quinta-feira, 25 de outubro de 2012


[PDF] ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS E CONCEITOS DAS CIDADES EDUCADORAS, O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2011-2020) NO ENSINO …


P BERTANHA, C MARTIN, C DE OLIVEIRA
... no site oficial das Cidades Educadoras; 2. Livros, artigos e teses que relatam as experiências e ações de algumas Cidades Educadoras do mundo e seus resultados. Em relação à Teoria Social de Pierre Bourdieu foram consultados: 1. Dossiê sobre Bordieu, na Revista ...

[PDF] CONTROLE ESTRUTURAL DA REDE DE DRENAGEM COM BASE NA CORRELAÇÃO DE DADOS MORFOMÉTRICOS E MORFOESTRUTURAIS: O CASO DA …


BA Camolezi, E Fortes, DD Manieri - Revista Brasileira de Geomorfologia, 2012
... 1 Neste artigo, o conceito de neotectônica utilizado é aquele proposto por Pavlides (1989), o qual a define como eventos novos ... MV; MARQUES, A. J.; CAMOLEZI, BA Seppômen maps for geomorphic developments analysis: the case of Paraná plateau border, Faxinal, State of ...

[HTML] 4363-Vol. 78/Ed 5/in 2012 Section: Artigo Original Pages: 121 to 127


MAF de Castro, RA Dedivitis, EGP Júnior, APB Barros…
... Section: Artigo Original, Pages: 121 to 127. ... The observed parameters were aspect of the free
border, glottic closure, predominant glottic cycle phase, vertical level of approximation, range
of motion, mucosal wave, phase symmetry, periodicity, arytenoid assessment, hyperfunction ...

[HTML] Interpreting social enterprises


C Borzaga, S Depedri, G Galera - Revista de Administração (São Paulo), 2012
... Neste artigo, examinam-se as principais limitações das teorias ortodoxas e institucionais e
reafirma-se a necessidade de criar e testar um ... These new fields may border on the traditional
core activities of social enterprises, such as health and education, but may also involve ...

[PDF] OS MERCADOS COMO CAMPOS DE AÇÃO ESTRATÉGICA


SEA CANDIDO, MC TOYAMA
... sociais, em que essas instituições fundamentais se transformam. Fligstein e MCAdam (2012b) respondem a essas duas críticas em artigo recentemente publicado. ... São Paulo: Martins Fontes, 2009. BORDIEU, P. Distiction: A Social Critique of the Judgement of Taste. ...

[PDF] CARACTERIZAÇÃO DA MORFOLOGIA SUBMARINA DA CADEIA VITÓRIA-TRINDADE E ÁREAS ADJACENTES, ES, COM BASE NA BATIMETRIA PREDITA DO …


A Motoki, KF Motoki, DP Melo - Revista Brasileira de Geomorfologia, 2012
... Devido a esses não terem nomes oficiais, neste artigo esses são chamados com
base nas coordenadas, respectivamente de VT-2030-3043 e VT- 2031-3059. O
VT-2030-3043 tem 1100m de altura ea base de 45km x 36km. ...

[HTML] O Diagrama como Máquina Abstrata


G Teyssot... O presente artigo foi escrito antes que a coleta de tais de ensaios estivesse disponível ... question of scale (small or large), but has a peculiar consistency which connects it physically to phenomenon, such as vapor, haze, mist or cloud situations that blur any defined limit or border. ...

[PDF] A CONSTRUÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA MORTE NAS CAPAS DOS JORNAIS AGORA SÃO PAULO E FOLHA DE S. PAULO


RDL Portari... provavelmente, seria uma tarefa árdua. Como no jornal tende-se a noticiar apenas aquilo considerado como verdadeiro, o espaço para a ficção acaba sendo aberto apenas nas crônicas ou artigos de opinião. Assim, para superar essa ...


Contribuições da “Cadernos da Escola de Saúde Pública” para o desenvolvimento científico no Ceará

JJF AMAMARAL, JS Campos - Cadernos ESP, 2012

... Coordenador do Núcleo de Ensino, Assistência e Pesquisa da Infância Cesar Victora. ... ou seja, pesquisadores e outros profissionais de saúde ligados à área de saúde pública de várias instituições. ... que a revista é um dos seus frutos e está intimamente ligada a sua história. ...

[PDF] Entre pontos e conexões: o território-rede no Rio Grande do Norte a partir do EAD


IR Diniz Morais, EM Dantas, AL Troleis - Mneme-Revista de Humanidades, 2012
... internet, sua realidade em contínua evolução é produto da ação humana, sob as condições específicas de uma história diferencial” (CASTELLS ... em todos os polos e, ainda, por este curso já está, até certo ponto, presente nas diferentes instituições de ensino superior que ...


[PDF] A reciclagem dos resíduos sólidos urbanos


ALM Cruz - 2012... incorporam associações de catadores ao sistema público de coleta seletiva de lixo. Instituições internacionais, comunidade científica, ONG's sócio-ambientalistas, ... Page 20. 20 ... metas e estratégias para que, num horizonte de no máximo cinqüenta anos, garanta- ...


Nova classe média?


M Pochmann - 2012... de segmentos novos na base da pirâmide social resulta do despreparo de instituições demo cráticas ... da pirâmide social renovada 19 Por fim, destaca-se que, nos últimos quarenta anos ... São Paulo, Compa- nhia Editora Nacional, 1977); C. Prado Júnior, História econômica do ...

[PDF] As cinco disciplinas essenciais do aprendizado continuado aplicadas à terceirização de serviços


AL Penteado - 2012... À Direção, Gerência de Ensino e Pesquisa, Departamento de Pós-Graduação ... organizações, foram apresentadas ao longo da história várias estratégias ... trabalho do autor se estrutura a partir da constatação de que a incerteza ea instabilidade levariam as instituições a procurar ...


[PDF] Reflexos da gestão das políticas de recursos humanos na Caixa Econômica Federal


PD Rudolfo - 2012... Federal, provavelmente, seriam necessárias algumas adequações para que possa ser estendida a outras instituições financeiras ea outras organizações. ... Page 20. 7 ... Essa verdade muda toda a história da humanidade. A empresa tem de ser diferente. ...


[PDF] PENSAMENTO FEMINISTA, INTERVENÇÕES TEÓRICAS E POLÍTICAS


J REIS PRÁ, L EPPING... Introdução A agenda da Ciência Política contemplou o Estado e suas instituições por ... Nessa dimensão, o conceito de gênero aparece como contribuição para orientar as pesquisas, o ensino ...(androcêntrica) de realidade −, introduzindo a abordagem histórico-relacional, que ...

[PDF] INCLUSÃO EO ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL


C Ertel, ATD Brustolin... mas sim o conjunto de profissionais que fazem parte da instituição. Assim o ensino de um aluno especial não é responsabilidade somente de seu professor, mas sim, ... sua sobrevivência, ainda na pré- história. As primeiras manifestações de Arte ...


[PDF] XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE e PRÉ-ALAS BRASIL.


E MÉDIO... de Educação do Ceará. A instituição conta uma sede na zona urbana da cidade e ainda com três ... 4.1. Sociologia como Ciência A Sociologia surge nos séculos XVI e XVII, num contexto histórico marcado ... Fonte: Questionário aplicado ao ensino médio. ...

[PDF] XV ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE e PRÉ-ALAS BRASIL.


APDOTD NO, ES PRIVADO... segunda metade da década de 1990 os profissionais da educação foram submetidos a uma política de arrocho salarial sem precedentes na história, o que implicou em ... BOSI, AP A precarização do trabalho docente nas instituições de ensino superior ...

BUFFA, E. , ARROYO, M. , NOSELLA, P.


[HTML] ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE MEIO AMBIENTE, A ESPÉCIE HUMANA, CIDADANIA E ESCOLA: IMPLICAÇÕES NA …


DT Chapani, AML Daibem
... em que se reconhece que "todo o cidadão tem direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida" (artigo 225 da ... In. BUFFA, E.,ARROYO, M., NOSELLA, P, Educação e cidadania: quem educa o cidadão ...

Ricoeur, Paul !!!



In Defense of Historical Realist Anthropology

G Smith - Confronting Capital: Critique and Engagement in …, 2012
... Ethnological ways of knowing as a challenge to social history. Comparative Studies in Society and History 29 (1). 76–98. Ricoeur, Paul 1970. Freud and philosophy: An essay on interpretation, Denis Sav- age (trans). New Haven: Yale University Press. Roseberry, William. ...

Abraham, Nicholas, and Torok, Maria, The Shell and the Kernel: Renewals of Psycho-analysis, Vol. 1, trans by Nicholas T. Rand (Chicago and London: The University …


IWB There, IWB Here - Postcolonial Memoir in the Middle East: Rethinking the …, 2012
... Sensible, trans. by Gabriel Rockhill (London: Continuum, 2004) Ricoeur, Paul, Time
and Narrative, Vol. 1, trans by Kathleen McLaughlin and David Pelauer (Chicago: The
University of Chicago Press, 1990) Page 246. 230 Bibliography ...

[PDF] Challenging the Authority of Identity: The Spaces of Memory in Medieval English Romance.


J MCKINSTRY - 2012
... Paul Ricoeur's “poetic memory” which “was required to transcend the opposition between natural memory and artificial memory, to grind to dust the opposition between ... Cf. Derrida, “Sound of the sea” 595. 11 Paul Ricoeur, Memory, History, Forgetting, trans. ...



[PDF] DOCUMENTOS AUDIOVISUAIS, INFORMAÇÃO E MEMÓRIA: ACERVOS BRASILIENSES E GOIANOS


MP Manini... Andreas Huyssen, Beatriz Sarlo, Maurice Halbwachs, Iván Izquierdo, Paul Ricoeur, Danilo Santos de Miranda, Ramon Alberch Fugueras, Pierre Nora e Michael Pollak para as questões sobre memória; ... RICOEUR, Paul. A memória, a História, o esquecimento. ...

5 Wadad Makdisi Cortas' A World I Loved


S Conclusions, M Beginnings - Postcolonial Memoir in the Middle East: Rethinking …, 2012 ... As a liminal form that re-negoiates the past's relation to the present, the memoir re-asserts the originary event anew within its readers' psyche—it acts, in a sense, as a catalyst for what Paul Ricoeur described as “increasing the reality” of the event in the reader's mind. ...


Conversion and Narrative: Reading and Religious Authority in Medieval Polemic


R Szpiech - 2012 ... convention (Paulus Alvarus, Judah Halevi, etc.), balanced by a sense, wherever possible, of how each name might have been most familiar to those authors (eg, the Cat- alan names Ramon Martí, Pau Cristià, and Ramon Llull rather than Raymond Martini, Paul Christiani, and ...

4 Through the Archive, towards Self-Knowledge


É Glissant - Postcolonial Memoir in the Middle East: Rethinking the …, 2012
... Maalouf's voyage endeavours to excavate and repossess those remnants of memory, the vanishing yet persistent noises bequeathed him by his forebears, thereby seeking to recapture what Paul Ricoeur has termed 'the space of contingency that once belonged to the past ...

[PDF] Re-visitando la historia en migajas


FR RUBIO... Vergara, La producción textual del pasado, I. Paul Ricœur y su teoría de la historia anterior a La memoria, la historia, el olvido, donde se repasa el pensamiento y la obra de Ricœur según lo delimita el subtítulo, poniendo especial énfasis en lo relativo a la teoría de la his- toria. ...


The Return to Aesthetics in Literary Studies


C Breger - German Studies Review, 2012
... [End Page 508]. 11. Eve Kosofsky Sedgwick, Touching Feeling: Affect, Pedagogy, Performativity (Durham: Duke University Press, 2003), 124; with reference to Paul Ricoeur. 12. Lauren Berlant, “Cruel Optimism,” in The Affect Theory Reader, ed. Gregg and Seigworth, 94. 13. ...


Phenomenological Intuition and the Problem of Philosophy as Method and Science


EJ Mohr - Symposium, 2012... 15 Max Scheler, “The Idols of Self-Knowledge,” in Selected Philosophical Essays, 4. Page 15. 232 Symposium (such as, for example, Paul Ricoeur) and many contemporary French postmodernists, among others, to hold a variant of this position. ...




[PDF] A EDUCAÇÃO DO DIREITO SOB O ENFOQUE DO PENSAMENTO COMPLEXO: PROPOSTA DE INCLUSÃO DA HERMENÊUTICA JURÍDICA COMO DISCIPLINA …

KTDAS MACIEL
... Referências Bibliográficas BITTAR, Eduardo CB. Linguagem Jurídica. 2 ed., São Paulo: Saraiva,
2003. BARROSO, João. O Estado, a educação ea regulação das políticas públicas. In: Educação
& Sociedade. Campinas, vol. 26, n. 92, p. 725-751, Especial - Out. ...

[PDF] FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM PORTUGAL, CULTURAS DE COLABORAÇÃO E GESTÃO INTEGRADA DO CURRÍCULO

E Mesquita, J Formosinho, J Machado
... Elza Mesquita (Instituto Politécnico de Bragança) João Formosinho (Escola Superior de Educação)
Joaquim Machado (CIEC, Instituto de Educação, Universidade do Minho) ... Ou seja, a cultura de
participação “não se ordena, mas aprende- se” (BARROSO, 1995, p.43). ...



[PDF] O INGRESSO À CARREIRA DOCENTE: O TRABALHO EVENTUAL NA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO ESTADO DE SÃO PAULO

THB CORREA, RP SCHNETZLER
... saber hacer. Investigación el la Escuela. No prelo, 1990. CAVACO, MH Ofício do professor: o tempo e as mudanças. In: NÓVOA, António (org). Vidas de Professores. Porto: Porto Editora, p. 155-191, 1991. CORRÊA, THB; SCHNETZLER ...

[PDF] A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E AS TECNOLOGIAS MIDIÁTICAS NA ESCOLA

MRM Gomes
... Revista Atividades & Experiências. Julho 2005. NÓVOA, Antonio (Org.). Concepções e práticas de formação contínua de professores. In: Universidade de Aveiro. Formação contínua de professores realidades e perspectivas. Aveiro: PO, 1991. OROFINO, Maria Isabel. ...

Adams, Dale.“Saludos Amigos: Hollywood and FDR's Good Neighbor Policy.” Quarterly Review ofFilm and Video 24: 3 (2007): 292. Aguilar, Gonzalo. Other Worlds: …

R Alba, V Nee, CJ Alonso - Cinema and Inter-American Relations: Tracking …, 2012
... Bruce-Novoa, Juan.“Pancho Villa: Post-Colonial Colonialism, or the Return of the Americano.”
Kritikos: an international and interdisciplinary journal of postmodern cultural sound, text and image 2 (2005). Accessed October 15, 2008. ... “De Como Antonio Banderas Perdeu O ...

A leitura em língua estrangeira a partir do conceito de gênero textual

Ano 5, n. 12, 2012
Autor: Gisele de Carvalho
Sobre o autor: Gisele de Carvalho é professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Fez mestrado em Língua Inglesa e doutorado em Estudos Linguísticos na Universidade Federal Fluminense. Autora de artigos e capítulos de livros, ultimamente tem-se dedicado a estudar gêneros opinativos veiculados em mídia impressa sob a perspectiva da Análise Crítica do Discurso.
Data: 19/10/2012
Publicado em: 19/10/2012

Comece pelo que você sabe. Esse é o mote em torno do qual gira este pequeno artigo.
Ao ler um texto em língua estrangeira, principalmente quando não a dominamos, a tendência é desanimar, ou mesmo parar, no primeiro obstáculo; em geral, na primeira palavra desconhecida. Mas será que dependemos tanto do conhecimento lexical para entendermos um texto? Estaria mentido se respondesse “não”, mas por ora gostaria de deixar resposta tão categórica em suspenso, como um “talvez”. Há questões tão importantes quanto saber o significado das palavras e que são, via de regra, postas em segundo plano quando temos de ler em uma língua estrangeira, especialmente em situação de prova.
Comecemos por uma experiência. Em viagem ao extremo norte do Canadá, me deparei com o texto abaixo no hotel em que me hospedei em Pond Inlet. Ele está escrito em inuktitut, a língua dos Inuits, habitantes do Ártico, e é bem diferente da nossa língua portuguesa. Imediatamente – perdoe as esquisitices dos professores de línguas estrangeiras –, fiquei olhando o texto e pensando o que poderia depreender dele. Que tal tentar também?
Muito provavelmente, você reparou nos números, nos emoticons, nos pontos de interrogação, na disposição dos elementos na página, na repetição de uma pergunta sempre abaixo da linha dos números de 1 a 5 e chegou à conclusão de que estava diante de uma pesquisa do grau de satisfação dos hóspedes do hotel na forma de um questionário. Sem conhecer uma só palavra em inuktitut, acertou em cheio. Daqui para frente, você pode continuar com o jogo de adivinhação e tentar imaginar o que o hóspede seria convidado a avaliar: o atendimento na recepção, o conforto das instalações, a limpeza dos apartamentos, a qualidade do café da manhã. Sem ter conhecimento da língua, no entanto, não somos capazes de acertar na mosca a respeito do teor das perguntas no texto; mas passamos perto, com certeza.
O que se pode concluir do experimento? Em primeiro lugar, para inferir que o texto se trata de um questionário sobre o grau de satisfação, você começou por tudo o que sabe ou pode reconhecer. Em segundo, para concluir que o questionário visa a aferir o grau de satisfação de hóspedes de um hotel, você usou a informação acerca do contexto no qual o texto se insere.
É aqui que o conceito de gênero nos auxilia a compreender e A refletir, com um pouco mais de segurança, sobre os textos aos quais somos expostos. É aqui também que começamos a fazer a ponte com a teoria capaz de informar nossas decisões analíticas, já que, mesmo sem nos dar conta, somos analistas da linguagem em tempo integral.
Tomemos como ponto de partida a definição de gênero como “atividade com propósito e estágios reconhecidos, na qual os participantes tomam parte/se engajam como membros de uma cultura”*. Os gêneros organizam nossas interações. Exagero? Pense bem nestes exemplos do dia a dia: por que será que, ao almoçar com nossos familiares, não precisamos das fórmulas de polidez (para pedir que alguém lhe passe o azeite) que usamos com pessoas com quem não temos tanta intimidade? Por que temos tanta certeza de que as notícias de jornal não são rimadas? Se o currículo de um trabalhador, enviado para uma seleção de emprego, não está de acordo com a configuração convencional do gênero, e o de outro está, este será convidado para a entrevista, muito provavelmente. Mas – isso é importante – gêneros não são camisas de força. São pontos de partida por meio dos quais não precisamos começar do zero e que nos permitem prever como as interações se processam.
Voltando à definição, podemos depreender que gêneros são produzidos por atores sociais em seus contextos e são reconhecíveis (ou analisáveis) em seus aspectos macrodiscursivos e microtextuais. Tomemos como exemplo, a notícia de jornal e sua organização macrodiscursiva canônica em manchete e lead, seguidos de parágrafos que relatam o evento do ponto de vista da relevância (e não da ordem cronológica), de forma que os aspectos mais importantes são registrados logo no início do texto. Esses aspectos são intercalados com a voz e visão de autoridades e/ou testemunhas do evento em pauta. Esses seriam os estágios de uma notícia: cada um tem sua função específica, ao mesmo tempo que contribui para o todo, ou seja, para que o gênero cumpra seu papel de prover informações sobre um evento recente e relevante para uma comunidade, por meio de um texto escrito, publicado em jornal. No nível microtextual, podemos perceber características léxico-gramaticais recorrentes em, por exemplo, manchetes, como a ausência de artigos e presença de verbos no presente para se referir ao passado recente; ou ainda o uso de diferentes tipos de discurso relatado como modo de representação das vozes que figuram no texto. E o melhor: sabemos disso.
As escolhas léxico-gramaticais, por serem motivadas, não ocorrem no vácuo. Todo uso de linguagem está intimamente ligado ao contexto da situação, o contexto mais imediato da ocorrência de um texto. Assim, podemos observar e nos perguntar o que mais imediatamente tem impacto em nossas escolhas lexicais e gramaticais: em que área do conhecimento situamos nossa contribuição, com que propósito comunicativo o fazemos; que papéis sociais desempenhamos, e se temos mais ou menos controle sobre o nosso interlocutor, se o nosso relacionamento com ele é marcado por distância ou proximidade social; qual o papel da linguagem em nossas interações, de que canais e meios dispomos ao fazer uso dela. Em linhas gerais, se nossa contribuição se situa em um campo especializado, podemos prever que o texto produzido poderá conter léxico que aponta não só para a área do conhecimento em questão, como também para especificidades da área e assim conter termos técnicos e jargões. Se recebo um torpedo de minha filha me informando que vai chegar mais tarde em casa, sei que a despedida “bj!” é mais do que adequada já que é índice de uma relação em que as participantes mantêm contato frequente e envolvimento afetivo alto e que, portanto, podem usar linguagem marcada pela informalidade em suas trocas. O mesmo torpedo (mae vou chegar + tarde as 11. bj!), com suas abreviações, falta de acentos, de maiúsculas e de pontuação e com um símbolo matemático em lugar do advérbio, está plenamente de acordo com o canal gráfico e a forma escrita de uma mensagem de texto que se pretende ágil.
Esse é um dos conceitos-chave de uma abordagem para o estudo e a descrição da linguagem que prioriza a correlação sistemática, mas probabilística, entre texto e contexto, e que a compreende como uma via de mão dupla: do texto pode-se deduzir o contexto e o contexto permite prever como os significados manifestos no texto estarão linguisticamente representados. Essa correlação também nos permite dois caminhos metodológicos, que se alternam, para abordar um texto, um ascendente – do texto para o contexto – e outro descendente. Assim, é com base nesses pressupostos que, ao lermos em uma língua estrangeira, podemos nos beneficiar do que fazemos a todo instante: prevemos e deduzimos.
Um aspecto importante do conceito de gênero com que estamos trabalhando está na compreensão de que convenções sociais estabelecem como devemos nos comportar discursivamente a fim de levar a cabo nossas ações. Estas se encontram em estreita relação com o contexto de cultura. Ao longo da vida escolar, por exemplo, vamos apreendendo como certos textos se desenvolvem – como começam, progridem e terminam –, para que seu propósito comunicativo se realize. Essa experiência nos faz poder prever o que começa com Era uma vez..., que o fragmento nascida no dia 20 de janeiro de 1993, às 14 horas e 30 minutos, filha de... foi, provavelmente, retirado do meio de uma certidão de nascimento e que Atenciosamente seguido de uma assinatura indicaria o fim de uma carta mais formal. Assim, vamos ampliando nossa socialização no mundo dos gêneros, e essa experiência nos prepara tanto para reconhecermos como as interações sociais se processam, quanto para podermos agir de acordo.
Desse modo, refletir sobre o texto a que estamos expostos como um exemplar de um gênero é dar um primeiro passo no sentido de compreendê-lo, mesmo se não temos muito conhecimento da língua em que ele está escrito. Mas é preciso fazer esse exercício de forma consciente, “antenada”, transferindo para o momento da leitura em língua estrangeira tudo o que fazemos quase automaticamente ao ler em nossa língua materna.
Portanto, comece pelo que você sabe – e vai se dar conta de que sabe muito.

* EGGINS, S.; SLADE, D. Analysing casual conversation. London: Cassel, 1997, p. 56. A perspectiva teórica destes autores é denominada sistêmico-funcional. Sugerimos, também, para ampliação desta discussão, nosso artigo “A teoria traduzida em prática: atividades de leitura baseadas nos conceitos de Contexto de Cultura e Contexto de Situação”, publicado na revista Ensino de leitura: fundamentos, práticas e reflexões para professores da era digital. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, Núcleo de Pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia, 2011 (disponível para download emhttp://www.lingnet.pro.br/pages/ebooks-lingnet.php#axzz28pPh8pZ1).

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