terça-feira, 19 de outubro de 2010

Alunos do turno da manhã sofrem com início do horário de verão


Alunos do turno da manhã sofrem com início do horário de verão

Falta de concentração e irritabilidade são algumas dos consequências do novo horário

POR ANGÉLICA PAULO
Rio - Bocejos por todos os lados, expressões cansadas e falta de concentração. Estes são apenas alguns dos sintomas causados pelo início do horário de verão, ocorrido na madrugada do último domingo, e que podem ser encontrados nos rostos da maioria dos estudantes do horário da manhã. Aluna do primeiro ano do Ensino Médio, Rafaela Torres resume bem a primeira segunda-feira de aula pós-novo horário para muitos estudantes:

"Me senti extremamente cansada e nada do que os professores disseram me chamou atenção. Só pensava em dormir", sentencia.

A tarefa dos professores de manter os alunos acordados nestes primeiros dias não é das mais fáceis, já que eles também passam pelos mesmos problemas de falta de sono. Planejar atividades mais dinâmicas foi a solução  encontrada por Ana Lucia Martins, professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental em uma escola na Zona Norte do Rio. Mas nem mesmo a música que escolheu para ilustrar a aula foi suficiente para despertar os alunos. Depois de convidá-los a andar pela sala e ouvir a canção, eles retornaram a suas carteiras e voltaram a assumir a expressão cansada do início da aula.
Foto: Reprodução Internet
No Brasil, o horário de verão foi instituído, pela primeira vez, no verão de 1931 | Foto: Reprodução Internet
Segundo a pedagoga Aline Feijó, esse tipo de comportamento é normal nos primeiros dias do novo horário, principalmente para quem estuda no período da manhã. A estratégia de planejar aulas mais animadas, ou colocar matérias como Educação Física e Biologia nos primeiros horários também pode contribuir para "acordar" os alunos mais afetados.

"Essa hora a menos de sono é muito importante para os alunos, principalmente os mais novos. Alguns alunos mais sensíveis a falta de sono podem se mostrar apáticos e até mesmo irritadiços neste início de horário de verão", explica.

Mãe de dois adolescentes, de 13 e 15 anos, Maria Luiza Almeida teve que duplicar os esforços para tirar os filhos da cama na última segunda-feira. Depois de apelar para o despertador, sacudidas suaves e alguns gritos, a solução encontrada para que os filhos não chegassem atrasados foi arrancar o edredom da cama. Mesmo assim, até que os dois estivessem prontos para sair, o dobro do tempo normal foi gasto. Resultado: ambos só puderam entrar na escola no segundo tempo de aula.

No Brasil, o horário de verão (prática de adiantar os relógios em uma hora) foi instituído, pela primeira vez, no verão de 1931/32, com o objetivo de economizar o consumo de energia por meio do melhor aproveitamento da luz natural do dia. Em 1985, depois de 18 anos sem sua utilização, a prática foi novamente adotada em razão da queda do nível de água nos reservatórios das hidrelétricas. Após esse período, o horário de verão passou a ocorrer todos os anos.

Para a pediatra Rosane Strauss, o organismo dos alunos pode levar até duas semanas para se adaptar ao novo horário. E não é só uma questão de acordar mais cedo, mas também acostumar o relógio biológico de que é preciso dormir uma hora mais cedo do que o costume.

"A  primeira segunda-feira é o pior dia. A maioria dos alunos já chega cansado naturalmente, por causa das atividades do final de semana. E a sensação de que dormiu uma hora a menos só faz piorar esta situação. Mas não existe formula mágica para fazer o corpo se acostumar. Somente após alguns dias é que a situação começa a se normalizar", diz.

Até lá, o jeito é se desdobrar para chamar a atenção dos alunos. E haja criatividade.

"A gente canta, dança, sapateia e faz piada. Mas não tem criatividade que resista a uma segunda-feira cinzenta e chuvosa: tudo o que os alunos querem é voltar para casa e se esconder debaixo das cobertas", brinca Ana Lucia.

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