Rio -  Jonathan Pinto, 7 anos, é um exemplo de que a saúde pública pode dar certo. Internado há cinco meses no CTI pediátrico do Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo, ele está quase totalmente recuperado das queimaduras de segundo e terceiro graus que tomaram 70% de seu corpo quando um incêndio atingiu sua casa, em São João de Meriti, em maio.

O menino chegou ao hospital muito debilitado. De lá para cá, passou por dois enxertos, curativos cirúrgicos e, hoje, quem vê seus olhos atentos não imagina tudo o que ele superou graças à dedicação da equipe de especialistas em queimados que atua na unidade. Esse ano, dez crianças foram atendidas no setor.
Jonathan, 7 anos, paciente do cirurgião Bruno Costa, ficou com 70% do corpo queimado em incêndio | Foto: Divulgação
Jonathan, 7 anos, paciente do cirurgião Bruno Costa, ficou com 70% do corpo queimado em incêndio. Cinco meses depois, está quase recuperado | Foto: Divulgação
Até cerca de um ano e meio atrás, o atendimento na unidade se limitava à retirada de pele morta dos queimados. Desde a chegada do cirurgião plástico especializado em queimados Bruno Costa, passou a fazer o tratamento de sequelas e realização de enxertos. O médico, da Clínica Ivo Pitanguy, se ofereceu para trabalhar no hospital após uma visita, e foi contratado pelo estado.
 
“O grande queimado é sempre um paciente muito grave e complicado de tratar, por conta das alterações metabólicas, problemas circulatórios, renais e riscos de infecção associada à queimadura”, diz o cirurgião plástico.

Além do atendimento no CTI, a equipe de cirurgiões que cuida dos queimados também dá suporte aos setores de emergência e urgência do hospital. “Tratamos vítimas de acidentes que ficam com deformidades graves em membros inferiores, em quedas de moto, por exemplo. Fazemos reconstrução de face em fraturas graves no rosto e diversos outros procedimentos”, explica Costa.

Jonathan se tornou o xodó da unidade. No Natal, ganhou uma bicicleta dos funcionários, da qual não desgruda, mesmo ainda tendo comprometimento nas articulações. “Ele ainda vai ficar alguns meses internado, mas vai conseguir levar uma vida normal, na medida em que os outros procedimentos cirúrgicos forem sendo realizados para facilitar sua movimentação”, garante o médico.

OUTROS CASOS DE SUCESSO NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE

REIMPLANTE DE CRÂNIO
O estudante Rodrigo Kopke da Silva Almeida, 24, teve parte do crânio reimplantado após ser baleado na cabeça em 2010. O tratamento foi feito no Hospital Municipal Miguel Couto e teve duas cirurgias: primeiro, parte do crânio foi retirada para que o inchaço do cérebro decorrente do tiro não comprometesse funções vitais. O osso foi alojado no abdômen do rapaz, para preservação dos tecidos. Depois de 3 meses, foi recolocado no lugar.

ARPÃO NA CABEÇA
Ao mergulhar na Ilha do Governador, Emerson de Oliveira Abreu, 36, foi atingido por um arpão de 25 cm que atravessou sua cabeça. A haste foi extraída após duas horas de uma complexa cirurgia no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes. O caso foi em março de 2009.

BRAÇO DE VOLTA
O primeiro reimplante de membro em criança realizado no estado foi o de Ana Catarina Santos, 12 anos. Ela teve o braço direito amputado em 2009 enquanto tentava tirar roupas de uma máquina de lavar industrial ainda em funcionamento. Ela foi transportada de helicóptero de Areal até o Hospital Adão Pereira Nunes.

ACIDENTE COM ALICATE
Simão Felipe Nascimento Coelho de Oliveira, 12, se envolveu em uma briga com colegas na rua. Um deles atirou um alicate contra sua cabeça. A ferramenta ficou presa na lateral do crânio e o menino foi internado às pressas no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, onde foi submetido a cirurgia para retirada do objeto. Hoje ele vive normalmente, sem sequelas.

PERNA RECUPERADA
Com 11 anos de idade, Lucas Roberto Ferreira de Oliveira foi atropelado e teve a perna direita decepada em dezembro de 2010. Em menos de duas horas, ele já estava na sala de cirurgia do hospital e, três horas depois, o membro inferior já havia sido reimplantado.