sábado, 18 de agosto de 2012


UMA DOCÊNCIA ORIENTADA PELA DEDICAÇÃO E A SOLIDARIEDADE: FRAGMENTOS
BIOGRÁFICOS DE JÚLIA RAMOS (1895‐1984)

Elane Candido da Silva
elane.candido@hotmail.com.br
Viviana Soares da Silva
                                        viviana_soares@hotmail.com
Maria Lúcia da Silva Nunes
mlsnunes@yahoo.com.br
Tatianne da Conceição Ferreira
Tati_anne@hotmail.com
Adriana Marcineiro Vilar
dryka.villar@gmail.com
(UFPB)
Resumo
Este estudo é uma produção oriunda do projeto Em busca de vestígios: memórias e histórias de mulheres que
nomeiam escolas (1950 – 1970), (PIBIC), vinculado ao HISTEDBR/PB, junto ao Programa de Pós‐Graduação em
Educação/CE/UFPB. O projeto referido volta‐se para a perspectiva historiográfica trazida pela Nova História Cultural, que em seu âmago contempla os novos sujeitos da história, outrora ignorados: a mulher, a criança, o negro, objetivando, assim, revelar a história das mulheres que dão nome às escolas da rede pública de ensino no estado da Paraíba. A visita feita ao Centro de Referência em Educação Infantil (CREI) Professora Júlia Ramos proporcionou o conhecimento de um pouco da história desta personalidade importante para o Bairro da Torre, na cidade de João Pessoa. Este texto desenvolve‐se a partir da metodologia da história oral, pela realização e análise de entrevistas com uma parente e um amigo da educadora, associada à utilização de informações documentais encontradas no CREI, com
o objetivo de construir uma biografia da personagem em destaque. Dona Júlia Ramos, como era respeitosa e carinhosamente tratada pelos moradores, formou‐se na Escola Normal de João Pessoa, dedicou sua vida ao ensino, à formação das novas gerações e à solidariedade. É considerada a primeira professora do bairro. Durante muitos anos, lecionou em sua própria escola, onde acolhia a todos, desde os alunos em condições de pagar mensalidades quanto àqueles mais necessitados, cujos pais não tinham recursos para custear a educação dos seus filhos. Esses últimos alunos não apenas eram dispensados do pagamento, como recebiam alimentação durante o período escolar. Diz‐se que até mesmo as roupas dos mais pobres eram doadas por ela. Aqueles que tiveram a chance de conhecer pessoalmente Júlia Ramos a descrevem como uma pessoa inteligente, espirituosa, habilidosa e criativa. A partir disso
almeja‐se desvelar a história dessa mulher, tornando pública a sua participação enquanto sujeito da formação da sociedade paraibana.
Palavras‐chave: Mulher. Ensino. Solidariedade.

1‐ Situando o estudo
Este trabalho surgiu a partir do projeto Em busca de vestígios: memórias e histórias de mulheres que nomeiam escolas (1950 – 1970), e tem financiamento do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica ‐ PIBIC/CNPq. Vinculado ao HISTEDBR/PB, junto ao Programa de Pós‐IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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Graduação em Educação/CE/UFPB, é coordenado pela professora Maria Lúcia da Silva Nunes O
referido projeto propõe‐se revelar a história das mulheres que dão nome às escolas da rede
pública de ensino no Estado da Paraíba, voltando‐se para as contribuições trazidas pela Nova
História Cultural que provocaram uma ampliação de fontes para a historiografia, bem como a
abertura para novossujeitos, novos objetos e novas abordagens.
Objetiva‐se narrar parte da história da educadora Júlia Ramos, considerada como um
exemplo de dedicação ao ensino para o  bairro da Torre, um dos bairros mais antigo, tradicional e
destacado culturalmente da cidade de João Pessoa. O bairro da Torre, como hoje é conhecido,
recebeu inicialmente o nome de Torrelândia, ou seja, terra das Torres (da família Torres). Algumas
versões divergem entre si acerca da data de    sua fundação e nas fontes oficiais não há um
consenso para esta questão. Consolidou‐se como um importante centro comercial da cidade, onde
se pode encontrar todos os tipos de lojas, bem como hospitais, instituições de ensino, farmácias e
igrejas.
A partir da metodologia da história oral, tendo em vista a carência de fontes documentais
que retratassem a historia da educadora supracitada, tornou‐se possível construir este texto.
Destaca‐se com este estudo o quanto se fez importante o trabalho desenvolvido pela educadora
no contexto que a cercava. Para isso, foram realizadas e analisadas entrevistas com Terezinha
Rodrigues Ramos, 77 anos, nora de Júlia Ramos e com José Faustino de Oliveira, 89 anos, ex‐
vereador e amigo de Dona Júlia, como era respeitosa e carinhosamente tratada pelos moradores.
Com o objetivo de construir a biografia da personagem, fez‐se, inicialmente, uma visita ao
Centro de Referência em Educação Infantil (CREI)
1
que recebe o nome da educadora, com a
finalidade de localizar fontes escritas e/ou fotográficas. Na ocasião, fotografou‐se o
estabelecimento e copiou‐se uma fotografia da professora, que se encontrava exposta na sala da
diretoria.
                                                         
1
Situado na Rua Miguel Santa Cruz, nº 980, no bairro da Torre – João Pessoa.IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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Figura 1: Visão da frente e entrada do CREI Julia Ramos
Fonte: Arquivo do Projeto Memórias e histórias de mulheres que nomeiam escolas (1950 – 1970)
Acredita‐se que destacar a história dessa educadora concorre para ressignificar não apenar
o sentido de suas práticas, mas também compreender e revelar aspectos da história da educação
paraibana, pois, segundo Madelénat (1984, apud BORGES, 2006, p. 226), “A biografia gerencia
uma parte da memória, liofiliza o passado em módulos prontos para serem consumidos, irriga
docemente hoje os encantos dostempos de outrora”.
2‐ A história oral como fonte para a reconstrução da história de uma mulher
A partir do momento que se decidiu pesquisar a história da educadora Júlia Ramos,
percebeu‐se a carência de fontes escritas que tratassem sobre sua vida como professora. Diante
disso, vislumbrou‐se o uso da historia oral como método para a escrita da historia da mesma.
Desse modo, este estudo desenvolve‐se a partir da metodologia da historia oral que “trata‐se de
uma metodologia que possibilita a criação de fontes para estudos que levem em conta as
experiências e os pontos de vista dosindivíduos”. (HARRES, 2004, p. 144).
A história oral passa a ter um papel decisivo na construção da narrativa sobre a educadora
em discussão, pois permite através dos relatos obtidos trazer à tona parte de sua trajetóriaIX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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enquanto educadora no bairro da Torre. Pois, apesar de sua contribuição, quase nada foi
documentado sobre suas práticas.
Essa metodologia de trabalho ganha força ainda maior quando vivenciada pelos sujeitos
envolvidos, pois é caracterizada pela oralidade de pessoas que presenciaram fatos de um passado
esquecido por alguns ou simplesmente silenciado pelo tempo.
[...] Uma das principais vantagens da historia oral deriva justamente do
fascínio da experiência vivida pelo entrevistado, que torna o passado mais
concreto e faz da entrevista um veiculo bastante atraente de divulgação de
informação sobre o que aconteceu (ALBERT, 2006, p.170 apud COSTA,
2011, p. 126).
Mesmo porque, a história oral possibilita reflexões sobre o registro dos fatos na voz de
quem conta a história, de quem a vivenciou, e de que modo esse sujeito esteve imerso no
acontecimento que, agora, narra. Também é importante o que se quer saber e de quem se quer
saber, se o foco é o indivíduo ou a coletividade. Quanto a esse aspecto, Meihy informa que a
história oral se divide em três gêneros distintos: história oral de vida, História oral temática e
tradição oral.
[...] a historia oral de vida se espraia nas construções narrativas que apenas
se inspiram em fatos, mais vão além, admitindo fantasias, delírios, silêncios,
omissões e distorções. [...] No caso da história oral, temática, contudo, a
existência de um foco central que justifica o ato da entrevista em um
projeto, recorta e conduz a possíveis maiores objetividades. [...] Tradição
oral, por ter predicados únicos, por se assentar em bases de observação e
se trabalhar com elementos da memória coletiva, não se encaixa na
discussão sobre entrevistas (MEIHY, 2007, p. 34‐35).
Na intenção de revelar e compreender um pouco das práticas de ensino no Estado da
Paraíba a partir da figura de Júlia Ramos como educadora, utilizou‐se a história oral temática, e
assim foram realizadas entrevistas com Terezinha Rodrigues Ramos, e com José Faustino de
Oliveira, focando a trajetória de Júlia Ramos enquanto educadora.  IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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3‐ Traços biográficos de Júlia Ramos
Figura 2: Professora Júlia Ramos
Fonte: Arquivo do Projeto Memórias e histórias de mulheres que nomeiam escolas (1950 – 1970)
Júlia Ramos da Silva nasceu em Araruna (PB)
2
no dia 25 de novembro de 1896. Filha de
José Gonçalves Ramos e Emília Medeiros Ramos compunha uma família de cinco irmãs, sendo
elas: Maria Emília Medeiros Ramos, Arcina Medeiros Ramos, Anália Medeiros Ramos (professora
do Estado), Nautília Medeiros Ramos e Júlia Ramos.
Casou‐se em 22 de dezembro de 1920 com João Florentino da Silva, falecido no ano de
1928, em um desastre durante uma viagem. Com ele teve três filhos: José Ramos da Silva nascido
em 1922, Severina Ramos da Silva nascida em 1924 e João Ramos da Silva em 1926.
   Formou‐se na Escola Normal de João Pessoa, dedicou sua vida ao ensino, à formação das
novas gerações e à solidariedade.
Dona Júlia foi uma das primeiras professoras aqui da Torre que procurou trazer
àquela população mais pobre um conforto para que eles pudessem “desarnar” as
primeiras letras, né? Quando na época ela chegou a colocar na sua própria casa
                                                         
2
  Município do estado da Paraíba localizado na microrregião do Curimataú Oriental. Sua fundação ocorreu aos 10 de
julho de 1876. Conhecida pelo seu clima ameno, Araruna é um dos principais municípios do Agreste Paraibano,
fazendo limite territorial com quatro municípios do estado do Rio Grande do Norte.IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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uma escolinha para ensinar aqueles menos favorecidos, cobrando apenas uma
pequena taxa, dois cruzeiros por mês, e acredito que ela, na época, preparou
muita gente que não tinha condições. (Sr. José Faustino, entrevista em 13 set.
2010).
Por ser uma das moradoras mais antigas e por ter criado a primeira escola do bairro, foi
considerada a primeira professora da Torre.
Ela era muito antiga aqui no bairro. Olhe, eu casei em 55, ela já morava há mais
de vinte anos aqui no bairro, então a primeira escola foi dela mesmo, não teve
outra escolinha, não. Depois começaram a aparecer uns grupinhos escolares, aí
foi melhor, a situação foi melhorando, mas foi ela que reinou mesmo aqui como
professora. Oh, ficou conhecida pelo bairro inteiro. (D. Terezinha, entrevista em10
set. 2010).
Aqueles que tiveram a chance de conhecer pessoalmente Dona Júlia Ramos a descrevem
como uma pessoa inteligente, espirituosa, habilidosa e criativa. Era uma das moradoras mais
ativas da comunidade, pois participava de todas as festividades do bairro. Graças às suas
habilidades manuais e seu gosto artístico, era convidada para confeccionar peças decorativas,
como o estandarte da escola de samba Malandros do Morro, inicialmente chamada de Batutas do
Samba. Esta é uma das agremiações mais conhecidas do carnaval da Capital, fundada em 1956 no
bairro da Torre pela ação de três amigos que se inspiraram na iniciativa carioca de promover o
samba. D. Júlia pintou também as bandeiras utilizadas no período carnavalesco pelos Índios
Africanos da Torre. Esta tribo indígena foi fundada em 1918 e já obteve 47 títulos consecutivos nos
desfiles. Os Africanos da Torre já se apresentaram até fora do Estado da Paraíba, com as cores
preto, vermelho e branco.
O relato seguinte nos revela Júlia Ramos como uma pessoa que vivia intensamente as
atividades do período carnavalesco em sua comunidade.
O período do carnaval era com ela mesma. Ah, minha filha, vinha os índios, ela
pintava a bandeira. Era cada bandeira que ela fazia dos estandartes, cada coisa
linda! Eles vinham buscar, o bairro da Torre todo ficava na frente da casa dela
esperando a chegada dos índios, porque eles quando vinham receber a bandeira,
dançavam a dança completa e ela dava um lanche a eles. Ficava ali com eles
naquela alegria e eles saiam satisfeitos, porque... Quem quiser que vá olhar as
bandeiras pintadas por ela dos índios africanos da Torre, que tinha como Cacique
o senhor João (ele parece que morreu). Seu João era uma pessoa boa também,
esse Cacique. Todo ano ela fazia essas bandeiras e era uma coisa muito boa. Fez
também, vários anos, a bandeira da escola de samba Malandros do Morro, elaIX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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também fazia e era bom demais, viu? Porque o povo dançava na frente da casa
dela, era uma alegria sem fim. Ela era alegre, era alegre demais, a alegria tava
com ela a hora toda. (D. Terezinha, entrevista em 10 set. 2010 ).
Júlia Ramos era considerada uma pessoa moderna para o seu tempo. Costumava alertar
aos que estavam a sua volta sobre acontecimentos que pareciam inconcebíveis naquela época,
por exemplo, no que dizrespeito àsrelações afetivo‐sexuais entre homens e mulheres.
Muito moderna. Ela às vezes dizia as coisas, a gente pensava que jamais aquilo iria
acontecer, mas agora, tá acontecendo tudo o que ela dizia, era uma pessoa
futurista. Moça e rapaz se entenderem antes do casamento, para ela não era
novidade. Ela sabia que isso iria acontecer. (D. Terezinha, entrevista em 10 set.
2010).
O entendimento a que a entrevistada se refere significa manter relações sexuais antes do
casamento. Certamente, Júlia Ramos, nascida ainda nos finais do século XIX, nascida e criada
numa sociedade patriarcalista e educada pelos ditames da igreja católica, manifestar essa opinião,
causava impacto nas pessoas que lhe ouviam.
Aos 88 anos, faleceu de uma parada cardíaca no dia 25 de abril de 1984. Deixou vinte e um
netos e muita saudade no coração dos familiares e amigos, pois, segundo os entrevistados, Júlia
Ramos era uma mulher de semblante altivo que revelava paciência, calma, alegria, amor e
solidariedade.
4‐ Júlia Ramos: práticas e contribuições
4.1‐ Uma vida de dedicação e solidariedade ao ensino
Durante muitos anos, lecionou em sua própria escola que funcionava em sua casa
3
. Ela
mesma elaborava as atividades da escola, mas tinha acesso aos livros didáticos que pegava na
Secretaria do Estado para poder acompanhar o programa de alfabetização. A escola tinha
estrutura física simples, atendendo em média 35 alunos por ano, possuía apenas algumas mesas
                                                         
3
Localizada na Av. Br. Mamanguape, 610, bairro da Torre  João Pessoa/PB.IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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grandes com bancos nos quais os alunos se sentavam. Onde funcionava a escola, hoje existe um
supermercado chamado La Torre para o qual a casa foi vendida.
Dona Júlia acolhia a todos, desde os alunos em condições de pagar mensalidades quanto
àqueles mais necessitados, cujos pais não tinham recursos para custear a educação dos seus
filhos. Esses últimos alunos não apenas eram dispensados do pagamento, como recebiam
alimentação durante o período escolar.
Ah, minha filha, os alunos? Ela tratava com amor e carinho, era a menina dos
olhos dela, era aqueles alunos. Pra eu lhe dizer, ela não deixava um aluno assistir
aula sem tomar o cafezinho da manhã, porque os alunos dela eram misturados,
tinha gente da classe média, da classe mais pobre. Aqueles pobrezinhos que não
tinham tomado o café da manhã, ela tava com ele pronto, quando eles chegavam,
ela distribuía o cafezinho pra eles, era um bolo, era um cuscuzinho. Os
cuscuzinhos eram feitos assim: com leite de coco ou com leite de gado, porque
tinha uns que podiam comer o leite de gado e outros não, só o leite de coco, e por
aí ia... Ninguém passava fome na classe dela, ela dizia que eles ficavam alegres,
satisfeitos. (D. Terezinha, entrevista em 10 set. 2010).
Embora a escola fosse particular, Dona Júlia buscava a ajuda daqueles que tinham mais
condições e recebia um auxílio do Estado para as despesas, pois muitos pais não pagavam a
mensalidade da escola.
Ela recebia uma manutenção, uma gratificaçãozinha do Estado pra negócio de
limpeza, essas coisas, pra ajuda, né?  Porque quando eles foram lá visitar viram,
que ela tava muito interessada, aí fizeram isso. Ela recebia... Mas a escola era
particular, ela recebia dos alunos, mas quem pagava ficava pago, quem não
pagava também. Ela não fazia questão por nada. Era uma pessoa muito meiga,
carinhosa, visitava os alunos (D. Terezinha, entrevista em10 set. 2010).
Essa situação revelada pela entrevistada remete a uma parceria entre o público e o
privado, ou melhor dizendo, a indefinição entre essas duas esferas na educação. A escola
funcionava na casa da professora (privado) mas recebia subsídios do Estado (público), o que era
comum acontecer, principalmente e de forma mais forte, até a primeira metade do século XX,
quando não havia um número razoável de escolas para atender a demanda. Muitas vezes, uma
professora era contratada pelo Estado, mas não existia ainda a sala de aula e ela própria teria que
providenciar esse espaço, usando para isso sua própria residência ou alugando um lugar para isso.
No caso da professora Júlia Ramos, pelasinformações coletadas até o momento, a mesma não era
contratada pelo Estado, mas sua escola era beneficiada com os recursos públicos. Já na segundaIX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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metade do século XX, quando aumenta o número de prédios de escolas particulares, agora não
mais a casa da educadora, o governo estadual passa a alugar vagas nessas instituições, como um
modo de amenizar o problema da insuficiência de vagas públicas.
Sobre o relacionamento de Dona Júlia Ramos, o Sr José Faustino informa que a mesma
acreditava e confiava nos alunos, transmitindo grandes conhecimentos na hora de ler e escrever.
Além de alfabetizá‐los, cativava a amizade dos alunos visitando‐os em suas casas, conversando,
animando‐os e mostrando que o trabalho comunitário estava ligado ao bairro. Encontrou na
educação uma forma de demonstrar o que entendia por vocação de fazer o bem.
Ela achava que as pessoas pobres tinham um defeito muito forte por não querer
estudar, mas que o estudo sempre foi uma dedicação dela de trazer todas aquelas
crianças. Às vezes convencia até os pais a mandar seus filhos para que ela pudesse
aperfeiçoá‐las nas primeiras letras. Aqui na Torre, foi ela a verdadeira
desbravadora da educação, do primeiro... do ensino das primeiras letras e da
magia da pequena sociedade de união e de muita força que ela sempre fazia para
que a sociedade vivesse em união sempre (Sr. José Faustino, entrevista em13 set.
2010).
Para ela, educar era mais que simplesmente fazer ler e escrever, era tornar apto para a
vida. D. Terezinha tenta resumir em versos simples o pensamento da educadora Júlia Ramos:
Ela sempre dizia:
“Quem não estuda não vence,
As batalhas que surgem na vida,
Quem quiser neste mundo viver,
Terá sempre uma luta por lida,
Procurando na vida ter,
Muita cultura e muito saber”. (D. Terezinha, entrevista em 10 set. 2010 ).
Com base nesses versos, pode‐se dizer que a educadora refletia o pensamento circundante
sobre a educação como salvação, como motivo de destaque e possibilidade de ascensão social.
4.2‐ Um legado para se guardar na memória
Júlia Ramos, segundo os entrevistados, teve grandes contribuições para o bairro da Torre e
foi o seu legado que lhe fez merecedora de ter o nome em uma instituição de ensino, mesmo
tendo sido a sua irmã, Anália Medeiros Ramos, professora do Estado, foi ela a homenageada.
Eu, na qualidade de representante do bairro como vereador na época, achava que
merecia a Torre ter uma Creche aonde as mães mais pobres, mais necessitadas,IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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pudessem deixar seus filhos para poder conseguir um trabalho nas fábricas, nas
indústrias. Então, analisando isso, no meu conhecimento, achei que a maior
merecedora seria Dona Júlia Ramos, por se tratar de ser uma das primeiras
desbravadoras da educação no bairro da Torre como mestra. Ela era merecedora
por se tratar de ser uma grande educadora, uma grande mãe, viúva, mãe de três
filhos e o seu comportamento, a sua dedicação pelo ensino é de uma maneira
destacável, que ela fazia questão de trazer o aluno para sua aula e nem fazia
questão de cobrar a pequena quantia que era necessária, por isso ela mereceu
isso. (Sr. José Faustino, entrevista em 13 set. 2010).
   
O Sr José Faustino refere‐se a escolha do nome de Júlia Ramos para patronesse do Centro
de Referência, como forma de homenagear e reconhecer o trabalho prestado pela referida
educadora ao bairro da Torre.
Porém questiona‐se: Que memória de mulher se esconde por trás de um nome gravado
numa placa ou grafado num muro de uma escola? De que memória se está falando? Em que
lugares a memória se encontra? Silva e Silva revelam (2006, p. 276): “A memória recupera o que
está submerso, seja do indivíduo, seja do grupo, e a história trabalha com o que a sociedade
trouxe a público”. Colocar o nome no muro ou na fachada de uma instituição não garante a
permanência da memória daquele que tem seu nome ali posto, mas deixa a pista de um indivíduo
que outrora esteve imerso, de alguma forma, na coletividade.
Segundo Pollack (1992, apud MOTTA, 1998, p.79), a memória é constituída pelos seguintes
elementos:
a) Acontecimentos vividos pessoalmente, b) vividos “por tabela”, ou seja, as
possibilidades abertas pelo fenômeno da projeção ou de identificação tão
forte com um passado, que pessoas que não o viveram se sentem co‐
participantes e sujeitos desse mesmo passado, c) o fato de que a memória é
constituída por personagens, e d) os lugares da memória, onde são realizados
os atos de rememoração/comemoração.
Apesar de ser homenageada com o nome posto em uma instituição de ensino da rede
municipal na cidade de João Pessoa e de suas contribuições para a educação, Júlia Ramos pouco é
lembrada ou sequer conhecida pela comunidade escolar e pela sociedade atual.IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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5‐ Escola normal: espaço de formação docente
A Escola Normal da Parahyba foi responsável pela formação de uma grande parte das
mulheres paraibanas, em geral mulheres da elite que buscavam essa formação a fim de melhor se
preparar para assumir a função de mãe e dona de casa; mas também por moças advindas da
classe média baixa e até as menos favorecidas economicamente que viam nessa formação uma
possibilidade de profissionalizar‐se e ascender socialmente, tornando‐se professora. Como outras
mulheres de seu tempo, Dona Julia Ramos formou‐se na Escola Normal, por isso considera‐se
interessante apresentar alguns dadossobre essa instituição.
A Escola Normal na Parahyba do Norte foi criada em 1884, mas oficialmente instalada no dia
07 de abril de 1885 na gestão do presidente da província Antônio Sabino do Monte. Emerge com a
função de preparar professores mais capazes para o exercício do magistério; a instrução pública
carecia de uma reforma, já que o ensino oferecido era precário.  
    A Parahyba do Norte, assim como outras cidades, procurava acompanhar as
transformações que se davam em todo país, aderindo aos apelos da modernidade e ao projeto
civilizador e de progresso da sociedade. No entanto, no decorrer do tempo a Escola Normal se
moldaria ao projeto político da oligarquia local. Cabia aos poderosos tecerem sua própria
estrutura educacional, mesmo que seguindo o molde da formação de professores utilizado na
França. Segundo Araújo (2010), a ideia da formação de professores a ser realizada na Escola
Normal na Parahyba do Norte tinha como referência o modelo francês, que alimentava o discurso
dos gestores públicos ao proclamarem pela implantação da referida instituição. Segundo essa
pesquisadora:
As razões destacadas para a implantação da Escola Normal na Parahyba do Norte
estavam ancoradas no ideário dominante na época: o da Ilustração francesa, no
qual a crença na construção de uma nova sociedade e da civilidade tornou‐se
imperativo categórico em todo o processo. (ARAÚJO, 2010, p.183 – grifos da
autora).
Sob esses preceitos, a Escola Normal na Parahyba do Norte foi criada para modificar e
aprimorar a qualidade do ensino primário, elevando assim o nível cultural da população paraibana,
pondo‐a no caminho do processo civilizatório.IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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Com o surgimento de condições para a estruturação de uma rede pública de ensino, criam‐
se também condições de profissionalizar a mulher, assim como as escolas normais criada na
Europa com a finalidade de criar um corpo docente profissional para educação das massas, sendo
que somente homens frequentavam‐na. Diferentemente da França, a Escola Normal da Parahyba
do Norte foi inaugurada como gratuita e para ambos os sexos, funcionando em locais distintos.
Mas logo foi transformada em Externato Normal apenas para mulheres, pela falta de interesse por
parte dos homens.
O desinteresse dos homens para com a formação de professores deve ter se dado devido a
pouca valorização da profissão, já que esta, na época em questão, não era reconhecida tanto do
ponto de vista social como jurídico, mas também pelo surgimento de outras ocupações   que o
desenvolvimento industrial fomentou.  
A profissão docente no século XIX, ainda segundo Araújo (2010, p.185), “[...] era
desenvolvida, realizada pelos desvalidos da sorte, ou seja, por aqueles que não tinham condições
de arranjar alguma outra ocupação como também não contava com o favorecimento de um
padrinho político.”
Consequentemente, com a chegada da Escola Normal, houve transformações no rumo do
ensino primário, abrindo portas para as mulheres terem maior acesso à educação e poderem
exercer a profissão docente com as habilidades exigidas. As mulheres eram tratadas como
incapazes de exercer esta função, justificava‐se, então, a fragilidade na formação cultural,
intelectual das meninas. Pois durante décadas o magistério primário foi adotado como uma
atividade predominantemente masculina, tendo em vista que se julgava as mulheres incapazes de
exercer qualquer outro tipo de atividades que não fossem aquelas ligadas às prendas domésticas,
consideradas naturais para o seu sexo. A elas, cabia apenas aprender a bordar, costurar, cuidar
dos filhos e do marido. Sendo assim, desde os tempos da colonização no Brasil as mulheres
estiveram afastadas dos colégios e escolas, as quais eram administradas pelos jesuítas e
destinavam‐se apenas à educação dos homens.
Julga‐se, que por esse motivo na Escola Normal da Parahyba do Norte predominou a figura
masculina como sujeito educativo na formação de professores, por um bom tempo.   Mas com o
novo rumo que a escolarização para as mulheres assumia, ficou mais acessível à mulher exercerIX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
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uma profissão, e magistério, à época, era uma das poucas oportunidades ou mesmo a única. Como
mostra a Campos e Silva (2002, p.145),
As Escolas Normais constituíam, portanto, um espaço de formação socialmente
aceito, responsável pela profissionalização de um grande número de jovens. A
possibilidade de exercer uma profissão socialmente permitida garantia às mulheres
a oportunidade de transcender o âmbito doméstico na busca da realização e
independência social e econômica.
Ainda segundo essas autoras, o magistério além de ser um campo de trabalho socialmente
aceito para as mulheres, proporcionava a continuação dos estudos, a possibilidade de
independência econômica e certo prestígio social. Percebe‐se que houve certa “valorização” da
profissão docente e a Escola Normal simbolizava poder e status, pois não era qualquer mulher na
época que tinha acesso à educação. Os estudos sobre essa instituição mostram que nos primeiros
anos, desde sua fundação, a clientela que predominava na escola normal era elitizada, e para
exercer o cargo de professor (a) do ensino primário teria que ser diplomado (a) pela Escola Normal
e ainda submeter‐se a exames públicos.
Porém, algumas décadas depois, o quadro foi se revertendo, surgia outra clientela,
constituída por alunas de diferentes grupossociais da sociedade.
[....] a motivação referente ao curso é diversificada, enquanto algumas normalistas
se encaminham para o magistério primário como estratégia de sobrevivência ou
ascensão social, outras se utilizam do curso para o acesso a outras carreiras ou
adquirir boa formação geral antes de se casarem. (CAMPOS; SILVA, 2002, p. 149)
Assim, a Escola Normal para as moças pobres representava a profissionalização, enquanto
instrumento que favoreceria, inclusive, o sustento familiar. Porém, para as moças de famílias
elitizadas locais oferecia a garantia do status social e a possibilidade de um casamento promissor.
Para as ultimas, profissionalizar‐se no magistério não era necessário e nem convinha, pois sua
condição lhesreservava outras oportunidades.
Enquanto profissão feminizada, o magistério não teve o devido valor em termos financeiros,
mas foi, sem dúvida, um dos caminhos para a mulher ascender socialmente e profissionalmente.
Na vida de Júlia Ramos não foi diferente, pois foi nesse contexto que a mesma se formou, na
Escola Normal da Paraíba, dedicando sua vida ao ensino, à formação das novas gerações.IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5
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Um aspecto inegável na organização curricular e no conteúdo trabalhado nas escolas normais,
de um modo geral, diz respeito à influência religiosa da igreja católica, pelo fato de muitas vezes a
escola normal ser de caráter confessional. Desse modo, elementos como vocação, missão,
solidariedade, assistencialismo, religiosidade e disciplinamento dos corpos foram aspectoss
nutridores de uma concepção de docência que orientou práticas educativas, tanto na formação
quanto na atuação das normalistas.  
Sem querer negar os traços de personalidade que também definem as ações de um sujeito, os
elementos apontados acima podem ser constatados em boa parte das práticas educativas e das
produções escritas das educadoras que tiveram sua formação regida pelas escolas normais,
fossem elasreligiosas ou não.
Corroborando essa breve discussão, os dois entrevistados para este estudo destacaram a
faceta de solidariedade na atuação de Dona Júlia Ramos como sendo a base de sua prática
educativa, social e cultural.
6‐ Considerações finais
A biografia tem se utilizado da memória, em fontes orais ou escritas, oriundas de arquivos
públicos ou privados, para constituir histórias de vida. Ao fazer este estudo, vieram à tona as
lembranças dessa educadora, considerada pelas pessoas entrevistadas uma pessoa carismática,
bondosa e solidária, tornando pública a sua participação enquanto sujeito da formação da
sociedade paraibana.
É bem verdade que existem lacunas e que a construção desta biografia está apenas no
início, tendo em vista que encontramos vestígios que apontam para outras vertentes da história
desta educadora. Mas já é possível afirmar que para Júlia Ramos o exercício do magistério
assumiu o caráter de sacerdócio, de doação, de ação solidária, postura tantas vezes estimulada
nessa profissão e que também contribuiu para associá‐la a uma ocupação feminina, trazendo em
seu âmago as atribuições “naturalizadas” para a mulher: cuidar, doar‐se, abnegar‐se. Há que se
destacar na prática educativa dessa professora um forte caráter social e cultural, extrapolando osIX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5
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muros da escola/casa. Pretende‐se, assim, revitalizar a memória de Júlia Ramos para que as novas
gerações possam (re)conhecer assuas contribuições para história da educação paraibana.
7‐ Referências
ALBERT, Verena. Histórias dentro da história. PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. 2 ed. São Paulo:
Contexto, 2006.
ARAÚJO, Rose Mary de Souza. Escola Normal na Parahyba do Norte: movimento e constituição da formação de
professores no século XIX. João Pessoa, PB: UFPB‐PPGE, 2010. (Tese de Doutorado)
BORGES, Vany Pacheco. Grandezas e misérias da biografia. In PINSKY, Carla Bassanezi. (org.). Fontes históricas. 2 ed.
São Paulo: Contexto, 2006. (203 ‐233).
CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza; SILVA, Vera Lucia Gaspar da. (Orgs). Feminização do magistério: vestígios
do passado que marcam o presente. Bragança Paulista: EDUSF, 2002.
HARRES, Marluza Marques. Aproximações entre história de vida e autobiografia. Revista de História UNISINOS, vol 8,
n. 10, jul‐dez, 2004. (143‐156).  
MEIHY, José Carlos Sebe B. & HOLANDA, FABÍOLA. História Oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007.
MOTTA, Márcia Menendes. História e memórias. In. História: pensar – fazer. Laboratório Dimensões da História. Rio
de Janeiro: UFF, 1998.
SILVA, Kalina Vanderley; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2006.
Sítios consultados
<http://www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=13145> Acesso em 11 outubro 2010.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_%28Jo%C3%A3o_Pessoa%29> Acesso em 11 outubro 2010.
<http://www.clickpb.com.br/artigo.php?id=8844&cat> Acesso em 11 outubro 2010.
<http://www.cchla.ufpb.br/conhecimentoemdebate/arquivos/
50219092008070555‐artigo%2520conhecimento%2520em%2520dbt.pdf> Acesso em 11 outubro 2010.
Fontes orais
Terezinha Rodrigues Ramos, 77 anos, nora de Júlia Ramos; entrevista realizada em 10 de setembro de 2010
José Faustino de Oliveira, 89 anos, ex‐vereador e amigo de Dona Júlia; entrevista realizada em 13 de setembro de
2010.

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