sexta-feira, 26 de julho de 2013



A análise de conteúdo é hoje uma das técnicas ou métodos mais comuns na investigação empírica realizada pelas diferentes ciências humanas e sociais. Trata-se de um método de análise textual que se utiliza em questões abertas de questionários e (sempre) no caso de entrevistas. Utiliza-se na análise de dados qualitativos, na investigação histórica, em estudos bibliométricos ou outros em que os dados tomam a forma de texto escrito.

A análise de conteúdo segundo a conhecida definição de Berelson, é “uma técnica de investigação para a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação” (Berelson, 1952). Para que seja objectiva, tal descrição exige uma definição precisa das categorias de análise, de modo a permitir que diferentes pesquisadores possam utilizá-las, obtendo os mesmos resultados; para ser sistemática, é necessário que a totalidade de conteúdo relevante seja analisada com relação a todas as categorias significativas; a quantificação permite obter informações mais precisas e objectivas sobre a frequência da ocorrência das características do conteúdo.

É uma metodologia de análise que pode ser usada em planos quantitativos de tipo survey, para tirar sentido das informações recolhidas em entrevistas ou inquéritos de opinião, como, por exemplo, quando temos em mãos um grande volume de dados textuais dos quais há que extrair sentido (Ghiglione & Matalon, 1997, [1977]).

Este trabalho aborda as análises de conteúdo efectuadas sobre o material de inquérito habitual: as entrevistas. A estrutura deste trabalho está associada a uma possível cronologia das interrogações do investigador:

→ Será que o problema que se me põe é passível de um tratamento revelante com base na análise de conteúdo?
→ Quais são os métodos de análise de conteúdo?
→ Como se aplicam?
→ Como testar a sua fidelidade, a sua validade?
→ Quais são os tipos de análise de conteúdo de que dispomos no quadro de um inquérito?

Veremos agora cada um dos tópicos acima em mais detalhes.

→ Será que o problema que se me põe é passível de um tratamento revelante com base na análise de conteúdo?

O método das entrevistas está sempre relacionado com um método de análise de conteúdo. Os métodos de entrevista são uma aplicação dos processos fundamentais de comunicação que quando são correctamente utilizados permitem ao investigador retirar das suas entrevistas elementos de reflexão muito ricos. Nos métodos de entrevista, contrariamente ao inquérito por questionário, há um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores. Esta troca permite o interlocutor do investigador exprimir as suas ideias, enquanto que o investigador, através das suas perguntas, facilita essa expressão e não deixa fugir dos objectivos de investigação.

No âmbito da análise de histórias de vida, o método de entrevista é extremamente aprofundado e detalhado com muitos poucos interlocutores, o que leva a que as entrevistas sejam divididas em várias sessões. O método de entrevista é especialmente adequado na análise que os actores dão às suas práticas, na análise de problemas específicos e na reconstituição de um processo de acção, de experiências ou acontecimentos do passado. Tem como principais vantagens o grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos, a flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher testemunhos dos interlocutores. Quanto a desvantagens, a questão de flexibilidade também pode vir ao de cima. Isto porque o entrevistador tem que saber jogar com este factor, de forma a estar à vontade, mas também de forma a não intimidar o interlocutor, o que poderia ocorrer caso por exemplo a linguagem ou a postura do entrevistador fossem de tal forma flexíveis. Outra desvantagem comparativamente ao método de inquérito por questionário é o facto de os elementos recolhidos não se apresentarem imediatamente sob uma forma de análise particular.

→ Quais são os métodos de análise de conteúdo?

Os métodos de AC foram propostos por Henry e Moscovici (1968), na qual distinguiam procedimentos fechados e procedimentos abertos ou exploratórios.

Os procedimentos fechados são aqueles que fazem intervir “categorias pré definidas” anteriormente à análise propriamente dita. A análise está associada a um quadro empírico ou teórico que se sustém e do qual se formulam as questões da entrevista. Depois comparam-se os textos produzidos à luz do quadro fixado para se chegar a uma particularização.

Os procedimentos abertos ou exploratórios são aqueles que não fazem intervir “categorias pré definidas”, tendo por isso um carácter puramente exploratório.”… os resultados são devidos unicamente à metodologia de análise, estando isenta de qualquer referência a um quadro teórico pré-estabelecido” (Ghiglione & Matalon, 1997, [1977]:210). Devemos começar por colocar em evidência as propriedades dos textos produzidos na entrevista, definir as diferenças e as semelhanças e eventualmente as transformações que, devem ser interpretadas de forma a permitir uma caracterização dos comportamentos observados.

→ Como se aplicam?

Quantos mais elementos de informação conseguirmos aproveitar da entrevista, mais credível será a nossa reflexão. O investigador tenta construir um conhecimento analisando o “discurso”, a disposição e os termos utilizados pelo locutor.
No decorrer de uma entrevista, o investigador, numa das etapas do seu trabalho, vê-se confrontado com os textos produzidos pelo discurso de um certo número de pessoas, todas interrogadas segundo a mesma técnica. Assim podemos enumerar algumas das perguntas que ele é levado a colocar na sua investigação:

- Como colocar cada discurso sob uma forma mais fácil de abordar, de maneira a nele conservar tudo o que é pertinente e nada mais do que isso?
- O que disse cada um a propósito de um ponto particular?
- Que diferenças e semelhanças existem entre os discursos das pessoas interrogadas?

Uma análise de conteúdo não tem sentido se não for orientada para um objectivo. Assim, relativamente à primeira questão obteremos um resumo de cada entrevista para, sob uma forma mais cómoda, podermos comparar várias entrevistas; em relação à segunda questão, trata-se simples e aparentemente, de isolar em cada discurso o que nos interessa; e relativamente à terceira questão, ele pressupõe a sistematização das diferenças e semelhanças e a postulação de hipóteses sobre as condições que originaram discursos diferentes nas entrevistas.

→ Como testar a sua fidelidade, a sua validade?

A metodologia geral da análise de conteúdo responde essencialmente a dois tipos de questões: como codificar? Como assegurar a fiabilidade do procedimento?

Como codificar?

O objectivo da investigação é transformar a informação obtida junto dos participantes em algo que seja interpretável, que tenha significado para o investigador: as chamadas categorias de análise. Berelson, a propósito da escolha das categorias, dizia:”Os estudos…serão produtivos na medida em que as categorias sejam claramente formuladas e bem adaptadas ao problema e ao conteúdo (a analisar)”. Existem diversas categorias usuais de análise como “objecto”, “valores”, métodos”, “tempo” e outros. Um exemplo de um estudo sobre as motivações dos alunos finalistas da escola dentária, foi realizado um tratamento das entrevistas a partir das categorias “valores” e “tipo de comunicação”.

Tratar o material é codifica-lo. A codificação corresponde a uma transformação, efectuada segundo regras precisas, dos dados brutos do texto que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo capaz de esclarecer o analista acerca das características do texto.

Depois de efectuado o trabalho de definição de categorias, é conveniente analisar a entrevista. Par tal, são tomadas em consideração três tipos de unidades: Unidade de registo, Unidade de contexto e Unidade de numeração. A unidade de contexto serve de unidade de compreensão para codificar a unidade de registo e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores às da unidade de registo) são boas para que se possa compreender a significação da unidade de registo, como por exemplo, ser a frase para a palavra e o paragrafo para o tema.

No campo da análise das entrevistas as unidades de registo podem ser, por exemplo, as frases e as unidades de contexto correspondentes podem ser, por exemplo, os parágrafos. Quanto à unidade de numeração, esta será aritmética e servirá para contar o número de vezes que se repete a unidade de registo (as frases).

Como assegurar a fiabilidade do procedimento?

Para garantir o rigor e qualidade dos dados recolhidos e das conclusões da investigação, é necessário que esta possua duas características fundamentais: a validade e a fidelidade. São estas que poderão garantir ao investigador que o resultado das observações efectuadas é o mais correcto. “A parte referente à avaliação da tarefa concentra-se em duas características ou qualidades de todas as técnicas de medida, ou seja, a validade e a fidelidade” (Tuckman, 2000, p.561).

A Validade

A validade poderia ser definida como a adequação entre os objectivos e os fins sem distorção dos factos. Refere a qualidade dos resultados da investigação no sentido de os podermos aceitar com “factos indiscutíveis”
Tuckman (2000, p.8) refere dois tipos de validade: validade interna e validade externa. Segundo ele, um estudo tem validade interna quando o “seu resultado está em função do programa ou abordagem a testar” e tem validade externa “se os resultados obtidos forem aplicáveis no terreno a outros programas ou abordagens similares” (p.8). A validade externa está directamente ligada à confiança nos resultados da investigação, a fim de ser possível generalizá-los. “A validade externa tem pouco valor sem um razoável grau de validade interna, dando confiança às nossas conclusões, antes de tentarmos generalizá-las” (p.9).

Num projecto de investigação é necessário procurar o ponto de equilíbrio entre os dois tipos de validade. Assim, o investigador deverá procurar atingir um nível satisfatório de validade interna, para que a investigação possa ser conclusiva. Simultaneamente deverá tentar que ela se mantenha integrada na realidade em estudo, para ser representativa e generalizável, isto é, ter validade externa.

Uma vez construídas as categorias de análise de conteúdo, estas devem ser sujeitas a um teste de validade interna para o investigador se assegurar da sua exaustividade e exclusividade. Pretende-se assim garantir, no primeiro caso, que todas as unidades de registo possam ser colocadas numa das categorias; e, no segundo caso, que uma mesma unidade de registo só possa caber numa categoria.

Existem vários tipos de validade, como validade de conteúdo, validade preditiva, validade comparativa, validade interpretativa e outras. Como exemplo considere um trabalho sobre alcoólicos. Uma bateria de rácios sintácticos permite identificar fases diferentes na vivência do alcoólico. Esses rácios são construídos a partir da selecção frequencial de palavras (verbos, adjectivos, nomes, etc.) Poderia querer medir o vocabulário dos alcoólicos e, neste caso, estaria interessada na validade de conteúdo; poderia igualmente tentar predizer a duração da cura de desintoxicação e seria remetida para a validade preditiva; poderia comparar o vocabulário dos alcoólicos e dos não-alcoólicos e teria uma validade comparativa; poderia querer fazer inferências sobre capacidades mnemónicas dos alcoólicos e teria uma validade interpretativa. Entretanto, o problema da validade atravessa todas as etapas de uma análise de conteúdo e não há questões de validade específicas. Como em qualquer outro procedimento de investigação, também neste o investigador deve assegurar-se e deve assegurar os seus leitores que mediu o que pretendia medir.

A Fidelidade

A fidelidade dos resultados refere o grau de confiança ou exactidão que podemos ter na informação obtida. Os resultados devem ser independentes daqueles que os produzem. A fidelidade do instrumento está ligada ao processo de codificação de que ele dispõe. Assim, os testes de fidelidade serão para testar a fidelidade do codificador e a das categorias de análise. Um conjunto de codificadores, operando sobre um mesmo texto, deve chegar aos mesmos resultados e analisando o mesmo texto em dois momentos diferentes, deve reproduzir a mesma análise. A fidelidade é completa quando a categoria de análise não é ambígua, ou seja, permite classificar sem dificuldade a unidade de registo.

→ Quais são os tipos de análise de conteúdo de que dispomos no quadro de um inquérito?

O investigador necessita de utilizar métodos de análise de conteúdo que implicam a aplicação de processos técnicos relativamente precisos, não se devendo preocupar apenas com aspectos formais, estes servem somente de indicadores de actividade cognitiva do locutor. Hoje em dia a importância da análise de conteúdo na investigação social é cada vez maior, sobretudo devido à forma metódica com que tratam informações e testemunhos que apresentam algum grau de profundidade complexidade.

Ao analisarmos um conjunto de entrevistas, verifica-se que não são homogéneas e assim é necessário fazer delas uma síntese, ou seja, obter do seu conjunto um discurso único. Deveria ser um discurso que tomasse em consideração tanto os traços comuns às diferentes entrevistas como as suas diferenças, organizando-os na medida do possível.

Consideremos o caso mais frequente das análises de conteúdo, em que o método utilizado reduz cada entrevista a um conjunto de preposições. A actuação mais elementar poderá consistir na procura de intersecção desses conjuntos, quer dizer, das proposições comuns a todas as entrevistas. Poderíamos ainda alargar este núcleo procurando pontos comuns para além das preposições, essencialmente as relações entre elas.

Relativamente às diferenças, três abordagens são possíveis. Em primeiro lugar, podemos evitar o problema postulando a homogeneidade do conjunto dos sujeitos, ou de certos subconjuntos definidos segundo critérios exteriores às próprias entrevistas. Em segundo lugar, uma abordagem alternativa consiste em procurar tipos, quer dizer, subconjuntos de indivíduos apresentando traços comuns. Em terceiro, poderemos procurar organizar as diferenças, ou seja, considerar dois ou mais traços diferentes como modalidades distintas de uma mesma variável. Podemos assim dizer que não existe um, mas vários métodos de análise de conteúdo.



A análise de conteúdo é hoje uma das técnicas ou métodos mais comuns na investigação empírica realizada pelas diferentes ciências humanas e sociais. Trata-se de um método de análise textual que se utiliza em questões abertas de questionários e (sempre) no caso de entrevistas. Utiliza-se na análise de dados qualitativos, na investigação histórica, em estudos bibliométricos ou outros em que os dados tomam a forma de texto escrito.

A análise de conteúdo segundo a conhecida definição de Berelson, é “uma técnica de investigação para a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação” (Berelson, 1952). Para que seja objectiva, tal descrição exige uma definição precisa das categorias de análise, de modo a permitir que diferentes pesquisadores possam utilizá-las, obtendo os mesmos resultados; para ser sistemática, é necessário que a totalidade de conteúdo relevante seja analisada com relação a todas as categorias significativas; a quantificação permite obter informações mais precisas e objectivas sobre a frequência da ocorrência das características do conteúdo.

É uma metodologia de análise que pode ser usada em planos quantitativos de tipo survey, para tirar sentido das informações recolhidas em entrevistas ou inquéritos de opinião, como, por exemplo, quando temos em mãos um grande volume de dados textuais dos quais há que extrair sentido (Ghiglione & Matalon, 1997, [1977]).

Este trabalho aborda as análises de conteúdo efectuadas sobre o material de inquérito habitual: as entrevistas. A estrutura deste trabalho está associada a uma possível cronologia das interrogações do investigador:

→ Será que o problema que se me põe é passível de um tratamento revelante com base na análise de conteúdo?
→ Quais são os métodos de análise de conteúdo?
→ Como se aplicam?
→ Como testar a sua fidelidade, a sua validade?
→ Quais são os tipos de análise de conteúdo de que dispomos no quadro de um inquérito?

Veremos agora cada um dos tópicos acima em mais detalhes.

→ Será que o problema que se me põe é passível de um tratamento revelante com base na análise de conteúdo?

O método das entrevistas está sempre relacionado com um método de análise de conteúdo. Os métodos de entrevista são uma aplicação dos processos fundamentais de comunicação que quando são correctamente utilizados permitem ao investigador retirar das suas entrevistas elementos de reflexão muito ricos. Nos métodos de entrevista, contrariamente ao inquérito por questionário, há um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores. Esta troca permite o interlocutor do investigador exprimir as suas ideias, enquanto que o investigador, através das suas perguntas, facilita essa expressão e não deixa fugir dos objectivos de investigação.

No âmbito da análise de histórias de vida, o método de entrevista é extremamente aprofundado e detalhado com muitos poucos interlocutores, o que leva a que as entrevistas sejam divididas em várias sessões. O método de entrevista é especialmente adequado na análise que os actores dão às suas práticas, na análise de problemas específicos e na reconstituição de um processo de acção, de experiências ou acontecimentos do passado. Tem como principais vantagens o grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos, a flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher testemunhos dos interlocutores. Quanto a desvantagens, a questão de flexibilidade também pode vir ao de cima. Isto porque o entrevistador tem que saber jogar com este factor, de forma a estar à vontade, mas também de forma a não intimidar o interlocutor, o que poderia ocorrer caso por exemplo a linguagem ou a postura do entrevistador fossem de tal forma flexíveis. Outra desvantagem comparativamente ao método de inquérito por questionário é o facto de os elementos recolhidos não se apresentarem imediatamente sob uma forma de análise particular.

→ Quais são os métodos de análise de conteúdo?

Os métodos de AC foram propostos por Henry e Moscovici (1968), na qual distinguiam procedimentos fechados e procedimentos abertos ou exploratórios.

Os procedimentos fechados são aqueles que fazem intervir “categorias pré definidas” anteriormente à análise propriamente dita. A análise está associada a um quadro empírico ou teórico que se sustém e do qual se formulam as questões da entrevista. Depois comparam-se os textos produzidos à luz do quadro fixado para se chegar a uma particularização.

Os procedimentos abertos ou exploratórios são aqueles que não fazem intervir “categorias pré definidas”, tendo por isso um carácter puramente exploratório.”… os resultados são devidos unicamente à metodologia de análise, estando isenta de qualquer referência a um quadro teórico pré-estabelecido” (Ghiglione & Matalon, 1997, [1977]:210). Devemos começar por colocar em evidência as propriedades dos textos produzidos na entrevista, definir as diferenças e as semelhanças e eventualmente as transformações que, devem ser interpretadas de forma a permitir uma caracterização dos comportamentos observados.

→ Como se aplicam?

Quantos mais elementos de informação conseguirmos aproveitar da entrevista, mais credível será a nossa reflexão. O investigador tenta construir um conhecimento analisando o “discurso”, a disposição e os termos utilizados pelo locutor.
No decorrer de uma entrevista, o investigador, numa das etapas do seu trabalho, vê-se confrontado com os textos produzidos pelo discurso de um certo número de pessoas, todas interrogadas segundo a mesma técnica. Assim podemos enumerar algumas das perguntas que ele é levado a colocar na sua investigação:

- Como colocar cada discurso sob uma forma mais fácil de abordar, de maneira a nele conservar tudo o que é pertinente e nada mais do que isso?
- O que disse cada um a propósito de um ponto particular?
- Que diferenças e semelhanças existem entre os discursos das pessoas interrogadas?

Uma análise de conteúdo não tem sentido se não for orientada para um objectivo. Assim, relativamente à primeira questão obteremos um resumo de cada entrevista para, sob uma forma mais cómoda, podermos comparar várias entrevistas; em relação à segunda questão, trata-se simples e aparentemente, de isolar em cada discurso o que nos interessa; e relativamente à terceira questão, ele pressupõe a sistematização das diferenças e semelhanças e a postulação de hipóteses sobre as condições que originaram discursos diferentes nas entrevistas.

→ Como testar a sua fidelidade, a sua validade?

A metodologia geral da análise de conteúdo responde essencialmente a dois tipos de questões: como codificar? Como assegurar a fiabilidade do procedimento?

Como codificar?

O objectivo da investigação é transformar a informação obtida junto dos participantes em algo que seja interpretável, que tenha significado para o investigador: as chamadas categorias de análise. Berelson, a propósito da escolha das categorias, dizia:”Os estudos…serão produtivos na medida em que as categorias sejam claramente formuladas e bem adaptadas ao problema e ao conteúdo (a analisar)”. Existem diversas categorias usuais de análise como “objecto”, “valores”, métodos”, “tempo” e outros. Um exemplo de um estudo sobre as motivações dos alunos finalistas da escola dentária, foi realizado um tratamento das entrevistas a partir das categorias “valores” e “tipo de comunicação”.

Tratar o material é codifica-lo. A codificação corresponde a uma transformação, efectuada segundo regras precisas, dos dados brutos do texto que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo capaz de esclarecer o analista acerca das características do texto.

Depois de efectuado o trabalho de definição de categorias, é conveniente analisar a entrevista. Par tal, são tomadas em consideração três tipos de unidades: Unidade de registo, Unidade de contexto e Unidade de numeração. A unidade de contexto serve de unidade de compreensão para codificar a unidade de registo e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores às da unidade de registo) são boas para que se possa compreender a significação da unidade de registo, como por exemplo, ser a frase para a palavra e o paragrafo para o tema.

No campo da análise das entrevistas as unidades de registo podem ser, por exemplo, as frases e as unidades de contexto correspondentes podem ser, por exemplo, os parágrafos. Quanto à unidade de numeração, esta será aritmética e servirá para contar o número de vezes que se repete a unidade de registo (as frases).

Como assegurar a fiabilidade do procedimento?

Para garantir o rigor e qualidade dos dados recolhidos e das conclusões da investigação, é necessário que esta possua duas características fundamentais: a validade e a fidelidade. São estas que poderão garantir ao investigador que o resultado das observações efectuadas é o mais correcto. “A parte referente à avaliação da tarefa concentra-se em duas características ou qualidades de todas as técnicas de medida, ou seja, a validade e a fidelidade” (Tuckman, 2000, p.561).

A Validade

A validade poderia ser definida como a adequação entre os objectivos e os fins sem distorção dos factos. Refere a qualidade dos resultados da investigação no sentido de os podermos aceitar com “factos indiscutíveis”
Tuckman (2000, p.8) refere dois tipos de validade: validade interna e validade externa. Segundo ele, um estudo tem validade interna quando o “seu resultado está em função do programa ou abordagem a testar” e tem validade externa “se os resultados obtidos forem aplicáveis no terreno a outros programas ou abordagens similares” (p.8). A validade externa está directamente ligada à confiança nos resultados da investigação, a fim de ser possível generalizá-los. “A validade externa tem pouco valor sem um razoável grau de validade interna, dando confiança às nossas conclusões, antes de tentarmos generalizá-las” (p.9).

Num projecto de investigação é necessário procurar o ponto de equilíbrio entre os dois tipos de validade. Assim, o investigador deverá procurar atingir um nível satisfatório de validade interna, para que a investigação possa ser conclusiva. Simultaneamente deverá tentar que ela se mantenha integrada na realidade em estudo, para ser representativa e generalizável, isto é, ter validade externa.

Uma vez construídas as categorias de análise de conteúdo, estas devem ser sujeitas a um teste de validade interna para o investigador se assegurar da sua exaustividade e exclusividade. Pretende-se assim garantir, no primeiro caso, que todas as unidades de registo possam ser colocadas numa das categorias; e, no segundo caso, que uma mesma unidade de registo só possa caber numa categoria.

Existem vários tipos de validade, como validade de conteúdo, validade preditiva, validade comparativa, validade interpretativa e outras. Como exemplo considere um trabalho sobre alcoólicos. Uma bateria de rácios sintácticos permite identificar fases diferentes na vivência do alcoólico. Esses rácios são construídos a partir da selecção frequencial de palavras (verbos, adjectivos, nomes, etc.) Poderia querer medir o vocabulário dos alcoólicos e, neste caso, estaria interessada na validade de conteúdo; poderia igualmente tentar predizer a duração da cura de desintoxicação e seria remetida para a validade preditiva; poderia comparar o vocabulário dos alcoólicos e dos não-alcoólicos e teria uma validade comparativa; poderia querer fazer inferências sobre capacidades mnemónicas dos alcoólicos e teria uma validade interpretativa. Entretanto, o problema da validade atravessa todas as etapas de uma análise de conteúdo e não há questões de validade específicas. Como em qualquer outro procedimento de investigação, também neste o investigador deve assegurar-se e deve assegurar os seus leitores que mediu o que pretendia medir.

A Fidelidade

A fidelidade dos resultados refere o grau de confiança ou exactidão que podemos ter na informação obtida. Os resultados devem ser independentes daqueles que os produzem. A fidelidade do instrumento está ligada ao processo de codificação de que ele dispõe. Assim, os testes de fidelidade serão para testar a fidelidade do codificador e a das categorias de análise. Um conjunto de codificadores, operando sobre um mesmo texto, deve chegar aos mesmos resultados e analisando o mesmo texto em dois momentos diferentes, deve reproduzir a mesma análise. A fidelidade é completa quando a categoria de análise não é ambígua, ou seja, permite classificar sem dificuldade a unidade de registo.

→ Quais são os tipos de análise de conteúdo de que dispomos no quadro de um inquérito?

O investigador necessita de utilizar métodos de análise de conteúdo que implicam a aplicação de processos técnicos relativamente precisos, não se devendo preocupar apenas com aspectos formais, estes servem somente de indicadores de actividade cognitiva do locutor. Hoje em dia a importância da análise de conteúdo na investigação social é cada vez maior, sobretudo devido à forma metódica com que tratam informações e testemunhos que apresentam algum grau de profundidade complexidade.

Ao analisarmos um conjunto de entrevistas, verifica-se que não são homogéneas e assim é necessário fazer delas uma síntese, ou seja, obter do seu conjunto um discurso único. Deveria ser um discurso que tomasse em consideração tanto os traços comuns às diferentes entrevistas como as suas diferenças, organizando-os na medida do possível.

Consideremos o caso mais frequente das análises de conteúdo, em que o método utilizado reduz cada entrevista a um conjunto de preposições. A actuação mais elementar poderá consistir na procura de intersecção desses conjuntos, quer dizer, das proposições comuns a todas as entrevistas. Poderíamos ainda alargar este núcleo procurando pontos comuns para além das preposições, essencialmente as relações entre elas.

Relativamente às diferenças, três abordagens são possíveis. Em primeiro lugar, podemos evitar o problema postulando a homogeneidade do conjunto dos sujeitos, ou de certos subconjuntos definidos segundo critérios exteriores às próprias entrevistas. Em segundo lugar, uma abordagem alternativa consiste em procurar tipos, quer dizer, subconjuntos de indivíduos apresentando traços comuns. Em terceiro, poderemos procurar organizar as diferenças, ou seja, considerar dois ou mais traços diferentes como modalidades distintas de uma mesma variável. Podemos assim dizer que não existe um, mas vários métodos de análise de conteúdo.

Voltar ao Índice Survey


A análise de conteúdo é hoje uma das técnicas ou métodos mais comuns na investigação empírica realizada pelas diferentes ciências humanas e sociais. Trata-se de um método de análise textual que se utiliza em questões abertas de questionários e (sempre) no caso de entrevistas. Utiliza-se na análise de dados qualitativos, na investigação histórica, em estudos bibliométricos ou outros em que os dados tomam a forma de texto escrito.

A análise de conteúdo segundo a conhecida definição de Berelson, é “uma técnica de investigação para a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação” (Berelson, 1952). Para que seja objectiva, tal descrição exige uma definição precisa das categorias de análise, de modo a permitir que diferentes pesquisadores possam utilizá-las, obtendo os mesmos resultados; para ser sistemática, é necessário que a totalidade de conteúdo relevante seja analisada com relação a todas as categorias significativas; a quantificação permite obter informações mais precisas e objectivas sobre a frequência da ocorrência das características do conteúdo.

É uma metodologia de análise que pode ser usada em planos quantitativos de tipo survey, para tirar sentido das informações recolhidas em entrevistas ou inquéritos de opinião, como, por exemplo, quando temos em mãos um grande volume de dados textuais dos quais há que extrair sentido (Ghiglione & Matalon, 1997, [1977]).

Este trabalho aborda as análises de conteúdo efectuadas sobre o material de inquérito habitual: as entrevistas. A estrutura deste trabalho está associada a uma possível cronologia das interrogações do investigador:

→ Será que o problema que se me põe é passível de um tratamento revelante com base na análise de conteúdo?
→ Quais são os métodos de análise de conteúdo?
→ Como se aplicam?
→ Como testar a sua fidelidade, a sua validade?
→ Quais são os tipos de análise de conteúdo de que dispomos no quadro de um inquérito?

Veremos agora cada um dos tópicos acima em mais detalhes.

→ Será que o problema que se me põe é passível de um tratamento revelante com base na análise de conteúdo?

O método das entrevistas está sempre relacionado com um método de análise de conteúdo. Os métodos de entrevista são uma aplicação dos processos fundamentais de comunicação que quando são correctamente utilizados permitem ao investigador retirar das suas entrevistas elementos de reflexão muito ricos. Nos métodos de entrevista, contrariamente ao inquérito por questionário, há um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores. Esta troca permite o interlocutor do investigador exprimir as suas ideias, enquanto que o investigador, através das suas perguntas, facilita essa expressão e não deixa fugir dos objectivos de investigação.

No âmbito da análise de histórias de vida, o método de entrevista é extremamente aprofundado e detalhado com muitos poucos interlocutores, o que leva a que as entrevistas sejam divididas em várias sessões. O método de entrevista é especialmente adequado na análise que os actores dão às suas práticas, na análise de problemas específicos e na reconstituição de um processo de acção, de experiências ou acontecimentos do passado. Tem como principais vantagens o grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos, a flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher testemunhos dos interlocutores. Quanto a desvantagens, a questão de flexibilidade também pode vir ao de cima. Isto porque o entrevistador tem que saber jogar com este factor, de forma a estar à vontade, mas também de forma a não intimidar o interlocutor, o que poderia ocorrer caso por exemplo a linguagem ou a postura do entrevistador fossem de tal forma flexíveis. Outra desvantagem comparativamente ao método de inquérito por questionário é o facto de os elementos recolhidos não se apresentarem imediatamente sob uma forma de análise particular.

→ Quais são os métodos de análise de conteúdo?

Os métodos de AC foram propostos por Henry e Moscovici (1968), na qual distinguiam procedimentos fechados e procedimentos abertos ou exploratórios.

Os procedimentos fechados são aqueles que fazem intervir “categorias pré definidas” anteriormente à análise propriamente dita. A análise está associada a um quadro empírico ou teórico que se sustém e do qual se formulam as questões da entrevista. Depois comparam-se os textos produzidos à luz do quadro fixado para se chegar a uma particularização.

Os procedimentos abertos ou exploratórios são aqueles que não fazem intervir “categorias pré definidas”, tendo por isso um carácter puramente exploratório.”… os resultados são devidos unicamente à metodologia de análise, estando isenta de qualquer referência a um quadro teórico pré-estabelecido” (Ghiglione & Matalon, 1997, [1977]:210). Devemos começar por colocar em evidência as propriedades dos textos produzidos na entrevista, definir as diferenças e as semelhanças e eventualmente as transformações que, devem ser interpretadas de forma a permitir uma caracterização dos comportamentos observados.

→ Como se aplicam?

Quantos mais elementos de informação conseguirmos aproveitar da entrevista, mais credível será a nossa reflexão. O investigador tenta construir um conhecimento analisando o “discurso”, a disposição e os termos utilizados pelo locutor.
No decorrer de uma entrevista, o investigador, numa das etapas do seu trabalho, vê-se confrontado com os textos produzidos pelo discurso de um certo número de pessoas, todas interrogadas segundo a mesma técnica. Assim podemos enumerar algumas das perguntas que ele é levado a colocar na sua investigação:

- Como colocar cada discurso sob uma forma mais fácil de abordar, de maneira a nele conservar tudo o que é pertinente e nada mais do que isso?
- O que disse cada um a propósito de um ponto particular?
- Que diferenças e semelhanças existem entre os discursos das pessoas interrogadas?

Uma análise de conteúdo não tem sentido se não for orientada para um objectivo. Assim, relativamente à primeira questão obteremos um resumo de cada entrevista para, sob uma forma mais cómoda, podermos comparar várias entrevistas; em relação à segunda questão, trata-se simples e aparentemente, de isolar em cada discurso o que nos interessa; e relativamente à terceira questão, ele pressupõe a sistematização das diferenças e semelhanças e a postulação de hipóteses sobre as condições que originaram discursos diferentes nas entrevistas.

→ Como testar a sua fidelidade, a sua validade?

A metodologia geral da análise de conteúdo responde essencialmente a dois tipos de questões: como codificar? Como assegurar a fiabilidade do procedimento?

Como codificar?

O objectivo da investigação é transformar a informação obtida junto dos participantes em algo que seja interpretável, que tenha significado para o investigador: as chamadas categorias de análise. Berelson, a propósito da escolha das categorias, dizia:”Os estudos…serão produtivos na medida em que as categorias sejam claramente formuladas e bem adaptadas ao problema e ao conteúdo (a analisar)”. Existem diversas categorias usuais de análise como “objecto”, “valores”, métodos”, “tempo” e outros. Um exemplo de um estudo sobre as motivações dos alunos finalistas da escola dentária, foi realizado um tratamento das entrevistas a partir das categorias “valores” e “tipo de comunicação”.

Tratar o material é codifica-lo. A codificação corresponde a uma transformação, efectuada segundo regras precisas, dos dados brutos do texto que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo capaz de esclarecer o analista acerca das características do texto.

Depois de efectuado o trabalho de definição de categorias, é conveniente analisar a entrevista. Par tal, são tomadas em consideração três tipos de unidades: Unidade de registo, Unidade de contexto e Unidade de numeração. A unidade de contexto serve de unidade de compreensão para codificar a unidade de registo e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores às da unidade de registo) são boas para que se possa compreender a significação da unidade de registo, como por exemplo, ser a frase para a palavra e o paragrafo para o tema.

No campo da análise das entrevistas as unidades de registo podem ser, por exemplo, as frases e as unidades de contexto correspondentes podem ser, por exemplo, os parágrafos. Quanto à unidade de numeração, esta será aritmética e servirá para contar o número de vezes que se repete a unidade de registo (as frases).

Como assegurar a fiabilidade do procedimento?

Para garantir o rigor e qualidade dos dados recolhidos e das conclusões da investigação, é necessário que esta possua duas características fundamentais: a validade e a fidelidade. São estas que poderão garantir ao investigador que o resultado das observações efectuadas é o mais correcto. “A parte referente à avaliação da tarefa concentra-se em duas características ou qualidades de todas as técnicas de medida, ou seja, a validade e a fidelidade” (Tuckman, 2000, p.561).

A Validade

A validade poderia ser definida como a adequação entre os objectivos e os fins sem distorção dos factos. Refere a qualidade dos resultados da investigação no sentido de os podermos aceitar com “factos indiscutíveis”
Tuckman (2000, p.8) refere dois tipos de validade: validade interna e validade externa. Segundo ele, um estudo tem validade interna quando o “seu resultado está em função do programa ou abordagem a testar” e tem validade externa “se os resultados obtidos forem aplicáveis no terreno a outros programas ou abordagens similares” (p.8). A validade externa está directamente ligada à confiança nos resultados da investigação, a fim de ser possível generalizá-los. “A validade externa tem pouco valor sem um razoável grau de validade interna, dando confiança às nossas conclusões, antes de tentarmos generalizá-las” (p.9).

Num projecto de investigação é necessário procurar o ponto de equilíbrio entre os dois tipos de validade. Assim, o investigador deverá procurar atingir um nível satisfatório de validade interna, para que a investigação possa ser conclusiva. Simultaneamente deverá tentar que ela se mantenha integrada na realidade em estudo, para ser representativa e generalizável, isto é, ter validade externa.

Uma vez construídas as categorias de análise de conteúdo, estas devem ser sujeitas a um teste de validade interna para o investigador se assegurar da sua exaustividade e exclusividade. Pretende-se assim garantir, no primeiro caso, que todas as unidades de registo possam ser colocadas numa das categorias; e, no segundo caso, que uma mesma unidade de registo só possa caber numa categoria.

Existem vários tipos de validade, como validade de conteúdo, validade preditiva, validade comparativa, validade interpretativa e outras. Como exemplo considere um trabalho sobre alcoólicos. Uma bateria de rácios sintácticos permite identificar fases diferentes na vivência do alcoólico. Esses rácios são construídos a partir da selecção frequencial de palavras (verbos, adjectivos, nomes, etc.) Poderia querer medir o vocabulário dos alcoólicos e, neste caso, estaria interessada na validade de conteúdo; poderia igualmente tentar predizer a duração da cura de desintoxicação e seria remetida para a validade preditiva; poderia comparar o vocabulário dos alcoólicos e dos não-alcoólicos e teria uma validade comparativa; poderia querer fazer inferências sobre capacidades mnemónicas dos alcoólicos e teria uma validade interpretativa. Entretanto, o problema da validade atravessa todas as etapas de uma análise de conteúdo e não há questões de validade específicas. Como em qualquer outro procedimento de investigação, também neste o investigador deve assegurar-se e deve assegurar os seus leitores que mediu o que pretendia medir.

A Fidelidade

A fidelidade dos resultados refere o grau de confiança ou exactidão que podemos ter na informação obtida. Os resultados devem ser independentes daqueles que os produzem. A fidelidade do instrumento está ligada ao processo de codificação de que ele dispõe. Assim, os testes de fidelidade serão para testar a fidelidade do codificador e a das categorias de análise. Um conjunto de codificadores, operando sobre um mesmo texto, deve chegar aos mesmos resultados e analisando o mesmo texto em dois momentos diferentes, deve reproduzir a mesma análise. A fidelidade é completa quando a categoria de análise não é ambígua, ou seja, permite classificar sem dificuldade a unidade de registo.

→ Quais são os tipos de análise de conteúdo de que dispomos no quadro de um inquérito?

O investigador necessita de utilizar métodos de análise de conteúdo que implicam a aplicação de processos técnicos relativamente precisos, não se devendo preocupar apenas com aspectos formais, estes servem somente de indicadores de actividade cognitiva do locutor. Hoje em dia a importância da análise de conteúdo na investigação social é cada vez maior, sobretudo devido à forma metódica com que tratam informações e testemunhos que apresentam algum grau de profundidade complexidade.

Ao analisarmos um conjunto de entrevistas, verifica-se que não são homogéneas e assim é necessário fazer delas uma síntese, ou seja, obter do seu conjunto um discurso único. Deveria ser um discurso que tomasse em consideração tanto os traços comuns às diferentes entrevistas como as suas diferenças, organizando-os na medida do possível.

Consideremos o caso mais frequente das análises de conteúdo, em que o método utilizado reduz cada entrevista a um conjunto de preposições. A actuação mais elementar poderá consistir na procura de intersecção desses conjuntos, quer dizer, das proposições comuns a todas as entrevistas. Poderíamos ainda alargar este núcleo procurando pontos comuns para além das preposições, essencialmente as relações entre elas.

Relativamente às diferenças, três abordagens são possíveis. Em primeiro lugar, podemos evitar o problema postulando a homogeneidade do conjunto dos sujeitos, ou de certos subconjuntos definidos segundo critérios exteriores às próprias entrevistas. Em segundo lugar, uma abordagem alternativa consiste em procurar tipos, quer dizer, subconjuntos de indivíduos apresentando traços comuns. Em terceiro, poderemos procurar organizar as diferenças, ou seja, considerar dois ou mais traços diferentes como modalidades distintas de uma mesma variável. Podemos assim dizer que não existe um, mas vários métodos de análise de conteúdo.

Voltar ao Índice Survey

terça-feira, 23 de julho de 2013

[ Virtudes ]

[PDF] O beneficio de auxílio reclusão eo critério baixa renda instituido pela ec n° 20/98

LML Cunha - 2013
 
... A Vinicius Violin, por estar sempre ao meu lado nos momentos difíceis. A Nelson e Lilian,
minha família de coração. Page 6. “As virtudes se exercem, as normas se aplicam, as ordens
se cumprem, mas os valores são postos e impostos. Quem lhes ...

[PDF] A inclusão social das pessoas com deficiência ea responsabilidade social das empresas privadas

BM Tomita - 2013
 
... À minha avó, por suas orações e carinho, uma pessoa inestimável; Ao meu amor, pela
paciência, apoio, amor e amizade que nos faz desenvolver o melhor de nossas virtudes; À
Profª Drª Thereza Cristina Gosdal, pela imensa compreensão e auxílio, tão ...

[PDF] China, un camino propio

X Ríos
 
... Pero ello se ha unido a virtudes innatas presentes en la sociedad que ya Fray Martin de Rada
supo ... plantea numerosas reservas. Por eso son precisas otras fórmulas con el axioma de sustituir
el concepto de liderazgo dominador por el de las virtudes de la diversidad. 4 ...

[PDF] Domingo Santa Cruz Wilson: el hombre y el amigo

JU Blondel
 
... Así, inmerso en todas esas innumerables actividades, llegué a conocer muy bien su
personalidad íntima con todas sus grandes virtudes e incluso con sus aspectos negativos,
infaltables en todo hombre de acción provisto de una recia personalidad. ...

[PDF] O papel das organizações não-governamentais no estado moderno

ED Alencar - 2013
 
... governantes. 1.2.1 Estado Liberal No Estado Absolutista, freqüentemente confundem-se
qualidades do Estado com virtudes do monarca, o que pode explicar o porquê do poder 15
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Tradução de Carmen Varriale. ...


[PDF] Colombia: Ley de justicia y paz, Ley de víctimas y concepto de persona

JM Anzola
 
... común', como en otras ocasiones ha ocurrido. Los problemas son muchos y las
discusiones cada vez más frecuentes. Los textos de las Leyes citadas, tienen virtudes
y defectos. Son más las virtudes que los defectos. El problema ...


[PDF] O projeto kantiano de paz perpétua e seus reflexos no direito internacional do século XX

FR Rodrigues - 2013
 
... Por conseguinte, a liberdade interior deve, primeiramente, ser tratada numa observação
preliminar [...] como a condição de todos os deveres de virtude (tal como a consciência
foi tratada como condição de todas as virtudes em geral).38 ...
 

[PDF] Alberto Dangond Uribe, la política, el amor y la cultura

RH Soto - POLIANTEA, 2013
 
... Se pueden considerar como logros de una mente que quiere rebajar el tono a las ambi-
ciones desaforadas, el egoísmo y el cálculo. Con ojo de lince señaló lacras y virtudes
gra- cias al testimonio ético-literario de su queha- cer intelectual. ...


[PDF] PARA LA HISTORIA DE LA FIJACION DEL DERECHO CIVIL EN CHILE DURANTE LA REPUBLICA (XII)

D PORTALES
 
... En ella analiza la dualidad régimen político (concretamente: la república liberal) y virtudes cívicas
de los súbditos. ... De este modo, la defi- ciencia del supuesto de hecho (las virtudes cívicas) impedía,
según Portales, el establecimiento del régimen (la república liberal). ...


[PDF] Imunidades tributárias das entidades de assistência social

RF Bandeira - 2013
 
... jurídico da subsunção de um fato a uma hipótese legal, como conseqüente e
automática comunicação ao fato das virtudes jurídicas previstas na norma.”19 O
fenômeno da incidência somente se dá quando o fato praticado ...


Pensar os problemas educativos como duração: continuidade de diferenciação

[PDF] Assentados na universidade

ED Gonçalves - 2013
 
... Mesmo após iniciadas as aulas, a continuidade da turma foi ameaçada por ... Caracteriza o período
a luta contra o analfabetismo, transformado em causa de todos os problemas nacionais, que
será ... Começa-se a pensar – finalmente – em políticas educacionais para esse setor ...


[PDF] Educação e trabalho em tempos de crise estrutural do capital

WB Pepler - 2013
 
... Por fim, serão apresentadas as ideias de Gramsci que nos permite pensar um novo
princípio educativo fundado no trabalho para consolidar a formação de ... Taylor, que afirmava,
de forma taxativa, ser um dos maiores problemas da produção ...


[PDF] Deserdados da escola

LTA Bueno - 2013
 
... conscientização. Entre as distintas problemáticas para essa ação, desde a dificuldade
de ir até a comunidade e os problemas internos que permeavam Caçador,
sobressaiu-se o elevado analfabetismo entre os adultos dessa área rural. ...


[PDF] Regime jurídico da concessão do serviço público de televisão

IG Rocha - 2013
 
... deste ano, noticiado o sexagésimo aniversário da televisão brasileira, trazendo à
discussão diversos problemas a ela relacionados. Ocorre que uma questão ... diferenciação
entre as normas legais para a concessão dos serviços de televisão ...

[PDF] O direito humano à comunicação

AL Balestra - 2013
 
... conceitual ao se referir ao direito à comunicação ea liberdade de expressão, sendo que
a ausência de uma diferenciação entre os aludidos desígnios se faz presente até mesmo
no mais importante marco legal relativo aos d
ireitos humanos, a ...

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Licínio C. Lima

 


Relação público privado na educação básica–notas sobre o histórico e o caso do PDE-PAR–Guia de Tecnologias

VMV Peroni, AJ Rossi, D de Oliveira Pires, LH Uczak… - Revista Série-Estudos, 2013
 
... Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Schwarcz, 2001. LIMA, Licínio C. A escola como
organização educativa. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011. PERONI, Vera. Políticas públicas
e gestão da educação em tempos de redefinição do papel do estado. 2008. ...

[HTML] Geology and structural framework of the Urandi Metavolcanosedimentary Sequence, Bahia

BS Figueiredo, SCP Cruz, PA Ribeiro, A Fleck - Brazilian Journal of Geology, 2013
 
... xisto verde, com temperatura estimada variando entre 350 e 500°C. ... Geologia do Distrito
Manganesífero de Urandi-Licinio de Almeida: Resultados Preliminares ... e Evolução Metalogenética
das formações manganesíferas da Seqüência Metavulnossedimentar Licínio de Almeida ...

[PDF] EIXO 4-Política e gestão da Educação Profissional e Tecnológica PROEJA E PRONATEC: A DANÇA DOS ATORES ENTRE A FORMULAÇÃO EA IMPLEMENTAÇÃO …

NL Franzoi, COB Silva, RCD Costa
 
... São Paulo: Editora Cortez, 2005. LIMA, Licínio C. A escola como organização educativa:
uma abordagem sociológica. São Paulo: Cortez, 2003. Page 15. MOURA, Dante Henrique.
A formação de docentes para a educação profissional e tecnológica. ...

[PDF] Late-Life Depression and the Counseling Agenda: Exploring Geriatric Logotherapy as a Treatment Modality

JH Morgan - INTERNATIONAL JOURNAL OF PSYCHOLOGICAL …, 2013
 
... studies have verified that these brain functions are triggered by such things as stress and life
style (Wong & Licinio, 2001). ... begun to address the subject of late- life depression are reflected
in my recent work (Morgan, 2012a,b,c). That logotherapy ... Lima, OH: Wyndham Hall Press. ...

Lineamenti di diritto costituzionale della regione Calabria

C Salazar, A Spadaro - 2013

Artigos apoidos nos ombros Teóricos de Alasdair MacIntyre.

O Princípio oi Concorrência Leal

M Boylan - Business Ethics, 2013
 
Aqui ... Eu sigo Alasdair MacIntyre, que usa um senso de prática para desenvolver a perspectiva interna
da visão de mundo compartilhada comunidade. 1 MacIntyre diz: "A prática envolve padrões de excelência
e obediência a regras, bem como a realização de bens ....

O céptico eBook Student: os encontros com Jesus Series: 1

T Keller - 2013

"Unidade do diverso": Formações da classe trabalhadora e revoltas populares a partir de Cochabamba para Cairo

D McNally - Marxismo e Movimentos Sociais, 2013
 
Página 410. "Unidade do diverso": Formações da classe trabalhadora e revoltas populares
de Cochabamba a Cairo David McNally O concreto é concreto porque é a
concentração de muitas determinações, portanto, a unidade do diverso ....

[PDF] EDUCAÇÃO MUSICAL, ÉTICA E Inclusão ESCOLAR

TN taets, MJS da Costa Lins, LC Cruz, ALF Guimarães ...
 
Página 1. 213 EDUCAÇÃO MUSICAL, ÉTICA E Inclusão ESCOLAR Thelma Nunes
Taets thelmataets@hotmail.com Maria Judith Sucupira da Costa Lins Luzia Cunha
Cruz Ana Lídia Felippe Guimarães Ana Celi Pimentel UFRJ ...

[PDF] AS Virtudes ENSINADAS EM OBJETOS DE Aprendizagem INFANTIS

LST Vales, MJS da Costa Lins, MT do Amaral ...
 
O Processo ... Que envolva a Educação moral Nesta Pesquisa ESTA baseado principalmente
da nas Teorias fazer Filósofo Contemporâneo Alasdair MacIntyre (1984). Será, also ...
complementados Pela proposal de Alasdair MacIntyre do Ensino de Virtudes ....

[PDF] Sobre la cuestión de la investigación biográfica-Narrativa en la identidad profesional docente

HLP Varilla - Colóquio Internacional sobre Educação, Pedagogia y ..
.
Ricoeur ... Açude a los trabajos de Charles Taylor y de Alasdair MacIntyre parágrafo Opaco argumentar
un individuo pecado SENTIDO de identidad carece de dirección o de un SENTIDO del Lugar Que Ocupa,
es decir Que pecado un SENTIDO de Identidad no hay garantía de una persona Como ser ...

[PDF] Significado e interpretación constitucional

B Ixíter
... Free Press, 1995). L0 entiendo, en cambio, en un SENTIDO cercano al Utilizado POR
Brian Tamanaha, quien (Siguiendo um Alasdair MacIntyre) distingue Entre práctica:
e ¡mitra-208 Page 7. SIGNIFICADO E Interpretacion ...


Sugestões de Bons Artigos!

A função social da escola na ótica de Adolfo Lima, um educador português anarco-sindicalista

LC Barreira - Revista Série-Estudos, 2013
... BANDEIRA, Filomena. Emílio Martins Costa (referência 255). In: NÓVOA, António; BANDEIRA,
Filomena (Coord.). A Educação Portuguesa: corpus documental (séc. ... _____. José Carlos de
Sousa (referência 825). In: NÓVOA, António; BANDEIRA, Filomena. (Coord.). ...

[PDF] Formação específica em artes visuais: um caminho para o desenvolvimento do educador e educando

A Holiceni - 2013
... da arte de forma permanente. Conforme Antonio, “O aprender contínuo é essencial e se concentra
em dois pilares: a própria pessoa como agente, ea escola como lugar de crescimento profissional
permanente”. Nóvoa (2002), nesse caso os dois pilares aluno e escola ...

Tecnologias digitais na pós-graduação: estratégias de incorporação no ensino e na orientação

L Bianchetti, EM Quartiero - Revista Série-Estudos, 2013
... Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2005. NÓVOA, Antônio. Modelos de análise em
educação comparada: o campo ea carta. In: SOUZA, Donaldo Bello; MARTÍNEZ, Silvia Alícia
(Orgs.). Educação comparada. Rotas de além-mar. São Paulo: Xamã, 2009. ...

Administração escolar: uma perspectiva crítica para a atualidade

W Marques - Revista Série-Estudos, 2013
... A escola em todos os seus estados: das políticas de sistemas às estratégias de estabelecimento.
In: NÓVOA, António (Org.). As organizações escolares e análise. 2. ed. Lisboa: Publicações Dom
Quixote, 1995. MAXIMIANO, Antônio Cesar. Introdução à administração. ...

Professor iniciante: o ser e estar na profissão docente

MR Brostolin - Revista Série-Estudos, 2013
... Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 27, set./out./nov./dez. 2004. NÓVOA,
Antonio. A vida de professores. Porto: Porto Editora, 1995. _____. Os professores na virada
do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. ...

[PDF] À mesa com Alberto Manguel: contribuições da leitura literária na formação docente

BP Oliveira, RCOB Cunha - Revista NUPEM, 2013
... 2000). Concordamos com Nóvoa (2010, p. 167) que “a formação é inevitavelmente
um trabalho de reflexão sobre os percursos de vida”. E, nesse sentido, “a formação
pertence exclusivamente à pessoa que se forma” (p. 172). ...

Educação integral, tempo integral e currículo

LMC da Costa Coelho, DM Hora - Revista Série-Estudos, 2013
... ZEICHNER, Ken. Novos caminhos para o practicum.: uma perspectiva para os anos 90. In:
NÓVOA, António (Org.). Os professores ea sua formação. Lisboa: D. Quixote/Instituto de Inovação
Educacional, 1992. Texto completo: PDF. Apontamentos. Não há apontamentos. ...

[PDF] A função reparadora na educação de jovens e adultos: uma leitura do cotidiano escolar

MECH Campelo - Revista Educação em Questão, 2013
Page 1. 210 Revista Educação em Questão, Natal, v. 35, n. 21, p. 210-233, maio/ago. 2009 Artigo
A função reparadora na educação de jovens e adultos: uma leitura do cotidiano escolar The
restorative function in adult and youth education: a reading of the daily school ...

[PDF] ∗ novoa@ reitoria. ul. pt

A Nóvoa
RESUMO Este texto constitui um ensaio no sentido mais exacto do termo. Trata-se de uma
reflexão livre, que procura lançar ideias e explorar caminhos para pensar as questões
educativas e pedagógicas. O ensaio tem como pano de fundo duas grandes mudanças: a ...

[PDF] Entre a educação ea filosofia: aspectos históricos da filosofia da educação como disciplina acadêmica e campo de investigação

FAB Mota - Revista da FAEEBA, 2013
... filosófica cuja abordagem era centrada nas contribuições teóricas dos grandes pensadores para
o campo educacional (NÓVOA, 1994 ... A primeira geração de docentes, constituída por Dermeval
Saviani, Newton Aquiles Von Zuben, Antônio Joaquim Severino e Geraldo Tonaco ...