quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Chip devolve visão a cegos


Chip devolve visão a cegos

Três pacientes voltaram a enxergar depois de ser submetidos a implantes oculares

POR PÂMELA OLIVEIRA
Rio - Três pacientes cegos recuperaram a visão depois de ser submetidos a uma cirurgia pioneira que implantou um chip em suas retinas. Dias depois do procedimento, eles já foram capazes de enxergar formas e objetos. Segundo os cientistas que desenvolveram o implante ocular, em 5 anos o dispositivo poderá ter seu uso aprovado no tratamento de pacientes cegos por retinite pigmentosa, doença que afeta cerca de 200 mil pessoas no mundo.
 
“Essa doença provoca a degeneração da retina, levando à cegueira. Hoje, não há tratamento eficaz que consiga deter o curso da doença que afeta os pacientes na adolescência e leva, em média, entre 15 e 20 anos para deixar a visão muito ruim. Esse implante é uma possibilidade promissora”, avalia Rogério Neurauter, coordenador do serviço de oftalmologia do instituto Benjamin Constant.

O chip, criado por alemães, é colocado por baixo da retina lesionada e funciona substituindo os receptores de luz destruídos pela doença. Após o implante, que leva cerca de 4 horas para ser concluído, o dispositivo capta a luz e a converte em sinais elétricos que são enviados ao cérebro, onde são transformados em imagem

Mikka Terho, 44, um dos pacientes submetidos ao implante, conseguiu identificar frutas e objetos como garfos e colheres. O finlandês, que perdeu a visão há mais de cinco anos, também pode reconhecer pessoas a cerca de 6 metros, ler seu nome, ver as horas e distinguir tons de cinza.

“Mostramos que as pessoas podem receber visão útil suficiente para o dia a dia”, disse Eberhart Zrenner, diretor do Hospital Oftalmológico da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e da empresa Retinal Implant AG, que está desenvolvendo a tecnologia.
Cura devolve prazer de viver
Médicos e pacientes estão otimistas com a possibilidade de cura. “Agora, quando discuto doenças nos olhos com os pacientes, eu posso, pelo menos em alguns casos, garantir alguma esperança. Para o paciente, isso tornará mais fácil lidar, de alguma forma, com o prognóstico de que eles irão perder a visão”, afirmou Robert MacLaren, professor de oftalmologia da Universidade de Oxford.
Zrenner contou ter ficado emocionado durante um teste. “Um jovem me disse como ele olhou para sua namorada e viu seu sorriso. Isso devolve a eles não só a mobilidade, mas o prazer”, afirmou.

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