa e a presença de cultura de cana, milho e
soja. Além das áreas de risco para transmissão serem áreas de cultivo de grãos, também foram
constatados casos em locais com pasto e braquiária, sempre próximos à mata. De acordo com a
pesquisadora, a notificação de casos ocorreu com maior freqüência em épocas particularmente
secas, comparadas às médias de pluviométricas das últimas três décadas na região.
Contato: donalisi@fcm.unicamp.br
SP faz vigilância do Vírus do Oeste do Nilo
Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL) aplicaram metodologias clássicas de estudo de vírus
transmitidos por aves para monitoramento e vigilância epidemiológica do Vírus do Oeste do Nilo (WNV)
em São Paulo. O microrganismo nunca foi identificado no país, mas circula em regiões vizinhas, e pode
causar encefalite, meningite e paralisia. No estudo apresentado por Luis Eloy Pereira e coordenado
por Benedito Antônio Lopes da Fonseca, foram coletadas 918 amostras de aves, sete morcegos e um
lagarto nos municípios de Iguape, Santa Lúcia e Castilho. Embora tenham sido detectados dois animais
(Troglodytes aedon e Carollia perspicillata) com anticorpos característicos do WNV, não se pode afirmar
que eles tenham sido infectados pelo microrganismo. A equipe também detectou um aumento acentuado
na prevalência de anticorpos para Flavivirus (gênero que inclui o WNV) em Iguape entre 2005 e 2006,
indicando intensa circulação de Flavivirus na região, em período intermediário às capturas.
Contato: lupereira@ial.sp.gov.br / baldfons@fmrp.usp.br
Grupos de pesquisa investigam vírus causador de febre aguda na Amazônia
Diferentes vírus dos gêneros Orthobunyavirus e Alphavirus têm sido relacionados a surtos de doenças
febris agudas na Região Amazônica e no Planalto Central. Duas universidades federais buscaram
compreender como funcionam esses microrganismos, investigar seu potencial patogênico e entender a
persistência dos mesmos em diferentes células. Esses estudos são fundamentais para o desenvolvimento
de formas de tratamento e controle dessas viroses.
Os resultados preliminares do estudo coordenado pelo bioquímico Paulo César Ferreira, da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), mostram que os vírus Apeu, Caraparu e Itaqui, inoculados em
camundongos, causaram a morte em 100% dos animais. Os sinais clínicos da doença foram perda de
peso, fraqueza, respiração lenta, dificuldade nos movimentos, paralisia das patas traseiras e tremores
generalizados. A equipe espera, com isso, ter contribuído para caracterizar o potencial patogênico dos
microorganismos.
Coordenada pelo biólogo molecular Davis Fernandes Ferreira, a equipe da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) identificou a proteína Thiolester Containing-Protein II (TEP II), que joga um papel
importante na persistência dos vírus Oropouche e Mayaro. Entre os desdobramentos do estudo, destacase
o Projeto TEP II, feito em colaboração com a Universidade Estadual da Carolina do Norte, dos Estados
Unidos, que irá investigar o potencial antibactericida e antifúngico da proteína.
Contato: paulo.peregrino@pq.cnpq.br / davis@pq.cnpq.br
DECIT INFORMATIVO
Resultados de Pesquisa Hantavirose
Vigilância de arboviroses pode ser feita em tempo real
O projeto Diagnóstico e tipagem molecular de casos atípicos de febre amarela, coordenado pelo médico Mauricio
Lacerda Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, teve como objetivo desenvolver e
implementar um sistema de vigilância laboratorial para a doença em pacientes com hepatopatias agudas de
etiologia não determinada. O projeto também incluiu a vigilância, o diagnóstico e o estudo fi logenético de
outras viroses transmitidas por mosquitos, como a dengue e Encefalite Viral de Saint Louis (SLE). A equipe
constatou a circulação de SLE em São José do Rio Preto e desenvolveu uma metodologia que combina
PCR, seqüenciamento e geoprocessamento e permite acompanhar em tempo real a dinâmica da epidemia
de dengue. O trabalho tem a colaboração de pesquisadores da USP, UNESP e SUCEN-SP.
Contato: mnogueira@famerp.br
Pesquisa analisa 50 anos da febre amarela
Na pesquisa Febre amarela: caracterização genética de cepas brasileiras, correlação de evolução clínica e
ocorrência de circulação enzoótica e epizoótica num período de 50 anos, coordenada pelo professor Pedro
Fernando da Costa Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas (IEC), foi realizada a correlação da evolução
clínica da doença no país com a circulação do vírus num período de 50 anos. O estudo mostrou que a
proteína E pode desempenhar um papel importante no fenótipo da doença e na sua evolução. Entre os
objetivos alcançados durante o desenvolvimento do projeto, destacam-se a classifi cação fi logenética de
isolados de febre amarela obtidos no Instituto Evandro Chagas nos últimos 50 anos (1954-2004), a partir de
casos humanos, de artrópodes e de macacos; a caracterização de cepas associadas com quadros severos
e fatais da doença (teoricamente mais virulentas); e a comparação com cepas obtidas de casos leves e não
fatais da doença (teoricamente menos virulentas), permitindo a comparação dos genótipos associados com
diferente expressão fenotípica de virulência e diferentes apresentações clínicas.
Contato: pedrovasconcelos@iec.pa.gov.br
Grupo busca novos antígenos para o diagnóstico da febre amarela
O estudo coordenado pelo professor Bergmann Morais Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB), objetivou
a expressão da proteína do vírus da febre amarela em células de inseto, visando a produção de antígeno
para diagnóstico e/ou vacina contra a doença. O grupo alcançou expressão da proteína do envelope do vírus
da febre amarela em células de inseto utilizando o Sistema Baculovirus, detectou a expressão da proteína
Env pelo vírus recombinante vSynYFE e pelo vírus recombinante vAgYFE. A perspectiva é que o grupo
possa produzir um anticorpo específi co para a proteína recombinante e verifi car se ele reage contra o vírus
da febre amarela selvagem.
Contato: bergmann@unb.br
Metodologias úteis na avaliação da resposta imunológica à vacina contra sarampo
O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil. Graças às campanhas rotineiras
de vacinação, a prevalência da doença vem diminuindo no território nacional. Um grupo coordenado
pela bióloga Márcia Terezinha Baroni de Moraes e Souza, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
(Biomanguinhos) da Fiocruz, vem trabalhando na padronização das tecnologias para expressão e purifi cação
de uma proteína do vírus do sarampo que pode ser usada como insumo para avaliar a resposta imunológica de
indivíduos vacinados. O desenvolvimento dessa e de outras tecnologias a partir de sistemas mais modernos
pode aumentar a qualidade da produção da vacina, melhorar sua estabilidade e oferecer novas formas de
apresentação da mesma.
Contato: baroni@bio.fi ocruz.br
Estabelecidos métodos para detecção do HCV em tempo real
Duas pesquisas contempladas no Edital 39/2004 resultaram no estabelecimento de processos de avaliação
quantitativa do HCV usando a reação em cadeia de polimerase (PCR) em tempo real. O estudo coordenado
pelo médico Edson Rondinelli, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), teve como desdobramento
para o SUS a utilização de produtos para a detecção do HCV no soro dos pacientes. Entre 2005 e 2007, 3.500
testes foram realizados. O grupo também obteve a caracterização de variantes genéticas que poderão indicar
os vírus mais resistentes. A informação é fundamental para o estudo da relação custo/benefício do tratamento
da doença. O método de detecção da carga viral a partir do PCR em tempo real desenvolvido pelo biólogo
molecular Nilo Ikuta, da Universidade Luterana do Brasil, pode ser aplicado para as hepatites B e C. O sistema
amplifi ca, detecta e mede tanto os níveis extremamente altos de vírus no sangue quanto os mais baixos.
Contato: edrondin@biof.ufrj.br / ikuta@ulbra.br
Novo kit para detecção de hepatite se mostra promissor
Um novo kit de diagnóstico apresentado pelo pesquisador Fernando Araripe Torres, da Universidade de
Brasília (UnB), tem se mostrado promissor na detecção das hepatite C. Os testes preliminares obtiveram
sensibilidade de 92,86%. O grupo coordenado por Irmtraut Araci Hoffmann Pfrimer, da Universidade Católica
de Goiás (UCG), desenhou o gene sintético MEHCV a partir da inclusão dos conjuntos de genes do vírus
da hepatite C mais prevalentes no Brasil (o 1 e o 3). O gene codifi ca uma proteína multiepítopo que é
reconhecida por amostras de soro de indivíduos portadores do vírus da hepatite C. Novos testes precisam
ser feitos para validar o kit.
Contato: pfrimer@brturbo.com.br. / ftorres@unb.br
DECIT INFORMATIVO
Resultados de Pesquisa Hantavirose
Genótipo F do VHB tem prevalência elevada na Bahia
Uma pesquisa coordenada pelo pesquisador Mitermayer Galvão dos Reis, do Centro de Pesquisa Gonçalo
Moniz, unidade da Fiocruz na Bahia, determinou a diversidade dos vírus da hepatite B no Acre e na Bahia.
Ao todo, foram genotipadas por seqüenciamento 246 amostras do agente infeccioso. Apenas os genótipos A,
D e F foram encontrados nos soros analisados. No Acre, foi observado um predomínio do genótipo A (59%),
seguido do F (30%) e D (11%). Já na Bahia, não foi observada diferença na prevalência de genótipos A e F;
ambos estiveram presentes em 43% das amostras. Em 14% das análises, predominou o genótipo F. Para
os especialistas, esse número é elevado e chama atenção, já que, em geral, a infecção pelo genótipo F está
associada a uma pior evolução natural da doença. Os pesquisadores esperam repetir o estudo com o HCV,
identifi car mutações nos vírus em pacientes sob pressão imunológica ou terapêutica e criar um banco de dados
das seqüências dos vírus B e C.
Contato: miter@bahia.fi ocruz.br
Hepatite C é mais prevalente em usuários de drogas injetáveis
A prevalência de hepatite C em usuários de drogas injetáveis é maior do que a verifi cada em usuários de drogas
não-injetáveis. A afi rmação é de um estudo feito pela bioquímica Regina Maria Bringel Martins, da Universidade
Federal de Goiás (UFG). De acordo com a pesquisa, a infecção esteve presente em 26,9% dos usuários de
drogas injetáveis no município de Goiânia e, entre os usuários de outras drogas ilícitas, fi cou em 2,5%. Em
Campo Grande, a diferença foi mais marcante: 40% dos primeiros e 3% dos segundos foram positivos para
o HCV. Em Cuiabá, 33,3% do primeiro grupo apresentaram a infecção, contra 1,5% do segundo grupo. Os
resultados da pesquisa também sugerem que a co-infecção HCV-HIV tem maior impacto entre os usuários de
drogas injetáveis, ela atingiu 10% do primeiro grupo e 5% do segundo. Já a co-infecção pelo vírus da hepatite
B atingiu 60% dos usuários de drogas não-injetáveis e 31% dos de drogas injetáveis.
Contato: rbringel@terra.com.br
Portadores de HCV apresentam risco de desenvolver doenças auto-imunes
Um estudo apresentado pelo farmacêutico-bioquímico Ajax Mercês Atta, professor de Imunologia da Faculdade
de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), avaliou 100 portadores do vírus da hepatite C (HCV),
atendidos em dois centros de referência de hepatites de Salvador (BA), usando 40 doadores sadios de
banco de sangue como controles. Entre os indivíduos infectados, 89% tinham algum marcador laboratorial
de auto-imunidade, como crioglobulinas (62%) – proteínas anormais – e presença de auto-anticorpos séricos.
Nos indivíduos sadios, apenas três possuíam esses marcadores auto-imunes. Embora os pacientes não
apresentassem manifestações clínicas de tais doenças por ocasião da inclusão no estudo, pesquisas recentes
realizadas em outros países relatam o desenvolvimento de doenças auto-imunes nos portadores de HCV
positivos para auto-anticorpos e crioglobulinas, entre as quais a síndrome de Sjögren (síndrome da boca seca),
vasculites e doença renal, além de resposta desfavorável ao tratamento com interferon-α mais ribavirina.
Contato: ajatta@ig.com.br
Pesquisa associa hepatite C a alterações do sono
Estudo feito com portadores de hepatite C crônica cadastrados no ambulatório de hepatite da Fundação de
Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM) irá relacionar a resposta imune dos pacientes e o genótipo viral às
alterações neurológicas e do sono. De acordo com o estudo apresentado por Adriana Malheiro, da Fundação de
Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), 72,7% dos 33 indivíduos avaliados em um questionário
clínico e de sono manifestaram fadiga, 33,3% tiveram insônia e 15,2%, depressão. A escala de sonolência variou
de 1 a 16 pontos. Acima de 10 pontos, ela indica sonolência excessiva que deve ser investigada. Oito pacientes
avaliados (24,3%) alcançaram mais de 11 pontos. Já na avaliação da severidade da fadiga, sete pacientes
(21,2%) relataram que ela interferia plenamente em seus afazeres profi ssionais, pessoais e familiares. Foi
possível realizar a genotipagem do vírus da hepatite C (HCV) em apenas 22 pacientes. O genótipo 1 é o mais
prevalente (41%), seguido do 3 (36%) e do 2 (23%). Ainda falta concluir o estudo que traça o perfi l da resposta
imune desses indivíduos para relacionar os três resultados.
Contato: malheiroadriana@yahoo.com.br
Expediente:
Ministério
da Saúde
Secretaria de
Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos
O Informativo Decit Série Resultados de Pesquisa é uma publicação técnica do Departamento de Ciência e Tecnologia, da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, do Ministério da Saúde, que se destina a divulgar os resumos e resultados das pesquisas
fi nanciadas pelo Departamento.
MINISTRO DA SAÚDE
José Gomes Temporão
SECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOS
Reinaldo Guimarães
DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Suzanne Jacob Serruya
COORDENADORA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO
Maria Cristina Costa de Arrochela Lobo
JORNALISTAS RESPONSÁVEIS
Renata Maia (RP 3529/PE)
Ivy Fermon (RP 6837/DF)
Sarita Coelho (RP 25549/RJ)
DESIGNER / DIAGRAMAÇÃO
Emerson ëCello e Renata Guimarães
COLABORAÇÃO
Marge Tenório
CONTATO
decit@saude.gov.br
61 3315-3298 ou 3466

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