domingo, 7 de novembro de 2010

José Rodrigues Coura (FIOCRUZ)

Couracoura

José Rodrigues Coura costumava frequentar a Biblioteca de Manguinhos na década de 1950, enquanto cursava Medicina. Professor da UFRJ, em 1972 foi convidado pelo Ministério da Saúde a fazer um diagnóstico da Fiocruz, criada havia dois anos por meio de um decreto do governo militar. Sua história como membro da Fundação, porém, começaria sete anos mais tarde, quando outro convite o trouxe para assumir a vice-presidência de Pesquisa da Fundação e a diretoria do IOC. Reconhecido como um dos mais importantes tropicalistas do país, Coura dirigiria o Instituto mais uma vez, entre 1997 e 2001.

“Conheço o Instituto Oswaldo Cruz “por dentro” desde o início de 1952, quando entrei para a então Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, hoje Faculdade de Medicina da UFRJ. No curso básico tive como mestres, oriundos de Manguinhos, Carlos Chagas Filho, Professor de Biofísica, de quem comemoramos o centenário de nascimento este ano, Olympio da Fonseca Filho, Professor de Parasitologia, e Thales Martins, Professor de Fisiologia. Todos falavam com orgulho e carinho de suas origens científicas – o Instituto Oswaldo Cruz ou “Manguinhos”, como habitualmente chamavam o IOC. O deslumbramento daqueles mestres quando falavam das suas origens, de seus trabalhos ou de outros feitos na Casa de Oswaldo Cruz, como às vezes referiam-se ao Instituto, nos contagiava e nos induzia a visitar o Castelo, que de longe, quando passávamos pela Avenida Brasil, povoava as nossas mentes com o sonho de visitá-lo, mesmo que nos parecesse difícil ou inatingível.
Lembro-me bem, era uma sexta-feira à tarde em março de 1952, quando, livre de aulas, decidi visitar “Manguinhos”. No almoço, no restaurante ao lado da Faculdade, onde hoje localiza-se a Escola Superior de Guerra Naval, na Praia Vermelha, convidei alguns colegas para irmos visitar o Instituto. Em resposta alguns disseram: “Você está maluco, ir naquele fim de mundo”. Não desisti. Tomei o bonde Praia Vermelha-Centro e de lá tomei outro bonde para São Cristóvão, de onde acho que fui de ônibus até perto do portão principal de Manguinhos.
De fato era “o fim do mundo”. A Avenida Brasil era bem mais estreita, não tinha passarela e tínhamos que atravessar entre os poucos carros e ônibus até o portão do Instituto. Identifiquei-me e disse que gostaria de ir à biblioteca. Subi a ladeira e parei um pouco no topo para olhar os bustos de Carlos Chagas e Oswaldo Cruz. Em seguida, subi a escadaria até o primeiro andar do Castelo, quando começa o meu deslumbramento: os lustres coloridos, as paredes com os seus desenhos, as placas comemorativas, o “pé-direito” alto e as enormes portas laterais, que davam, no passado, entrada para os laboratórios de Carlos Chagas, à direita, e Adolpho Lutz, à esquerda.
Subi ao terceiro andar onde fiquei encantado pela biblioteca, com uma grande mesa central com as revistas da semana, expostas em fileiras, e várias mesinhas laterais onde estavam sentados alguns pesquisadores, com seus aventais brancos e pilhas de livros e revistas. Concentrados em suas leituras, através de suas lentes espessas e arredondadas, exalavam ciência naquele silêncio, quebrado apenas pelo tilintar dos pendentes dos lustres açoitados pelos ventos constantes naquele andar. Entrei sem ser notado, peguei uma das revistas expostas e, fingindo que a lia, admirava aquele cenário que me encantou na juventude e que ainda hoje me encanta após mais de meio século.
Fiz amizade com a chefe da Biblioteca de Manguinhos, Emília Bustamante, e com alguns dos seus funcionários e me tornei seu assíduo frequentador. Ali preparei muitos dos seminários que tive que fazer quando estudante, obtive as referências para as minhas Teses de Doutorado e Livre Docência, para duas teses de cátedras e diversos trabalhos científicos. Emília Bustamante conseguia trabalhos para mim que eu não conseguia em outras bibliotecas do Rio de Janeiro. Aquela biblioteca foi uma inesquecível fonte de saber na minha formação e no que transmiti a centenas de alunos nos últimos 50 anos. Como exposto, convivo no Instituto Oswaldo Cruz há mais de 58 anos, portanto, mais da metade de sua existência, e espero continuar aqui convivendo até o final da minha vida, se assim os seus dirigentes me permitirem.
O meu contato mais direto com o Instituto Oswaldo Cruz ocorreu em 1972. Como Professor Titular e Chefe do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ, fui convidado pelo então Ministro da Saúde, Mario Lemos, para que fizesse um diagnóstico da situação da Fiocruz (na época Fundação Instituto Oswaldo Cruz) que, criada pelo Decreto nº 66.624 do Governo Militar, de 22 de maio de 1970, não se desenvolvia. Me licenciei por três meses da UFRJ e solicitei ao Ministro um economista para fazer um plano orçamentário e um especialista em pessoal para fazer um plano de carreira para a instituição. Percorremos todas as unidades incorporadas à Fiocruz. O primeiro contato foi com o presidente da Fundação na época, Oswaldo Cruz Filho, que nos perguntou se éramos os “interventores do Governo Federal”. Respondi que não, estávamos apenas fazendo um diagnóstico da situação para um plano de recuperação.
Após visitarmos todas as unidades, chegamos à conclusão de que a Fiocruz era uma ficção, um verdadeiro caos. Não havia uma carreira profissional, não tinha orçamento, os salários eram miseráveis e poucos trabalhavam. Apresentei o relatório ao Ministro e disse-lhe que havia duas opções: ou ele fechava a Fiocruz e fazia do Castelo o Museu Oswaldo Cruz ou implementava um plano audacioso de recuperação. Ele convidou-me para implementar esse plano, mas não aceitei. Estava bem na UFRJ.
Antes de ingressar como servidor do Instituto Oswaldo Cruz me tornei amigo de vários dos seus pesquisadores, entre os quais Olympio da Fonseca Filho, Lobato Paraense, Herman Lent, Mario Vianna Dias, Gobert Araújo Costa, Ernesto Hofer, Hermann Schatzmayr e vários outros entre os mais jovens. No livro que organizei com Luiz Fernando Ferreira e Lobato Paraense, em comemoração ao centenário do Instituto Oswaldo Cruz, no ano 2000, quando eu era seu diretor, constam a história e as principais realizações do Instituto até aquela data. Este livro contém uma breve biografia de Oswaldo Cruz, que intitulei “Oswaldo Gonçalves Cruz: uma vida, uma obra, uma escola”, retirado do capítulo “Notícia histórica sobre a Fundação do Instituto Oswaldo Cruz (Instituto de Manguinhos)”, de autoria de Henrique Beaurepaire Aragão (pesquisador e ex-diretor do Instituto), que compõe o volume 48 das Memórias do Instituto, editadas em comemoração ao cinquentenário da fundação do IOC. O livro contém, ainda, uma extensa descrição da “Escola de Manguinhos”, de autoria de Olympio da Fonseca Filho, transcrita da coletânea Oswaldo Cruz Monumenta Histórico (Volume II), 12 trabalhos de pesquisadores de Manguinhos que julgamos de grande importância, além de um resumo do histórico, das linhas de pesquisa e das perspectivas para os 16 departamentos que compunham o IOC na época, estrutura que criamos em 1980, e que foram extintos em 2005, substituídos por áreas de pesquisa que, até hoje, em sua maioria, não funcionam adequadamente.
Minha chegada ao Instituto Oswaldo Cruz data de março de 1979, a convite do então Ministro da Saúde Mario Augusto de Castro Lima, para exercer os cargos de Vice-Presidente de Pesquisa da Fiocruz e Diretor do Instituto Oswaldo Cruz. Encontrei o Instituto – e a Fiocruz como um todo – em péssimas condições de organização e baixíssima produção científica. Visitei as unidades pelas quais iria ser responsável: os centros de pesquisa Aggeu Magalhães, em Recife, Gonçalo Moniz, em Salvador, René Rachou, em Belo Horizonte, e o Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. Analisei, também, os poucos grupos de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz, que desenvolviam os chamados “projetos prioritários”, instituídos pela Presidência anterior da Fiocruz. Havia um desestímulo total e um quase abandono daqueles que não tinham “projetos prioritários”, ou seja, projetos de aplicação imediata.
Levantamos as necessidades de todas as unidades e fizemos um relatório enviado ao novo Presidente da Fiocruz, Guilardo Martins Alves, e ao próprio Ministro, que me perguntou: “Dr. Coura, o que podemos fazer para reerguer Manguinhos?”. Respondi que era muito fácil. Precisávamos contratar “boas cabeças” e colocar os “meninos” junto a elas para aprenderem. E assim foi feito. Contratamos diversos líderes de pesquisa que estavam disponíveis no Brasil ou no exterior, entre os quais Leonidas e Maria Deane, que estavam desterrados na Venezuela, Luis Rey, que estava se aposentando da OMS, Helio e Peggy Pereira, que estavam se aposentando na Inglaterra, Zigman Brener, que aposentou-se na UFMG para ficar em tempo integral no René Rachou, Zilton e Sonia Andrade, que se aposentaram na UFBA para ficarem no Gonçalo Moniz, Eloi Garcia, que saiu da UFF para se integrar ao grupo de Carlos Morel no IOC, Henrique e Jane Lenzi, que vieram da Harvard nos Estados Unidos, Samuel Goldenberg, que veio para se integrar ao grupo do Morel, e tantos outros que repovoaram o IOC e a Fiocruz. Criamos os cursos de pós-graduação em Biologia Parasitária e Medicina Tropical, além do Curso de Técnico de Pesquisa, para colocarmos os “meninos” junto às “boas cabeças”, como prometemos ao Ministro. Recuperamos as Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que estavam com três anos de atraso, e instituímos os Conselhos Deliberativos do IOC e das outras unidades.
No final da minha gestão, em março de 1985, o IOC e a Fiocruz eram outras instituições: produtivas e respeitadas no Brasil e no exterior. Quando convidado para vir para Manguinhos, coloquei como única condição ocupar o Pavilhão Arthur Neiva (que estava abandonado na época) com os meus projetos de pesquisa e instalar os cursos de pós-graduação aos quais já me referi. Aquele Pavilhão, como alguns pensam, não foi construído especificamente para o ensino. Foi construído por Henrique de Beaurepaire Aragão para albergar os laboratórios de fisiologia e bacteriologia e o setor de fotografias do IOC. Paralelamente, foram construídos um anfiteatro para aulas teóricas e duas salas para aulas práticas do Curso de Aplicação de Manguinhos.
As instituições brasileiras vivem de avanços e recuos. O Instituto Oswaldo Cruz nos seus primeiros 15 anos teve o seu maior avanço. Nos primeiros anos da gestão de Carlos Chagas como diretor, de 1917 a 1934, teve um bom período de estabilidade. Mas, a partir de 1920 até o final da década de 1930, teve um grande recuo devido a disputas internas, seguido de estagnação. Nas décadas de 1940/1950, principalmente na administração de Henrique Aragão, o Instituto teve um importante avanço, com a construção de novos laboratórios e renovação dos seus quadros. Foi a segunda Instituição do mundo a produzir a penicilina, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1964, com intrigas internas, cassações e perseguição de pesquisadores, o IOC decaiu de forma dramática, inclusive interrompendo em 1969 o seu Curso de Aplicação, que era o celeiro de sua renovação.
Esse recuo durou até 1980, quando começou a se recuperar e progrediu durante os próximos 25 anos. Desde então, a Fiocruz como um todo e o IOC em particular estão sofrendo uma “crise de crescimento”, com disputas internas e excesso de burocratização muito perigosa, inclusive notada pela comunidade científica interna e externa. Isso não é uma crítica, que jamais faria à minha instituição, e sim uma constatação de um pesquisador experiente, inserido em várias instituições brasileiras e estrangeiras, que, como bom ouvidor, espera ser ouvido pelos nossos dirigentes, em prol da nossa instituição que amamos como parte de nossas vidas.”
 
 

rodape

José Rodrigues Coura costumava frequentar a Biblioteca de Manguinhos na década de 1950, enquanto cursava Medicina. Professor da UFRJ, em 1972 foi convidado pelo Ministério da Saúde a fazer um diagnóstico da Fiocruz, criada havia dois anos por meio de um decreto do governo militar. Sua história como membro da Fundação, porém, começaria sete anos mais tarde, quando outro convite o trouxe para assumir a vice-presidência de Pesquisa da Fundação e a diretoria do IOC. Reconhecido como um dos mais importantes tropicalistas do país, Coura dirigiria o Instituto mais uma vez, entre 1997 e 2001. “Conheço o Instituto Oswaldo Cruz “por dentro” desde o início de 1952, quando entrei para a então Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, hoje Faculdade de Medicina da UFRJ. No curso básico tive como mestres, oriundos de Manguinhos, Carlos Chagas Filho, Professor de Biofísica, de quem comemoramos o centenário de nascimento este ano, Olympio da Fonseca Filho, Professor de Parasitologia, e Thales Martins, Professor de Fisiologia. Todos falavam com orgulho e carinho de suas origens científicas – o Instituto Oswaldo Cruz ou “Manguinhos”, como habitualmente chamavam o IOC. O deslumbramento daqueles mestres quando falavam das suas origens, de seus trabalhos ou de outros feitos na Casa de Oswaldo Cruz, como às vezes referiam-se ao Instituto, nos contagiava e nos induzia a visitar o Castelo, que de longe, quando passávamos pela Avenida Brasil, povoava as nossas mentes com o sonho de visitá-lo, mesmo que nos parecesse difícil ou inatingível. Lembro-me bem, era uma sexta-feira à tarde em março de 1952, quando, livre de aulas, decidi visitar “Manguinhos”. No almoço, no restaurante ao lado da Faculdade, onde hoje localiza-se a Escola Superior de Guerra Naval, na Praia Vermelha, convidei alguns colegas para irmos visitar o Instituto. Em resposta alguns disseram: “Você está maluco, ir naquele fim de mundo”. Não desisti. Tomei o bonde Praia Vermelha-Centro e de lá tomei outro bonde para São Cristóvão, de onde acho que fui de ônibus até perto do portão principal de Manguinhos. De fato era “o fim do mundo”. A Avenida Brasil era bem mais estreita, não tinha passarela e tínhamos que atravessar entre os poucos carros e ônibus até o portão do Instituto. Identifiquei-me e disse que gostaria de ir à biblioteca. Subi a ladeira e parei um pouco no topo para olhar os bustos de Carlos Chagas e Oswaldo Cruz. Em seguida, subi a escadaria até o primeiro andar do Castelo, quando começa o meu deslumbramento: os lustres coloridos, as paredes com os seus desenhos, as placas comemorativas, o “pé-direito” alto e as enormes portas laterais, que davam, no passado, entrada para os laboratórios de Carlos Chagas, à direita, e Adolpho Lutz, à esquerda. Subi ao terceiro andar onde fiquei encantado pela biblioteca, com uma grande mesa central com as revistas da semana, expostas em fileiras, e várias mesinhas laterais onde estavam sentados alguns pesquisadores, com seus aventais brancos e pilhas de livros e revistas. Concentrados em suas leituras, através de suas lentes espessas e arredondadas, exalavam ciência naquele silêncio, quebrado apenas pelo tilintar dos pendentes dos lustres açoitados pelos ventos constantes naquele andar. Entrei sem ser notado, peguei uma das revistas expostas e, fingindo que a lia, admirava aquele cenário que me encantou na juventude e que ainda hoje me encanta após mais de meio século. Fiz amizade com a chefe da Biblioteca de Manguinhos, Emília Bustamante, e com alguns dos seus funcionários e me tornei seu assíduo frequentador. Ali preparei muitos dos seminários que tive que fazer quando estudante, obtive as referências para as minhas Teses de Doutorado e Livre Docência, para duas teses de cátedras e diversos trabalhos científicos. Emília Bustamante conseguia trabalhos para mim que eu não conseguia em outras bibliotecas do Rio de Janeiro. Aquela biblioteca foi uma inesquecível fonte de saber na minha formação e no que transmiti a centenas de alunos nos últimos 50 anos. Como exposto, convivo no Instituto Oswaldo Cruz há mais de 58 anos, portanto, mais da metade de sua existência, e espero continuar aqui convivendo até o final da minha vida, se assim os seus dirigentes me permitirem. O meu contato mais direto com o Instituto Oswaldo Cruz ocorreu em 1972. Como Professor Titular e Chefe do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ, fui convidado pelo então Ministro da Saúde, Mario Lemos, para que fizesse um diagnóstico da situação da Fiocruz (na época Fundação Instituto Oswaldo Cruz) que, criada pelo Decreto nº 66.624 do Governo Militar, de 22 de maio de 1970, não se desenvolvia. Me licenciei por três meses da UFRJ e solicitei ao Ministro um economista para fazer um plano orçamentário e um especialista em pessoal para fazer um plano de carreira para a instituição. Percorremos todas as unidades incorporadas à Fiocruz. O primeiro contato foi com o presidente da Fundação na época, Oswaldo Cruz Filho, que nos perguntou se éramos os “interventores do Governo Federal”. Respondi que não, estávamos apenas fazendo um diagnóstico da situação para um plano de recuperação. Após visitarmos todas as unidades, chegamos à conclusão de que a Fiocruz era uma ficção, um verdadeiro caos. Não havia uma carreira profissional, não tinha orçamento, os salários eram miseráveis e poucos trabalhavam. Apresentei o relatório ao Ministro e disse-lhe que havia duas opções: ou ele fechava a Fiocruz e fazia do Castelo o Museu Oswaldo Cruz ou implementava um plano audacioso de recuperação. Ele convidou-me para implementar esse plano, mas não aceitei. Estava bem na UFRJ. Antes de ingressar como servidor do Instituto Oswaldo Cruz me tornei amigo de vários dos seus pesquisadores, entre os quais Olympio da Fonseca Filho, Lobato Paraense, Herman Lent, Mario Vianna Dias, Gobert Araújo Costa, Ernesto Hofer, Hermann Schatzmayr e vários outros entre os mais jovens. No livro que organizei com Luiz Fernando Ferreira e Lobato Paraense, em comemoração ao centenário do Instituto Oswaldo Cruz, no ano 2000, quando eu era seu diretor, constam a história e as principais realizações do Instituto até aquela data. Este livro contém uma breve biografia de Oswaldo Cruz, que intitulei “Oswaldo Gonçalves Cruz: uma vida, uma obra, uma escola”, retirado do capítulo “Notícia histórica sobre a Fundação do Instituto Oswaldo Cruz (Instituto de Manguinhos)”, de autoria de Henrique Beaurepaire Aragão (pesquisador e ex-diretor do Instituto), que compõe o volume 48 das Memórias do Instituto, editadas em comemoração ao cinquentenário da fundação do IOC. O livro contém, ainda, uma extensa descrição da “Escola de Manguinhos”, de autoria de Olympio da Fonseca Filho, transcrita da coletânea Oswaldo Cruz Monumenta Histórico (Volume II), 12 trabalhos de pesquisadores de Manguinhos que julgamos de grande importância, além de um resumo do histórico, das linhas de pesquisa e das perspectivas para os 16 departamentos que compunham o IOC na época, estrutura que criamos em 1980, e que foram extintos em 2005, substituídos por áreas de pesquisa que, até hoje, em sua maioria, não funcionam adequadamente. Minha chegada ao Instituto Oswaldo Cruz data de março de 1979, a convite do então Ministro da Saúde Mario Augusto de Castro Lima, para exercer os cargos de Vice-Presidente de Pesquisa da Fiocruz e Diretor do Instituto Oswaldo Cruz. Encontrei o Instituto – e a Fiocruz como um todo – em péssimas condições de organização e baixíssima produção científica. Visitei as unidades pelas quais iria ser responsável: os centros de pesquisa Aggeu Magalhães, em Recife, Gonçalo Moniz, em Salvador, René Rachou, em Belo Horizonte, e o Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. Analisei, também, os poucos grupos de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz, que desenvolviam os chamados “projetos prioritários”, instituídos pela Presidência anterior da Fiocruz. Havia um desestímulo total e um quase abandono daqueles que não tinham “projetos prioritários”, ou seja, projetos de aplicação imediata. Levantamos as necessidades de todas as unidades e fizemos um relatório enviado ao novo Presidente da Fiocruz, Guilardo Martins Alves, e ao próprio Ministro, que me perguntou: “Dr. Coura, o que podemos fazer para reerguer Manguinhos?”. Respondi que era muito fácil. Precisávamos contratar “boas cabeças” e colocar os “meninos” junto a elas para aprenderem. E assim foi feito. Contratamos diversos líderes de pesquisa que estavam disponíveis no Brasil ou no exterior, entre os quais Leonidas e Maria Deane, que estavam desterrados na Venezuela, Luis Rey, que estava se aposentando da OMS, Helio e Peggy Pereira, que estavam se aposentando na Inglaterra, Zigman Brener, que aposentou-se na UFMG para ficar em tempo integral no René Rachou, Zilton e Sonia Andrade, que se aposentaram na UFBA para ficarem no Gonçalo Moniz, Eloi Garcia, que saiu da UFF para se integrar ao grupo de Carlos Morel no IOC, Henrique e Jane Lenzi, que vieram da Harvard nos Estados Unidos, Samuel Goldenberg, que veio para se integrar ao grupo do Morel, e tantos outros que repovoaram o IOC e a Fiocruz. Criamos os cursos de pós-graduação em Biologia Parasitária e Medicina Tropical, além do Curso de Técnico de Pesquisa, para colocarmos os “meninos” junto às “boas cabeças”, como prometemos ao Ministro. Recuperamos as Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que estavam com três anos de atraso, e instituímos os Conselhos Deliberativos do IOC e das outras unidades. No final da minha gestão, em março de 1985, o IOC e a Fiocruz eram outras instituições: produtivas e respeitadas no Brasil e no exterior. Quando convidado para vir para Manguinhos, coloquei como única condição ocupar o Pavilhão Arthur Neiva (que estava abandonado na época) com os meus projetos de pesquisa e instalar os cursos de pós-graduação aos quais já me referi. Aquele Pavilhão, como alguns pensam, não foi construído especificamente para o ensino. Foi construído por Henrique de Beaurepaire Aragão para albergar os laboratórios de fisiologia e bacteriologia e o setor de fotografias do IOC. Paralelamente, foram construídos um anfiteatro para aulas teóricas e duas salas para aulas práticas do Curso de Aplicação de Manguinhos. As instituições brasileiras vivem de avanços e recuos. O Instituto Oswaldo Cruz nos seus primeiros 15 anos teve o seu maior avanço. Nos primeiros anos da gestão de Carlos Chagas como diretor, de 1917 a 1934, teve um bom período de estabilidade. Mas, a partir de 1920 até o final da década de 1930, teve um grande recuo devido a disputas internas, seguido de estagnação. Nas décadas de 1940/1950, principalmente na administração de Henrique Aragão, o Instituto teve um importante avanço, com a construção de novos laboratórios e renovação dos seus quadros. Foi a segunda Instituição do mundo a produzir a penicilina, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1964, com intrigas internas, cassações e perseguição de pesquisadores, o IOC decaiu de forma dramática, inclusive interrompendo em 1969 o seu Curso de Aplicação, que era o celeiro de sua renovação. Esse recuo durou até 1980, quando começou a se recuperar e progrediu durante os próximos 25 anos. Desde então, a Fiocruz como um todo e o IOC em particular estão sofrendo uma “crise de crescimento”, com disputas internas e excesso de burocratização muito perigosa, inclusive notada pela comunidade científica interna e externa. Isso não é uma crítica, que jamais faria à minha instituição, e sim uma constatação de um pesquisador experiente, inserido em várias instituições brasileiras e estrangeiras, que, como bom ouvidor, espera ser ouvido pelos nossos dirigentes, em prol da nossa instituição que amamos como parte de nossas vidas.”

Couracoura

José Rodrigues Coura costumava frequentar a Biblioteca de Manguinhos na década de 1950, enquanto cursava Medicina. Professor da UFRJ, em 1972 foi convidado pelo Ministério da Saúde a fazer um diagnóstico da Fiocruz, criada havia dois anos por meio de um decreto do governo militar. Sua história como membro da Fundação, porém, começaria sete anos mais tarde, quando outro convite o trouxe para assumir a vice-presidência de Pesquisa da Fundação e a diretoria do IOC. Reconhecido como um dos mais importantes tropicalistas do país, Coura dirigiria o Instituto mais uma vez, entre 1997 e 2001.

“Conheço o Instituto Oswaldo Cruz “por dentro” desde o início de 1952, quando entrei para a então Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, hoje Faculdade de Medicina da UFRJ. No curso básico tive como mestres, oriundos de Manguinhos, Carlos Chagas Filho, Professor de Biofísica, de quem comemoramos o centenário de nascimento este ano, Olympio da Fonseca Filho, Professor de Parasitologia, e Thales Martins, Professor de Fisiologia. Todos falavam com orgulho e carinho de suas origens científicas – o Instituto Oswaldo Cruz ou “Manguinhos”, como habitualmente chamavam o IOC. O deslumbramento daqueles mestres quando falavam das suas origens, de seus trabalhos ou de outros feitos na Casa de Oswaldo Cruz, como às vezes referiam-se ao Instituto, nos contagiava e nos induzia a visitar o Castelo, que de longe, quando passávamos pela Avenida Brasil, povoava as nossas mentes com o sonho de visitá-lo, mesmo que nos parecesse difícil ou inatingível.
Lembro-me bem, era uma sexta-feira à tarde em março de 1952, quando, livre de aulas, decidi visitar “Manguinhos”. No almoço, no restaurante ao lado da Faculdade, onde hoje localiza-se a Escola Superior de Guerra Naval, na Praia Vermelha, convidei alguns colegas para irmos visitar o Instituto. Em resposta alguns disseram: “Você está maluco, ir naquele fim de mundo”. Não desisti. Tomei o bonde Praia Vermelha-Centro e de lá tomei outro bonde para São Cristóvão, de onde acho que fui de ônibus até perto do portão principal de Manguinhos.
De fato era “o fim do mundo”. A Avenida Brasil era bem mais estreita, não tinha passarela e tínhamos que atravessar entre os poucos carros e ônibus até o portão do Instituto. Identifiquei-me e disse que gostaria de ir à biblioteca. Subi a ladeira e parei um pouco no topo para olhar os bustos de Carlos Chagas e Oswaldo Cruz. Em seguida, subi a escadaria até o primeiro andar do Castelo, quando começa o meu deslumbramento: os lustres coloridos, as paredes com os seus desenhos, as placas comemorativas, o “pé-direito” alto e as enormes portas laterais, que davam, no passado, entrada para os laboratórios de Carlos Chagas, à direita, e Adolpho Lutz, à esquerda.
Subi ao terceiro andar onde fiquei encantado pela biblioteca, com uma grande mesa central com as revistas da semana, expostas em fileiras, e várias mesinhas laterais onde estavam sentados alguns pesquisadores, com seus aventais brancos e pilhas de livros e revistas. Concentrados em suas leituras, através de suas lentes espessas e arredondadas, exalavam ciência naquele silêncio, quebrado apenas pelo tilintar dos pendentes dos lustres açoitados pelos ventos constantes naquele andar. Entrei sem ser notado, peguei uma das revistas expostas e, fingindo que a lia, admirava aquele cenário que me encantou na juventude e que ainda hoje me encanta após mais de meio século.
Fiz amizade com a chefe da Biblioteca de Manguinhos, Emília Bustamante, e com alguns dos seus funcionários e me tornei seu assíduo frequentador. Ali preparei muitos dos seminários que tive que fazer quando estudante, obtive as referências para as minhas Teses de Doutorado e Livre Docência, para duas teses de cátedras e diversos trabalhos científicos. Emília Bustamante conseguia trabalhos para mim que eu não conseguia em outras bibliotecas do Rio de Janeiro. Aquela biblioteca foi uma inesquecível fonte de saber na minha formação e no que transmiti a centenas de alunos nos últimos 50 anos. Como exposto, convivo no Instituto Oswaldo Cruz há mais de 58 anos, portanto, mais da metade de sua existência, e espero continuar aqui convivendo até o final da minha vida, se assim os seus dirigentes me permitirem.
O meu contato mais direto com o Instituto Oswaldo Cruz ocorreu em 1972. Como Professor Titular e Chefe do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ, fui convidado pelo então Ministro da Saúde, Mario Lemos, para que fizesse um diagnóstico da situação da Fiocruz (na época Fundação Instituto Oswaldo Cruz) que, criada pelo Decreto nº 66.624 do Governo Militar, de 22 de maio de 1970, não se desenvolvia. Me licenciei por três meses da UFRJ e solicitei ao Ministro um economista para fazer um plano orçamentário e um especialista em pessoal para fazer um plano de carreira para a instituição. Percorremos todas as unidades incorporadas à Fiocruz. O primeiro contato foi com o presidente da Fundação na época, Oswaldo Cruz Filho, que nos perguntou se éramos os “interventores do Governo Federal”. Respondi que não, estávamos apenas fazendo um diagnóstico da situação para um plano de recuperação.
Após visitarmos todas as unidades, chegamos à conclusão de que a Fiocruz era uma ficção, um verdadeiro caos. Não havia uma carreira profissional, não tinha orçamento, os salários eram miseráveis e poucos trabalhavam. Apresentei o relatório ao Ministro e disse-lhe que havia duas opções: ou ele fechava a Fiocruz e fazia do Castelo o Museu Oswaldo Cruz ou implementava um plano audacioso de recuperação. Ele convidou-me para implementar esse plano, mas não aceitei. Estava bem na UFRJ.
Antes de ingressar como servidor do Instituto Oswaldo Cruz me tornei amigo de vários dos seus pesquisadores, entre os quais Olympio da Fonseca Filho, Lobato Paraense, Herman Lent, Mario Vianna Dias, Gobert Araújo Costa, Ernesto Hofer, Hermann Schatzmayr e vários outros entre os mais jovens. No livro que organizei com Luiz Fernando Ferreira e Lobato Paraense, em comemoração ao centenário do Instituto Oswaldo Cruz, no ano 2000, quando eu era seu diretor, constam a história e as principais realizações do Instituto até aquela data. Este livro contém uma breve biografia de Oswaldo Cruz, que intitulei “Oswaldo Gonçalves Cruz: uma vida, uma obra, uma escola”, retirado do capítulo “Notícia histórica sobre a Fundação do Instituto Oswaldo Cruz (Instituto de Manguinhos)”, de autoria de Henrique Beaurepaire Aragão (pesquisador e ex-diretor do Instituto), que compõe o volume 48 das Memórias do Instituto, editadas em comemoração ao cinquentenário da fundação do IOC. O livro contém, ainda, uma extensa descrição da “Escola de Manguinhos”, de autoria de Olympio da Fonseca Filho, transcrita da coletânea Oswaldo Cruz Monumenta Histórico (Volume II), 12 trabalhos de pesquisadores de Manguinhos que julgamos de grande importância, além de um resumo do histórico, das linhas de pesquisa e das perspectivas para os 16 departamentos que compunham o IOC na época, estrutura que criamos em 1980, e que foram extintos em 2005, substituídos por áreas de pesquisa que, até hoje, em sua maioria, não funcionam adequadamente.
Minha chegada ao Instituto Oswaldo Cruz data de março de 1979, a convite do então Ministro da Saúde Mario Augusto de Castro Lima, para exercer os cargos de Vice-Presidente de Pesquisa da Fiocruz e Diretor do Instituto Oswaldo Cruz. Encontrei o Instituto – e a Fiocruz como um todo – em péssimas condições de organização e baixíssima produção científica. Visitei as unidades pelas quais iria ser responsável: os centros de pesquisa Aggeu Magalhães, em Recife, Gonçalo Moniz, em Salvador, René Rachou, em Belo Horizonte, e o Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. Analisei, também, os poucos grupos de pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz, que desenvolviam os chamados “projetos prioritários”, instituídos pela Presidência anterior da Fiocruz. Havia um desestímulo total e um quase abandono daqueles que não tinham “projetos prioritários”, ou seja, projetos de aplicação imediata.
Levantamos as necessidades de todas as unidades e fizemos um relatório enviado ao novo Presidente da Fiocruz, Guilardo Martins Alves, e ao próprio Ministro, que me perguntou: “Dr. Coura, o que podemos fazer para reerguer Manguinhos?”. Respondi que era muito fácil. Precisávamos contratar “boas cabeças” e colocar os “meninos” junto a elas para aprenderem. E assim foi feito. Contratamos diversos líderes de pesquisa que estavam disponíveis no Brasil ou no exterior, entre os quais Leonidas e Maria Deane, que estavam desterrados na Venezuela, Luis Rey, que estava se aposentando da OMS, Helio e Peggy Pereira, que estavam se aposentando na Inglaterra, Zigman Brener, que aposentou-se na UFMG para ficar em tempo integral no René Rachou, Zilton e Sonia Andrade, que se aposentaram na UFBA para ficarem no Gonçalo Moniz, Eloi Garcia, que saiu da UFF para se integrar ao grupo de Carlos Morel no IOC, Henrique e Jane Lenzi, que vieram da Harvard nos Estados Unidos, Samuel Goldenberg, que veio para se integrar ao grupo do Morel, e tantos outros que repovoaram o IOC e a Fiocruz. Criamos os cursos de pós-graduação em Biologia Parasitária e Medicina Tropical, além do Curso de Técnico de Pesquisa, para colocarmos os “meninos” junto às “boas cabeças”, como prometemos ao Ministro. Recuperamos as Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, que estavam com três anos de atraso, e instituímos os Conselhos Deliberativos do IOC e das outras unidades.
No final da minha gestão, em março de 1985, o IOC e a Fiocruz eram outras instituições: produtivas e respeitadas no Brasil e no exterior. Quando convidado para vir para Manguinhos, coloquei como única condição ocupar o Pavilhão Arthur Neiva (que estava abandonado na época) com os meus projetos de pesquisa e instalar os cursos de pós-graduação aos quais já me referi. Aquele Pavilhão, como alguns pensam, não foi construído especificamente para o ensino. Foi construído por Henrique de Beaurepaire Aragão para albergar os laboratórios de fisiologia e bacteriologia e o setor de fotografias do IOC. Paralelamente, foram construídos um anfiteatro para aulas teóricas e duas salas para aulas práticas do Curso de Aplicação de Manguinhos.
As instituições brasileiras vivem de avanços e recuos. O Instituto Oswaldo Cruz nos seus primeiros 15 anos teve o seu maior avanço. Nos primeiros anos da gestão de Carlos Chagas como diretor, de 1917 a 1934, teve um bom período de estabilidade. Mas, a partir de 1920 até o final da década de 1930, teve um grande recuo devido a disputas internas, seguido de estagnação. Nas décadas de 1940/1950, principalmente na administração de Henrique Aragão, o Instituto teve um importante avanço, com a construção de novos laboratórios e renovação dos seus quadros. Foi a segunda Instituição do mundo a produzir a penicilina, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1964, com intrigas internas, cassações e perseguição de pesquisadores, o IOC decaiu de forma dramática, inclusive interrompendo em 1969 o seu Curso de Aplicação, que era o celeiro de sua renovação.
Esse recuo durou até 1980, quando começou a se recuperar e progrediu durante os próximos 25 anos. Desde então, a Fiocruz como um todo e o IOC em particular estão sofrendo uma “crise de crescimento”, com disputas internas e excesso de burocratização muito perigosa, inclusive notada pela comunidade científica interna e externa. Isso não é uma crítica, que jamais faria à minha instituição, e sim uma constatação de um pesquisador experiente, inserido em várias instituições brasileiras e estrangeiras, que, como bom ouvidor, espera ser ouvido pelos nossos dirigentes, em prol da nossa instituição que amamos como parte de nossas vidas.”
 
 

rodape

110 Anos de História do Instituto Oswaldo Cruz.

Barrasite
110 anos de histórias

Em 25 de maio de 2010, o Instituto Oswaldo Cruz completa 110 anos de ciência a serviço da saúde da população brasileira. Entre os quase dois mil profissionais que transitam diariamente em seus laboratórios, encontramos pessoas que dedicam sua vida a esta casa há 30, 40, 50 e até 60 anos. Outros, tiveram o prestígio de dirigir o Instituto ou de presidir a Fiocruz, ocupando o lugar que um dia foi de Oswaldo Cruz.

Neste site, estão algumas de suas histórias. Em comum, dentre a diversidade de trajetórias e perspectivas, permanecem duas intensas lembranças: a perplexidade com a cassação de dez proeminentes pesquisadores da Fundação, durante os anos do governo militar, no episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, e a emoção da reintegração dos perseguidos políticos, em 1989, durante a redemocratização do país. Além disso, permanece vivo nestes depoimentos o exemplo do grande sanitarista, que continua a inspirar gerações de cientistas através das décadas com seu ideal de ciência para a vida.

AnaMorelClaudioDaltoDelir
EloiElsoErnestoEvaldoGenerval
HermannJosé CarvalhoCouraLeon
Pesquisador
Ex-Presidente da Fiocruz (1990-1992)
IOC desde 1961
Luis ReyMaria NazarethMonikaRenatoSergio
Pesquisador
IOC desde 1983
Pesquisadora
IOC desde 1959
SylvioTaniaLobato  
  

rodape

12º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose

12º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose

Especialistas nacionais e estrangeiros estiveram reunidos no Rio de Janeiro, de 5 a 8 de outubro de 2010, para o 12º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose. Organizado pela Fiocruz e com o apoio do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o evento recebeu cerca de 400 participantes. Entre os convidados estavam representantes da OMS, pesquisadores de sete estados brasileiros e gestores.
 
Estratégias de combate marcam último dia do evento
Palestrantes discutem estratégias de combate e prevenção de infecções helmínticas em países em desenvolvimento marcando o fim do 12º Simpósio Internacional de Esquistossomose
  
                            
Hospedeiro do S. Mansoni é tema de debate
Estudos relacionados ao controle e à resistência do caramujos da família Biomphalaria foram apresentados em mesa-redonda e entre especialistas

Avanços da genômica do Schistosoma são destaque
A educação e saúde para o controle da doença também foram debatidos
Prevenção e controle são tema de debate
Convidados apresentam experiências bem sucedidas em diversas regiões do país e apontam os principais desafios na área
Esquistossomose em pauta
Iniciado nesta terça-feira, 05/10, o 12º Simpósio Internacional de Esquistossomose reúne representantes da OMS. A doença atinge 2,5 milhões de brasileiros em 18 estados


Homenagem para Domingos Artur Machado Filho (FIOCRUZ)

Homenagem para Domingos Artur Machado Filho

Em 1970, dez pesquisadores de destaque da Fiocruz entraram para a história por motivos, infelizmente, nada científicos: eles foram cassados pela ditadura militar, abandonando seus trabalhos de pesquisa, muitas vezes tendo seus laboratórios desativados. Um dos cassados neste episódio, que ficou conhecido como Massacre de Manguinhos, é Domingos Artur Machado Filho, um helmintologista que atuava no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Ele acaba de receber uma homenagem póstuma, dando nome ao Espaço de Desenvolvimento Infantil inaugurado em Manguinhos na vizinhança da sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro. O equipamento municipal, que integra creche e pré-escola em um mesmo espaço, teve as atividades iniciadas em 10/09.
Arquivo COC 
Domingos Arthur Machado Filho (o primeiro da direita para esquerda) recebeu uma homenagem póstuma, dando nome ao Espaço de Desenvolvimento Infantil inaugurado em Manguinhos na vizinhança da sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro
Aluno de Lauro Travassos e de Hugo de Souza Lopes, Domingos Machado Filho ingressou no IOC em agosto de 1935, como estagiário da Divisão de Zoologia Médica.  Em 1951, ainda em Manguinhos, foi contratado como bolsista e, posteriormente, como pesquisador e professor. Além disso, atuou como subchefe e chefe da seção de helmintologia, onde dedicou-se principalmente ao estudo dos acantocéfalos, que é um filo de parasitas, encontrados em muitas espécies de peixes, anfíbios, pássaros e mamíferos.
Em 1970, devido ao Ato Institucional Número 5 (AI-5), as pesquisas de Domingos foram lacradas e ele teve seus direitos políticos cassados. Pelo AI-10, o pesquisador também foi impedido de exercer atividade de pesquisa e ensino em qualquer instituição que tivesse financiamento do governo brasileiro, obrigando-o a aposentar-se. O pesquisador foi reintegrado ao quadro de pesquisadores da Fiocruz em 1986, mas não voltou a trabalhar na instituição. Morreu em 1990.
Delir Corrêa Gomes, chefe do Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados, que trabalhou com o pesquisador na década de 60, falou sobre a homenagem e destacou a personalidade humanitária do pesquisador. “Domingos Machado Filho não foi importante apenas para a Helmintologia, ele era caridoso e pensava no cuidado com o outro. Lembro que antes do início do expediente no IOC, na década de 60, ele realizava um trabalho social no Morro do Amorim, comunidade localizada no entorno da Fiocruz, atendendo gratuitamente as crianças. Essa homenagem é o reconhecimento pelo trabalho que ele realizou na região”, disse a pesquisadora.
Cristiane Albuquerque
28/10/2010
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)
Versão para impressão:

Prêmio inédito coroa 30 anos de trajetória(FIOCRUZ)

Prêmio inédito coroa 30 anos de trajetória

A Coleção de Leishmania do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) recebeu em setembro, na capital catarinense, o mais relevante prêmio de seus 30 anos de história na 12º Conferência Internacional de Coleções de Culturas, organizada pela World Federation for Culture Collection (WFCC). O evento também foi oportunidade para uma aproximação França-Brasil, abrindo caminho para a integração virtual com a Coleção de Leishmania do Centro Nacional de Referência de Leishmania da França, a maior deste tipo no planeta.
Prêmio internacional
A 12º Conferência Internacional de Coleções de Culturas premiou o trabalho "Productivity indicators of Leishmania collection of Oswaldo Cruz Institute (CLIOC, WFCC/WDCM731)" na categoria "Resource Centers: preservation, quality management, legal and safety issues". Ao todo, 44 trabalhos de instituições da Austrália, Bélgica, México, Venezuela, França, Argentina, Alemanha, entre outros países, concorreram a três premiações nesta categoria.
 
 Gutemberg Brito

 Laboratório de Pesquisas em Leishmanioses do IOC

A curadora da Coleção e pesquisadora do Laboratório de Pesquisas em Leishmaniose, Elisa Cupolillo, declara que o prêmio consolida um trabalho de décadas. “Já foi uma conquista terem inserido nossa Coleção na Rede Global do Centro de Recursos Biológicos, o que sinaliza que trabalhamos nos mesmos parâmetros de coleções do mundo todo”, frisa.
Ela considera que o prêmio inédito foi mérito da equipe.“É uma satisfação muito grande para os estudantes e para os funcionários, porque traz um reconhecimento para nossas atividades e mostra que estamos acompanhando todo o trabalho da iniciativa global”, comemora.
Gutemberg Brito

 Laboratório de Pesquisas em Leishmanioses do IOC
A Coleção de Leishmania, criada em 1980, é dedicada à preservação, armazenamento, distribuição, caracterização taxonômica, identificação de protozoários do gênero Leishmania, representando as espécies patogênicas e não-patogênicas para humanos. A Coleção está cadastrada na WFCC, sendo também reconhecida como Fiel Depositária pelo Ministério do Meio Ambiente.
Conexão Rio-Montpellier
Durante o evento da WFCC, a pesquisadora Elisa Cupolillo e Jean-Pierre Dedet, diretor da Coleção de Leishmania do Laboratório de Parasitologia do Centro Nacional de Referência de Leishmania da França, discutiram sobre a possibilidade de parceria entre as coleções do Rio de Janeiro e de Montpellier, uma pequena cidade no sudeste da França. “Estamos pensando, como primeira iniciativa, em unificar as duas coleções virtualmente”, afirma Elisa. Neste momento ela está na França para discutir possibilidades de colaboração com Patrick Bastien, curador da Coleção francesa.
A Coleção de Leishmania do Centro Nacional de Referência de Leishmania da França opera desde 1975 e possui mais de 6 mil cepas de 72 países de quatro continentes. É, portanto, a maior coleção deste tipo no planeta, abrigando diversas espécies do Velho e Novo Mundo.
Projeto a caminho
Elisa Cupolillo está envolvida diretamente na estruturação de um Centro de Recursos Biológicos em Saúde (CRB-Saúde) na Fiocruz, que visa integrar as diversas coleções microbiológicas. Claude Pirmez, vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, lidera a iniciativa. Desde 1999, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vem discutindo os desafios e as oportunidades de se estabelecer uma rede global de centros de recursos biológicos, tendo em vista a importância do acesso ao material biológico de qualidade no desenvolvimento da bioeconomia.
O objetivo, segundo Elisa, “é que as diversas coleções compartilhem o mesmo espaço físico, otimizando recursos humanos e o parque tecnológico, para que sejam centro de excelência na condição de serviços.”
Nos últimos anos, a Fiocruz vem reorganizando a infraestrutura e recursos humanos de suas diversas coleções biológicas, com o apoio da Vice-Presidência e Serviços de Referência. A direção do IOC tem sido parceira neste processo, já que a maioria das coleções biológicas da Fiocruz se encontra nesta Unidade.
“É uma ideia inovadora”, diz. “Esperamos que este CRB-Saúde venha a ser um centro de pesquisas, de recursos biológicos e que sirva ao país, fornecendo e recebendo linhagens, investigando novas metodologias de preservação e identificação e realizando pesquisas de alto nível dentro do escopo do acervo que vier a compor este Centro. A maioria das coleções microbiológicas do IOC e algumas das outras Unidades da Fiocruz já estão em processo final de informatização e vêm trabalhando na implantação do sistema de gestão da qualidade, o que é um grande avanço”, afirma.
João Paulo Soldati

29/10/2010

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

RAIC reconhece jovens talentos (FIOCRUZ)

RAIC reconhece jovens talentos

O Auditório do Museu da Vida, no campus da Fiocruz, em Manguinhos (RJ), ficou pequeno diante de todos os estudantes, professores e profissionais da Fiocruz que lotaram o espaço para assistir a cerimônia de premiação da 18ª edição da Reunião Anual de Iniciação Científica da Fiocruz (RAIC). Foram premiados os melhores trabalhos de Iniciação Científica e Tecnológica de 2010, reconhecendo os bolsistas que se destacaram durante o ano.
Gutemberg Brito

 Olhares atentos durante a premiação da 18a edição da RAIC
Orientado pelo pesquisador Márcio Félix, do Laboratório de Biodiversidade Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o aluno de ensino médio da rede pública do Rio de Janeiro, Marcos Vinício da Silva, recebeu o prêmio de Melhor Trabalho pelo Programa de Vocação Científica (PROVOC) da Fiocruz com o título “Morfologia comparada de Lissoscarta beckeri e Propetes schmidti: cigarrinhas que mimetizam vespas.”
Na área Ciências da Vida, o segundo lugar foi conquistado pela aluna Daniella Bianchi Reis com orientação do pesquisador Vinícius de Frias Carvalho, do Laboratório de Inflamação do IOC. O terceiro lugar ficou com a estudante Paula Fernandez Ferreira, bolsista da FAPERJ. Ela foi orientada pela pesquisadora Roberta Olmo Pinheiro, do Laboratório de Hanseníase do IOC. Outros estudantes da Fiocruz foram premiados nas áreas de Ciências Humanas e Sociais, Desenvolvimento Tecnológico, além da premiação de Melhor Trabalho na categoria Bolsista Egresso de Iniciação Científica e Tecnológica.
 Gutemberg Brito

 Estudantes premiados e pesquisadores
“Foi uma semana extremamente intensa, com palestras e apresentações”, afirmou Maria Cristina Pessolani, coordenadora geral do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica da Fiocruz (PIBIC/PIBIT). “Escutei muitos elogios dos avaliadores sobre a alta qualidade dos trabalhos apresentados pelos estudantes”, destacou.
Claude Pirmez, vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, parabenizou todos os estudantes, professores orientadores e a equipe que organizou e coordenou a RAIC. “É prazeroso ver a movimentação de todos esses jovens talentos que oxigenam a ciência com novas pesquisas científicas”, concluiu.
Todos os anos o PIBIC/PIBIT realiza uma reunião anual na qual os bolsistas apresentam os resultados obtidos nos laboratórios da Fundação. Neste ano, 237 estudantes do IOC apresentaram trabalhos científicos na XVIII RAIC. No site oficial do evento você tem acesso aos trabalhos apresentados pelos alunos. Clique aqui.

João Paulo Soldati
29/10/2010
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)
Versão

I Simpósio em Doenças Bacterianas e Fúngicas

I Simpósio em Doenças Bacterianas e Fúngicas

Especialistas nacionais e estrangeiros estiveram reunidos na Fiocruz, entre os dias 4 e 5 de novembro de 2010, para o I Simpósio em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Doenças Bacterianas e Fúngicas. Organizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o evento recebeu cerca de 150 participantes.
De hospitais ao fundo do mar
Especialistas debateram aspectos relacionados a bactérias multirresistentes em ambientes hospitalares e em criações de camarões para consumo humano
Antibióticos no solo: riscos e efeitos
Pesquisadora alemã apresentou estudo sobre os efeitos de antibióticos introduzidos no solo pela adubação empregada na agricultura, o que pode contribuir para bactérias mais resistentes a medicamentos
Ecos de 11 de setembro
Uso de Anthrax como arma biológica foi tema de debate no I Simpósio em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Doenças Bacterianas e Fúngicas
Desafio milenar
Controle da hanseníase, doença com indícios de ocorrência em 600 a.C., permanece como obstáculo para a ciência
Avanços da vacina contra tuberculose em destaque
Vacinologia reversa e vacina brasileira contra a doença foram temas de mesa-redonda
Doenças Bacterianas e Fúngicas em debate
O estudo de novas vacinas para tuberculose foi destaque na abertura do Simpósio em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Doenças Bacterianas e Fúngicas
Versão para impressão:

Creative Classroom: Unraveling the tangle of autism

Creative Classroom: Unraveling the tangle of autism

Undergraduates in the Yale Seminar on Autism and Related Disorders are given the opportunity to learn from several experts in the autism field, like James McPartland (pictured).
The moment of truth came for Yale researcher Warren Jones over 13 years ago. He was a sophomore at Yale pursuing a double major in art and engineering when a small seminar on autism changed the course of his life.
"Like many undergraduates, I really didn't know what I wanted to do with my career," Jones recalls. "I knew I liked teaching children; I loved art and I also had a knack for engineering, but I didn't know which direction to go in."
How these varied interests came together to produce a career as a top autism researcher at the Yale Child Study Center can all be traced back to the autism seminar Jones found in the Yale course catalogue back in 1997.

At the time, Jones was a part-time art teacher at Benhaven, a school for children with severe autism. He loved teaching, but he wanted to learn more about the underlying medical condition that prevented his students from communicating in the same way as typical children.
"I was making a lot of sculptures that people weren't understanding, and at the same time I was struggling to understand the experiences and needs of these children with autism. I began to see some parallels," says Jones.
To expand his knowledge about autism, Jones approached Dr. Fred Volkmar, who was teaching the seminar, the first undergraduate course in the United States devoted to understanding Autism Spectrum Disorders (ASDs). Jones enrolled in the seminar along with two other students. Volkmar — now director of the Yale Child Study Center and the Irving B. Harris Professor of Child Psychiatry, Pediatrics and Psychology — walked Jones and his classmates through the history of autism, usually while they were all sitting on the couch in his office sharing a pot of coffee.
ASDs are a group of conditions marked by impairments in social interaction and communication, and by the presence of restricted and repetitive behaviors. Individuals with ASDs vary greatly in cognitive development, which can range from above average to intellectual disability. ASDs are known to be highly inheritable, and today scientists like Jones, Volkmar and Ami Klin at the Yale Child Study Center are still mapping the early development of the condition and trying to understand its underlying causes.
"It all began to come together for me," Jones says. "The seminar was my first step into the rest of the world of autism. For my senior thesis, I built a hack eye-tracker to gain more insight into how people view the world. I thought that if I could somehow record how children with autism were looking at the world, we could in effect transcribe the drawings and gain a deeper understanding of the disorder."
Fast-forward 13 years and Jones is now one of the guest lecturers in the autism seminar he took as an undergraduate. "It has been a nice way to come full circle," he says. Through his research, Jones is also closer to realizing his dream of seeing the world through the eyes of children with autism. He works with Klin, director of the Autism Program and the Harris Associate Professor of Psychology and Psychiatry at the Child Study Center. Jones has been able to draw upon his engineering skills to build technology that analyzes the eye movements of children with autism. Jones, Klin and their colleagues study data from a lightweight eye-tracking device used to compare visual scanning patterns of both children with and without autism.
Over the years, Jones and Klin have found that two-year-olds with autism lack an important building block of social interaction that prompts newborn babies to pay attention to other people. Instead, these children pay attention to physical relationships between movement and sound, and miss critical social information.
As a guest lecturer, Jones is able to share this piece of the autism puzzle with students in the Yale seminar on autism and related disorders. The course has evolved since Jones took it in 1997. It feeds on a lot of the new research findings about autism and because of this, the material changes dynamically each year.
"When I took the seminar, we learned about cutting-edge research up to that point," Jones says. "A lot of research advances have occurred since then, and interest in the topic is at an all-time high."
The course — taught by primary instructors James McPartland, Volkmar and Ami Klin — now consists of a weekly seminar on a variety of topics related to autism and a practicum. As research evolves, the curriculum adapts to these new findings, but in general, topics by guest lecturers like Jones include autism diagnosis and assessment, and treatment of children, adolescents and adults with autism. It also touches on autism intervention programs, social development in autism, neuroimaging, behavioral treatments, communication in autism, the genetics of autism and psychopharmacology. The students are also assigned to help work with children and young adults with ASDs in local service agencies like Benhaven or Chapel Haven.
Earning a seat in the seminar is no easy feat. During the first week, over 40 Yale College students cram into the Senn Conference Room on the first day, but by the end of the first week, only 15 of them will be officially enrolled. The students have to lobby to be in the seminar by writing an essay explaining why they're interested. The instructors consider the students' personal, professional or academic reasons as well as their year in school. Juniors or seniors are largely chosen because they have already completed most of their core academic requirements.
Hilary Barr and Elizabeth Sharer were two of the students chosen to participate in the fall 2010 seminar. Barr, a junior cognitive science major, applied several times to take the class and was thrilled to learn she was accepted on the third try. "When I checked my e-mail and found out I finally got in, I did a little dance in my room and down the hallway," she says. "I am so excited to learn more about the disorder and to actually get a chance to interact with autistic children and young adults."
"I worked at a retreat for sick children and many of them have autism," she adds. "Seeing how they struggle to communicate what they're feeling has really touched my heart. I want to devote my life to try to find ways to help autistic kids communicate better."
Like Barr, Sharer was excited to get into the class, but hers is for a more personal reason: Her older brother has high-functioning autism, and she wants to work on a professional level to help those with the condition.
"One of the reasons I applied to Yale was because I knew they offered this class," says Sharer. "I want to develop a better understanding of what my brother is going through. It's very hard to imagine what his life is like. I've only been able to observe him as an outsider, and I hope to develop an even more empathetic viewpoint. I am looking forward to learning from researchers who are doing groundbreaking work that could eventually help my brother and many others like him."
The enthusiasm of students like Barr and Sharer is one of the things McPartland likes about teaching the class. "The prevalence of autism is increasing," says McPartland, assistant professor in the Child Study Center, who began teaching the seminar in 2008. "This class is a valuable tool for taking very bright, motivated students and having them direct their energies to an extremely worthwhile cause. Hopefully we're preparing the next generation of scientists and clinicians to become more informed and interested in autism."
Barr, Sharer and the other students in this semester's seminar will be assigned to a clinical placement at either Benhaven or Chapel Haven so they can apply what they've learned in the classroom in a community setting.
The young adults at Chapel Haven (most of whom are male) are being taught to overcome social difficulties so they can learn to live independently. For two years, the residents live in apartments within the facility and go about their lives with guidance from Chapel Haven staff.
The opportunity to learn about autism in both clinical and research settings is a big draw for students. "They receive first-hand results straight from our labs," says McPartland. "It's also an opportunity for us to present to a really eager, intelligent group of undergraduates who always ask questions about the next steps in the research. Being exposed to some of the research presented in the seminar has led some students to make it their career path. In fact, a number of former students in the autism seminar are now working at Child Study Center labs."
Kevin Pelphrey, the Harris Associate Professor of Child Psychiatry in the Child Study Center, has lectured for the autism seminar. He studies the neural basis of social cognition and social perception and how that is disrupted in individuals with autism.
"I was excited to be a part of the seminar because I had heard great things about it and knew that it produced a few superstars like Warren Jones," says Pelphrey.
"One of the things that makes the course unique is that almost all of the speakers are bringing in their own research, hot off the presses and ready for the students," notes Pelphrey. "The students I've met are highly motivated, very engaged and deeply interested in the topic."
Jones admits that he took a somewhat unusual route into working with children with autism, but he doesn't regret his decision to study the condition.
"When I took that first autism seminar, I had no expectation that I would eventually go on not only to study the condition, but actually be involved in teaching the seminar," he says. "All of this is a happy diversion, of course, from what I expected my life would be, and I'm thrilled with where I ended up."
— By Karen Peart