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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Novo exame de sangue detecta e captura células cancerígenas
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
DA ASSOCIATED PRESS
Um novo exame de sangue que detecta e captura uma única célula cancerígena entre bilhões de sadias está perto de chegar ao mercado.
AP
Novo teste sanguíneo desenvolvido por cientistas de Boston identifica células cancerígenas entre bilhões de sadias
Cientistas de Boston, que inventaram o teste, e a gigante Johnson & Johnson pretendem anunciar nesta segunda-feira uma parceria para produzir o teste sanguíneo. Quatro grandes centros de câncer também devem dar início a estudos sobre o exame neste ano.
Células cancerosas dispersas no sangue significam que o tumor se espalhou ou que provavelmente se espalhará, acreditam os médicos. Um teste que pode capturar tais células tem o potencial de transformar o tratamento de muitos tipos de câncer, especialmente de mama, próstata, cólon e pulmão.
Inicialmente, os médicos querem usar o teste para tentar prever qual seria o melhor tratamento para o tumor de cada paciente e descobrir rapidamente se eles estão fazendo efeito.
"É como uma biópsia líquida" que evita a retirada dolorosa de amostras de tecido e pode monitorar os pacientes de uma forma mais eficiente que tomografias periódicas, disse Daniel Haber, chefe do centro de câncer do Hospital Geral de Massachusetts de câncer e um dos inventores do teste.
No futuro, o teste poderá oferecer uma alternativa para detectar o câncer, além da mamografia e da colonoscopia.
O único teste disponível no mercado para localizar as células tumorais no sangue conta somente as células doentes, mas não as captura, impedindo que os médicos possam analisá-las para escolher o tratamento mais adequado.
O teste usa um microchip que se assemelha a uma lâmina de laboratório coberta de 78.000 cilindros pequenos, como cerdas de uma escova de cabelo. Eles são cobertos com anticorpos que atraem as células tumorais. Quando o sangue atravessa o chip, as células batem nos cilindros como uma bola em uma máquina de pinball. As células cancerígenas ficam presas e um corante faz com que elas brilhem, permitindo que os cientistas possam contá-las e capturá-las para o estudo.
O acordo pretende melhorar o microchip e encontrar um preço mais barato de plástico para torná-lo prático para produção em massa. Atualmente, o teste custa centenas de dólares e a meta de preço ainda não foi definida.
Segundo o oncologista Paulo Hoff, diretor clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, já existem outros exames que fazem a contagem de células cancerígenas, mas eles não estão disponíveis no Brasil e não capturam as células.
"Esse exame tem uma sofisticação. Além de quantitativo, ele é qualitativo e permite analisar as células e escolher o tipo de tratamento que será eficaz", diz Hoff.
Carlos Gil Ferreira, coordenador de pesquisa clínica do Instituto Nacional de Câncer, afirma que o teste vai ser útil para os casos de câncer com risco de metástase.
"São tumores cujas células podem invadir os vasos e se espalhar pelo organismo. Isso acontece com intestino, próstata, pulmão e mama."
Os especialistas estimam que um exame como esse ainda demore cerca de dois anos para ser aprovado pelo FDA, órgão que regula medicamentos nos EUA , e chegar ao Brasil.
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