quinta-feira, 17 de março de 2011

17/03/2011 - 08h11

Japão já enfrenta risco de epidemias de cólera e tifo

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LUIS KAWAGUTI
CLAUDIA IZUMI
DE SÃO PAULO
Tragédia no JapãoO pânico gerado pela questão nuclear no Japão está desviando a atenção das autoridades de uma possível crise humanitária, que pode envolver as mais de 452 mil pessoas que estão vivendo em abrigos temporários.
Os desabrigados enfrentam chuva, neve e temperaturas de -5C em cerca de 2.400 ginásios, templos e escolas públicas que não possuem sistemas de aquecimento suficientes.
Eles também têm que lidar com a escassez de alimentos no comércio. Só recentemente a comida começou a chegar aos abrigos, em transportes militares.
Em uma escola na cidade de Ofunato,os idosos têm preferência para ficar mais próximos dos aquecedores a gás, enquanto os jovens tentam lutar contra o frio jogando bola na neve.
O prefeito de Fukushima, Yuhei Sato, disse em entrevista à emissora japonesa NHK que faltam refeições quentes e itens de necessidade básica nos abrigos e criticou a ação do governo.
Outro problema da população que perdeu suas moradias é ter acesso a telefones.
A brasileira Thereza Yogi, 19, não conseguia falar com seu pai, Ilton Toshiaki Yogi, desde o terremoto. Só o localizou ontem, graças à boa vontade de desconhecidos.
"Recebi e-mails de duas pessoas, um japonês e um alemão, dizendo que ele está vivo, com outros cinco brasileiros, em um ginásio na cidade de Onagawa", disse.
EPIDEMIAS
O grande número de mortos, a falta de moradias e de reparo nas redes de esgoto e uma possível escassez de água tratada podem desencadear epidemias de cólera ou febre tifoide.
"As pessoas estão preocupadas com o que até o momento são níveis baixos de radioatividade, mas os problemas reais são lidar com o terremoto e o tsunami", disse Richard Wakeford, epidemiologista da universidade de Manchester.
Falta eletricidade em mais de 850 mil residências e água em aproximadamente 1,5 milhão delas.
O diretor de arte equatoriano José Valdivieso, 49, passa o dia todo em busca de comida, de bicicleta, em sua cidade, Akabane. "Ontem me saí bem. Quando o funcionário do mercado colocou uma nova remessa de leite, consegui pegar quatro caixas", disse.
Com agências internacionais.

17/03/2011 - 10h30

Nuvem radioativa chegará à Europa semana que vem, dizem especialistas

DANIELA FERNANDES
DE PARIS PARA A BBC BRASIL
Tragédia no JapãoEspecialistas franceses afirmam que uma nuvem radioativa causada pelas explosões na central de Fukushima Daiichi, no Japão, deverá chegar à Europa na próxima semana, mas estimam, no entanto, que ela não será nociva à saúde.
Segundo Jean-Marc Peres, chefe do serviço de fiscalização da radioatividade no meio ambiente do Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN) da França, "é muito provável" que a nuvem seja detectada a partir da próxima semana no território francês".
O IRSN criou o site "Criter Japon", que permite à população ter acesso ao nível de radiação na França. A radiação é medida por sensores espalhados pelo país quase em tempo real, com apenas uma hora de defasagem em relação à coleta dos dados.
O site mostra as áreas do país onde estão situados os sensores, e legendas em cores explicam os níveis de radioatividade.
O site "Criter Japon" tem tido "um número tão grande de acessos" que tem ficado fora do ar, informa o IRSN.
O especialista do instituto afirma, no entanto, que em razão do fenômeno de dispersão das partículas radioativas durante o trajeto de vários milhares de quilômetros entre o Japão e a Europa, " é certo que o nível de radioatividade da nuvem ficará abaixo do limite nocivo à saúde".
Em um debate no Parlamento francês na quarta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, também não excluiu a possibilidade de que a Europa seja afetada pelo acidente nuclear em Fukushima, mas afirmou que o impacto radioativo "não deverá causar problemas".
FRANÇA
O governo francês pediu na quarta-feira ao órgão responsável por urgências de saúde no país para fazer um levantamento do estoque de pastilhas de iodo na França, substância que impede que a radioatividade tenha efeitos sobre a tiroide.
O objetivo, segundo as autoridades, é determinar se a França está pronta para enfrentar a passagem de uma nuvem radioativa, ou mesmo uma catástrofe nuclear.
Segundo jornais franceses, várias pessoas já procuraram comprimidos de iodo em farmácias.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, organizou na quarta-feira uma reunião ministerial de crise sobre a ameaça nuclear no Japão.
"A situação é extremamente preocupante, muito grave", disse Sarkozy.
O ministro do Interior, Claude Guéant, anunciou nesta quinta-feira que a França "está pronta" para acolher japoneses que precisem de cuidados médicos por conta de exposição à radiação.
"Temos hospitais especializados, com serviços de hematologia adaptados. Os franceses que foram repatriados do Japão também terão, claro, um acompanhamento médico específico", disse o ministro.
+ CANAIS

    Radiação na área de Fukushima é extremamente alta, alertam EUA

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    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
    Tragédia no JapãoAtualizado às 17h37.
    A piscina de armazenamento de combustível usado no reator 4 da usina nuclear japonesa Fukushima não tem mais água, o que gera níveis de radiação "extremamente altos", disse o chefe da Comissão Reguladora Nuclear americana (NRC) nesta quarta.
    "Nós acreditamos que a região do reator possua altos níveis de radiação", disse o diretor da comissão, Gregory Jaczko. "Será muito difícil que trabalhadores de emergência consigam chegar até o local. As doses [de radiação] às quais eles podem ser expostos seriam potencialmente letais em um período curto de tempo", acrescentou. No entanto, Jaczko ressaltou que a NRC tem "acesso limitado" ao que está acontecendo no Japão, e se recusou a especular mais sobre o assunto.
    Mais cedo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que houve danos nos núcleos dos reatores 1, 2 e 3 do complexo. A agência não detalhou a gravidade dos danos, mas afirmou que não se pode dizer ainda que a situação esteja "fora de controle".
    "A situação evoluiu e é muito séria", disse, em Viena, Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA. Ele afirmou que a empresa operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., "está fazendo o máximo para restaurar a segurança dos reatores".
    A preocupação é que o reator 3 é o único da usina que usa plutônio como combustível. Segundo pesquisas do governo norte-americano, o plutônio é muito tóxico para os seres humanos, e uma vez absorvido na corrente sanguínea, pode permanecer por anos na medula óssea ou no fígado e até mesmo causar câncer.
    PREOCUPAÇÃO
    O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, também expressou preocupação com a crise. "A situação é muito grave nessa usina nuclear. Estamos muito preocupados, oferecemos ajuda ao Japão e temos especialistas auxiliando e avaliando informações de forma independente", afirmou.
    Segundo especialistas, a evaporação da água da piscina de combustíveis reciclados --que está quase ao ar livre-- poderia liberar dejetos radioativos da mesma intensidade que Tchernobil, na Ucrânia, em 1986.
    As barras (varetas) de combustíveis usados, que continuam liberando muito calor, se encontram em uma piscina situada na parte superior do reator parado para manutenção desde bem antes do terremoto de magnitude 9 e do tsunami da sexta-feira (11).
    Após dois incêndios no prédio que comporta o reator, a piscina ficou "quase ao ar livre" e uma grande radiação escapa do local, destacou também um dirigente do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), Thierry Charles.
    De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a temperatura nas piscinas de resíduos nucleares dos reatores 4, 5 e 6 é muito superior ao permitido, chegando a triplicar sobre o recomendado.
    VÍDEO EXPLICA ACIDENTES NUCLEARES E SEUS EFEITOS PARA O CORPO
    A temperatura da água também começou a subir. Ao invés de registrar cerca de 30ºC de costume, o tanque atingiu os 80ºC. O risco, com a evaporação, é de que as varetas, ainda um pouco isoladas do exterior pelo líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento não for colocada rapidamente, as barras de combustíveis vão se desgastar e emitir dejetos muito radioativos diretamente na atmosfera.
    Com o combustível em fragmentos, diretamente ao ar livre, "estaríamos no mesmo nível de exposição que em Tchernobil", afirmou o especialista.
    O possível cenário "catastrófico" se definirá em 48 horas. "Uma evaporação completa do reator poderia acontecer daqui a um dia ou dois dias, com enormes emissões já no dia seguinte", explicou Charles.
    Diante da situação crítica, as autoridades japonesas cogitam utilizar um caminhão-pipa com canhão de água para molhar o reator, após uma tentativa frustrada de recorrer a um helicóptero. Logo acima da piscina, a dose de radioatividade já estaria muito elevada até mesmo para o piloto.
    Na pior das hipóteses, se o combustível degradado se encontrar ao ar livre, a radiação seria tanta que "seria necessário interditar o acesso ao lugar em seguida, incluindo a entrada dos outros seis reatores ao redor", disse Charles.
    RETIRADA
    Preocupada com a potencial exposição à radiação, o Exército dos Estados Unidos não vai permitir que soldados entrem em um raio de 80 km que circunda a usina nuclear de Fukushima, segundo informou o porta-voz do Pentágono, David Lapan, nesta quarta-feira.
    A embaixada dos EUA em Tóquio também está aconselhando aos cidadãos norte-americanos para que evacuem a área, caso isso seja possível.
    Mesmo com a determinação de distância mínima dos reatores nucleares da usina, operadores de helicópteros do país norte-americano estão tomando as primeiras doses de iodeto de potássio, a fim de ajudar a proteger a glândula tireoide de uma possível exposição à radiação.
    O porta-voz disse ainda que o governo japonês não pediu para que os EUA enviassem soldados a fim de ajudar a conter o superaquecimento nos reatores da usina. Caso o pedido fosse feito, entretanto, Washington consideraria uma exceção e ultrapassaria a zona de exclusão.
    Editoria de Arte/Folhapress
    Oito navios militares americanos, incluindo o porta-aviões "Ronald Reagan" e sua escolta, participam das operações de resgate no nordeste do Japão.
    O "Ronald Reagan" é usado como plataforma para abastecer os helicópteros do exército e da guarda costeira japoneses que participam das operações de resgate.
    Já os aparelhos do porta-aviões realizam missões de reconhecimento e abastecimento das vítimas do desastre, segundo o Pentágono.
    Editoria de Arte/Folhapress
    17/03/2011 - 11h34

    O PROFE$$OR DE A a B

    LUCAS MENDES
    colunista da BBC BRASIL
    Quando as cidades e os Estados americanos precisam cortar despesas, os professores são os primeiros sacrificados. Fogo neles.
    Em Nova York, 4.500 estão ameaçados, entre eles alguns dos melhores, porque pela lei LIFO (Last In First Out, último a entrar, primeiro a sair) imposta pelo sindicato, os últimos contratados são os primeiros demitidos.
    Até agora as tentativas de mudar a lei fracassaram. Deixa o menino ficar burro.
    Em Estados do meio-oeste americano, os professores vão perder dinheiro, benefícios e influência, mais um passo em direção à acelerada burrificação dos Estados Unidos, mas, como você vai ver, dinheiro pesa, e muito, mas não é o fator decisivo para fazer a cabeça da garotada.
    Esta semana, em Nova York, ministros de 16 países e secretários de Estados americanos, estão reunidos para fazer um balanço da educação no mundo e nos Estados Unidos.
    Entre os países da OECD, Organização para Cooperação e Desenvolmento Econômico, onde estão a maioria das potências industriais, os salários médios dos professores secundários são mais baixos - US$ 39 mil - do que os dos professores americanos, US$ 44 mil. A equivalência cambial foi calculada levando em conta o poder de compra das moedas.
    Com estes números, alunos dos cursos primários e secundários americanos deveriam estar em primeiro lugar nas três disciplinas avaliadas pela PISA ( Program for International Student Assessment), uma divisão da OECD que testa todos os anos estudantes de 15 anos em cinquenta países.
    Negativo.
    Os estudantes americanos aparecem em 15º em Leitura, 19º em Ciência e 27º em Matemática.
    Há vários anos, os líderes são a Coreia do Sul, Finlândia e Cingapura, e a principal diferença entre eles está na qualidade dos professores.
    Nos três países, eles atraem a fina flor dos universitários, aqueles que figuram entre os 5% a 30% primeiros da faculdade. Oferecem, além do bons salários incentivos, segurança, condições excepcionais na sala de aula - dois ou até três professores para um numero reduzido de alunos nas salas.
    A profissão está entre as de maior prestígio social.
    Na década de 70 fiz uma reportagem sobre os professores nas escolas públicas americanas, na época um modelo para o mundo. No primeiro ano de trabalho ganhavam quase o mesmo salário de um advogado recém formado (US$ 2 mil a menos). O recém publicado estudo da McKinsey and Company, mostra que um professor de Nova York hoje começa a carreira com US$ 45 mil enquanto os advogados começam com US$ 160 mil, uma diferença de US$ 115 mil.
    Alunos primários e secundários não votam e esta impotência explica uma parte da burrice americana, mas os pais reagem e há políticos ricos, inteligentes e dispostos a mudar este quadro negro.
    Um dos grandes problemas é a "tenure", uma espécie de cátedra que, depois de três anos, protege os professores públicos.
    É quase impossível demiti-los, não importa o nível de incompetência na sala, ausência e até abusos físicos. Proteção sindical.
    Uma escola em Nova York desafia este modelo protetor com um outro chamado TEP, The Equity Project, uma escola "charter", paga com dinheiro público mas administrada sem interferência do sindicato.
    O salário inicial do professor é US$ 125 mil por ano.
    Zeke Vanderhoek, um professor de 34 anos, criou e dirige a escola. Ele diz que aumentar o salário de um professor medíocre para US$ 125 mil não vai tirá-lo da mediocridade.
    Numa campanha nacional onde milhares se candidataram, ele recrutou 15, com base não só no currículo mas com testes práticos que mostraram a capacidade de motivar os estudantes numa sala de aula.
    Esta é a condição número 1: "Como você leva um estudante do ponto A ao ponto B", é a reta essencial de Zeke Vanderhoek.
    A escola, agora no seu segundo ano, fica em Washington Heights, um dos bairros latinos mais pobres de Nova York. São 247 estudantes de 10 e 11 anos. A meta é educá-los até os quatorze anos e provar que graças aos professores, chegaram no ponto B.
    Depois de um ano, os alunos da TEP fizeram os testes e ainda não saíram do ponto A. Dos quinze professores, dois foram demitidos.

    Perda de DNA fez:

    Perda de DNA fez pênis do homem ficar sem espinho

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    RICARDO BONALUME NETO
    DE SÃO PAULO
    Graças à perda de um fragmento de material genético, o homem escapou de ter espinhos no pênis feitos do mesmo material das unhas, a queratina, como têm os chimpanzés e outros mamíferos, como os gatos.
    Os espinhos queratinizados aumentam a sensibilidade táctil do pênis e tornam o coito mais rápido, embora possam machucar a fêmea. Para sorte das mulheres, o pênis do homem é liso.
    Esse tipo de pênis sem "acessórios" costuma estar vinculado a espécies monogâmicas e tende a prolongar a relação sexual, criando um maior vínculo entre os parceiros.
    A equipe de 13 pesquisadores coordenada por Gill Bejerano e David M. Kingsley, da Universidade Stanford, na Califórnia, resolveu procurar diferenças no material genético do homem, do chimpanzé e de outros macacos.
    Eles queriam achar sequências de DNA que eram mantidas nos chimpanzés e noutros animais, mas deletadas do genoma humano. Foram encontradas 510 regiões deletadas, com fragmentos de DNA capazes de influenciar genes próximos, mas que, com uma exceção, não trazem o código para produzir proteínas.
    Uma dessas perdas de DNA eliminou do genoma humano uma sequência ligada a um gene capaz de estimular a produção tanto dos espinhos no pênis como de vibrissas, os "bigodes" de cães e gatos que servem de sensores de tato.
    CRÂNIO
    Pênis liso, sem bigode de gato e também com cérebro maior: uma outra deleção próxima a um gene supressor de tumores foi correlacionada com o aumento de regiões do cérebro humano.
    Chimpanzé e homem têm 96% do genoma em comum. Por isso, descobrir o que há de diferente ajuda a explicar o que significa ser humano em termos de anatomia, fisiologia e comportamento.
    O pênis com espinhos é comum em espécies nas quais fêmea e macho têm parceiros múltiplos. Serviriam para remover o sêmen do macho rival ou para machucar a fêmea e impedi-la de querer copular com outro a seguir.
    Já na espécie humana, os traços sexuais evoluíram de modo a favorecer a monogamia e a cooperação na criação das crianças.
    O homem não tem dentes caninos maiores, como muitos animais; os testículos têm tamanho moderado (embora o pênis humano seja o maior entre os primatas, mesmo comparado ao do gorila); a ovulação não tem sinais exteriores.
    A equipe também pesquisou o genoma de uma espécie humana extinta, os neandertais. Como era de se esperar em um ser tão próximo evolutivamente do Homo sapiens --virou clichê dizer que, com terno e gravata, um neandertal não seria notado no metrô--, essa espécie também tinha as deleções genéticas ligadas ao aumento do cérebro e à perda de espinhos penianos.

    Imagens de tsunami japonês podem ajudar cientistas


       DA FRANCE PRESSE
    Tragédia no JapãoAs impressionantes imagens da devastação provocada pelo terremoto seguido de tsunami no Japão podem fornecer dados valiosos para a comunidade científica nos próximos anos, afirmam pesquisadores australianos.
    Enquanto equipes a bordo de helicópteros registravam a catástrofe segundo a segundo, a televisão exibia ao vivo fotos e vídeos da onda gigantesca que quebrou sobre a costa nordeste do país, levando consigo tudo o que encontrava pelo caminho.
    "Acho que o impacto das ondas atravessando terra firme e se espalhando por quilômetros foi algo que eu jamais tinha visto antes", disse à AFP Ray Canterford, especialista em tsunamis da Austrália. "Foi uma tragédia, um evento único", acrescentou.
    Kimimasa Mayama/Efe
    Forças de Autodefesa Japão ajudam no trabalho de evacuação de moradores da cidade de Ishinomaki, em Miyagi
    Forças de Autodefesa ajudam no trabalho de evacuação de moradores da cidade de Ishinomaki, em Miyagi
    Para Canterford, apesar dos especialistas serem hoje mais capazes de prever e entender os tsunamis graças ao violento maremoto que varreu vários países no oceano Índico em 2004, matando mais de 220 mil pessoas, ainda há muito trabalho a fazer no campo da prevenção.
    "Obtivemos progressos, mas foi desastroso para os japoneses, que provavelmente são um dos povos mais bem preparados do mundo para enfrentar tsunamis, sofrer um impacto desse. É tudo tão trágico", lamentou o especialista.
    Diana Greenslade, do instituto meteorológico australiano, estimou que as imagens de casas e prédios sendo varridos pela torrente de água que corria a toda velocidade pela terra firme no Japão serão de grande interesse para os cientistas que estudam o fenômeno das ondas gigantes.
    "No futuro, elas serão úteis", afirmou Greenslade, pesquisadora chefe do instituto, indicando que os especialistas poderão usar as imagens para verificar e corrigir seus sistemas-modelo de tsunami.
    ANÁLISE DE DADOS
    Normalmente, os cientistas medem as ondas gigantes usando o padrão das marés, analisando em seguida os locais atingidos por um tsunami para averiguar quanto a água penetrou costa adentro.
    "Mas podemos tirar destas imagens um monte de outras informações", explicou, o que inclui a velocidade e profundidade do fluxo d'água, a extensão da inundação e como os destroços arrastados pela correnteza afetam sua velocidade.
    "A quantidade de imagens em vídeo que foram feitas neste tsunami, principalmente a filmagem de um helicóptero na qual você pode ver a onda batendo na costa, é exatamente o que precisamos para conseguir melhorar nossos modelos", destacou a especialista.

    Pela 1ª vez, sonda da Nasa vai orbitar Mercúrio durante um ano


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    DA ASSOCIATED PRESS
    Atualizado em 14/03/2011 às 10h18.
    Considerado um dos planetas mais estranhos e complexos do Sistema Solar pelas suas características peculiares, Mercúrio receberá uma sonda da Nasa que vai orbitá-lo pela primeira vez durante um longo período de tempo. A missão, que será realizada pela Messenger, está prevista para o próximo dia 17.
    Houve outras quatro missões para Mercúrio, mas esta é um acontecimento para os cientistas, porque a Messenger pretende entrar na órbita do planeta e lá ficar por pelo menos um ano.
    Mercúrio é particular por sua temperatura ir de extremos de frio e de calor. Um dia no planeta equivale a 176 dias da Terra e, apesar de estar perto do Sol, acredita-se que pode armazenar toneladas de gelo em suas crateras escuras já que os seus polos não recebem luz solar.
    Nasa
    Nasa pretende colocar sonda para orbitar Mercúrio, um dos planetas mais complexos do Sistema Solar
    Nasa pretende colocar sonda para orbitar Mercúrio, um dos planetas mais complexos do Sistema Solar
    O design da Messenger também é um capítulo à parte. Partes dela devem derreter quando a sonda estiver passando pelo lado ensolarado de Mercúrio, extremamente quente. A medida está prevista pelos idealizadores do projeto e será adotada para proteger os equipamentos mais sensíveis da nave sem que coloque em risco seu funcionamento. Depois, o que foi derretido deve ser recongelado ao entrar na zona fria do planeta.
    Embora seja um pouco maior do que a Lua, mas a uma distância maior, Mercúrio não é exatamente fácil de ser observado por telescópio. Mas, noticia a Nasa (agência espacial americana), ele será visualizado com mais clareza a partir deste domingo.
    17/03/2011 - 08h49

    Dino carnívoro encontrado no Maranhão media até 14 metros

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    REINALDO JOSÉ LOPES
    EDITOR DE CIÊNCIA
    Hoje na FolhaÉ como se o Brasil tivesse ganhado, enfim, um tiranossauro para chamar de seu. Medindo entre 12 e 14 metros e pesando algumas toneladas, o bicho batizado de Oxalaia quilombensis provavelmente está entre os cinco maiores dinossauros carnívoros já descobertos (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL).
    "Ele perde apenas para os maiores tiranossauros e para algumas outras espécies", disse à Folha o paleontólogo Alexander Kellner, do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele é o coordenador da equipe responsável pela "certidão de nascimento" científica do animal.
    A descoberta, que veio a público na quarta-feira integrou o que talvez tenha sido o maior anúncio conjunto da história da paleontologia brasileira.
    TRUPE
    No mesmo evento, outros pesquisadores revelaram uma "nova" espécie de crocodilo da Era dos Dinossauros, um lagarto extinto e os primeiros indícios de que dinos brasileiros também eram cobertos de penas, como seus primos chineses.
    Os achados foram detalhados em artigos no periódico científico "Anais da Academia Brasileira de Ciências", publicação na qual Kellner exerce o papel de editor-chefe.
    Os restos do O. quilombensis, com pouco menos de 100 milhões de anos, vieram da ilha do Cajual, no Maranhão. Isso explica o sabor africano do nome do bicho, já que a ilha abriga um quilombo. Ademais, a criatura tem mais características em comum com seus primos da África do Norte do que com as formas brasileiras de seu grupo.
    O grupo em questão é o dos espinossauros, bichos que são mais ou menos o que acontece quando se cola um focinho de jacaré num corpo de dinossauro.
    A cara alongada e a dentição, entre outras pistas, sugerem que os animais passavam boa parte do tempo na água, alimentando-se de peixes.
    Leia ao texto integral na Folha desta quinta-feira, que já está nas bancas.

    Estudo diz como espermatozoide vai atrás de óvulo

    Estudo diz como espermatozoide vai atrás de óvulo

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    GIULIANA MIRANDA
    DE SÃO PAULO
    Como os espermatozoides correm em direção aos óvulos? Esse mistério da biologia parece finalmente ter sido solucionado. Duas pesquisas divulgadas na versão on-line da revista "Nature" afirmam ter encontrado o que causa essa atração.
    A descoberta, dizem os cientistas, poderia ajudar a solucionar alguns casos de infertilidade masculina, além de ser um passo importante para a criação de um anticoncepcional hormonal para homens.
    A atração aconteceria devido a um canal de íons --uma espécie de poro das células-- único dos espermatozoides, o chamado CatSper.
    SXC
    Canal de íons, uma espécie de poro das células, nos espermatozoides "sentiria" a presença de progesterona
    Canal de íons, uma espécie de poro das células, nos espermatozoides "sentiria" a presença de progesterona
    Esse canal "sentiria" a presença do hormônio feminino progesterona, que é liberado por células granulosas em volta do óvulo antes da fecundação, e provocaria a entrada de átomos de cálcio nos espermatozoides.
    O aumento do nível de cálcio faria os espermatozoides mexerem seus flagelos (popularmente conhecidos como caudas) mais rápido.
    Além de permitir o deslocamento, esse movimento é essencial para que o espermatozoide rompa a barreira gelatinosa de proteína que envolve o óvulo.
    Estudos anteriores já haviam mostrado um elo entre a deficiência de CatSper e a infertilidade masculina, mas a descoberta atual é o resultado mais significativo.
    A forma exata como o fenômeno acontece, especialmente a maneira como o hormônio feminino "ativa" o espermatozoide, no entanto, não foi desvendada pelas novas pesquisas.
    Como o tempo de resposta entre a liberação da progesterona e a "ativação" do cálcio foi extremamente pequeno (menos de um segundo), entre outras razões, o grupo liderado por Benjamin Kaupp, do Centro Europeu de Estudos Avançados, na Alemanha, concluiu que a ação do hormônio feminino acontece de uma forma diferenciada nos espermatozoides.
    Assim como outros hormônios esteroides, a progesterona costuma agir via um receptor (uma fechadura química da célula). Nesse caso, porém, os testes indicam que há um mecanismo específico ainda desconhecido.