quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Unicef tenta frear transmissão do HIV de mãe para filho em países africanos


Unicef tenta frear transmissão do HIV de 


mãe para filho em países africanos

Coquetel será distribuído no Quênia, Camarões, Lesoto e Zâmbia.
Quase 100 mil mulheres serão atendidas até meados de 2011.

Da Reuters
Não é um grande avanço médico, apenas uma simples caixa colorida cheia de medicamentos contra o HIV, mas o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) espera que possa ajudar a finalmente interromper a transmissão do vírus para os bebês.
ONU quer eliminar a transmissão do HIV de mães para filhos nos países mais pobres até 2015
O pacote mãe-bebê, chamado de 'inovação para uma geração livre do HIV', será distribuído a 30 mil mulheres grávidas no Quênia, Camarões, Lesoto e Zâmbia a partir deste mês.
Ele contém todos os remédios e instruções necessários para proteger uma mãe infectada com o HIV e seu recém-nascido, mesmo se ela nunca visitar uma clínica novamente depois do nascimento, e até mesmo se não souber ler corretamente.
Segundo a OMS, cerca de 430 mil crianças foram infectadas com o vírus em 2008, a grande maioria delas por meio da transmissão de mãe para filhoSegundo a OMS, cerca de 430 mil crianças foram
infectadas com o vírus em 2008, a grande maioria
delas por meio da transmissão de mãe para filho
(Foto: Simon Maina / AFP 30-11-2006)
"Não precisamos de qualquer avanço científico ou nova tecnologia para combater esse problema", afirmou Jimmy Kolker, chefe dos segmentos de HIV e Aids no Unicef. "O que precisamos é de uma maneira de capacitar as mulheres a tomar conta de si mesmas."
Indícios nos países desenvolvidos, onde na atualidade praticamente não há transmissão do HIV (vírus da imunodeficiência humana) - que causa a transmissão da Aids - de mães para bebês, mostram que, como Kolker diz, todos os medicamentos e atendimentos conhecidos já podem interromper a doença mundialmente.
Entregar os medicamentos certos, para as pessoas certas, na hora certa está provando ser a maior barreira para eliminar a transmissão do HIV de mães para filhos nos países mais pobres, uma meta que a ONU quer alcançar até 2015.
"No mundo desenvolvido, há atualmente poucos bebês nascidos com HIV positivo, mas na África ainda nascem mais de mil todos os dias", afirmou Kolker à Reuters. Eliminar as transmissões hereditárias até 2015 é uma "meta ambiciosa", mas que pode ser alcançada com algumas novas ideias, disse.
Mais de 50% das mulheres com HIV positivo na África subsaariana em 2008 não tomaram os medicamentos necessários para impedir a transmissão do vírus para suas crianças, de acordo com dados do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids).
O vírus está em cerca de 33,4 milhões de pessoas em todo o mundo, e 22,4 milhões delas vivem na África subsaariana.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 430 mil crianças foram infectadas com o vírus em 2008, a grande maioria delas por meio da transmissão de mãe para filho. Contudo, esse tipo de transmissão é evitável se os serviços corretos estiverem disponíveis para a população.
As crianças que nascem com o HIV enfrentarão a doença durante toda a vida e, se tiverem sorte, tomarão remédios por toda a vida. Na África, pelo menos metade delas morrerá antes do segundo aniversário caso não haja intervenção médica.
"Ainda estamos deixando de atender muitas mães que não voltam às clínicas, ou por que as clínicas têm poucos estoques de medicamentos, ou por que as mães não tomam os remédios quando deveriam", afirmou Kolker.
Com o custo aproximado de US$ 70 por caixa, o pacote tem a metade do preço da quantidade de medicamentos necessários por um ano para um bebê com HIV positivo, diz a Unicef.
"Tem um bom custo-benefício sob todos os pontos de vista", afirmou Kolker. "É algo que pode ser feito em vilarejos e acompanhado por um agende de saúde comunitário ou grupo de mães. Não precisa haver uma enfermeira ou de um médico acompanhando."
O projeto-piloto do Unicef nos quatro países, no valor de US$ 8 milhões, terá três fases, com cerca de 30 mil pacotes distribuídos em casa uma das fases, para atender a quase 100 mil mulheres até meados de 2011.

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