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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Na turma dos piores
Avaliação da OCDE ressalta que o ensino no Brasil avançou na última década - mas não o suficiente para aproximar o país dos melhores na sala de aula
Malu Gaspar
Revista Veja – 15/12/2010
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É consenso que o Brasil tem muito que avançar na sala de aula para ombrear com os melhores países do mundo em educação. Três novos rankings divulgados na semana passada, resultado do mais abrangente levantamento internacional existente sobre a qualidade do ensino, ajudam a mensurar quanto exatamente o país precisa caminhar. Não é pouco. Na prova aplicada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mediu o conhecimento dos estudantes de 65 países, os brasileiros figuram nas piores colocações tanto em ciências e leitura (53ª) como em matemática (57ª).
Os jovens submetidos ao exame, todos na faixa dos 15 anos, foram sorteados em escolas públicas e particulares. É verdade que as médias do Brasil melhoraram como as de poucos países na última década - um fato a comemorar, fazendo-se as necessárias ressalvas diante da espantosa situação trazida à luz pelo relatório da OCDE. Ele mostra que uma parte dos brasileiros está chegando ao fim do ensino fundamental com lacunas tão graves quanto não conseguir interpretar textos indicados para os primeiros anos escolares, ter dificuldade em discernir órgãos do corpo humano e tropeçar em operações de soma e subtração. Diante disso, olhar para os países que encabeçam a lista é lição de casa mais do que obrigatória para o Brasil. Pela primeira vez presente na avaliação da OCDE, a China está no topo dos três rankings.
Ponderado o fato de que a prova foi aplicada apenas na cidade de Xangai (a mais rica do país), o feito é ainda assim notável. Reflete o pragmático esforço que os chineses vêm fazendo nas últimas três décadas para proporcionar bom ensino a milhões de estudantes. Um ponto central para o salto chinês foi canalizar esforços para o aprimoramento dos professores, que receberam treinamento maciço, assim como salários mais atrativos - a ponto de hoje essa carreira figurar entre as mais cobiçadas pelos estudantes de Xangai. Em contraste, no Brasil o ofício é tão desprestigiado que apenas 2% dos alunos de ensino médio manifestam algum interesse em segui-lo. Atenta a especialista Maria Helena Guimarães: "A experiência internacional mostra que conseguir atrair os melhores cérebros para a docência é o único caminho realmente eficaz rumo à excelência acadêmica".
Sem exceção, todos os países que habitam o topo da pirâmide do ensino se beneficiam de uma situação da qual o Brasil está ainda muito longe: nesses lugares, a qualidade não se restringe a um reduzido grupo de escolas particulares, mas se irradia por todo o sistema educacional. O caso brasileiro é justamente emblemático do contrário - aqui saltam aos olhos as enormes discrepâncias de nível entre os colégios particulares e os da rede pública. De acordo com o estudo da OCDE, elas só se agravam. Eis o dado: enquanto os alunos de escolas privadas brasileiras alcançam notas semelhantes às de países como Estados Unidos e Inglaterra (em posição mediana no ranking), os de colégios públicos estão mais próximos do Cazaquistão e da Albânia, na rabeira do ranking. É preocupante, segundo alerta Claudio de Moura Castro, especialista em educação e colunista de VEJA: "Massificar o bom ensino é condição básica para qualquer país ascender economicamente".
Os reflexos do ainda sofrível ensino básico brasileiro se fazem sentir em outros indicadores ruins. Para se ter uma ideia, o Brasil responde por exíguos 2,6% dos artigos publicados em periódicos científicos de relevo internacional (um quarto da participação da China) e por não mais que 0,3% dos pedidos internacionais de patentes. O país deveria mirar-se aí no exemplo das nações asiáticas em destaque nos rankings da OCDE, como Japão e Coreia do Sul, onde, desde muito cedo, os estudantes são apresentados a tais disciplinas de maneira disciplinada - e atraente. Resume o matemático Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências: "Não dá para almejar avanço tecnológico e inovação sem uma boa aula de ciências no ensino fundamental".
AVANÇO LENTO
A mais recente avaliação do ensino em 65 países, conduzida pela OCDE, mostra que o desempenho dos estudantes brasileiros melhorou um pouco na década passada — mas não o suficiente para tirar o Brasil das últimas colocações
MATEMÁTICA
1º China*
2º Singapura
3º Hong Kong
4º Coreia do Sul
5º Taiwan
57º BRASIL
Média dos estudantes brasileiros (numa escala de zero a 1 000)
2000 - 334
Hoje – 386
LEITURA
1º China*
2º Coreia do Sul
3º Finlândia
4º Hong Kong
5º Singapura
53º BRASIL
Média dos estudantes brasileiros (numa escala de zero a 1 000)
2000 - 396
Hoje – 412
CIÊNCIAS
1º China*
2º Finlândia
3º Hong Kong
4º Singapura
5º Japão
53º BRASIL
Média dos estudantes brasileiros (numa escala de zero a 1 000)
2000 - 375
Hoje – 405
*A avaliação foi realizada na cidade de Xangai
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