segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Química na conservação de alimentos

UERJ

Universidade do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades
Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo
Disciplina: Química para Biologia
Docente: Daniele Nunes Peixoto de Almeida
Discentes: Amanda de Souza, Bruna, Carine, Laís Nascimento e Rafaella



Química na conservação de alimentos
Introdução
Neste trabalho, veremos os diferentes métodos e processos utilizados na conservação de alimentos. Tais como os processos de: defumação, fermentação, conserva em sal, processo de salga etc., assim como o uso de nitratos, nitritos, sulfitos, ácidos etc.
Esses processos têm como objetivo conservar os alimentos, evitando as ações de microrganismos (que além de os deteriorarem, podem ser prejudiciais à saúde), mantendo suas as características sensoriais.

Conservação
Conjunto de métodos que evitam a deterioração dos alimentos durante um período mais ou menos longo, que é conhecido como o tempo de prateleira.
O objetivo principal destes processos é evitar as alterações provocadas pelas enzimas próprias dos produtos naturais ou por micro-organismos que, para além de causarem o apodrecimento dos alimentos, podem produzir toxinas que afetam a saúde dos consumidores, mas também existe a preocupação em manter a aparência, o sabor e conteúdo nutricional dos alimentos.


Conservação por Defumação
Consiste no processo de aplicação de fumaça aos produtos alimentícios, produzida pela combustão incompleta de algumas madeiras previamente selecionadas. Normalmente é realizado em conjunto com a salga, a cura, a fermentação e outros processos. Em carnes, o contato com o calor e a fumaça provoca a perda da água, a superfície fica ressecada e a coloração estabilizada. A perda de água e a ação dos constituintes da fumaça conferem ao alimento barreiras físicas e químicas eficientes contra a penetração e a atividade de microrganismo. Essa capa protetora pode ser devido à desidratação que se processa na superfície do produto, principalmente na defumação a quente, à coagulação proteica que ocorre durante a defumação e ao depósito das substâncias antimicrobianas que existem na fumaça, que se condensam e ficam depositadas na superfície do produto.


Conservação por Fermentação
A conservação por fermentação baseia-se no antagonismo entre espécies microbianas, em que uma ou mais espécies inibem as demais, por meio da competição por nutrientes e da produção de metabólitos antimicrobianos a partir de substratos presentes no alimento. Tais metabólitos, geralmente ácidos orgânicos, álcoois e CO2, limitam o crescimento da flora patogênica e/ou deteriorante.
Além do objetivo de conservação a produção dos ácidos, álcoois e CO2 são responsáveis por conferir características sensoriais agradáveis aos alimentos. A fermentação baseia-se na proliferação de certos microrganismos não prejudiciais à saúde humana e que formam, durante o seu metabolismo, produtos geralmente ácidos que modificam o pH de tal maneira que impedem a proliferação de microrganismos de decomposição. Além desta fermentação ácida, é empregada também a fermentação alcoólica, onde o álcool vai agir como desinfetante. 

Principais tipos de Fermentação:
Fermentação Acética
A fermentação acética corresponde à transformação do álcool em ácido acético por determinadas bactérias, conferindo o gosto característico de vinagre. As bactérias acéticas são particularmente instáveis, mostrando acentuado polimorfismo e variação da propriedade bioquímica. Em alguns casos, podem perder até mesmo a capacidade fundamental de oxidar o etanol a ácido acético. Essas bactérias acéticas necessitam do oxigênio do ar para realizarem a acetificação. Por isso multiplicam-se mais na parte superior do vinho que está sendo transformado em vinagre.

Fermentação Láctica
Fermento, inóculo, culturas lácticas, são sinônimos de culturas “starters” utilizadas no desenvolvimento de produtos fermentados. Estas culturas são microrganismos saprófitos, ativos, que crescem em leite ou na carne. A cultura pode ser constituída de apenas uma linhagem bacteriana (cultura simples) ou pode reunir várias linhagens e/ou espécies (cultura mista ou múltipla).
Na produção de iogurte normalmente utiliza-se Lactococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus na proporção 1:1. O importante é a cultura conter um maior número de Lactococcus thermophilus do que Lactobacillus bulgaricus ao final do processo. Esta proporção na cultura láctica é fundamental, uma vez que terá efeito decisivo no sabor e aroma e nas características do produto final. Durante o crescimento associativo das bactérias, observa-se uma produção rápida de acidez e o aparecimento do sabor característico do iogurte. Entre os principais componentes do “sabor” do iogurte destacam-se o ácido lático, acetaldeído e diacetil em baixas concentrações, sendo o primeiro o composto mais importante no sabor do iogurte.
Os queijos são produtos derivados do leite, que foi submetido a uma fermentação ácida. A eficiência deste processo de conservação depende da qualidade inicial do leite e da manipulação higiênica adequada.
Os embutidos cárneos fermentados (salame) diferenciam-se dos demais embutidos pela elevada presença de ácido láctico, que lhe confere sabor característico e pelos baixos teores de umidade e baixos valores de atividade de água.
As culturas “starter” ácido lácticas são fundamentais na fabricação de produtos cárneos fermentados. A partir de açúcares presentes na massa cárnea, essas culturas adicionadas produzem ácido lático, com consequente redução do pH e solubilização de proteínas.
A queda do pH para valores próximos ao ponto isoelétrico das proteínas reduz a capacidade de retenção de água, favorecendo a secagem e a perda de peso do produto cárneo fermentado. Essas alterações conferem uma textura firme (consistência) e conferem fatiabilidade ao produto final. Além dessas vantagens tecnológicas, a acidez resultante dificulta o desenvolvimento de muitos microrganismos patogênicos e deteriorantes.
O uso de acidulantes químicos, como os ácidos (lático ou cítrico) inibem o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis pela rápida queda do pH da massa cárnea, estimulando o desenvolvimento das bactérias láticas.


Fermentação alcoólica
Nas bebidas alcoólicas, em geral, o princípio conservador é o álcool, aliado à ausência de oxigênio e à filtração durante a fabricação, que retém a maioria das bactérias.



Substituição por gorduras saturadas

As gorduras insaturadas são muito mais propensas à oxidação do que as saturadas, portanto a indústria tenta evitar o uso da mesma substituindo-a por gorduras saturadas, que embora façam o alimento durar mais são mais prejudiciais para a saúde. A gordura de preferência da indústria é a gordura trans, devido ao menor custo de produção, no entanto, devido ao maior controle dos órgãos de saúde e aversão do consumidor a este tipo de gordura, a indústria vem substituindo a mesma por outro tipo de gordura saturada (como os óleos de palma e coco) ou reduzindo o percentual de gordura nos alimentos.

Conserva em açúcar
O açúcar é também tradicionalmente empregue na conservação, principalmente de frutas como os docescompotasmarmelada sfruta cristalizada.

Conserva em Sal
O sal-de-cozinha (cloreto de sódio):
Utilizado na conservação de carne e peixe, por causa da sua ação bactericida e por promover a desidratação do produto por osmose. Esse método é usado para conservar peixes (bacalhau), carnes (porco) etc.

Os nitritos e nitratos:
Têm sua ação antimicrobiana dirigida exclusivamente contra bactérias. O principal objetivo de sua utilização é a inibição do crescimento e a formação de toxinas por Clostridium botulinum (bactéria que causa o botulismo).
Também conservam a cor vermelha da carne. O nitrito mais comum na conservação de alimentos é o nitrito de sódio.
Nitrito de sódio (NaNO2) é usado como um fixador de cor e conservante em carne e peixes.

Botulismo
O botulismo é uma intoxicação alimentar causada pela bactéria Clostridium botulinum, quando ingerimos toxinas da mesma.
A bactéria consegue sobreviver em ambientes sem oxigênio, por isso pode ser encontrados em alimento enlatados. Para inibir seu crescimento é usado um tipo de conservante o nitrato.
Nitratos e nitritos podem causar câncer no estômago e esôfago (componentes do aparelho digestivo).

O processo de salga
Consiste na adição de sal ao alimento, cobrindo-o completamente (em concentração elevada), diminuindo ou impedindo a decomposição do alimento por ação de microrganismos.
O sal desidrata o alimento (retira a água da sua composição) por diferença de pressão osmótica. A salga é um método de preservação preliminar para os processos de defumação e secagem. Este era um processo muito usado no passado, tanto para carnes como para peixes, mas, com a inovação e o surgimento de outros métodos de conservação, entrou um pouco em desuso, tendo agora dado lugar à congelação ou à refrigeração.
Esse processo é muito usado na conservação do bacalhau.
Para realizar a salga, podem ser utilizados diversos cortes para o preparo, como a picanha ou a alcatra. O ato de dessalgar a carne é de extrema importância, pois garante o sucesso da preparação e evita que quantidades abundantes de sal sejam consumidas.


Nitrosaminas
Nitratos podem ser reduzidos a nitritos durante a estocagem dos alimentos. No estômago, nitritos podem ser convertidos em nitrosaminas que são substâncias potencialmente cancerígenas. Esses compostos de N-nitroso podem aumentar o risco para câncer de estômago e também para alguns outros tipos de câncer, como do cólon.
Os embutidos e os enlatados possuem em suas fórmulas nitratos e nitritos. Alimentos enlatados e embutidos causam danos à saúde. A praticidade dos produtos enlatados é tentadora, mas é preciso tomar cuidado. Evite consumir enlatados e embutidos muitas vezes na semana. Para conservar esses alimentos, as indústrias abusam de aditivos químicos.
Quando consumidos em excesso, podem levar ao desenvolvimento de tipos específicos de câncer.
Alimentos enlatados e embalados a vácuo são mais suscetíveis à bactéria Clostridium Botulinum, isso porque o micro-organismo se desenvolve em locais sem oxigênio.
Latas estufadas é sinal da presença da bactéria, o inchaço acontece pelos gases produzidos pela Clostridium Botulinum.


Sulfitos
É uma família de sais químicos derivados do dióxido de enxofre (SO2), utilizados como preservativos de alimentos desde o século XVII. Seu uso foi aprovado nos EUA no início dos anos 1800.
Os sulfitos são conhecidos desinfetantes, antissépticos e antibacterianos, anti-enzimático, selecionador de leveduras e preservador da cor. Além de claro, atuarem como conservantes de produtos alimentares.


Por que utilizá-los?
Há séculos os sulfitos são utilizados como potentes agentes redutores visando:
- Inibir o processo oxidativo associado com a deterioração dos alimentos (prevenir ou reduzir a perda da cor) em frutas e vegetais, objetivando mantê-los com aparência de “frescos” por longos períodos.
- Prevenir a melanose em camarões e lagostas.
- Impedir o crescimento bacteriano em alimentos e bebidas fermentados.

Os sulfitos e o vinho
O uso de sulfitos para a elaboração de vinhos se iniciou ao final do século XVIII. Devido a suas várias propriedades, tais quais, controlar os processos de fermentação e as leveduras e conservar a saúde do vinho, a sua facilidade de emprego e ao seu baixo custo, o sulfito virou o mais utilizado das vinícolas.
Sua utilização no vinho não se limita apenas na hora do envase, para conservação. Existe um processo de sulfitagem pré-fermentativa, para “matar” as leveduras selvagens e/ou indígenas. Eliminando as leveduras naturais da uva, o produtor pode utilizar-se de quaisquer leveduras, dando assim o aroma que mais lhe agradar.
O uso de sulfitos influencia não só no aroma, mas também na coloração do vinho. Vinhos brancos sem sulfitagem ficam mais escuros, e os vinhos tintos, mais claros.


O perigo dos sulfitos
Os sulfitos podem destruir a tiamina (ou seja, vitamina B1), essencial à função do sistema nervoso, ao aprendizado normal e à digestão.
A ingestão acima de 0,7 miligramas por quilo diários pode provocar:
Crises de enxaquecas acompanhadas de  náuseas, vômitos, foto sensibilidade, visão embaçada, irritabilidade, sensibilidade a cheiros e a barulho, falta de concentração, tonturas, obstrução nasal, tensão muscular e até diarreia, reações asmáticas graves e, em casos extremos, a morte.
Os sulfitos também inibem o fígado de metabolizar o álcool da melhor maneira em nosso organismo.
Por isto é recomendado, como por exemplo, no caso dos vinhos, que aqueles que possuírem acima de 10mg/l apresentem esta informação no rótulo do produto.


Ácidos
Ácido Sórbico (C6H8O2)
O ácido sórbico juntamente com o mais importante dos seus sais, o sorbato de potássio, são poderosos conservantes de alimentos como os derivados do leite, margarinas, sucos de frutas, doces, geléias, bebidas, pães, bolos, pescados, embutidos e carnes (o que preserva a cor vermelha).
Foi batizado com o nome ácido sórbico, pois foi obtido pela primeira vez a partir do óleo de frutos da sorveira (Sorbus aucuparia).
A ação inibitória do ácido e de seus sais depende do pH da substância a ser conservada, quanto mais acido, maior a capacidade de inibir a ação dos microrganismos.
Seu uso é seguro porque além de inibir o desenvolvimento de patógenos em alimentos, não modifica nem o sabor nem a coloração natural do produto conservado. Não traz risco a saúde, pois é metabolizado e degradado em água e gás carbônico que são posteriormente eliminados do corpo.

Ácido Cítrico (C6H8O7)
É um ácido orgânico fraco, encontrado sob o estado sólido em temperatura ambiente, aparenta cor branca ou translúcida, inodoro, de sabor azedo, completamente solúvel em água, biodegradável, de baixo ponto de fusão, atóxico, não inflamável, presente nos compostos cítricos, como por exemplo, limão, laranja, tangerina etc.
Apresenta propriedades antioxidantes, acidulantes, flavorizantes, sequestrantes e reguladoras de acidez. Nos laticínios atua como estabilizante, ajuda a manter o pH ideal de doces. Age como conservante combatendo o desenvolvimento de microrganismos; no preparo de peixes e frutos do mar é usado para combater o surgimento de manchas, cheiros e sabores indevidos.

Ácido Láctico (C3H6O3)
Forma-se naturalmente durante a fermentação de alguns alimentos como queijos, iogurtes, molho de soja etc. Pode também ser produzido sinteticamente. O ácido lático utilizado pela indústria de alimentos é obtido exclusivamente do açúcar da cana.
O ácido láctico e seus sais, os lactatos de sódio ou de potássio, atuam como agentes bacteriostáticos que aumentam o tempo de latência dos microrganismos e/ou diminuem sua taxa de crescimento.
Os lactatos abaixam a atividade da água, e isto contribui a bloquear o desenvolvimento bacteriano, aumentando assim o tempo de conservação.
A dosagem normalmente usada está na faixa de 0,05% a 2 %.
Gorduras saturadas são ácidos graxos. Os insaturados, em temperatura ambiente, líquidos e a saturada, sólido.
São menos propensas à oxidação, permitindo a durabilidade dos alimentos por mais tempo.
O açúcar atua como inibidor de micro-organismo através do processo de osmose.


Conclusão
Vimos então que processos como: Defumação, Fermentação, Conserva em Sal e Açúcar, Nitratos e Nitritos, Sulfitos e Ácidos etc. são utilizados na conservação de alimentos.
Esses processos evitam a proliferação de microrganismos patogênicos e deteriorantes nos alimentos, fazendo com que “durem” mais.
Vimos também que o consumo em excesso de certos aditivos químicos pode levar o desenvolvimento de tipos específicos de câncer. Por isso, deve-se ter cuidado ao consumir alimentos enlatados e embalados a vácuo.
A praticidade dos produtos enlatados é tentadora, mas também pode ser prejudicial à saúde.
Concluímos então que o uso de conservantes pode ser tanto benéfico quanto prejudicial (quando consumido em excesso). Portanto, devemos tomar cuidado, e estarmos cientes dos riscos de consumirmos tais alimentos.

Bibliografia


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