Rio - Escolas tradicionais do Rio que estão entre as mais disputadas da rede federal perderam posições no ranking do ensino fluminense no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental.
Em três delas — unidades do Colégio Pedro II do Centro e do Humaitá e o Colégio Militar —, o desempenho dos alunos em Matemática caiu na Prova Brasil.
Com média menor na avaliação do Ministério da Educação, o Colégio Pedro II desceu para a terceira posição, perdendo o primeiro lugar conquistado em 2009.
No Ciep Pablo Neruda, festa entre alunos e professora após bater meta e ficar entre as unidades de destaque: com nota 8,3, é a segunda melhor do Rio e a 5ª no País do 1º ao 5º ano | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
A unidade do Humaitá caiu da 5ª para a 7ª colocação e a de São Cristóvão despencou da 13ª para 21ª posição. Apenas as unidades do Centro e da Tijuca superaram as metas do Ideb para 2011.
Pais de alunos culpam a paralisação de professores e funcionários pela queda na qualidade do ensino do Pedro II.
Eles temem prejuízos no ano letivo e lutam na Justiça para interromper a greve. Cerca de 13 mil alunos estão sem aula há quase dois meses. No ano passado, a rede parou durante 52 dias.
“Infelizmente nossos filhos são os mais prejudicados. A cada greve, fazem reposiçãocorrida, e as deficiências vão se acumulando de um ano para outro. Pior é para quem vai fazer o Enem e o vestibular”, critica a designer gráfica Olga Aguiar, 48 anos, mãe de Luíza, aluna do 6º ano da unidade Centro.
Para o professor Albano Teixeira, do comando de greve, o movimento no Pedro II não éresponsável pela piora no aprendizado.
“O Pedro II vive uma precarização do ensino. Um a cada quatro professores do colégio é temporário. Muitas vezes, o contrato acaba no meio do ano e os alunos ficam sem aula”, diz.
iep Glauber Rocha é a melhor escola pública do Rio no Ideb, com 8,5 | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Nesta sexta os funcionários decidem se voltam ao trabalho. Liminar obtida pelo Ministério Público Federal impôs multa diária de R$ 1 mil caso não retornem. Procurada, a direção do Pedro II não respondeu.
No 5º ano, a unidade do Pedro II da Tijuca despencou de 5º para 24º no ranking do estado. A do Engenho Novo também caiu, passando de 8º para 10º. São Cristóvão não teve nota em 2011. A unidade do Humaitá foi a única que melhorou, assim como o CAp UFRJ.
Unidades municipais têm melhora de até 126%
Sem paralisações, alunos e professores de escolas municipais do Rio fizeram bem o dever de casa.
Não só atingiram as metas como, em alguns casos, evoluíram até 126% no Ideb. É o caso da E.M. Brant Horta, na Penha Circular, cujo índice subiu de 2,3 para 5,2 de 2009 para 2011.
A meta da unidade era 2,7 para as turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. No mesmo bairro, a E.M. Bernardo de Vasconcelos elevou o seu indicador de 1,9 para 3,9, um aumento de 105%.
Nesta quinta-feira, o prefeito Eduardo Paes visitou três unidades da rede que se destacaram no ranking nacional, como o Ciep Glauber Rocha, na Pavuna, a Roberto Burle Marx, e o Ciep Pablo Neruda, ambos na Taquara.
Pela segunda vez seguida, o Pablo Neruda é a segunda melhor escola do Rio e a quinta do Brasil. A unidade, que é uma Escola do Amanhã, em área violenta, teve uma melhora de 15% no rendimento, pulando de 7,2 para 8,3.
“Nossas crianças foram alfabetizadas aos 5 anos. Como sabem ler e interpretar textos, elas avançam e resolvem qualquer problema”, ensina a diretora Maria Joselza Albuquerque, 54, que está no cargo há 24 anos. “Manter esse Ideb seria ótimo. Mas vamos trabalhar para chegar em 8,6”, diz.
Desafio ainda para o estado
O governo do estado saiu da 26ª para a 15ª posição no ranking nacional do Ideb, mas tem pela frente o desafio de acabar com as escolas compartilhadas com o município. Das 100 piores escolas do Rio, 90 são estaduais.
De acordo com o secretário Wilson Risolia, será montado um plano de ação para cada unidade: “Em 2010, eram 294 escolas nesta situação; este ano baixamos para 197 e vamos reduzir para 170 em 2013”.
Está prevista a construção de seis escolas. “Merece ser comemorado, mas com cautela. Há muito o que fazer”, admite.
Arte: O Dia