Uma Reflexão Com a Querida Fernanda Rossi!
Todo ensino depende de princípios. E
para que um professor possa ensinar princípios é necessário que ele tenha
discernimento de quais princípios regem sua profissão, desta forma poderá
vivenciar em seu dia a dia de trabalho valores e virtudes que venham de
encontro com tais alicerces.
Mas o que é ser professor? Há muitos
livros que tentam responder a esta pergunta, já foi dito que é um dom, como se
fosse uma capacidade além da pessoa. Mas tal como qualquer outra profissão ela
requer habilidade, mas não é um dom e sim uma decisão. Decisão esta que
engloba: trabalho, treinamento, disposição para lidar com pessoas, o que exige
amor ao próximo, tolerância e respeito às diferenças.
Estes são os princípios da profissão
de educador: é ensinar com amor. Pois conteúdos só podem ser aprendidos numa
relação afetiva, caso contrário, serão apenas assuntos decorados. Conhecidos
mas desconectados de aplicação. Para um aluno desenvolver um conhecimento ele
precisa gostar, se identificar com aquele conteúdo e estes sentimentos são
produzidos no aluno através da figura do professor.
Da mesma forma há princípios que
regem todas as escolas. O mais básico – e, ironicamente, o que estamos
distantes na atualidade – é do entendimento de que a escola é uma instituição
afetiva. Sim, a escola é uma empresa, mas se baseia num compromisso ético de
ensinar e a ética do ensino esta totalmente ligada a ética do cuidado. Não se
pode ensinar sem cuidar, um não ocorre sem o outro. A criança quando entra na
escola precisa ser cuidada por este espaço, por isto a escola complementa a
família. É um lugar de intimidade entre professor e aluno, e entre alunos, onde
amizades são construídas e vivenciadas. As questões emocionais que a criança
vive em casa repetirá na escola e será a postura dos educadores ali presentes
determinantes para sua resolução.
A escola é um espaço de cuidado e não
só de aprendizado. As escolas antigas, gregas principalmente, baseavam-se nesta
premissa. As pessoas se reuniam para aprender a pensar, falavam de duvidas
sobre a constituição do universo, da Terra, das estrelas e etc. não havia
material didático, nem quadro negro e muito menos sala de aula, mesmo assim, as
pessoas tinham sede de aprender. Os avanços para a formação do espaço escolar
foram importantes e são necessários para que a educação avance. Porem, foi-se
esquecendo de que crianças são incultas, não sabem das coisas e precisam
aprender inclusive a ser cidadãos dentro da escola. O que só pode ensinado de
forma afetiva.
Ainda mais quando a entrada na escola
se dá cada vez mais cedo. Bebês tem ido para a escola, e se este não for um
espaço amoroso que seres sairão dali? Não há desenvolvimento emocional sem
convivência afetiva e isto requer pessoas que se dediquem a cuidar dos
pequenos, antes dos 13-14 anos de idade uma criança não sabe se cuidar sozinha
e por isso precisa tanto de pais presentes, como de professores influentes. Que
gostem de sua profissão e gostem, principalmente, de crianças.
Tudo precisa ser aprendido – como
brincar, como socializar, o que são limites, quais seus direitos e deveres. A
criança não entra na escola sabendo tais coisas, ate mesmo porque o ambiente
familiar atual não proporciona esta socialização. As famílias hoje são
pequenas, com poucos filhos, sem quintal, então é dentro da escola que a
criança aprenderá a dividir, compartilhar, esperar, se frustrar.
Os berçários e pré-escolas têm um
papel, desta forma, fundamental no desenvolvimento da criança. Que vai muito
além da educação pura e simples.
Por esta razão os pais precisam
buscar um ambiente que venha de encontro com seu jeito de ser, nem toda escola
serve para toda criança. A escola é extensão do lar, tem que ter valores
parecidos com os que os pais pregam em casa. Se a escola tem outra visão de
mundo o espaço familiar e escolar não se completarão e com isto a criança
sofre, a escola sofre e os pais sofrem.
A escola é um espaço lúdico que
possibilita o brincar, interagir, expressar-se. Principalmente na primeira
infância, que é brincando, socializando que a criança desenvolve afetos. O foco
deve ser em desenvolver capacidades, mais do que transmitir conteúdos. Pois
quando a criança entende as capacidades que têm e quais são suas habilidades,
saberá usar o aprendizado a seu favor. Isto envolve professores atentos,
dispostos e dedicados. Mas o resultado são crianças mais calmas, obedientes e
satisfeitas.
Pois quando a escola é este espaço
afetivo a criança cria vínculos com as pessoas e as coisas existentes ali.
Desta maneira, a escola passa a ser vista como algo bom, desejável e agradável.
Não é um espaço de depósito, onde os pais deixam as crianças para trabalhar,
nem um meio para chegar ao vestibular, a escola tem como fim maior desenvolver
a capacidade de pensar, de se relacionar socialmente, de despertar o desejo
pelo conhecimento e por querer uma profissão. Nada disto pode ser desenvolvido
num espaço sem afeto.
Há grande necessidade de pais e
escolas manterem um diálogo próximo e profundo. Claro, que, infelizmente, esta
não é a realidade da maior parte das escolas. O que é uma pena e uma grande
perda para todos. Pois há uma grande diferença entre família e escola: a escola
tem início, meio e fim; enquanto que a família é eterna. A escola ficara na
lembrança do adulto, podendo marcá-la de forma positiva ou negativa. Mas os
pais serão presentes na vida dos filhos enquanto eles viverem, mesmo depois que
os pais falecem seus exemplos e ensinamentos se mantêm atuantes na vida de um
filho.
Então quando os pais conseguem
demonstrar ao filho o quanto desejam e respeitam o espaço escolar, criam uma
semente para que a criança também goste deste espaço. E posso tolerar as regras
ali existentes.
Os pais precisam entender que a
escola é um desejo deles para os filhos. A escola proporciona o que os pais não
podem: escolarização e a socialização. É onde a criança aprende coisas, se
socializa e organiza sua personalidade. Quando há afetividade neste processo o
aprendizado pode ser aplicável. A educação não fica maçante, ao contrario
torna-se desejável. Por isso os pais precisam escolher a escola, conhecê-la, visitá-la,
serem presentes neste espaço. A escola realiza o desejo dos pais, mas o pais
não podem realizar os desejos da escola:, por esta razão é necessário que pais
e professores conversarem muito, que tenham um dialogo aberto e franco.
Quando a escola conhece o ambiente
familiar, as vivencias e dificuldades da família pode orientá-los e os pais
podem ser ajudados no processo da educação do filho. É desta maneira que o
espaço escolar torna-se afetivo, completando a família. Um trabalho de união e
não de separação.
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