Medicina de cinema
Cientista brasileiro ganha prêmio no exterior com estudo sobre veste robótica capaz de devolver movimentos a tetraplégicos
POR CLARISSA MELLO
Rio - Quem não conhece o trabalho de Miguel Nicolelis — um autêntico paulistano apaixonado pelo Palmeiras — não imagina que, por trás da barba espessa, da voz calma e dos olhos atentos, esconde-se um dos homens mais inteligentes do Brasil e do mundo. Ganhador de diversos prêmios por suas contribuições à Medicina e à Ciência, o neurocientista tem um sonho audacioso: criar uma veste robótica capaz de devolver a portadores de paralisia movimentos de braços e pernas, controlados só pelo pensamento.
“Seria como um Robocop?”. Nicolelis ri. “Não chega a tanto”, responde o humilde gênio, que lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência da Universidade Duke, Estados Unidos.
Segundo Nicolelis, trata-se, na verdade, de um exoesqueleto (estrutura esquelética externa ao corpo). A ideia é que, ligado ao corpo humano, ele seja controlado pelo próprio paciente por meio de chip implantado ao tecido do crânio. Esse dispositivo poderia captar sinais elétricos produzidos pelo cérebro, e transformá-los em fórmulas matemáticas, que representariam comandos de movimento. Simplificando: se o paciente pensa que quer mexer o braço, o chip traduz a informação e o braço se mexe com o auxílio do exoesqueleto.
“Em nossas pesquisas, descobrimos que o cérebro do paciente assimila a veste robótica como extensão do corpo. Ele não acha que está usando um equipamento estranho, e reconhece a veste como parte de si”, diz.
Para simular o uso das vestes robóticas, o cientista está investindo em pesquisas com avatares.
“São programas de computador que geram um corpo virtual com as características físicas dos exoesqueletos. Estamos fazendo testes com macacos. Eles já são capazes de controlar os avatares só pelo pensamento”, diz. “Nos testes com os animais, ainda são usados fios. Mas estamos desenvolvendo um modelo wireless, que será empregado na veste robótica”.
O cientista não perde tempo: pretende testar o projeto em humanos em 2014. “Gostaria que o voluntário fosse adolescente paralisado na época da Copa do Mundo, para mostrar que nosso País não é só futebol.”
Tratamento inédito para Mal de Parkinson
Miguel Nicolelis também pesquisa um tratamento inédito contra o Mal de Parkinson, doença que não tem cura e atinge 200 mil pessoas no Brasil. Ele está desenvolvendo um método de estimulação da medula espinhal por um dispositivo implantado na região. O tratamento já começou a ser testado em camundongos. Nicolelis teve sucesso ao devolver movimentos normais em ratos com capacidade motora interrompida segundos após o equipamento ser ligado.
“O dispositivo dispara correntes elétricas em frequência baixa e sincronizada, capaz de reorganizar a atividade elétrica do paciente. É uma terapia pouco invasiva e eficaz”, acredita o neurocientista.
Enquanto isso, na ficção
ROBOCOP
Febre nos anos 80, o filme contava a história de um policial que, depois de ser dado como morto, foi transformado em um moderno e poderoso cyborg de combate ao crime, batizado de Robocop. Chips foram implantados no crânio do policial para garantir mira computadorizada. Além disso, ele teve o corpo revestido titânio e braços e pernas reconstruídos.
HOMEM DE FERRO
A história do herói dos quadrinhos começou na guerra do Vietnã, onde o inventor Tony Stark foi preso e obrigado a criar uma arma poderosa para garantir sua sobrevivência. O milionário inventou um traje especial: um exoesqueleto semelhante a uma armadura. Enfrentou as tropas e as derrotou. Muitas versões do exoesqueleto já foram criadas. Hoje, ele se baseia em chips.
“Seria como um Robocop?”. Nicolelis ri. “Não chega a tanto”, responde o humilde gênio, que lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência da Universidade Duke, Estados Unidos.
Segundo Nicolelis, trata-se, na verdade, de um exoesqueleto (estrutura esquelética externa ao corpo). A ideia é que, ligado ao corpo humano, ele seja controlado pelo próprio paciente por meio de chip implantado ao tecido do crânio. Esse dispositivo poderia captar sinais elétricos produzidos pelo cérebro, e transformá-los em fórmulas matemáticas, que representariam comandos de movimento. Simplificando: se o paciente pensa que quer mexer o braço, o chip traduz a informação e o braço se mexe com o auxílio do exoesqueleto.
“Em nossas pesquisas, descobrimos que o cérebro do paciente assimila a veste robótica como extensão do corpo. Ele não acha que está usando um equipamento estranho, e reconhece a veste como parte de si”, diz.
Para simular o uso das vestes robóticas, o cientista está investindo em pesquisas com avatares.
“São programas de computador que geram um corpo virtual com as características físicas dos exoesqueletos. Estamos fazendo testes com macacos. Eles já são capazes de controlar os avatares só pelo pensamento”, diz. “Nos testes com os animais, ainda são usados fios. Mas estamos desenvolvendo um modelo wireless, que será empregado na veste robótica”.
O cientista não perde tempo: pretende testar o projeto em humanos em 2014. “Gostaria que o voluntário fosse adolescente paralisado na época da Copa do Mundo, para mostrar que nosso País não é só futebol.”
Tratamento inédito para Mal de Parkinson
Miguel Nicolelis também pesquisa um tratamento inédito contra o Mal de Parkinson, doença que não tem cura e atinge 200 mil pessoas no Brasil. Ele está desenvolvendo um método de estimulação da medula espinhal por um dispositivo implantado na região. O tratamento já começou a ser testado em camundongos. Nicolelis teve sucesso ao devolver movimentos normais em ratos com capacidade motora interrompida segundos após o equipamento ser ligado.
“O dispositivo dispara correntes elétricas em frequência baixa e sincronizada, capaz de reorganizar a atividade elétrica do paciente. É uma terapia pouco invasiva e eficaz”, acredita o neurocientista.
Enquanto isso, na ficção
ROBOCOP
Febre nos anos 80, o filme contava a história de um policial que, depois de ser dado como morto, foi transformado em um moderno e poderoso cyborg de combate ao crime, batizado de Robocop. Chips foram implantados no crânio do policial para garantir mira computadorizada. Além disso, ele teve o corpo revestido titânio e braços e pernas reconstruídos.
HOMEM DE FERRO
A história do herói dos quadrinhos começou na guerra do Vietnã, onde o inventor Tony Stark foi preso e obrigado a criar uma arma poderosa para garantir sua sobrevivência. O milionário inventou um traje especial: um exoesqueleto semelhante a uma armadura. Enfrentou as tropas e as derrotou. Muitas versões do exoesqueleto já foram criadas. Hoje, ele se baseia em chips.
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