Radiação na área de Fukushima é extremamente alta, alertam EUA
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A piscina de armazenamento de combustível usado no reator 4 da usina nuclear japonesa Fukushima não tem mais água, o que gera níveis de radiação "extremamente altos", disse o chefe da Comissão Reguladora Nuclear americana (NRC) nesta quarta.
"Nós acreditamos que a região do reator possua altos níveis de radiação", disse o diretor da comissão, Gregory Jaczko. "Será muito difícil que trabalhadores de emergência consigam chegar até o local. As doses [de radiação] às quais eles podem ser expostos seriam potencialmente letais em um período curto de tempo", acrescentou. No entanto, Jaczko ressaltou que a NRC tem "acesso limitado" ao que está acontecendo no Japão, e se recusou a especular mais sobre o assunto.
Agência confirma danos nos núcleos de três reatores
Entenda a situação na usina nuclear de Fukushima, no Japão
Entenda a situação na usina nuclear de Fukushima, no Japão
Mais cedo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que houve danos nos núcleos dos reatores 1, 2 e 3 do complexo. A agência não detalhou a gravidade dos danos, mas afirmou que não se pode dizer ainda que a situação esteja "fora de controle".
"A situação evoluiu e é muito séria", disse, em Viena, Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA. Ele afirmou que a empresa operadora da usina, a Tokyo Electric Power Co., "está fazendo o máximo para restaurar a segurança dos reatores".
A preocupação é que o reator 3 é o único da usina que usa plutônio como combustível. Segundo pesquisas do governo norte-americano, o plutônio é muito tóxico para os seres humanos, e uma vez absorvido na corrente sanguínea, pode permanecer por anos na medula óssea ou no fígado e até mesmo causar câncer.
PREOCUPAÇÃO
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, também expressou preocupação com a crise. "A situação é muito grave nessa usina nuclear. Estamos muito preocupados, oferecemos ajuda ao Japão e temos especialistas auxiliando e avaliando informações de forma independente", afirmou.
Segundo especialistas, a evaporação da água da piscina de combustíveis reciclados --que está quase ao ar livre-- poderia liberar dejetos radioativos da mesma intensidade que Tchernobil, na Ucrânia, em 1986.
As barras (varetas) de combustíveis usados, que continuam liberando muito calor, se encontram em uma piscina situada na parte superior do reator parado para manutenção desde bem antes do terremoto de magnitude 9 e do tsunami da sexta-feira (11).
Após dois incêndios no prédio que comporta o reator, a piscina ficou "quase ao ar livre" e uma grande radiação escapa do local, destacou também um dirigente do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), Thierry Charles.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a temperatura nas piscinas de resíduos nucleares dos reatores 4, 5 e 6 é muito superior ao permitido, chegando a triplicar sobre o recomendado.
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A temperatura da água também começou a subir. Ao invés de registrar cerca de 30ºC de costume, o tanque atingiu os 80ºC. O risco, com a evaporação, é de que as varetas, ainda um pouco isoladas do exterior pelo líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento não for colocada rapidamente, as barras de combustíveis vão se desgastar e emitir dejetos muito radioativos diretamente na atmosfera.
Com o combustível em fragmentos, diretamente ao ar livre, "estaríamos no mesmo nível de exposição que em Tchernobil", afirmou o especialista.
O possível cenário "catastrófico" se definirá em 48 horas. "Uma evaporação completa do reator poderia acontecer daqui a um dia ou dois dias, com enormes emissões já no dia seguinte", explicou Charles.
Diante da situação crítica, as autoridades japonesas cogitam utilizar um caminhão-pipa com canhão de água para molhar o reator, após uma tentativa frustrada de recorrer a um helicóptero. Logo acima da piscina, a dose de radioatividade já estaria muito elevada até mesmo para o piloto.
Na pior das hipóteses, se o combustível degradado se encontrar ao ar livre, a radiação seria tanta que "seria necessário interditar o acesso ao lugar em seguida, incluindo a entrada dos outros seis reatores ao redor", disse Charles.
RETIRADA
Preocupada com a potencial exposição à radiação, o Exército dos Estados Unidos não vai permitir que soldados entrem em um raio de 80 km que circunda a usina nuclear de Fukushima, segundo informou o porta-voz do Pentágono, David Lapan, nesta quarta-feira.
A embaixada dos EUA em Tóquio também está aconselhando aos cidadãos norte-americanos para que evacuem a área, caso isso seja possível.
Mesmo com a determinação de distância mínima dos reatores nucleares da usina, operadores de helicópteros do país norte-americano estão tomando as primeiras doses de iodeto de potássio, a fim de ajudar a proteger a glândula tireoide de uma possível exposição à radiação.
O porta-voz disse ainda que o governo japonês não pediu para que os EUA enviassem soldados a fim de ajudar a conter o superaquecimento nos reatores da usina. Caso o pedido fosse feito, entretanto, Washington consideraria uma exceção e ultrapassaria a zona de exclusão.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Oito navios militares americanos, incluindo o porta-aviões "Ronald Reagan" e sua escolta, participam das operações de resgate no nordeste do Japão.
O "Ronald Reagan" é usado como plataforma para abastecer os helicópteros do exército e da guarda costeira japoneses que participam das operações de resgate.
Já os aparelhos do porta-aviões realizam missões de reconhecimento e abastecimento das vítimas do desastre, segundo o Pentágono.
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