Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem, da Universidade
Federal de Santa Catarina, como requisito
para obtenção do título de Mestre em
Enfermagem-Área de concentração:
RESUMO
INTRODUÇÃO: o número de atendimentos ao parto domiciliar
planejado vem crescendo nos últimos anos. A Organização Mundial da
Saúde recomenda o domicílio como local de parto, desde que atendido
por profissional qualificado e com um plano de transferência.
OBJETIVO: avaliar os resultados da assistência obstétrica e neonatal
do trabalho de parto, parto e puerpério imediato domiciliares,
planejados, assistidos por enfermeiras. MÉTODO: trata-se de um
estudo transversal com amostra composta por todos os partos das
mulheres assistidas por enfermeiras no domicílio, de forma planejada,
incluindo as transferidas para uma instituição de saúde, e seus recémnascidos,
no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009. Os dados
foram coletados dos prontuários e das gravações audiovisuais
arquivados pelas enfermeiras da Equipe Hanami e da Caderneta de
Saúde do recém-nascido, com base em formulário padronizado.
Realizou-se análise estatística descritiva, teste qui-quadrado ou exato de
Fisher, teste t de Student e teste de Mann-Whitney. O nível de
significância adotado foi de 5%. RESULTADOS: foram apresentados
em dois artigos. No artigo 1, do total de 100 mulheres assistidas no
domicílio a maioria era primípara (73,0%), com ensino superior
completo (53,0%), teve acompanhante (99,0%), apresentou batimentos
cardíacos fetais sem alteração (94,0%), com traçado do partograma sem
alteração na curva de alerta (61,0%) e não apresentou distocia funcional
(70,0%). A taxa de amniotomia foi de 9,0% e de líquido amniótico
meconial de 7,0%. O tempo entre a primeira avaliação no domicílio e o
parto foi < 5 horas em 46,1% dos casos, sendo mais frequente nas
multíparas do que nas primíparas (p=0,0402). O parto de cócoras na
água foi o mais escolhido (66,3%), e em especial pelas primíparas
(p=0,0030). Praticamente metade das mulheres (49,4%) não necessitou
de sutura perineal e apenas em 1,1% foi indicada a episiotomia. A
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maioria dos recém-nascidos (96,6%) recebeu escore de Apgar do 1°
minuto ≥ 7, 100,0% tiveram contato pele a pele e 70,8% sucção efetiva.
A icterícia neonatal foi a intercorrência mais comum (44,3%). O artigo 2
apresenta os resultados das transferências maternas e neonatais de um
recém-nascido e 11 parturientes. A maioria era primípara (63,6%),
100,0% foram transferidas no período de dilatação, sendo que parada da
dilatação cervical e da descida do feto foram as indicações mais
frequentes. A única transferência neonatal foi por anomalia congênita.
Dos neonatos nascidos no hospital, 81,8% receberam escore de Apgar
do 1° e 5° minuto ≥ 7 e não houve internação em Unidade de Terapia
Intensiva. CONCLUSÕES: Os resultados obstétricos e neonatais
indicam que é seguro o parto domiciliar planejado, assistido por
enfermeira obstétrica, sob rigoroso protocolo assistencial e planejamento
para as transferências. Os achados são semelhantes aos de pesquisas
realizadas em países em que essa prática é consolidada e reconhecida
pelo sistema de saúde. A comparação das características
sociodemográficas e dos desfechos obstétricos e neonatais com a
paridade, não mostrou diferença estatisticamente significativa na
maioria das variáveis. Sugerem-se estudos com maior amostragem para
verificar associações ou identificar variáveis preditoras de alguns
desfechos e de transferências maternas.
Palavras-chave: Parto Domiciliar. Parto Humanizado. Enfermagem
Obstétrica.
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