sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Há espaço para rascunho nas provas do Enem, diz presidente do Inep


Há espaço para rascunho nas provas do


Enem, diz presidente do Inep

Joaquim José Soares Neto disse que provas chegam no sábado (6) a escolas.
Exame será realizado em 16 mil locais em 1.800 municípios.

Fernanda NogueiraDo G1, em São Paulo
Presidente InepPresidente do Inep, Joaquim José Soares Neto
(Foto: Reprodução/Globo News)
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Joaquim José Soares Neto, afirmou nesta sexta-feira (5) que haverá espaço suficiente para rascunho nos cadernos de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apesar de os estudantes só poderem usar caneta para fazer a prova.
O exame será realizado neste sábado (6) e no domingo (7).
Sobre a polêmica proibição do uso de relógio, lápis e borracha, Soares Neto disse que as regras são necessárias por questões de segurança.
O tempo de prova será controlado por um sinal sonoro na abertura, um aviso oral quando faltar meia hora para o término do tempo e outro sinal sonoro ao final. O aluno pode ainda perguntar o horário aos fiscais, segundo o Inep.
As provas só chegarão aos locais de exame neste sábado. Sob forte esquema de segurança que envolve as Forças Armadas e as polícias militares dos estados, as provas estão em postos com grande estrutura de segurança nesta sexta-feira, de acordo com Soares Neto.
O presidente do Inep descarta a possibilidade de atrasos na entrega dos exames nos 16 mil locais de prova, distribuídos por 1.800 municípios. “Toda a logística de distribuição dos Correios está muito bem montada para não haver esse tipo de atraso”, disse.
No ano passado, uma prova do exame foi furtada da gráfica às vésperas da aplicação em outubro. O Enem acabou cancelado. Outra prova teve de ser elaborada às pressas para aplicação em novembro.
Questionado se foi descoberto o culpado do vazamento de dados dos estudantes no site do Enem, Soares Neto disse não haver informações conclusivas sobre o caso. "O Inep fez uma varredura de segurança e todas as estruturas são bastante rígidas em termos de segurança", disse.
Confira a entrevista de Soares Neto ao G1:
O senhor está satisfeito com a decisão da Justiça Federal do Espírito Santo, que manteve a proibição do uso de relógio, lápis, borracha e apontador?
Quando fizemos o edital, pensamos muito bem sobre todos os pontos que colocamos ali. Colocamos os pontos que achamos necessários. A decisão foi justa. Colocamos o relógio por uma questão de segurança, porque tem relógios que podem transmitir informação. A gente está zelando pela segurança, pelo sigilo, por todo o processo. Ao exigir esse item, pensamos na segurança do processo. Na questão do lápis, temos dois pontos. Equipamentos de leitura são menos sensíveis ao grafite do que à caneta preta. Todos os concursos pedem o uso de caneta preta, de preferência. O outro ponto é também um ponto de segurança. Se o estudante marca a lápis, e esquece depois de passar a caneta, tem uma marca a lápis, que pode ser apagada. Cabe ao Inep zelar por todo o processo. A marca à caneta é uma garantia, em qualquer momento, de que aquela marca foi feita pelo estudante, de que ninguém poderia mudar aquela marca no futuro.
Vai ter espaço suficiente nos cadernos de provas para os estudantes fazerem cálculos e o rascunho da redação à caneta?
Tem, sim. Tem os espaços para ele fazer o rascunho dele.
Mesmo sem poder apagar?
Mesmo sem poder apagar. Ele vai poder fazer o rascunho dele.
Tem espaço para rascunho junto com cada questão?
Não tenho a informação específica de cada questão. Tem o espaço de rascunho para o estudante fazer.
Há folhas só de rascunho?
Tem o espaço suficiente para ele fazer as questões. Isso foi levado em consideração.
Onde estão as provas hoje? Estão nas escolas?
É toda uma estrutura envolvendo as Forças Armadas e os Correios. Essas provas estão em postos com grande estrutura de segurança e só irão às escolas amanhã antes da prova. Todo o trajeto entre os postos, entrepostos e a escola será acompanhado pelas polícias militares dos estados. Não tem prova viajando sem uma escolta da Polícia Militar.
Não há risco de atraso?
Não, de forma alguma. Toda a logística de distribuição dos Correios está muito bem montada para não haver esse tipo de atraso. As rotas são todas muito bem desenhadas pelos Correios. As provas chegarão às escolas bem antes do começo da prova.
Quem faz a segurança nas escolas?
Externa, são as polícias militares. Interna, tem toda uma estrutura de segurança das instituições do consórcio aplicador.
Quantas pessoas estão envolvidas no total na aplicação da prova?
Por volta de 350 mil pessoas, envolvendo segurança e aplicação.
Quantos são os locais de prova?
São 16 mil locais de prova em 1.800 municípios.
Houve pedidos de mudança de local de prova?
Seguimos o edital totalmente, de que os locais de prova não poderiam ser mudados. Não houve pedidos formais de mudança de local de prova.
Qual é a dica para o estudante não errar no preenchimento do cartão de respostas?
O melhor é ir fazendo a prova, ir marcando na prova e só passar para a folha de respostas quando estiver na fase final de solução do problema. Resolver a prova e depois passar para a folha de respostas.
O que tem de escrever no cartão de respostas?
É muito importante marcar a cor da prova que está fazendo. São quatro cores. Nos dois dias, não necessariamente, a cor da prova do primeiro dia é a mesma do segundo dia.
Quais são as cores?
As cores são um dos pontos de segurança.
Tem de escrever no cartão de respostas a opção de língua estrangeira?
Não. Na folha de respostas, vem escrito a língua que escolheu. Tem que responder a prova que fez opção. Não pode ter feito inscrição para inglês e depois resolveu responder espanhol. Não pode fazer isso.
As questões das duas línguas vêm juntas?
Sim, vêm no mesmo caderno.
Estudantes reclamam que a prova vence pelo cansaço. Os enunciados estão mais curtos?
Foi dada orientação para a banca que montou a prova que fosse levada em consideração essa questão. Então, este ano a prova tem textos mais curtos do que a do ano passado. Isso foi levado em consideração.
Vai haver tempo suficiente para responder todas as questões?
Tem o tempo. O estudante sabe que tem que trabalhar de forma concentrada, mas é possível, sim, responder as questões no tempo dado.
O número de questões pode diminuir no futuro?
Não está sendo considerado isso. O desenho atual é um desenho que, para o Inep, é um bom desenho, esse tamanho de prova.
Por que o gabarito só será divulgado dois dias após a prova?
No geral, o gabarito não sai no dia. É um processo de segurança muito importante. No Inep, só na segunda-feira virão as provas para que sejam verificadas para fechamento do gabarito. Toda a estrutura que a gente faz visa não ter ninguém antes da prova, ou no mesmo dia da prova, com acesso ao gabarito. Só após a prova que vai se consolidar a estrutura final. Nós, passo por passo, fomos desenhando a estrutura de segurança do Enem. Todas as mudanças necessárias para garantir a maior segurança, nos mínimos detalhes, fomos fazendo. Essa mudança de domingo à noite, como era tradicional, para terça-feira, é exatamente para permitir a discussão sobre o gabarito da prova só após a prova.
O senhor é a favor de dois Enems por ano?
Na verdade, a questão da quantidade dos exames é uma questão de estruturação operacional. Se você puder aplicar duas vezes por ano, é bom para os estudantes. Mas o Inep ainda não discutiu esta questão para 2011.
Qual é o perfil dos inscritos no Enem?
São 4,6 milhões de pessoas. Tem estudantes que estão fazendo o terceiro ano do ensino médio. Tem estudantes que já concluíram e estão fazendo o Enem porque querem acessar uma vaga, uma bolsa do ProUni ou um financiamento. Tem estudantes que já concluíram. Tem estudantes que estão fazendo para conseguir o certificado do ensino médio. Os estados que quiserem podem usar o Enem para certificar. Tem estudantes também que ainda não terminaram o ensino médio e querem fazer o Enem.
Do total, 58% já terminaram o ensino médio há mais tempo e não agora. O que significa esse dado?
Mostra o grande interesse dos estudantes pelo Enem. Dentro desses 58% pode ter pessoas que querem a certificação do nível médio, querem acessar uma das vagas do SiSU (Sistema de Seleção Unificada) ou pode estar querendo acessar vagas em universidades.
Dá para dizer quantos dos inscritos querem apenas a certificação do ensino médio?
São 528.658 pessoas.
É um número expressivo?
Sim. Está dentro do número histórico da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
É possível saber quantas delas nunca fizeram o ensino médio?
Não. Não temos essa informação.
Esse é o primeiro ano em que pessoas que não fizeram o ensino médio podem usar o Enem para ter a certificação. Por que oferecer a certificação mesmo sem ter o ensino médio?
O Brasil é muito complexo. Tem pessoas que não tiveram oportunidade de cursar as escolas na idade normal. Trabalham e têm que fazer parte dos estudos à noite e você tem que oferecer um exame para que possam ter a oportunidade de fazer e conseguir o certificado. Ele pode ser autodidata, cursar aulas à noite. É uma forma muito importante de permitir que pessoas que não tiveram oportunidade de fazer o ensino regular tenham a certificação.
Há especialistas que criticam a possibilidade de oferecer a certificação a alguém que não fez o ensino médio. Dizem que isso poderia esvaziar esse ciclo. Acredita nisso?
Não, de forma alguma. A gente olha pelas estatísticas. Cada vez mais estudantes brasileiros estão entrando no ensino fundamental e terminando e, depois, indo para o ensino médio na idade regular.
Mesmo assim, há uma evasão muito grande no ensino médio, não?
Sim, há, pela complexidade do Brasil. O Brasil é muito complexo. Toda essa complexidade leva essas crianças a saírem da escola. Mas são problemas, não só da escola, mas muito mais gerais do que a escola.
O que mudou na segurança do site do Enem após o vazamento de informações?
Como foi dito na época, a estrutura de segurança do Inep é muito rígida. O que foi discutido naquela época foi relativo a dados reservados que as universidades utilizam para a primeira fase do processo seletivo.
Foi possível descobrir quem vazou os dados? Na época, o senhor chegou a falar que seria uma instituição que teria vazado.
Não. Não tenho nenhum dado a respeito disso.
As universidades continuam com acesso aos dados, usando a senha delas?
Sim. As instituições têm que ter acesso aos dados do Enem para que possam fazer seus processos seletivos. Agora, é uma estrutura bastante sólida e rigorosa de segurança.
Mudou alguma coisa na segurança do site?
O Inep fez uma varredura de segurança e todas as estruturas são bastante rígidas em termos de segurança.
Deu para descobrir quem foi o culpado pelo vazamento dos dados no site?
Não. Não tem informações conclusivas.
Alguns dos nossos leitores questionam por que não foi divulgado o resultado do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2009. Há previsão para divulgação?
Serão divulgados antes do dia 21 (de novembro), que é o dia do Enade 2010.
Por que não foram divulgados até agora?
Na verdade, não tem uma data específica para divulgação do Enade. O que estamos fazendo é toda uma checagem muito rigorosa para divulgar.
O senhor continua no cargo no ano que vem?
Não tem absolutamente nada em relação a isso, porque o governo termina no dia 31 de dezembro e é até esse dia que tenho compromisso de permanecer no cargo.
O senhor gostaria de permanecer?
Meu cargo é um cargo de confiança do ministro da Educação. O governo tem uma data para terminar e é nesta data que termina nossa função.
Se o ministro da Educação (Fernando Haddad) ficar e quiser que o senhor fique, o senhor aceitará?
Não procede eu responder ou qualquer pessoa que ocupa um cargo de governo responder isso. A decisão não é da pessoa. É da estrutura de governo. Eu tenho uma missão e vou trabalhar até o último dia, intensamente, cumprindo minha missão.

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