Alunos do turno da manhã sofrem com início do horário de verão
Falta de concentração e irritabilidade são algumas dos consequências do novo horário
POR ANGÉLICA PAULO
Rio - Bocejos por todos os lados, expressões cansadas e falta de concentração. Estes são apenas alguns dos sintomas causados pelo início do horário de verão, ocorrido na madrugada do último domingo, e que podem ser encontrados nos rostos da maioria dos estudantes do horário da manhã. Aluna do primeiro ano do Ensino Médio, Rafaela Torres resume bem a primeira segunda-feira de aula pós-novo horário para muitos estudantes:
"Me senti extremamente cansada e nada do que os professores disseram me chamou atenção. Só pensava em dormir", sentencia.
A tarefa dos professores de manter os alunos acordados nestes primeiros dias não é das mais fáceis, já que eles também passam pelos mesmos problemas de falta de sono. Planejar atividades mais dinâmicas foi a solução encontrada por Ana Lucia Martins, professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental em uma escola na Zona Norte do Rio. Mas nem mesmo a música que escolheu para ilustrar a aula foi suficiente para despertar os alunos. Depois de convidá-los a andar pela sala e ouvir a canção, eles retornaram a suas carteiras e voltaram a assumir a expressão cansada do início da aula.
"Me senti extremamente cansada e nada do que os professores disseram me chamou atenção. Só pensava em dormir", sentencia.
No Brasil, o horário de verão foi instituído, pela primeira vez, no verão de 1931 | Foto: Reprodução Internet
"Essa hora a menos de sono é muito importante para os alunos, principalmente os mais novos. Alguns alunos mais sensíveis a falta de sono podem se mostrar apáticos e até mesmo irritadiços neste início de horário de verão", explica.
Mãe de dois adolescentes, de 13 e 15 anos, Maria Luiza Almeida teve que duplicar os esforços para tirar os filhos da cama na última segunda-feira. Depois de apelar para o despertador, sacudidas suaves e alguns gritos, a solução encontrada para que os filhos não chegassem atrasados foi arrancar o edredom da cama. Mesmo assim, até que os dois estivessem prontos para sair, o dobro do tempo normal foi gasto. Resultado: ambos só puderam entrar na escola no segundo tempo de aula.
Para a pediatra Rosane Strauss, o organismo dos alunos pode levar até duas semanas para se adaptar ao novo horário. E não é só uma questão de acordar mais cedo, mas também acostumar o relógio biológico de que é preciso dormir uma hora mais cedo do que o costume.
"A primeira segunda-feira é o pior dia. A maioria dos alunos já chega cansado naturalmente, por causa das atividades do final de semana. E a sensação de que dormiu uma hora a menos só faz piorar esta situação. Mas não existe formula mágica para fazer o corpo se acostumar. Somente após alguns dias é que a situação começa a se normalizar", diz.
Até lá, o jeito é se desdobrar para chamar a atenção dos alunos. E haja criatividade.
"A gente canta, dança, sapateia e faz piada. Mas não tem criatividade que resista a uma segunda-feira cinzenta e chuvosa: tudo o que os alunos querem é voltar para casa e se esconder debaixo das cobertas", brinca Ana Lucia.
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