sábado, 2 de abril de 2011

Cosmologia
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1.4. Acredito no Deus de Spinoza: Einstein

Albert Einstein (1879-1955), físico alemão de origem judaica que dispensa apresentações[8], quando, em 1921, perguntado pelo rabino H. Goldstein, de New York, se acreditava em Deus,  respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”[9]. Nesta mesma ocasião, o cardeal O’Connel, de Boston, publicou uma declaração na qual dizia que a teoria da relatividade “encobre com um manto o horrível fantasma do ateísmo, e obscurece especulações, produzindo uma dúvida universal sobre Deus e sua criação”[10].
Albert EinsteinPosteriormente, em uma carta escrita em Berlim a um banqueiro do Colorado, datada de 5 de agosto de 1927, Einstein explica: “Não consigo conceber um Deus pessoal que influa diretamente sobre as ações dos indivíduos, ou que julgue, diretamente criaturas por Ele criadas. Não posso fazer isto apesar do fato de que a causalidade mecanicista foi, até certo ponto, posta em dúvida pela ciência moderna. Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela no pouco que nós,  com nossa fraca e transitória compreensão, podemos entender da realidade. A moral é da maior importância - para nós, porém, não para Deus”[11].
No artigo Religião e Ciência, que faz parte do livro Como vejo o mundo, publicado em alemão em 1953, Einstein escreve: “Todos podem atingir a religião em um último grau, raramente acessível em sua pureza total. Dou a isto o nome de religiosidade cósmica e não posso falar dela com facilidade já que se trata de uma noção muito nova, à qual não corresponde conceito algum de um Deus antropomórfico (...) Notam-se exemplos desta religião cósmica nos primeiros momentos da evolução em alguns salmos de Davi ou em alguns profetas. Em grau infinitamente mais elevado, o budismo organiza os dados do cosmos (...) Ora, os gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram por esta religiosidade ante o cosmos. Ela não tem dogmas nem Deus concebido à imagem do homem, portanto nenhuma Igreja ensina a religião cósmica. Temos também a impressão de que hereges de todos os tempos da história humana se nutriam com esta forma superior de religião. Contudo, seus contemporâneos muitas vezes os tinham por  suspeitos de ateísmo, e às vezes, também, de santidade. Considerados deste ponto de vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Spinoza se assemelham profundamente”[12].
MAX JAMMER, Einstein e a Religião. Física e Teologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, 224 p. - ISBN ISBN: 8585910372.
Max Jammer, professor emérito de Física e Reitor da Universidade Bar-Ilan, Israel, colega de Albert Einstein em Princeton, se debruçou com profundidade sobre esse lado quase ignorado de Einstein. Releu seus textos e consultou papéis inéditos, guardados no Einstein Archive, em Jerusalém, e na Biblioteca do Union Theological Seminary, New York. O resultado desse esforço é Einstein e a Religião, onde, pela primeira vez, são tratados de forma conjunta e abrangente as concepções einsteinianas de Deus e o impacto da Teoria da Relatividade sobre a Teologia.  A revolução realizada por Einstein em conceitos fundamentais, como os de espaço e de tempo, bem como a criação da cosmologia científica, que seus trabalhos inauguraram, deram início a um debate de altíssimo nível, que se estende até hoje, sobre a compatibilidade das visões de mundo professadas por cientistas e teólogos contemporâneos.  Livro de leitura obrigatória.
E no artigo A religiosidade da pesquisa, no mesmo livro, Einstein defende que “o espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica”.  Para ele a religiosidade do sábio “consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos”[13].

1.5. Deve Haver um Nível Mais Profundo de Explicação do Universo: Paul Davies

Paul Davies nasceu na Inglaterra em 1946 e doutorou-se em física pelo University College de Londres. Ocupou cargosPaul Daviesacadêmicos nas áreas de astronomia e matemática nas Universidades de Cambridge e Londres. Contratado como catedrático de física pela Universidade de Adelaide, Austrália, Paul Davies desenvolve pesquisas no campo da gravitação e da cosmologia, com ênfase no tema dos buracos negros e do big-bang. É autor de muitos livros sobre física, uma dezena dos quais para o público não-especializado, além de apresentar, com freqüência, programas científicos no rádio e na televisão.
Em seu livro Deus e a nova física, publicado em inglês em 1983, diz Paul Davies: “A ciência só é possível porque vivemos num universo ordenado, que se conforma com leis matemáticas simples. A tarefa dos cientistas é estudar, catalogar e relatar a ordenação da natureza, não indagar a sua origem. Mas os teólogos têm argumentado, desde há muito, que a ordem do mundo físico é uma prova da existência de Deus. Se isso assim for, então a ciência e a religião adquirem um objectivo comum que é revelar a obra de Deus. Na realidade tem-se afirmado que o aparecimento da cultura científica ocidental foi efectivamente estimulada pela tradição judaico-cristã, com sua ênfase na organização intencional do cosmos por Deus - uma organização que poderia ser discernida pelo uso da pesquisa científica racional”[14].
Aliás, nesta direção parece caminhar Einstein quando diz que a ciência  “só pode ser criada por quem esteja plenamente imbuído da aspiração à verdade e ao entendimento. A fonte desse sentimento, no entanto, brota na esfera da religião. A esta se liga também a fé  na possibilidade de que as regulações válidas para o mundo da existência sejam racionais, isto é, compreensíveis à razão. Não posso conceber um autêntico cientista sem essa fé profunda. A situação pode ser expressa por uma imagem: a ciência sem religião é aleijada, a religião sem ciência é cega”[15].
Paul Davies, ainda sobre a relação entre ciência e religião, se pergunta se a ciência teria florescido na Europa medieval e renascentista  não fosse a teologia ocidental. E exemplifica com  a China,  que produziu inovações tecnológicas antes da Europa, mas que não as levou avante porque aos chineses faltava o conceito de um ser divino que formulara leis da natureza que os homens podiam compreender e utilizar[16].
Por sinal, é nesta mesma obra, A mente de Deus, escrita 9 anos após Deus e a nova física, que Paul Davies nos lembra terem surgido muitas idéias sobre física fundamental  nestes anos, tais como a teoria das supercordas, os novos desenvolvimentos na cosmologia quântica, a pesquisa de Stephen Hawking sobre o “tempo imaginário”, a teoria do caos e tantas outras, e acrescenta: “Tais acontecimentos assumiram duas formas diferentes. Primeiro, um diálogo muito mais intenso entre cientistas, filósofos e teólogos sobre o conceito de criação e temas conexos. Segundo, uma intensificação da moda do pensamento místico e da filosofia oriental, que alguns comentadores afirmaram estar em contato profundo e significativo com a física fundamental”[17].
Paul Davies nos diz que, após  a publicação de Deus e a nova física, ficou assombrado com a postura religiosa dos cientistas, que podem ser classificados em dois grupos: os religiosos e os não-religiosos: entre os religiosos, muitos praticam uma religião tradicional e em alguns casos mantêm os dois aspectos de sua vida, o científico e o religioso, separados, de tal modo que são governados pela ciência durante seis dias da semana e  pela religião no domingo. Entretanto, um pequeno grupo de cientistas se esforça para dialogar com a religião, mesmo que o resultado seja uma visão bastante liberal da religião e uma atribuição incomum de significado aos fenômenos físicos. E mesmo entre os não-religiosos existe “uma vaga sensação de que há algo além da realidade superficial da experiência cotidiana, algum sentido por trás da existência. Mesmo ateus mais empedernidos freqüentemente têm o que foi chamado de sentimento de reverência pela natureza, fascínio e respeito por sua profundidade, beleza e sutileza, algo muito semelhante à veneração religiosa”[18].
Paul Davies procura deixar claro sua própria posição: “Como cientista profissional, confio plenamente no método científico de investigação do mundo”. A ciência, para ele, demonstra a todo momento ser poderosa para explicar o mundo em que vivemos, mas  o que existe de mais atraente no método científico é  “sua intransigente honestidade”, pois, antes de ser aceita, cada nova descoberta tem que passar por rigorosos testes aplicados pela comunidade científica, o que possibilita a eliminação das trapaças de cientistas inescrupulosos[19].
Acrescenta o físico que prefere não acreditar em fenômenos sobrenaturais, pois parte do princípio de que as leis da natureza são sempre obedecidas. Mas, mesmo assim, pensa que a ciência pode não conseguir explicar tudo no universo físico, já que “resta o velho problema do término do raciocínio explicativo”. Pois se as leis da física são tomadas como algo válido em princípio é preciso perguntar de onde vêm essas leis. Assim “mais cedo ou mais tarde todos temos de aceitar algo como dado, seja Deus, ou a lógica, ou  um conjunto de leis ou algum outro fundamento para a existência. Assim, as perguntas terminaissempre estarão fora do alcance da ciência empírica, na sua definição corrente (...) Provavelmente sempre deverá restar algum ‘mistério no fim do universo’”[20].
Completando a definição de sua postura, Paul Davies diz que pertence àquele grupo de cientistas que não pratica uma religião tradicional, mas que nega ser o universo apenas um acidente sem objetivo. “Meu trabalho científico”, explica, “levou-me a acreditar, cada vez mais intensamente, que a constituição do universo físico atesta um engenho tão assombroso que não posso aceitá-lo apenas como fato bruto. Parece-me que deve haver um nível mais profundo de explicação. Querer chamar esse nível mais profundo de ‘Deus’ é uma questão de gosto e definição”[21].

[8]. Sobre Einstein, cf. a excelente biografia escrita por PAIS, A., Sutil é o Senhor: a ciência e a vida de Albert Einstein, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1995. Cf. também CALDER, N., O universo de Einstein, Brasília, Editora da UnB, 1988.
[9]. Citado em GOLGHER, I., O universo físico e humano de Albert Einstein, Belo Horizonte, Oficina de Livros, 1991, p. 304.
[10]. Citado em Idem, ibidem, pp. 304-305.
[11]. DUKAS, H./HOFFMANN, B. (org.), Albert Einstein: o lado humano. Rápidas visões colhidas em seus arquivos, Brasília, Editora da UnB, 1984, p. 53.
[12]. EINSTEIN, A., Como vejo o mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 198114, pp. 20-21.
[13]. Idem, ibidem, pp. 23-24.
[14]. DAVIES, P., Deus e a nova física, Lisboa, Edições 70, 1986, p. 157.
[15]. EINSTEIN, A., Escritos da maturidade, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1994, p. 30.
[16]. Cf. DAVIES, P., A mente de Deus. A ciência e a busca do sentido último, Rio de Janeiro, Ediouro,  p. 75.
[17]. Idem, ibidem, p. 14. O original, The Mind of  God é de 1992. Sobre a nova física e o pensamento oriental pode ser conferido o clássico de CAPRA, F., O Tao da física. Um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental, São Paulo, Cultrix, 1984 (original inglês: 1975). De Stephen Hawking devem ser lidos Uma breve história do tempo. Do big bang aos buracos negros, Rio de Janeiro, Rocco, 1988 [reedição:2002], Buracos negros, universos-bebês e outros ensaios, Rio de Janeiro, Rocco, 1995 e O Universo numa Casca de Noz, ARX, São Paulo, 2002.
[18]. DAVIES, P., A mente de Deus, p. 15.
[19]. Idem, ibidem, p. 14.
[20]. Idem, ibidem, pp. 14-15.
[21]. Idem, ibidem, pp. 15-16.

Re: [ciencialist] Re: Eis a Ciencia ......

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Olá Natalia

O texto sobre guarda chuvas é uma brincadeira, uma gozação, para brincar com
pseudo-ciencias que apenas por acumularem enorme base de dados e calculos
matematicos se acreditam ciencias..:-) Não leve à sério..:-)

Um abraço.

Homero


----- Original Message -----
From: Maria Natália
To: ciencialist@...
Sent: Sunday, October 19, 2003 7:16 PM
Subject: [ciencialist] Re: Eis a Ciencia ......


Estão a gozar com a malta, não?
Se perguntar a esse tal qualquer coisa se sabe porque um guarda chuva
abre e que forças estão aplicadas nas varetas ele nada sabe.
Realmente só com um guarda chuva pelas costas abaixo.
Quando surgiu o guarda chuva? Este texto só pode ser do séc XVII e o
que professor é que a malta reforma a noção de ciência.
[]'
Maria Natália
PS nós aqui em Portugal temos um sociólogo a emitir pareceres sobre a
ciência...É o Boaventura Sousa Santos e na última 6ª feira estivemos
duas horas a discutir ci~encia epistemologia etc e tal

--- Em ciencialist@..., "Luiz Ferraz Netto"
<leobarretos@u...> escreveu
> O que é a ciência?
> John Sommerville
>
> Caro Senhor
>
> Tomo a liberdade de me dirigir a si rogando-lhe que seja o juiz
numa disputa entre mim e uma pessoa minha conhecida que já não posso
considerar um amigo. A questão em discussão é a seguinte: É a minha
criação, a guardachuvalogia, uma ciência? Permita-me que explique a
situação. De há dezoito anos para cá que, conjuntamente com alguns
fieis discípulos, venho recolhendo informações relacionadas com um
objecto até agora negligenciado pelos cientistas - o guarda-chuva. O
resultado da minha investigação, até à presente data, encontra-se
reunido em nove volumes que vos envio separadamente. Deixe-me,
antecipando a sua leitura, descrever brevemente a natureza dos
conteúdos aí apresentados e o método que empreguei na sua compilação.
Comecei pelas ilhas. Passando de quarteirão em quarteirão, de casa em
casa, de família em família, de indivíduo em indivíduo, descobri: 1)
o número de guarda-chuvas existentes, 2) o seu tamanho, 3) o seu
peso, 4) a sua cor. Tendo coberto uma ilha, passei às restantes.
Depois de muitos anos, passei à cidade de Lisboa e, finalmente,
completei toda a cidade. Estava então pronto a continuar o trabalho
passando para o resto do país e, posteriormente, para o resto do
mundo.
>
> Foi neste ponto que me aproximei do meu amigo de outrora. Sou um
homem modesto, mas senti que tinha o direito de ser reconhecido como
o criador de uma nova ciência. Ele, por outro lado, afirmou que a
guardachuvalogia não era de todo uma ciência. Primeiro, disse ele, é
uma tolice estudar guarda-chuvas. Este argumento é mau, uma vez que a
ciência se ocupa de todo e qualquer objecto, por muito humilde e
abjecto que seja, até mesmo da «perna de trás de uma pulga». Sendo
assim, por que não guarda-chuvas? Depois, ele afirmou que a
guardachuvalogia não poderia ser reconhecida como uma ciência porque
não trazia qualquer benefício ou utilidade para a sociedade. Mas não
será a verdade a coisa mais preciosa na vida? E não estão os meus
nove volumes repletos de verdades acerca do meu objecto de estudo?
Cada palavra é verdadeira. Cada frase contém um facto firme e frio.
Quando ele me perguntou qual era a finalidade da guardachuvalogia,
senti-me orgulhoso em dizer «Procurar e descobrir a verdade é
finalidade suficiente para mim». Sou um cientista puro; não tenho
motivos ulteriores. Daqui se segue que a verdade seja suficiente para
me sentir satisfeito. A seguir afirmou que as minhas verdades estavam
datadas e que qualquer uma das minhas descobertas poderia deixar de
ser verdadeira amanhã. Mas isto, disse eu, não é um argumento contra
a guardachuvalogia, é sim um argumento para a manter actualizada, que
é precisamente o que pretendo fazer. Façamos levantamentos mensais,
semanais, ou mesmo diários, de modo a que o nosso conhecimento se
mantenha actualizado. A sua objecção seguinte foi afirmar que a
guardachuvalogia não continha hipóteses e que não tinha desenvolvido
leis ou teorias. Isto é um grande erro. Utilizei inúmeras hipóteses
no decurso das minhas investigações. Antes de entrar num novo
quarteirão e numa nova secção da cidade coloquei hipóteses
relacionadas com o número e com as características dos guarda-chuvas
que aí seriam observados, hipóteses essas que foram, de acordo com o
correcto procedimento científico, ou verificadas ou anuladas pelas
minhas subsequentes observações. (De facto, é interessante notar que
posso comprovar e documentar cada uma das minhas respostas a estas
objecções com numerosas citações de trabalhos fundamentais, de
revistas importantes, de discursos públicos feitos por cientistas
eminentes, etc.) No que respeita a teorias e leis, o meu trabalho é
abundante. Mencionarei, a título de exemplo, apenas algumas. Existe a
Lei da Variação da Cor Relativa à Posse pelo Género. (Os guarda-
chuvas que são posse das mulheres tendem a ter uma grande variedade
de cores, ao passo que aqueles que são posse dos homens são quase
sempre pretos.) Apresentei, para esta lei, uma exacta formulação
estatística. (Veja-se vol. 6, apêndice 1, quadro 3, p. 582). Existem
as Leis dos Possuidores Individuais de uma Pluralidade de Guarda-
chuvas e as Leis da Pluralidade dos Possuidores de Guarda-chuvas
Individuais, leis curiosamente inter-relacionadas. A inter-relação,
na primeira lei, assume a forma de uma quase directa ratio com o
rendimento anual, e a segunda, uma quase relação inversa com o
rendimento anual. (Para uma formulação exacta das circunstâncias
modificadoras veja-se vol. 8, p. 350). Há também a Lei da Tendência
para Adquirir Guarda-chuvas em Tempo Chuvoso. Para esta lei forneci
verificação experimental no capítulo 3 do volume 3. Realizei,
igualmente, numerosas outras experiências relacionadas com a minha
generalização.
>
> Por conseguinte, creio que a minha criação é, em todos os aspectos,
uma ciência genuína, e apelo para a vossa comprovação da minha
opinião.
>
> John Sommerville
> Tradução e adaptação de Luís Filipe Bettencourt
> Citado por David Boersema in "Mass Extinctions and the Teaching of
Philosophy of Science" (Teaching Philosophy, vol. 19, n.º 3,
September 1996, pp.263-264).

SÁBADO, AGOSTO 29

PRODUÇÃO TEXTUAL

– Desenvolvendo ideias - Organizando ideias
A produção de um texto dever sempre levar em consideração o conhecimento já
existente.
Temos a capacidade de questionar e podemos repensar, refazer, reestruturar e
aperfeiçoar nossas ideias. Mas às vezes temos dificuldade para expressá-las, porque:
· não amadurecemos nossas ideias suficientemente;
· não temos as informações e os dados necessários para desenvolver nossas
ideias;
· não estamos explorando nossa capacidade de pensar.
Aprende-se a escrever, escrevendo. Não comece um texto sem antes fazer um esboço,
mesmo sabendo que este inicialmente só vai ter a função de roteiro e que sofrerá
modificações antes e durante a redação.
Um método simples para encadear ideias começa com a anotação de todas elas, sem
se preocupar com uma sequência. Escreva tudo que tem em mente numa folha de
papel, não se preocupe com a lógica, nem com a gramática. Isso surgirá mais tarde no
processo quando for avaliar e organizar as ideias.
Pensar supõe diálogo e ao escrever precisamos sempre ter presente que nossa meta
são os leitores. Quando se sabe para que o receptor precisa das informações que se
tem a transmitir, é possível chegar à organização ideal do texto. Isso permite
dimensionar o valor que cada uma das informações tem para o leitor naquele momento,
o que é fundamental para se determinar quais as que merecem maior destaque, quais
as que devem ficar em segundo plano ou mesmo que detalhes devem ser desprezados.
Se você tiver informações, será capaz de deixar as ideias fluírem.
Pensar nos permite mentalmente, fazer interação com o mundo à nossa volta.
Por meio do pensamento, elaboramos todas as informações que recebemos e
orientamos as ações que interferem na realidade e organização de nossos escritos. O
que lemos é produto de um pensamento transformado em texto.
Cada um de nós tem seu modo de pensar e, quando escreve, procura organizar as
ideias de um modo que facilite a compreensão do leitor.
Comunicação através da escrita
Para haver comunicação deve existir um espaço, um vazio, uma lacuna entre o que o
emissor tem a dizer e o que o receptor sabe.
A finalidade de escrever é comunicar totalmente o que você quer dizer. Só o medo
pode impedir um indivíduo de escrever se ele é capaz de ler ou fazer uma
apresentação, ou ambos. Todo mundo é um escritor. Qualquer indivíduo alfabetizado
escreve de vez em quando bilhetinhos para os filhos, cartas para os pais, memorandos
para os colegas de trabalho, relatórios para a diretoria.
A escrita é usada para representar os sons. Você controla totalmente as palavras
quando escreve. Pode dizê-las em voz alta primeiro e ouvir como soam aos seus
ouvidos, perguntando se fazem sentido. Pode pronunciá-las subvocalmente e perguntar
se transmitem o que deseja, e mais ainda, pode ter várias chances de acertar antes de
mandar a mensagem a alguém, reescrevendo o que já escreveu.
A comunicação escrita é a transmissão da mensagem através da mão e não pela boca.
A principal vantagem desse tipo de comunicação está no controle total da forma como
as palavras saem, cada um as controla mesmo que estejam envolvidas por filtros que
obscurecem seus significados ou estejam carregadas de valores pessoais. Com a
palavra escrita a pessoa tem a chance de dizer o que pretende e transmitir o significado.

Criando estrutura para as ideias
As partes que compõem o texto – a introdução, o desenvolvimento e a conclusão,
devem se organizar de maneira equilibrada.
A introdução é uma entrada no assunto e caracteriza-se como um argumento inicial.
Apresenta a ideia central do texto. Essa apresentação deve ser direta, evite “rodeios”
para entrar no assunto, bem como os “chavões”, por exemplo: “Desde os primórdios da
civilização que o homem...”.
O tamanho da introdução raramente excede a 1/5 do texto. Essa proporção não vale
para textos muito curtos, nestes, a introdução pode ser o próprio título. Nos textos
longos, de várias páginas, a introdução pode ser um capítulo ou uma parte precedida
por subtítulo. Nesse caso, poderá ter vários parágrafos. Em textos curtos, de 25 a 80
linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
O desenvolvimento é a parte maior do texto, responsável pela relação entre a
introdução e a conclusão. Nessa parte são apresentadas as ideias, os dados, os
argumentos que sustentam e explicam as posições do autor.
Podemos comparar o desenvolvimento a uma ponte. De um lado está a introdução. Do
outro, a conclusão. Essa ponte é formada por ideias bem organizadas numa sequência
que permite a relação equilibrada entre os dois lados.
Desenvolvimento
introdução conclusão

No desenvolvimento o autor do texto revela sua capacidade de argumentar, defende
seus pontos de vista e tem de dirigir a atenção do leitor para a conclusão. Esta parte do
texto tem a função de fundamentar as conclusões.
Para uma boa redação do texto, é necessário que se tenha clareza de qual será a
conclusão. Por isso é tão importante planejar o texto.
O desenvolvimento ocupará aproximadamente 3/5 do texto, no mínimo. Em textos
longos, o desenvolvimento pode ter capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Em
textos curtos, terá alguns parágrafos.
Existem duas principais falhas no desenvolvimento:
· o desvio da argumentação – o autor toma um argumento secundário e se
distancia da discussão inicial, ou então, concentra-se em apenas um aspecto do
tema e esquece a sua amplitude (toma a parte pelo todo);
· a argumentação desconexa – acontece quando o autor tem muitas ideias ou
informações sobre o tema e não consegue encadeá-las. Ele também pode ter
dificuldade para estruturar suas ideias e definir uma linha lógica de raciocínio.
A conclusão é a parte mais importante do texto, é o seu ponto de chegada. Os dados
utilizados, as ideias e os argumentos convergem para este ponto em que a discussão
ou a exposição se fecha.
Na sua estrutura normal, a conclusão não deve deixar abertura para continuidade da
discussão, tem o valor da síntese. Evite repetir argumentos já utilizados, por exemplo:
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em conclusão...”.
Proporcionalmente o tamanho da conclusão é equivalente ao da introdução, ou seja,
1/5. Essa é uma qualidade dos textos bem redigidos.
Programa CIEE de Educação a Distância
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Nas conclusões que ficam muito longas, é possível que haja um dos seguintes erros:
· o desenvolvimento não foi suficientemente explorado e invadiu a conclusão;
· o desenvolvimento não foi suficiente para fundamentar a conclusão e há
necessidade de mais explicações;
· o autor está “enrolando”, “enchendo linguiça” ou fica girando em torno de ideias
paralelas ou redundantes;
· o autor usa frases vazias, perfeitamente dispensáveis;
· a autor não tem clareza de qual é a melhor conclusão e se perde na
argumentação final.
A conclusão não pode ser uma abertura para novas discussões, exceto quando:
· o autor apresenta ideias polêmicas e deixa a conclusão em aberto para não
influenciar o posicionamento do leitor;
· o autor não fecha a discussão propositalmente, estimulando o leitor a ler uma
possível continuidade do texto, como um outro capítulo;
· o autor não deseja mesmo concluir, mas apenas apresentar dados e
informações sobre o tema que está desenvolvendo;
· o autor quer que o próprio leitor tire suas conclusões e enumera perguntas no
final.
As falhas num texto podem ser evitadas se antes da redação o autor fizer um plano do
que irá escrever. O plano é o roteiro em que organizamos, ou indicamos para nós
mesmos, as ideias e a sequência que utilizaremos no texto. Ele deve ser o mais enxuto
possível.
Para o leitor, o texto deve parecer uma redação inteligente e bem estruturada, que
constrói uma argumentação sólida e lhe permite conclusões enriquecedoras.

GuardachuvPlano de Aula

Plano de Aula
Para que serve isso de Metodologia?
Ciência e Conhecimento
A produção de Conhecimento: Pesquisa
O Processo de Pesquisa
A importância do Método

Motivação
Ciência = conhecimento, sabedoria
Patricia está ciente disto...
E o que é ter conhecimento?
Esta coisa de Ciência...
Scientia...palavra latina, significa ”aprender ou alcançar conhecimento”
Do grego Scirem, conhecimento criticamente fundamentado
“caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável, e falível”
“É a atividade que propõe a aquisição
sistemática do conhecimento sobre a natureza biológica, social e tecnológica”
Ciência... Como definir?
Todas as ciências possuem:
Objetivo ou finalidade – distinguir as leis que regem determinados fenômenos.
Função – uma utilidade
Objetos, que se subdividem em:
Material – o que se pretende estudar;
Formal – o enfoque especial, necessário em face das várias ciências que possam possuir o mesmo objeto material.
Então...
Ciência como pensamento racional, objetivo, lógico, confiável e falível!
Metodologia que determina como produzir novo conhecimento de forma confiável.
Assim... Uma ciência é reconhecida por 3 critérios:
Confiabilidade em seu corpo de conhecimentos.
Sua organização.
Seu método.
Assim...
A Matemática é ciência?
E a História?
E a Física?
E a Guardachuvalogia?
E a Computação?
O Conhecimento é...
Uma capacidade (e uma necessidade) inerentes ao ser humano.
Uma relação que supõe 3 elementos:
O sujeito
O objeto
A imagem da realidade.

Como Adquirir Conhecimento?
Como adquirir conhecimento?
Através de Várias fontes...
sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e intuição.
Papel da Linguagem
Fazendo Pesquisa!

No caso do Conhecimento Científico...
A qualidade do conhecimento depende da forma de aquisição... Método!
O melhor é combinar as três formas...
Intuição – idéias sobre novos processos
Experimentação – protótipos
Racionalização – descrição formal... O porquê da coisa
Conhecimento Científico x Conhecimento Técnico
Que tipo de conhecimento produzimos em CC?
Algumas subáreas da computação aceitam artigos da forma: "eu fiz algo super-interessante e ei-lo aqui".
O requisito é que o algo seja interessante, deixe o leitor entusiasmado.
Geralmente nem é preciso mostrar que ninguém fez aquilo antes.
Normalmente uma sub área neste estagio é uma subárea nova, e não saturada.

Produzindo conhecimento em CC
Algumas subáreas aceitam artigos da forma "eu provei algo ainda não provado e eis a prova".
Perto da matemática pura.
O requisito importante é que o algo não tenha sido provado antes e que a prova esteja correta.
Produzindo conhecimento em CC
Algumas subáreas aceitam artigos da forma "eu fiz algo diferente do que outros já fizeram".
Requisito - alguma comparação com o já existente e mostrar as diferenças.
Também característico de áreas novas.
Produzindo conhecimento em CC
Artigos da forma "eu fiz algo melhor do que outros já fizeram e rodei esses testes padrão para demonstrá-lo."
Estas são áreas maduras dentre as ciências do artificial - você cria um artefato que é melhor que os outros numa métrica aceita pela comunidade em exemplos aceitos pela comunidade.
Produzindo conhecimento em CC
Um estágio menos maduro que o anterior é "eu fiz algo melhor do que outros já fizeram e inventei esses testes para demonstrá-lo."
Produzindo conhecimento em CC
Artigos da forma "eu fiz algo e o mundo se tornou melhor por causa dele" ou "eu verifiquei que isso (não necessariamente de minha invenção/criação) tem esta conseqüência no mundo".
Estes sim estão muito perto das ciências naturais, em particular das ciências médicas - você tem que mostrar que uma intervenção é melhor ou diferente de outra - e para isso precisa fazer um experimento no mundo, com grupo de controle, analise estatística, etc.
Resumindo Tudo...
E tem mais de um tipo de Conhecimento?
Senso-comum
Artístico
Filosófico
Teológico
Científico
Algumas características do conhecimento Científico
É crítico
Busca causas para os fenômenos
É genérico
Divulga resultados (intersubjetividade)
Relata como chegou aos resultados!
Este caminho é o método científico.
Então, como é mesmo o Processo?
Mas... Como pesquisar?
Elaboração do Projeto
Seleção do tema, formulação do problema, hipóteses, levantamento bibliográfico, escolha do método, elaboração do plano
Coleta de Dados
Pesquisas (bibliográfica, experimental, documental), entrevistas, questionários, estudos de caso, relatórios
E o processo de pesquisa?
Análise dos Dados
Classificação e Organização das informações
Estabelecimento das relações entre os dados
Causas, divergências, convergências, regularidades
Tratamento estatístico dos dados
Elaboração da Escrita
Visto com Flávia! 

Analisando tudo...
Análise Qualitativa
Realidade que não pode ser quantificada
Busca o porquê dos fenômenos, identificando problemas e variáveis relevantes e definindo hipóteses.
Lado subjetivo
Pesquisas com usuário
Ciências sociais

Analisando tudo...
Análise quantitativa
Abordagem Típica das ciências Naturais
Duas Utilizações
DESCRITIVA: descreve as características de determinada situação; permite a inferência de relações entre variáveis e a previsão de fenômenos.
EXPERIMENTAL OU CAUSAL: admite que os estudos descritivos são insuficientes para determinar a relação de causa e efeito; busca a resposta à causa de um fenômeno.

A Concepção Atual de Método
Método Científico como Teoria da Investigação.
Temos que considerar as seguintes etapas:
Descobrimento do Problema
Colocação Precisa do Problema
Procura por instrumentos relevantes ao problema
Tentativa de solução do problema com ajuda dos meios identificados
Continua...
A Concepção Atual de Método
Invenção de novas idéias
Obtenção de uma Solução
Investigação das Conseqüências da solução obtida
Prova da Solução
Correção das Hipóteses, Teorias, Procedimentos ou Dados empregados na obtenção de uma solução incorreta.
Uma pausa...
Método:
Caminho para alcançar nossos objetivos
Método Indutivo
Método Dedutivo
Técnica:
A forma escolhida para executar o método
Caracterizando o Método Indutivo
Partindo de premissas particulares, inferimos uma verdade geral.
Não necessariamente preservam a verdade.
O corvo 1 é negro
O corvo 2 é negro
O corvo n é negro
Todo corvo é negro.
O Método Dedutivo
Este método serve para explicar nossos fenômenos.
Explicar é relacionar casos particulares a princípios gerais.
A explicação está na conexão entre premissas e conclusão.
Dizer que uma teoria explica as leis é mais do que a mera dedução lógica.
O Processo de Pesquisa
Cenas dos Próximos Capítulos
Vimos...
Uma panorâmica do processo de produção de Conhecimento e Ciência
Veremos
Os diferentes tipos de Conhecimento
Em mais detalhes o que caracteriza as diferentes Ciências.

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Guardachuvalogia - O que é a ciência?

John Sommerville


Caro Senhor
Tomo a liberdade de me dirigir a si rogando-lhe que seja o juiz numa disputa entre mim e uma pessoa minha conhecida que já não posso considerar um amigo. A questão em discussão é a seguinte: É a minha criação, a guardachuvalogia, uma ciência? Permita-me que explique a situação. De há dezoito anos para cá que, conjuntamente com alguns fieis discípulos, venho recolhendo informações relacionadas com um objecto até agora negligenciado pelos cientistas — o guarda-chuva. O resultado da minha investigação, até à presente data, encontra-se reunido em nove volumes que vos envio separadamente. Deixe-me, antecipando a sua leitura, descrever brevemente a natureza dos conteúdos aí apresentados e o método que empreguei na sua compilação. Comecei pelas ilhas. Passando de quarteirão em quarteirão, de casa em casa, de família em família, de indivíduo em indivíduo, descobri: 1) o número de guarda-chuvas existentes, 2) o seu tamanho, 3) o seu peso, 4) a sua cor. Tendo coberto uma ilha, passei às restantes. Depois de muitos anos, passei à cidade de Lisboa e, finalmente, completei toda a cidade. Estava então pronto a continuar o trabalho passando para o resto do país e, posteriormente, para o resto do mundo.
Foi neste ponto que me aproximei do meu amigo de outrora. Sou um homem modesto, mas senti que tinha o direito de ser reconhecido como o criador de uma nova ciência. Ele, por outro lado, afirmou que a guardachuvalogia não era de todo uma ciência. Primeiro, disse ele, é uma tolice estudar guarda-chuvas. Este argumento é mau, uma vez que a ciência se ocupa de todo e qualquer objecto, por muito humilde e abjecto que seja, até mesmo da «perna de trás de uma pulga». Sendo assim, por que não guarda-chuvas? Depois, ele afirmou que a guardachuvalogia não poderia ser reconhecida como uma ciência porque não trazia qualquer benefício ou utilidade para a sociedade. Mas não será a verdade a coisa mais preciosa na vida? E não estão os meus nove volumes repletos de verdades acerca do meu objecto de estudo? Cada palavra é verdadeira. Cada frase contém um facto firme e frio. Quando ele me perguntou qual era a finalidade da guardachuvalogia, senti-me orgulhoso em dizer «Procurar e descobrir a verdade é finalidade suficiente para mim». Sou um cientista puro; não tenho motivos ulteriores. Daqui se segue que a verdade seja suficiente para me sentir satisfeito. A seguir afirmou que as minhas verdades estavam datadas e que qualquer uma das minhas descobertas poderia deixar de ser verdadeira amanhã. Mas isto, disse eu, não é um argumento contra a guardachuvalogia, é sim um argumento para a manter actualizada, que é precisamente o que pretendo fazer. Façamos levantamentos mensais, semanais, ou mesmo diários, de modo a que o nosso conhecimento se mantenha actualizado. A sua objecção seguinte foi afirmar que a guardachuvalogia não continha hipóteses e que não tinha desenvolvido leis ou teorias. Isto é um grande erro. Utilizei inúmeras hipóteses no decurso das minhas investigações. Antes de entrar num novo quarteirão e numa nova secção da cidade coloquei hipóteses relacionadas com o número e com as características dos guarda-chuvas que aí seriam observados, hipóteses essas que foram, de acordo com o correcto procedimento científico, ou verificadas ou anuladas pelas minhas subsequentes observações. (De facto, é interessante notar que posso comprovar e documentar cada uma das minhas respostas a estas objecções com numerosas citações de trabalhos fundamentais, de revistas importantes, de discursos públicos feitos por cientistas eminentes, etc.) No que respeita a teorias e leis, o meu trabalho é abundante. Mencionarei, a título de exemplo, apenas algumas. Existe a Lei da Variação da Cor Relativa à Posse pelo Género. (Os guarda-chuvas que são posse das mulheres tendem a ter uma grande variedade de cores, ao passo que aqueles que são posse dos homens são quase sempre pretos.) Apresentei, para esta lei, uma exacta formulação estatística. (Veja-se vol. 6, apêndice 1, quadro 3, p. 582). Existem as Leis dos Possuidores Individuais de uma Pluralidade de Guarda-chuvas e as Leis da Pluralidade dos Possuidores de Guarda-chuvas Individuais, leis curiosamente inter-relacionadas. A inter-relação, na primeira lei, assume a forma de uma quase directa ratio com o rendimento anual, e a segunda, uma quase relação inversa com o rendimento anual. (Para uma formulação exacta das circunstâncias modificadoras veja-se vol. 8, p. 350). Há também a Lei da Tendência para Adquirir Guarda-chuvas em Tempo Chuvoso. Para esta lei forneci verificação experimental no capítulo 3 do volume 3. Realizei, igualmente, numerosas outras experiências relacionadas com a minha generalização.
Por conseguinte, creio que a minha criação é, em todos os aspectos, uma ciência genuína, e apelo para a vossa comprovação da minha opinião.
John Sommerville

Tradução e adaptação de Luís Filipe Bettencourt
Citado por David Boersema in "Mass Extinctions and the Teaching of Philosophy of Science" (Teaching Philosophy, vol. 19, n.º 3, September 1996, pp.263-264).

Texto originalmente publicado em http://www.criticanarede.com/


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