sexta-feira, 28 de abril de 2017

Vestibular CEDERJ 2017.2 | Vestibular Cederj

Vestibular CEDERJ 2017.2 | Vestibular Cederj


Vestibular CEDERJ 2017.2

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Leia atentamente:


Vestibular Cederj: mais de 7 mil vagas em universidades públicas
 As vagas são para 15 cursos de graduação a distância nas universidades do

Consórcio Cederj: CEFET, UENF, UERJ, UFF, UFRJ, UFRRJ e UNIRIO


Estão abertas as inscrições para o Vestibular Cederj 2017.2, que disponibiliza 7.159 vagas em 15 cursos de graduação a distância nas universidades públicas do estado do Rio. Para os candidatos que vivem longe das instituições de ensino, é uma ótima oportunidade de ingresso na UERJ, UFRJ, UFF, CEFET, UENF, UFRRJ ou UNIRIO: as universidades que formam o Consórcio Cederj.
As inscrições serão recebidas até 11 de maio (inscrições, clique aqui), mediante o pagamento da taxa de R$ 85. Acesse aqui  a lista de cursos oferecidos em cada polo – Manual do Candidato (a partir da pág 8).
Cursos:
As 7.159 vagas estão distribuídas pelos cursos de: Bacharelado em Administração (711 vagas), Administração Pública (400) e Engenharia de Produção (400); tecnólogos em Gestão de Turismo (250), Segurança Pública (360) e Sistemas de Computação (529); e Licenciatura em Ciências Biológicas (871), Física (375), Geografia (240), História (250), Letras (300), Matemática (830), Pedagogia (1.040), Química (318) e Turismo (285).
Polos:
Os polos da Fundação Cecierj estão localizados em todas as regiões do estado, nos municípios de Angra dos Reis, Barra do Piraí, Belford Roxo, de Bom Jesus do Itabapoana, Campo Grande, Cantagalo, Duque de Caxias, Itaguaí, Itaocara, Itaperuna, Macaé, Magé, Miguel Pereira, Natividade, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Paracambi, Petrópolis, Piraí, Resende, Rio Bonito, Rio das Flores, Rocinha, Santa Maria Madalena, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana, São Gonçalo, São Pedro da Aldeia, Saquarema, Três Rios e Volta Redonda.
Aulas:
As aulas ocorrem no modelo semipresencial, com acompanhamento didático e avaliações nos 32 polos da Fundação Cecierj. Os alunos deverão comparecer ao polo pelo menos duas vezes por semestre para fazer as provas. De acordo com o curso, pode ser necessária a presença no polo mais vezes, como para participar de aulas em laboratório. O material didático é fornecido gratuitamente (nos formatos online e impresso) e o diploma é emitido pela universidade consorciada sem distinção da educação presencial.
Cederj:
O Consórcio Cederj pertence à Fundação Cecierj, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social. É formado por sete instituições públicas de ensino superior: CEFET, UENF, UERJ, UFF, UFRJ, UFRRJ e UNIRIO, e conta atualmente com mais de 40 mil alunos matriculados.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Sistema de informações da educação brasileira busca transparência pública e efetividade para melhoria dos resultados educacionais

Fonte: Revista Educação  
O Brasil possui um dos mais completos sistemas de produção de estatísticas educacionais do mundo. Sabemos que há 48,8 milhões de estudantes matriculados em 186,1 mil escolas de educação básica. Também sabemos que a proficiência em língua portuguesa nos anos iniciais do ensino fundamental está melhorando desde 2001 e realizamos, todos os anos, uma prova, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que assumiu contornos de “vestibular nacional” e só é menor do que o realizado na China.
Esses são apenas alguns exemplos dos levantamentos e avaliações produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep, que em janeiro completou 80 anos de existência.
Criado em 1937, durante o governo de Getúlio Vargas, para “organizar a documentação relativa à história e ao estado atual das doutrinas e técnicas pedagógicas” e “promover inquéritos e pesquisas”, entre outras atribuições, o Inep tornou-se uma instituição-chave para as políticas educacionais brasileiras especialmente a partir de 1997, quando passou a ser uma autarquia ligada ao Ministério da Educação (MEC) (Leia mais sobre a história do Inep).

Atualmente, o Inep é o órgão oficial responsável por levantamentos estatísticos educacionais e por avaliações de larga escala na educação básica e superior. “O sistema de informações educacionais brasileiro é comparável aos melhores do mundo”, comenta o coordenador do Laboratório de Estudos sobre Educação Superior da Universidade Estadual de Campinas (LEES/Unicamp), Renato Pedrosa. “Países como a Índia sequer sabem exatamente o número de alunos matriculados nas escolas.”
As informações geradas pelo Inep subsidiam as mais diversificadas ações e políticas públicas: a criação de indicadores de qualidade como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o credenciamento de instituições de ensino superior que usa como insumo o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) ou até a distribuição de bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni), que adota como parâmetro o desempenho dos estudantes no Enem.
Apesar disso, à medida que aumenta a relevância do instituto, intensifica-se o debate em torno da utilização das informações produzidas pelo órgão. Nesse sentido, Renato Pedrosa pontua, por exemplo, que embora os dados produzidos pelo Inep sejam de qualidade, a maneira como os resultados são usados em programas governamentais merece atenção. “É preciso avançar na discussão sobre o uso das avaliações para qualificar as políticas”, afirma.
Para o economista Sergio Firpo, professor e pesquisador do Insper, o desafio que se apresenta é aprimorar o uso dos dados para a avaliação das políticas educacionais. “Coletar e divulgar informações para a sociedade é o grande mérito do Inep. Mas a transparência sobre como os dados são produzidos e seu uso para accountability precisam ser reforçados.”
Já o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, defende o papel do Inep como “órgão inteligente capaz de subsidiar a tomada de decisão” através de análises e pesquisas. “O Inep poderia trazer para o debate público temas relevantes para pensar a educação. Seria uma maneira de qualificar a discussão.”
A pergunta que surge, então, é: a massa de dados e informações produzidos pelo Inep está servindo plenamente à implementação de políticas capazes de diagnosticar e incidir sobre os problemas da educação brasileira?
A resposta para essa questão não é simples, pois envolve uma diversidade de aspectos – da metodologia adotada para a produção das estatísticas à apropriação das informações por gestores, professores e a sociedade em geral, passando pelo acesso aos dados das bases geradas pelos levantamentos e avaliações.
Identidade e missão
Nesse cenário, uma questão que surge é o aumento do espectro de atuação do Inep, especialmente a partir de 2009, quando o Enem se consagrou como o principal instrumento de seleção de estudantes para a educação superior.
“O Inep assumiu novas atribuições que não tinha e que envolvem um enorme grau de complexidade”, destaca a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, que foi presidente do órgão entre 1995 e 2002.

A trajetória do Inep nos últimos 20 anos ilustra esse processo. Na segunda metade da década de 1990, quando foi reestruturado, o instituto se concentrava na realização do Censo Escolar, do Censo da Educação Superior e na aplicação das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Hoje, operacionaliza um exame como o Enem que teve 8,6 milhões de inscrições e envolveu 660 mil pessoas na realização da prova em 2016 – realiza, também, periodicamente, censos e avaliações da educação básica e superior, além de produzir indicadores de qualidade.
Nesse contexto, o desafio é equacionar as ações e atividades do instituto de modo a não perder o foco. Uma medida nessa direção, defende a secretária executiva do MEC, é a reformulação do Enem anunciada em março.
A partir de 2017, o exame deixará de oferecer certificação de conclusão do ensino médio, o que deverá reduzir o número de inscritos em pelo menos 1 milhão de estudantes, calcula a gestora. Esses estudantes poderão obter a certificação por meio do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), também realizado pelo Inep.

Além disso, o desempenho dos estudantes no Enem não será mais utilizado para calcular o Enem por Escola. O uso como insumo de um indicador de qualidade de escolas é alvo de polêmica, dividindo opiniões entre aqueles que o consideram inadequado para essa medição (pois a participação dos estudantes no exame é voluntária) e aqueles que defendem sua validade enquanto sinalizador do ensino e da aprendizagem no secundário.
Essas medidas, ao lado do debate sobre a revisão dos indicadores da educação superior ao longo de 2017, têm como objetivo consolidar o sistema de avaliações educacionais brasileiro, defende a atual presidente do Inep, Maria Inês Fini “As mudanças no Enem e no Saeb visam fortalecer um sistema que está atingindo sua maturidade”, afirma.
Pensar a avaliação
Na medida em que a operacionalização de avaliações complexas como o Enem e o Saeb assumem relevância no espectro de atuação do Inep, isso afeta sua atuação no campo das políticas públicas.
“Um exame como o Enem envolve processos administrativos complexos e possui uma finalidade distinta das atribuições que caracterizam o Inep desde a década de 1990: a produção de estatísticas educacionais e as avaliações em larga escala”, diz o sociólogo Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). “Com isso, deixa de haver clareza sobre a missão do Inep.”
Outro efeito colateral é o enfraquecimento do papel do Inep na realização de pesquisas instrumentais para subsidiar a tomada de decisões mais sustentadas no campo das políticas educacionais, assinala Romualdo Portela, da Faculdade de Educação da USP.
“É importante o que o Inep faz na produção de estatísticas educacionais e no acesso público aos bancos de dados. Já a outra faceta do Inep, a operacionalização de testes em larga escala, remete a um debate que vamos ter de fazer em algum momento: essa função não caberia a uma agência independente?”, questiona Portela.
Na mesma direção, o historiador Roberto Catelli Junior, coordenador do programa Educação de Jovens e Adultos da ONG Ação Educativa, crê que, ao se transformar num “instituto que realiza exames”, o Inep perde a capacidade de produzir pesquisas, prejudicando o diagnóstico de problemas e a análise dos impactos das políticas educacionais. “Não existem sequer relatórios sobre a aplicação do Enem ou Encceja, então não é possível avaliar seu impacto”, argumenta Catelli Junior.
O risco, na visão desses pesquisadores, é que as decisões relativas às políticas sejam fundamentadas em critérios subjetivos ou em percepções e crenças que não traduzem as reais necessidades.
“Existe uma overdose de avaliações desde a década de 1990, muitas delas censitárias, o que leva a pensar: por que fazer avaliações como a Prova Brasil? Não é necessário fazer uma avaliação censitária para realizar um diagnóstico. Esse tipo de exame só faz sentido se os resultados forem usados para gerenciar os sistemas, o que revela uma determinada orientação da política educacional”, analisa Romualdo Portela, da Feusp.
Em contrapartida, constata-se um baixo nível de aproveitamento desses resultados por aqueles que estão na linha de frente do processo educacional, ou seja, professores, coordenadores e diretores de escola, o que torna relativo o impacto dessas avaliações enquanto instrumentos para orientar ações voltadas, por exemplo, a melhorar a qualidade da aprendizagem.
A ausência de conexão dos resultados e indicadores aferidos nas avaliações de larga escala com as características locais ou com expectativas de aprendizagem é um dos fatores que explicariam isso. “Toda avaliação é qualitativa e envolve uma interpretação, o que exige o estabelecimento de critérios para definir se um resultado é ou não adequado”, defende Ocimar Alavarse, também professor da Feusp.
“Sem a interpretação a avaliação fica restrita a uma medição, especialmente num cenário em que as escolas não têm uma cultura de dados e pouco sabem o que fazer com esse resultado”, complementa. Por isso, defende Alavarse, as avaliações só fazem sentido se gerarem outras políticas que não sejam as próprias avaliações.
O uso dos dados
O consenso quanto à relevância do papel do Inep na produção de estatísticas e dados educacionais convive com o debate sobre a maneira como eles são usados. Um exemplo é o Enem por Escola, cujo uso como indicador de qualidade era considerado inadequado. Outro caso é o dos indicadores de qualidade da educação superior, fortemente baseados no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), adotados para credenciar instituições e autorizar cursos. “Em muitos casos, os indicadores produzidos são usados de maneiras que distorcem eles próprios, fazendo com que percam validade”, afirma Pedrosa.
Consequentemente, o propósito da avaliação acaba sendo distorcido, o que pode se agravar quando esse tipo de prática é adotado para estruturar políticas educacionais. “O ProUni trabalha com uma faixa de corte de 450 pontos. Mas por que 450 pontos?”, questiona ele.
Nesse sentido, o economista Reynaldo Fernandes, professor da USP e ex-diretor do Inep, defende que os resultados das avaliações devem ser usados para mobilizar a sociedade e para prestação de contas. A divulgação do Enem por Escola, por exemplo, abre espaço para que se use a informação da maneira que for mais conveniente. “Se as pes­soas têm a informação, podem avaliar da melhor maneira. A interpretação dos dados é aberta”, defende.
Afinar as avaliações e os indicadores de qualidade é, então, o desafio que se apresenta ao Inep – não apenas em função da necessidade de aprimorá-los e de mantê-los em sincronia com parâmetros internacionais, mas, também, no caso da educação básica, em decorrência das mudanças que serão implementadas com a nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC). “A Base vai impactar as diretrizes curriculares, o Enem e o ordenamento jurídico das avaliações”, prevê Maria Inês Fini.
Na outra ponta, o acesso aos dados, especialmente para o público não especializado, merece mais atenção, enfatiza Gabriela Moriconi, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC). “As estatísticas têm qualidade, a difusão das bases de dados tem ocorrido com relativa rapidez, mas há defasagem na divulgação para o usuário leigo.”
O efeito desse processo com diferentes sincronias é o enfraquecimento da capacidade de compreensão dos desafios da educação pela sociedade em geral, assim como por atores-chaves do setor (como diretores e professores), cuja adesão é fundamental para o sucesso de qualquer política educacional.

terça-feira, 25 de abril de 2017

HANNAH ARENDT (1906-1975)

Hannah Arendt (Linden, 14 de Outubro de 1906 — Nova Iorque, 4 de Dezembro de 1975) foi uma teórica política alemã, muitas vezes descrita como filósofa, apesar de ter recusado essa designação. Emigrou para os Estados Unidos durante a ascensão do nazismo na Alemanha e tem como sua magnum opus o livro "Origens do Totalitarismo".


Cientista política e vítima do racismo anti-semita, Hannah Arendt tornou-se um dos grandes nomes do pensamento político contemporâneo por seus estudos sobre os regimes totalitários e sua visão crítica da questão judaica. A liberdade, o abandono das tradições culturais e a administração tecnocrática da sociedade foram alguns de seus temas principais.

BIOGRAFIA

Nascida numa rica e antiga família judia de Linden, Hannover, fez os seus estudos universitários de teologia e filosofia em Königsberg (a cidade natal de Kant, hoje Kaliningrado). Arendt estudou filosofia com Martin Heidegger na Universidade de Marburgo, relacionando-se passional e intelectualmente com ele. Posteriormente Arendt foi estudar em Heidelberg, tendo escrito na respectiva universidade uma tese de doutoramento sobre a experiência do amor na obra de Santo Agostinho, sob a orientação do filósofo existencialista Karl Jaspers. Hannah Arendt doutorou-se em filosofia em 1928, na Universidade de Heidelberg.

A tese foi publicada em 1929. Em 1933 (ano da tomada do poder de Hitler) Arendt foi proibida de escrever uma segunda dissertação que lhe daria o acesso ao ensino nas universidades alemãs por causa da sua condição de judia. O seu crescente envolvimento com o sionismo levá-la-ia a colidir com o anti-semitismo do Terceiro Reich o que a conduziria, seguramente, à prisão. Conseguiu escapar da Alemanha para Paris, onde trabalhou com crianças judias expatriadas e onde conheceu e tornou-se amiga do crítico literário e místico marxista Walter Benjamin. Em 1940, casou-se com o professor de história da arte Heinrich Bluecher. Foi presa (uma segunda vez) em França conjuntamente com o marido, o operário e "marxista crítico" Heinrich Blutcher, e acabaria em 1941 por partir para os Estados Unidos, com a ajuda do jornalista americano Varian Fry.

Trabalhou nos Estados Unidos em diversas editoras e organizações judaicas, tendo escrito para o "Weekly Aufbau".

Em Nova York foi diretora de pesquisas da Conferência sobre as Relações Judaicas, mas teve que esperar vários anos até retomar o trabalho universitário. Naturalizou-se cidadã americana em 1951, ano em que publicou sua obra mais significativa, Origins of Totalitarianism (Origens do totalitarismo), pela qual tornou-se conhecida e respeitada nos meios intelectuais. Com Eichmann em Jerusalém (1963), suscitou muitas polêmicas ao denunciar o papel das lideranças judaicas no extermínio nazista da segunda guerra mundial.

Em 1963 é contratada como professora da Universidade de Chicago onde ensina até 1967, ano em que se muda para a New School for Social Research, instituição onde se manterá até à sua morte em 1975.

Após vários anos de atividade docente na Universidade de Chicago e na New School for Social Research, em Nova York, Hannah Arendt morreu nessa cidade em 4 de dezembro de 1975. Hannah Arendt está sepultada em Bard College, Annandale-on-Hudson, Nova Iorque.
O trabalho filosófico de Hannah Arendt abarca temas como a política, a autoridade, o totalitarismo, a educação, a condição laboral, a violência, e a condição de mulher.

LIVROS

O primeiro livro "As origens do totalitarismo" (1951) consolida o seu prestígio como uma das figuras maiores do pensamento político ocidental. Arendt assemelha de forma polémica o nazismo e o comunismo, como ideologias totalitárias, isto é, com uma explicação compreensiva da sociedade mas também da vida individual, e mostra como a via totalitária depende da banalização do terror, da manipulação das massas, do acriticismo face à mensagem do poder. Hitler e Stalin seriam duas faces da mesma moeda tendo alcançado o poder por terem explorado a solidão organizada das massas. Sete anos depois publica "A condição humana" e enfatiza a importância da política como acção e como processo, dirigida à conquista da liberdade. Publica depois "Sobre a Revolução" (1963), talvez o seu maior tributo para o pensamento liberal contemporâneo, e examina a revolução francesa e a revolução americana, mostrando o que têm de comum e de diferente, e defendendo que a preservação da liberdade só é possível se as instituições pós-revolucionárias interiorizarem e mantiverem vivas as idéias revolucionárias. Lembraria os seus concidadãos americanos (entretanto adquiriria a nacionalidade americana) que se se distanciassem dos ideais que tinham inspirado a revolução americana perderiam o seu sentido de pertencer e identidade.

Ainda, em 1963, escreveria "Eichmann em Jerusalém" a partir da cobertura jornalística que faria do julgamento do exterminador dos judeus e arquiteto da Solução Final para a The New Yorker. Nesse livro impressionante revela que o grande exterminador dos judeus não era um demônio e um poço de maldade (como o criam os activistas judeus) mas alguëm terrível e horrivelmente normal. Um típico burocrata que se limitara a cumprir ordens, com zelo, sem capacidade de separar o bem do mal, ou de ter mesmo contrição. Esta perspectiva valer-lhe-ia a crítica virulenta das organizações judaicas que a considerariam falsa e abjurariam a insinuação da cumplicidade dos próprios judeus na prática dos crimes de extermínio. Arendt apontara, apenas, para a complexidade da natureza humana, para uma certa "Banalidade do Mal" que surge quando se condescede com o sofrimento, a tortura e a própria prática do mal. Daí conclui que é fundamental manter uma permanente vigilância para garantir a defesa e preservação da liberdade.

Hannah Arendt descreve o fenômeno totalitário como uma forma de dominação própria da modernidade, baseada na organização burocrática das massas, no terror e na ideologia. Como exemplos cita os desdobramentos da utopia socialista em suas versões nazista e stalinista. Na raiz do totalitarismo situa o anti-semitismo moderno, manipulado como instrumento de poder, e o imperialismo surgido nos países europeus no século XIX. Nos ensaios sobre as revoluções francesa e americana destaca a importância da ação conjunta como fonte de autoridade. Em Between Past and Future (1961; Entre o passado e o futuro), afirma que a palavra e a ação, para se converterem em política, requerem a existência de um espaço que permita o aparecimento da liberdade.

Arendt regressaria depois à Alemanha e manteria contato com o seu antigo mentor Martin Heidegger, que se encontrava afastado do ensino, depois da libertação da Alemanha, dadas as suas simpatias nazis. Envolver-se-ia, pessoalmente, na reabilitação do filósofo alemão, o que lhe valeria novas críticas das associações judaicas americanas. Do relacionamento secreto entre ambos ao longo de décadas (inclusive no exílio nos Estados Unidos) seria publicado um livro marcante, "Lettres et autres documents", 1925-1975, Hannah Arendt, Martin Heidegger, com edição alemã e tradução francesa da responsabilidade das Editions Gallimard.

PENSAMENTOS DE HANNAH ARENDT

"É na esfera política e pública que realizamos nossa condição humana".

"O mais radical revolucionário tornar-se-á um conservador no dia seguinte à revolução".

"Quem habita este planeta não é o Homem, mas os homens. A pluralidade é a lei da Terra".

"As mentiras sempre foram consideradas instrumentos necessários e legítimos, não somente do ofício do político ou do demagogo, mas também do estadista".


"O conservadorismo, no sentido da conservação, faz parte da essência da atividade educacional, cuja tarefa é sempre abrigar e proteger alguma coisa"

"A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar"

"A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver"

"A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele"

"Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história"

“Há uns que nos falam e não ouvimos; há uns que nos tocam e não sentimos; há aqueles que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas... há aqueles que simplesmente vivem e nos marcam por toda vida"

"O poder só é efetivado enquanto a palavra e o ato não se divorciam, quando as palavras não são vazias e os atos não são brutais, quando as palavras não são empregadas para velar intenções, mas para revelar realidades e os atos não são usados para violar e destruir, mas para criar relações e novas realidades." (Arendt, 2001, p. 212)