Há exatas sete décadas morria um dos mais importantes cientistas brasileiros. Pioneiro da helmintologia, Adolpho Lutz dedicou 30 anos de trabalho ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Para marcar a data, a publicação sobre o cientista ganhou uma versãoonline gratuita. Nesse material fica-se sabendo o que levou os pais do futuro cientista a atravessarem o Atlântico em busca de uma cidade com belezas naturais exuberantes, clima agradável, ar puro e comida farta. Foi essa a expectativa dos pais de Adolpho Lutz ao deixarem a Suíça rumo ao Rio de Janeiro. No entanto, não foi aquele o cenário que o casal Lutz encontrou na capital do Império brasileiro, no princípio de 1850. O ambiente era sujo, com ruas sem saneamento básico e esgoto a céu aberto. Vivia-se o auge da epidemia de febre amarela, que causou milhares de mortes na então capital brasileira.
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Adolpho Lutz e a filha Bertha, em um laboratório de Manguinhos (Foto: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz) |
Mesmo com todas as adversidades, cinco anos depois, em meio a um surto de cólera na cidade, nascia Adolpho Lutz. Aos dois anos, seus pais decidiram retornar a Berna. O menino cresceu na Europa, dedicando-se intensamente aos estudos durante a juventude. Viveu em cidades europeias – Leipzig, Estrasburgo, Praga, Londres e Paris – e graduou-se em medicina na Universidade de Berna. Aos 26 anos, regressou ao Brasil.
Lutz imprimiu à carreira a marca de sua vasta formação: conjugou a ação em clínica médica com a condução de estudos científicos em laboratório e em campo. Passou por importantes instituições, como o Instituto Bacteriológico de São Paulo. Sua principal área de pesquisa foi a helmintologia – o estudo sobre helmintos, popularmente conhecidos como vermes, causadores de doenças parasitárias. Publicou trabalhos de destaque na área, incluindo temas como ancilostomíase e esquistossomose.
Em 1908, Lutz ingressou no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), então chamado Instituto Soroterápico Federal. Na instituição, integrou o seleto grupo dos cientistas pioneiros de Manguinhos, que incluía Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Foram 30 anos de trabalho nos laboratórios do IOC, que Lutz dedicou principalmente ao estudo dos helmintos parasitos de vertebrados. Sua obra continua viva: as amostras coletadas pessoalmente por Lutz integram até hoje a Coleção Helmintológica do IOC, uma das mais antigas e diversas da América Latina. Marcando as sete décadas de morte do cientista, o livro
Adolpho Lutz e a Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz, lançado em 2009, ganha versão online gratuita, que pode ser acessada clicando
aqui.
Lutz é descrito na obra como um naturalista com uma curiosidade aguçada e conhecimento vasto. Os pesquisadores Jaime Benchimol, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), e Luiz Fernando Ferreira, do IOC, traçaram um panorama da vida e obra de Adolpho Lutz, que mostraram períodos importantes da vida do pesquisador. Para mais informações sobre a vida e obra do cientista, acesse
aqui a Biblioteca Virtual de Saúde Adolpho Lutz.
Publicado em 7/10/2010.
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