O edifício majestoso desponta por entre a vegetação no alto da colina e dá um efeito estranhamente belo. O traçado é o de um palácio inglês do período elizabetano, com suas torres, ameias e galerias. As fachadas, pisos e forros são uma fantasia oriental, um retorno à arquitetura da Península Ibérica dominada pelos árabes. O Pavilhão Mourisco, como é mais conhecido o prédio central da Fiocruz, começou a ser construído em 1905, pelo arquiteto português Luiz Moraes Júnior, com base em desenhos do próprio Oswaldo Cruz. Nenhum recurso foi poupado na construção. Com 50 metros de altura e 45 de largura, assenta-se sobre uma base de granito negro. Olhado de fora, apresenta-se em tons sóbrios no avermelhado dos tijolos das paredes externas e no revestimento de cobre das duas torres. De perto, explode em cores: as varandas são revestidas de azulejos portugueses, o piso é coberto de mosaicos franceses, que lembram os desenhos dos tapetes árabes. As portas são de peroba amarela entalhada, com maçanetas de bronze dourado. As paredes e o teto são de estuque cor de mate dourado, decorado em alto-relevo com elementos geométricos. A escadaria principal é de ferro forjado e mármore de Carrara. O estilo neo-mourisco torna-se ainda mais vívido no terceiro andar, onde o salão de leitura é dividido em dois ambientes por uma elegante arcada apoiada sobre colunas, com paredes e teto em estuque branco esculpido com arcos, rosáceas e caneluras. No teto do quarto e último pavimento, visível desde o hall de entrada no primeiro piso, um grande vitral em cores fortes coroa toda a obra.
Croqui original desenhado por Oswaldo Cruz para a construção do Castelo Mourisco |
Nenhum detalhe foi esquecido: os gradeamentos das janelas têm 18 desenhos diferentes; a louça dos banheiros veio da Inglaterra; as luminárias alemãs, fabricadas em ferro fundido ou bronze dourado, têm cúpulas de opalina lilás. O elevador tem cabine de mogno, cúpula de espelhos e portas internas de cristal bisotado. Instalado em 1909, é o mais antigo ainda em funcionamento no Rio de Janeiro. Próximos ao Pavilhão Mourisco, erguem-se dois outros prédios em puro e sóbrio estilo inglês: o Pavilhão do Relógio, de 1904, e o da Cavalariça para Animais Inoculados, de 1904. O primeiro destaca-se pelo relógio de quatro faces, que ainda funciona. O segundo, pela beleza das janelas com sacadas e gradeamento art-nouveau. Desde 1981, o conjunto arquitetônico da Fiocruz está protegido por tombamento decretado pelo Serviço do Patrimônio Histórico Nacional. Silencioso e discreto, Oswaldo Cruz jamais explicou com clareza o que o levou à delirante escolha das formas para seu palácio. Como o alpinista que escalou o Everest "porque ele está lá", o cientista quis aquele estilo "porque é o mais bonito". |
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