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segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Globalização, reformas educacionais e ensino de
línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá
Ruberval Franco Maciel
Recebido 13, set. 2010 / Aprovado 10, jan. 2011
Resumo: A globalização tem sido uma questão central na redefinição das políticas públicas, sobretudo no papel da língua inglesa como fator de inclusão e exclusão social. Nesse
artigo, discuto três aspectos importantes: a interface da globalização com o ensino de língua
inglesa, a formação de professores e a implementação de propostas curriculares no contexto
brasileiro e a descrição de um projeto interinstitucional de formação de professores em
diálogo com pesquisadores canadenses.
Palavras-chave: globalização; política linguística; reformas curriculares.
Introdução
Globalização é um termo que tem sido utilizado para descrever várias mudanças sociais. Seargeant (2009) refere-se à globalização como um movimento
político-econômico e cultural. Essas transformações possuem grandes impactos
nas formas como as pessoas se relacionam, desestabilizam centros existentes de
autoridade e segurança, influenciam na organização do mercado, na produção e
na difusão de formas culturais. Sob esses aspectos, Brydon e Coleman (2008) sugerem que as bases fundamentais de muitos aspectos da condição humana sejam
repensadas.
Há várias possibilidades de análise da globalização. Uma delas vê a globalização como um fenômeno localizado, distribuído em diferentes escalas, do global
ao local, e examina as conexões entre os vários níveis que, conforme Blommaert
(2010, p. 1), não reduzem os fenômenos e eventos em seus contextos mais recorrentes. A respeito dessa visão mais holística, Brydon (2010) chama a atenção para
o fato de que até mesmo as pessoas que nunca mudaram de local possuem suas
vidas afetadas por decisões tomadas em outros lugares, e seus imaginários interagem254 Ruberval Maciel
com as ideias e as imagens que transitam pelo globo. Aponta, ainda, que os aspectos
locais e globais comumente possuem conotações de oposição, mas que, segundo
a autora, deveriam ser vistos como coconstruídos.
Na educação, Edwards e Usher (2008) afirmam que cada vez mais têm
emergido debates sobre a interface entre globalização e educação, sobretudo nos
discursos sobre engajamento dos alunos como cidadãos ou consumidores de novas
formas da tecnologia de informação e comunicação. Além disso, Burbules e Torres
(2000) mencionam que outro fato importante a ser considerado é a relação entre
os contextos econômicos e políticos da globalização e, consequentemente, as discussões sobre a necessidade de reformas educacionais. Sob esse aspecto, Rizvi e
Lingard (2010) discutem que vários países, em suas políticas públicas educacionais,
têm considerado a necessidade de se preparar os estudantes para a participação
na economia global e com isso, melhorar a competitividade nacional. No entanto,
tais medidas têm sido vistas com cautela pelos educadores, sobretudo em relação
às práticas hegemônicas neoliberais como medidas de “garantir” a padronização
do conhecimento, implementadas com o uso de diversas estratégias como, por
exemplo, os exames internacionais de desempenho, a adoção da visão ocidental
eurocêntrica de validação de conhecimento e cultura, entre outros aspectos.
Por outro lado, a globalização, além de evidenciar aspectos que estavam
à margem, também contribui para evidenciar práticas locais. Zacchi (2010), por
exemplo, descreve como a língua inglesa tem sido usada pelos sem-terra como
ferramenta de comunicação, na articulação de resistência local e global. Sobre
o conceito de conhecimento local, Norton (2010, p. 8) afirma que este se refere
a “maneiras de saber pelas quais as pessoas negociam seus próprios termos que
estão tipicamente fora das fronteiras dos paradigmas ‘aceitáveis’ ou ‘dominantes’
[...] fundamentados em familiaridade pessoal e derivado de experiência vivida.”
Na linguística aplicada, Canagarajah (2002, 2005, 2006) aponta que o empirismo
inspirado pelo iluminismo levou a uma crise do conhecimento local, uma vez que
“o modernismo estabeleceu redes de trabalhos geopolíticos em uma economia mundial que incentiva a divisão de vida e que todas as comunidades são pressionadas
a uma marcha de uniformização para obtenção do progresso” (CANAGARAJAH,
2002, p. 245). Essa visão de avanço favorece o conhecimento ocidental como
sinônimo de conhecimento global, colocando o conhecimento local em segundo
plano, através de um processo de hibridação e adaptação.Globalização, reformas educacionais e ensino de línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá 255
A natureza contraditória, gerada como efeito da globalização, é reconhecida
por teóricos da globalização e de pós-colonialistas. Um dos autores frequentemente
citado sobre essa temática é Appadurai (2000) que afirma que o problema central
das interações globais são as tensões entre a homogeneização e heterogeneização
cultural. Para tanto, Mignolo (2000) sugere o conceito de border thinking para
lidar com deslocamento dos modelos considerados universalmente válidos das
perspectivas eurocêntricas e ocidentais. Suarez-Orozco e Quin-Hilliard (2004,
p. 3), por sua vez, apontam que um dos maiores desafios para a educação, mundialmente, é o domínio da diferença e o domínio da complexidade uma vez que
“a globalização desfaz a coerência que o projeto modernista dos séculos XIX e
XX que o estado-nação pretendia disseminar”. Gerenciar as diferenças está se
tornando um dos maiores desafios principalmente para os países multiculturais e
requer uma nova agenda educacional. Para tanto, os autores sugerem a expressão
interrupting thinking as usual (interromper o pensamento de costume), ou seja, o
entendimento tido como certo e as visões de mundo que moldam os estilos cognitivos e metacognitivos e práticas educacionais.
Gerenciar as diferenças pode ser umas das questões mais importantes para
a juventude globalizada. Para investigar tamanha complexidade, Suarez-Orozco
e Quin-Hilliard (2004) sugerem uma compreensão interdisciplinar e colaborativa
para a natureza dos problemas. Sensível a essas questões e adotando uma perspectiva interdisciplinar e colaborativa, a Universidade de São Paulo desenvolve um
projeto em parceria com outras universidades públicas brasileiras e canadenses.
Antes de abordar especificamente essa colaboração, discuto, a seguir, a relação
entre a globalização e o ensino de língua inglesa.
Globalização e ensino da língua inglesa
A língua inglesa tem sido comumente associada à língua oficial da globalização, que tanto pode incluir como excluir os cidadãos. Sob essa ótica, Brydon
(2009, p. 2) menciona que “o inglês possibilita a entrada e a saída em um diálogo
global e que está atravessando muitos tipos de fronteiras para criar uma esfera
pública global.” Para a autora, o imaginário causado pelo discurso neoliberal
da globalização tem produzido vários efeitos, entre os quais “saber inglês está
se tornando um novo tipo de letramento importante”, estendendo-se até mesmo 256 Ruberval Maciel
aos limites de países não anglófonos. Assim, dependendo da perspectiva epistemológica, o ensino do inglês pode se tornar um negócio, com base na visão de
educação como serviço, com o objetivo de “preparar” os alunos para a sociedade
do conhecimento.
Nesse cenário, as escolas particulares de ensino de línguas estrangeiras,
para atrair mais clientes, há muito tempo têm se beneficiado do discurso mercadológico de que aprender inglês é um aspecto chave para o sucesso profissional.
Além disso, as escolas de línguas e o mercado de livros didáticos têm favorecido
padrões específicos de inglês dos países falantes de prestígio, embora a palavra
“padrão” carregue a ideologia relacionada à qualidade e estabeleça relações de
poder (WIDDOWSON, 2010), ou seja, a variante da língua inglesa remete-se ao
poder econômico dos países falantes dessa língua.
Nesse sentido, Ives (2006, p. 124) levanta uma questão importante no
que se refere à “maciça literatura sobre a chamada ‘globalização’ e todos os
debates sobre sua relação com o capitalismo e democracia, mas que, no entanto,
a língua desempenha um papel relativamente pequeno e secundário” nas pesquisas, sobretudo no que se refere à interface da “ideologia do individualismo
e seus efeitos sobre como o inglês é entendido”. No Brasil, o modelo de inglês
“desejável” privilegia apenas as variantes norte-americanas e britânicas, sob o
efeito dos discursos da mídia que destacam tais modelos, conforme apontados
por pesquisas conduzidas por Jordão (2009). Paradoxalmente, enquanto a globalização projeta a imagem da diversidade, também implica na homogeneização
cultural, influenciada pela padronização global de atividades econômicas e de
fluxo de produtos culturais do centro para a periferia, como levantado por Block
e Cameron (2002, p. 13).
Outro fator que pode ter contribuído para esse cenário educacional brasileiro de ensino de língua inglesa, de acordo com Fabrício e Santos (2010, p. 95),
é a forma pela qual esta tem sido ensinada, uma vez que as metodologias são
dissociadas do papel político e educacional que pode, então, contribuir para a
expansão das questões de valores e poderes relacionados aos modelos imperialistas. Nos cursos livres, o principal foco do ensino de inglês tem sido a aplicação
da abordagem comunicativa, que pode contribuir para reforçar a ideologia dos
aspectos culturais da língua, cuja posse é dissociada dos aspectos locais, sociais,
políticos e culturais. Nas escolas regulares, tanto nas públicas quanto nas privadas, Globalização, reformas educacionais e ensino de línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá 257
em geral, a ênfase de ensino tem sido dada à sistematização do conhecimento
sistêmico da língua. Essa visão não abre espaço para a discussão dos aspectos
tanto globais quanto locais, uma vez que a ênfase se dá na estrutura da língua e
do ensino de vocabulário de forma isolada do idioma como prática social e dos
aspectos críticos.
A abordagem vigente nas escolas brasileiras, bem como em outras partes do
mundo, limita o ensino de língua estrangeira a uma visão reducionista com enfoque
apenas no aspecto linguístico e no desenvolvimento da competência comunicativa,
conforme apontados por Mattos e Valério (2010). Além disso, Norton (2000, p.
16) diz que a competência comunicativa defendida por Hymes, Canale e Swain
não leva em consideração “o entendimento de que as regras de uso são social e
historicamente construídas para apoiar os interesses de um grupo dominante em
uma determinada sociedade”, silenciando assim, os aspectos ideológicos e de
poder atribuídos à língua.
No que se refere à interface da globalização e educação, Suárez-Orozco e
Qin-Hilliard (2004, p. 2) afirmam que as transformações causadas pela globalização
“requererão dos jovens o desenvolvimento de novas habilidades que estão muito
além do que a maioria dos sistemas educacionais atuais possa oferecer”. Novas
visões globais são exigidas para “preparar” as crianças e os jovens para estarem
informados, engajados e se tornarem cidadãos críticos no novo milênio. Essa
visão de se preparar os alunos para que sejam cidadãos críticos há muito tempo
faz parte do vocabulário dos educadores. Com a globalização, o surgimento das
novas tecnologias, o aumento da competividade, o papel da educação como fator
de inclusão e exclusão, entre outros aspectos, o termo cidadão crítico se tornou
ainda mais evidente. Preocupados com as novas exigências educacionais globais,
pesquisadores em várias partes do mundo, como, por exemplo, na Austrália
(SNYDER, 2006), no Japão (YANO, 2009), no Brasil (MENEZES DE SOUZA E
MONTE MóR, 2006), entre outros, têm sido desafiados a propor novas práticas de
letramento, considerando os contextos locais e globais. No Brasil, como política
pública de reestruturação da educação, desde 1998, alguns documentos têm sido
lançados para o ensino da língua inglesa, conforme descrevo a seguir. Apresento,
ainda, alguns dados estatísticos para exemplificar a educação brasileira e a questão
do acesso a esta.258 Ruberval Maciel
Desafios para a formação de professores: alguns dados do Brasil
O Ministério da Educação – MEC tem lançado documentos oficiais para
os currículos de todas as disciplinas. Para as línguas estrangeiras, o grande marco
das políticas púbicas foram os Parâmetros Curriculares Nacionais, voltados para o
ensino fundamental até o 9º ano, lançados em 1998, com uma visão sociointeracional de ensino-aprendizagem. Esse documento, contudo, priorizava um letramento
mais grafocêntrico. Posteriormente, o ensino médio foi contemplado, em 1999,
com os PCNEM (Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio), embasados no
desenvolvimento de competências e habilidades, sendo reformulados teoricamente
em 2001, em função da concisão teórica dos mesmos. Cinco anos depois, foram
criadas as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM-2006). Esse
último documento apresentou teorias mais contemporâneas por que consideram
as novas linguagens em função das novas epistemologias digitais, das mudanças
ocorridas nas esferas sociais como efeito da globalização, com base nas teorias
dos novos letramentos, letramentos críticos e multimodalidades. O documento
objetiva promover reflexões e sugestões metodológicas para serem reinterpretadas
localmente. Além desses documentos federais, existem outras propostas promovidas pelos governos estaduais e municipais, como iniciativas complementares ou
independentes. Entretanto, tais documentos não foram acompanhados do devido
investimento na implementação e na formação continuada de professores em todos
os estados brasileiros.
O governo brasileiro, como política de inclusão digital, lançou uma estratégia
para minimizar as desigualdades de acesso a computadores e o acesso à internet
em 2003 e adquiriu metade da produção de computadores da época. Essa estraté-
gia foi uma tentativa de melhorar a posição do Brasil nos relatórios mundiais de
economia global sobre autonomia tecnológica e reforçar sua posição na tecnologia
de informação como um setor econômico. Porém, esse plano não se consolidou
por razões burocráticas e técnicas. A promoção de uma autonomia tecnológica
representava um movimento de resistência ao domínio exercido pelo Norte global,
como uma estratégia de globalização do Sul, conforme apontado por Schoonmaker
(2009). Atualmente, o Brasil é o quinto país em número de acesso ao computador e
o oitavo PIB mundial (dados de 2009), embora haja grandes desigualdades sociais
que desafiam a aplicabilidade de tais propostas.Globalização, reformas educacionais e ensino de línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá 259
Uma pesquisa, promovida pelo INEP, revela que 66.496 das escolas brasileiras possuem computadores; 54% delas os usam em atividades pedagógicas e 42%
estão ligadas à Rede Mundial de Computadores. Nas escolas públicas, 44,5% usam
computadores como recurso pedagógico e 34,8% têm acesso à internet. No setor
privado, 70,8% e 55,5% respectivamente. Pode-se inferir pelas porcentagens que
os computadores nas escolas não são sinônimos de propósitos pedagógicos. Braga
(2007, p. 182) afirma que “a inclusão de novas tecnologias em práticas pedagógicas
existentes é uma questão complexa”, devido às realidades sociais de países em
desenvolvimento. A pesquisadora menciona que no Brasil, similarmente a outros
contextos, o acesso ao capital cultural e aos produtos tecnológicos é negado à
maior parte da população. Rojo (2009) apresenta alguns dados estatísticos de uma
pesquisa realizada pelo Instituto de Cidadania, que entrevistou 3.501 brasileiros,
entre 15 e 24 anos, em seis estados e 198 cidades. Os números indicam que: 23%
nunca leram um livro; 39% jamais foram ao cinema; 62% jamais estiveram em
um teatro; 59% nunca estiveram em um concerto; 52% nunca estiveram em uma
biblioteca além da de sua escola.
Os números acima indicam um hiato existente na sociedade brasileira e
propõem alguns desafios à educação, entre os quais é incluído o acesso à própria
educação. O ensino superior delegou às instituições privadas o papel de ensinar
os estudantes que possuem poder aquisitivo para arcar com custos em uma dessas
instituições. De acordo com algumas estatísticas, 88% das universidades brasileiras são privadas e 12% são públicas. O mercado de diplomas promete “sucesso”,
referindo-se especialmente a uma relação integrada entre a vida diária e o capitalismo. Mesmo assim, de cada 100 alunos que iniciam a educação básica, apenas
12% terão acesso ao ensino superior, 0,2% atingem o curso de mestrado e 0,1% o
de doutorado. Os 88% restantes estão destinados a uma camada social de menos
prestígio na sociedade do conhecimento.
Os professores nas escolas regulares possuem uma sobrecarga de trabalho
e tentam contemplar a lista de conteúdos padronizados, quando é o caso. Para
suprir essa questão, o MEC incluiu no plano nacional do livro didático o edital
para avaliação e compra de livros para as escolas, atendendo às necessidades do
ensino fundamental a partir do ano de 2010 e o ensino médio a partir de 2011.
Em alguns documentos estaduais, o currículo é orientado pela preocupação do
mercado que pode contribuir para deixar o aluno vulnerável a qualquer sistema 260 Ruberval Maciel
de conhecimento que oferece algum significado em uma sociedade neoliberal.
Nesse aspecto, a pesquisa não é o foco principal e, portanto, não representa um
bem público (MENASHY, 2009). Nessa perspectiva, a “educação contribui para
a competitividade econômica e não há elos entre a educação e a arena macroeconômica” (Banco Mundial, citado em MENASHY, 2009).
O processo da globalização econômica ocasiona o relativo declínio do
estado-nação como o primeiro reprodutor de capital em todo o mundo. Os estudantes das escolas privadas no Brasil são tratados como clientes e se comportam
como tal. Em vez de tomarem responsabilidades sobre o seu próprio aprendizado,
possuem uma postura passiva, no estilo bancário, conforme criticava Paulo Freire
(1970). Caso os estudantes não percebam que a educação está acontecendo com
propósitos mais imediatistas, podem escolher outro produto que prometa melhores
resultados ou maiores garantias, como em uma cultura de consumidor passivo e
seus modos de reprodução. Essa situação tem sido bastante contestada, não apenas por educadores como Freire (1970), mas também por Giroux (2005) e Gee
(2001), entre outros, que defendem uma perspectiva mais crítica para o ensino e
aprendizagem. No setor público brasileiro, a situação não é diferente. Com um
agravante, quando as necessidades dos alunos não são supridas,eles abandonam
as escolas, o que contribui ainda mais para a exclusão social.
As reformas educacionais, conforme já salientadas, variam de esferas –
federais, estaduais e municipais – e nos últimos anos muitas propostas foram
lançadas. Embora o ensino de línguas estrangeiras seja um componente importante
no currículo, na prática a situação é diferente. Maciel (2001; 2008; 2010; 2011)
aponta para a necessidade de pesquisas que se referem à interface de reformas
curriculares e o ensino de língua inglesa, a partir de uma perspectiva de implementação. Fabrício e Santos (2010) mencionam que embora as políticas apontem
para “novas direções com relação às línguas estrangeiras, suas aplicações na sala
de aula está longe de ser rapidamente implementada”. Conforme Vieira-Abrahão
(2008), existem alguns fatores que podem contribuir para impedir novas propostas de serem implementadas, tais com as condições precárias de trabalho para os
professores, tempo, falta de oportunidades para reflexões coletivas nas escolas,
além do tempo reduzido para prática de ensino nos estágios iniciais da formação
do professor. Assis-Peterson e Cox (2007) criticam o governo brasileiro em
relação à ineficiência das escolas públicas para ensinar línguas estrangeiras. As Globalização, reformas educacionais e ensino de línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá 261
autoras destacam as interfaces da globalização, ensino da língua inglesa e suas
diferentes ideologias e afirmam que independentemente da posição assumida, as
escolas públicas têm de proporcionar aos estudantes desprivilegiados o direito
de aprender línguas estrangeiras.
Cummings e Davison (2007, p. 3) consideram que “as pesquisas sobre ensino
de línguas e as teorias têm tradicionalmente enfocado questões sobre eficácia”,
que incluem os métodos, o foco em habilidades, o ensino de línguas mediado pelo
computador, entre outras. Os autores mencionam que todas essas são questões
legítimas para os elaboradores de políticas e educadores levarem em consideração.
Contudo, quando consideradas isoladas de seus contextos, propósitos e políticas
de ensino e aprendizagem de línguas, essas questões de eficiências técnicas são
ingênuas e de pouca ajuda. O ensino de línguas não pode ser reduzido a um conjunto
de dimensões de prescrições, conforme defendem os citados autores.
Considerando uma ampla perspectiva para a formação de professores,
apresentarei os principais aspectos das Orientações Curriculares para o Ensino
Médio (OCEM-2006) e o projeto chamado Novos letramentos, promovido pela
Universidade de São Paulo (MONTE MóR e MENEZES DE SOUZA, 2009)
em colaboração com outras universidades públicas do Brasil e do Canadá, considerando um diálogo mais interdisciplinar para pesquisa. Em seguida, concluo
propondo algumas redefinições para a formação de professores de língua inglesa
em um mundo globalizado.
Documentos oficiais para o ensino médio: ensino de línguas
estrangeiras
Os primeiros documentos direcionados para o segmento do ensino médio
foram lançados em 1999 e 2001. O primeiro documento baseava-se no desenvolvimento de competências e habilidades, e o segundo apresentou uma nova
epistemologia baseada no letramento crítico e educação para uma sociedade
contemporânea. Os estados e municípios são autônomos para propor outros documentos, com epistemologias diversas. O estado de São Paulo, por exemplo,
conta com duas propostas: o currículo nacional proposto pelo MEC e outro pela
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Há, ainda, um terceiro documento
elaborado para as escolas municipais da cidade de São Paulo.262 Ruberval Maciel
Em 2006, o MEC lançou novas orientações para o ensino de línguas
estrangeiras no ensino médio, de autoria dos professores Dr. Lynn Mario Menezes de Souza e Drª Walkyria Monte Mor, da Universidade de São Paulo. O
documento oficial para o ensino médio salienta o fato de que as concepções de
linguagem, cultura e conhecimento são trabalhadas como totalidades abstratas.
Para os autores desse documento, tais concepções deveriam basear-se em uma
visão heterogênea, plural e complexa de linguagem, de cultura e de conhecimento
inserida nos contextos socioculturais, interagindo com novos insumos, podendo gerar transformações de forma crítica e eficaz. A concepção de letramentos
heterogêneos visa à formação de um aprendiz capaz de compartilhar, recriar,
recontextualizar e transformar, e não apenas reproduzir conhecimentos estanques.
Além disso, os letramentos para a sociedade atual devem visar à preparação dos
alunos para o futuro desconhecido, para agir em situações novas imprevisíveis
e incertas (OCEM, 2006).
Essas orientações foram elaboradas com base nas teorias dos Novos letramentos (LANKSHEAR e KNOBEL, 2003; SNYDER, 2001; GEE, 2001),
Multiletramentos (COPE e KALANTZIS, 2000) e Letramentos críticos (LUKE e
FEEBODY, 1997). A proposta sugere a reinterpretação do papel da língua inglesa
no currículo escolar, com os objetivos de: discutir o papel e a importância do ensino
de línguas estrangeiras para o ensino médio; apresentar as questões de inclusão
e exclusão na educação, baseadas na noção dos valores globais e a interface com
o ensino de língua inglesa; introduzir as novas teorias de linguagem e novas tecnologias (letramentos, multiletramentos, multimodalidade e hipermodalidade) e
oferecer sugestões sobre as práticas de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras baseadas em tais teorias.
O documento ressalta ainda a leitura, a escrita e a fala de uma maneira
contextualizada. Contudo, as orientações não representam o referencial (para não
repetir documento) não representam o renascimento da abordagem comunicativa
e não são prescritivas como um syllabus tradicional. Portanto, os autores propõem
uma mudança da visão instrumental do ensino de línguas para uma proposta educacional de desenvolvimento de cidadãos críticos por meio das línguas estrangeiras
(MONTE MóR, 2009).Globalização, reformas educacionais e ensino de línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá 263
Colaborações interinstitucionais e diálogos com pesquisadores
canadenses
O ensino de línguas tem sido desafiado a propor novos desenhos de pesquisas para a relação entre o global e o local. Recursos metodológicos e teorias
específicas de áreas isoladas não são mais suficientes para lidar com as questões
complexas. Novos olhares são necessários para compreender o processo de polí-
ticas linguísticas em um mundo que cada vez mais trabalha em redes e é moldado
por uma variedade de forças transnacionais e conexões que demandam um novo
imaginário global (RIZVI e LINGARD, 2010).
Esses novos olhares requerem um trabalho colaborativo, bem como possibilitam diálogos mais interdisciplinares para a complexidade dos problemas. Para
tanto, exigem uma ética que necessita colocar em prática o que Spivak (2005)
chama de unlearn privilleges que, segundo a autora, disciplinaria nosso privilégio
de ter uma consciência crítica. O privilégio é também um tipo de insularidade que
corta o privilégio de certo tipo de conhecimento do “outro”. A tradição da pesquisa
em formação de professores de língua inglesa e a forma como as disciplinas têm
sido trabalhadas de forma isolada nessa formação não têm permitido sair desse
privilégio. Britzman (1997) aponta que está na hora de se perceber que estamos
ligados a uma forma de pensar que nos amarra a uma origem e que nos impede de
ver outras maneiras, pois estamos presos às alegorias, uma vez que somos formados
por diferentes visões de linguagens.
Dispostos a propor novos desenhos e com base nas teorias apresentadas nas
Orientações Curriculares para o Ensino Médio, o projeto Novos Letramentos, sediado na USP, juntamente com outras universidades públicas como núcleos parceiros,
tem promovido um projeto interinstitucional para discutir as diversidades locais e
as relações com um contexto mais global. Para ampliar esse diálogo, participa do
projeto a Universidade de Manitoba, através do Centro de Globalização e Estudos
Culturais, coordenado pela professora Diana Brydon. Essa parceria já resultou na
ida de vários pesquisadores brasileiros ao Canadá, doutorandos e professores de
universidades públicas brasileiras, por meio de bolsas ELAP, CAPES e FAPESP,
bem como a vinda da professora Diana para proferir palestras e ministrar disciplina
em curso de pós-graduação. O projeto teve início em 2009, e em 2010, ampliouse o número de participantes, com mais de 50 apresentações de pesquisas sobre 264 Ruberval Maciel
contextos locais do Brasil, focalizando as temáticas norteadoras do projeto, bem
como a participação de mais dois outros pesquisadores canadenses, professora
Kathleen Matheos, da Universidade de Manitoba, e o professor Brian Morgan, da
Universidade de York.
O projeto nacional possui previsão de duração de quatro anos, com encontros anuais para compartilhar resultados e publicações e envolve dois aspectos
principais: investigação e colaborações, conforme resumido abaixo:
a) Investigação: focaliza a compreensão da relação entre o ensino de
línguas estrangeiras no ensino médio e sua interface com a educação, como contextos de ensino concebem a língua e o desenvolvimento da cidadania e inclusão
através do ensino de línguas estrangeiras; b) Proposta de colaboração: objetiva
um programa educacional para professores continuado localmente que tem por
alvo: 1) Elaboração de um syllabus, de acordo com as perspectivas educacionais
críticas, voltadas para as necessidades específicas locais. 2) Elaboração de syllabus e materiais pedagógicos para promover educação inclusiva através da língua
estrangeira e refletir conceitos de língua(gem) de acordo com a sociedade local e
global. (MONTE MóR e MENEZES DE SOUZA, 2009, p. 2).
Alguns conceitos apresentados por Brydon (2009) tais como comunidade,
negociação e autonomia são palavras-chave que podem descrever esse projeto.
Não se trata de modelos fixos e particularmente o que o diferencia de outras teorias
são as noções de independência e cooperação, porque levam em consideração a
percepção de cada comunidade. Em outras palavras, cada comunidade de professores representa diferentes contextos sociais e econômicos do país. Por meio
de um processo de negociação com os participantes locais, eles desenvolvem
autonomia para reinterpretar e resenhar propostas locais. Por exemplo, o núcleo
do estado de Mato Grosso do Sul (MACIEL e TAKAKI, 2009), coordenado por
este pesquisador, contempla a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e a
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que trabalham colaborativamente
dentro das especificidades de cada contexto.
Considerações finais
A globalização distingue-se de outros períodos de desenvolvimento econô-
mico pela inovação tecnológica, fluxo de comódites, capital e pessoas, além das Globalização, reformas educacionais e ensino de línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá 265
fronteiras nacionais e integração global entre governo e cultura que redefiniu as
experiências dos jovens dentro e fora da escola. As vidas das pessoas continuam
sendo vividas em realidades locais e essas realidades são cada vez mais integradas
numa rede global de relacionamentos (SUAREZ-OROZCO e QIN-HILIARD, 2004).
Esse deslocamento é feito principalmente pela utilização da língua inglesa, que é considerada a língua oficial da globalização, de forma não neutra, mas
permeada por relações ideológicas e de poder. Consequentemente, saber inglês
em um mundo globalizado pode tanto incluir ou excluir pessoas. Nesse sentido,
Phillipson (2009, p. 249) argumenta que aprender uma única lingua franca tem
se tornado um apartheid de língua global e, com isso, a política linguística continua “grandemente inalterada na era pós-colonial.” Por essa razão, as políticas
públicas para o ensino de língua inglesa buscam redefinir o papel instrumental
desse ensino, voltando-se para uma perspectiva mais crítica e educacional que se
preocupa com a cidadania global participativa ativa. Com isso, os educadores têm
sido desafiados a compreender como os alunos constroem conhecimentos usando
novas tecnologias de informação, bem como a contemplar um ensino que leve em
consideração as novas relações de trabalho, da vida pública e pessoal por meio do
ensino de línguas estrangeiras.
Como discutido neste texto, o governo brasileiro tem feito tentativas para
colocar em prática uma política de inclusão digital. Contudo, ter computadores nas
escolas não significa que os alunos estejam engajados em projetos relacionados
a novos letramentos e multiletramentos. Essas teorias são relativamente recentes
na academia e nos cursos de formação de professores. Além disso, o fato de haver
computadores na escola não significa que são usados em atividades didáticopedagógicas. Isso pode ser comprovado por um levantamento feito pela Fundação
Victor Civita em 2009, realizado em 400 escolas de ensino fundamental e médio,
em 13 capitais brasileiras, que indica que 89% delas possuem computadores, entre
as quais 83% têm acesso à internet. No entanto, a maioria das escolas ainda não
conseguiu inserir a tecnologia nos projetos pedagógicos, sendo que uma das razões
apontadas pela pesquisa se deve à dos professores. Acrescento, ainda, que ter apenas
um laboratório na escola limita também a aplicação em todas as disciplinas por não
atender a quantidade de turmas. A pesquisa aponta, ainda, que o computador na
escola é utilizado para outros propósitos, como nas secretarias, nas bibliotecas, nas
salas de professores e, em menor aplicação, nas atividades didático-pedagógicas. 266 Ruberval Maciel
Quando são usados, 74% das respostas indicam que acabam realizando atividades
menos complexas como digitação e edição de texto.
Destaco, ainda, que o contexto vigente nas escolas brasileiras é de professores
que seguem um paradigma de transmissão, cujos planejamentos são padronizados
com listas de conteúdos legitimados por uma tradição e que nem sempre são coerentes com uma sociedade globalizada. Essa sociedade possui diferentes valores, em
que o conhecimento não está mais disposto apenas em bibliotecas, livros didáticos,
enciclopédias ou na mente dos professores. Os alunos da geração atual precisam
gerenciar e fazer uso de muitas informações, disponíveis em diferentes contextos,
nos quais a escola e os professores não são mais as principais fontes de informações.
O projeto sobre novos letramentos foi uma ação encontrada por pesquisadores de várias universidades brasileiras, em sua maioria, públicas, bem como o
diálogo com pesquisadores canadenses, como um espaço para reflexão e intercâmbio de pesquisas locais. Essa medida pode ser uma alternativa para recriação de
programas de educação de professores, como uma comunidade de pesquisa que
negocia conceitos, reinterpreta-os localmente, desenvolve autonomia e compartilha
resultados. Nesse espaço colaborativo, debates sobre a natureza de um programa
educacional da língua inglesa podem ser negociados, levando em consideração
os conceitos filosóficos da língua, bem como a noção do global e local, inclusão
e exclusão, cidadania e os novos estudos para promover a agência dos estudantes
e professores visando à justiça global.
Abstract:Globalization has been a centre issue in the redefinition of public policies, particularly the role of english language teaching as a factor of social inclusion and exclusion.
In this article I discuss three important aspects: firstly, the interface of globalization with
english language teaching, secondly teacher education and curricular implementation in
the brazilian context and finally I describe an interinstitutional project of teacher education
in dialogue with canadian researchers.
Keywords: globalization; language policy; curricular reforms.
Résumé: La globalisation a été un facteur important pour la redéfinition des politiques
publiques, surtout pour la définition du rôle de la langue anglaise comme facteur d´inclusion
et d´exclusion sociale. Dans cet article, je discute trois aspects importants: l´interface de Globalização, reformas educacionais e ensino de línguas: colaboração de pesquisa Brasil/Canadá 267
la globalisation comme enseignement de la langue anglaise, la formation des professeurs
et la mise en pratique des propositions curriculaires dans le contexte brésilien, et je décris
un projet interinstitutionnel de formation de professeurs à partir des conversations avec
des chercheurs canadiens.
Mots-clés: globalisation; politique linguistique; réformes curriculaires.
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