terça-feira, 1 de maio de 2012

O Dia do Trabalhador


Fonte: Das Sociedades Comunais ao modo de Produção Feudal
Escola de Formação Básica 
Multiplicadora da Economia Popular Solidária

2ª edição

“O mundo de carências das populações periféricas, revela a violência do sistema que as cria. No fundo, geradas nas carências impostas e apresentadas como algo natural, para estas populações a vida, quase sempre, é o que há a partir do que sobra. De vez em quando, porém, o sonho ultrapassa os limites do que sobra. Os corpos cansam, mas no coração e nas noites as pessoas praticam, a seu modo, os sonhos de uma existência em que a vida não seja apenas o que há a partir do que sobra.” Paulo Freire, 1921-1997

É muito comum, hoje em dia, escutar as seguintes frases: “O trabalho dignifica o homem”; “Quem não trabalha é vagabundo”, etc. Mas não foi sempre assim.
Trabalho” vem de tripalium (latim), que era um instrumento de tortura usado pelos romanos, para obrigar os escravos a trabalhar. A idéia de sofrimento deu lugar ao termo “esforçar-se”, “lutar”, para chegar, enfim, à palavra “trabalhar”.
Inclusive, em muitas línguas derivadas do latim, costuma-se ainda dizer “trabalho de parto”, recuperando a maldição divina contra Eva. Aliás, não só contra ela. Em Gn (3:16), disse Deus a Adão: “Maldito é o solo por causa de ti! Com sofrimento dele te nutrirás todos os dias de tua vida (...). Com o suor de teu rosto comerás teu pão, até que retornes ao solo, pois dele foste tirado” (CHAUÍ. In: LAFARGUE,p. 12).
 
 A história do trabalho teve sua origem na busca humana de formas de satisfazer suas necessidades biológicas de sobrevivência. À medida que essas necessidades foram sendo satisfeitas, outras foram surgindo, fazendo com que nascessem novas relações que determinaram a condição histórica do trabalho.
Com o passar do tempo, a produção, antes limitada à sobrevivência, começou a ser maior que o necessário, gerando excesso de produção. Quando isto acontecia, o excedente era estocado para ser usado, por exemplo, em uma catástrofe natural, ou então em festas coletivas. “Essa enorme produção, obtida sem gerar a exploração de ninguém, foi adquirida por um trabalho mínimo: 3 a 4 horas por dia, no período de máxima intensidade; 15 dias de trabalho por ano, em média. Em um sistema ecologicamente equilibrado, a natureza dava generosamente seus frutos, e a técnica, adaptada às necessidades, era muito desenvolvida” (GUILLERM e BOURDET, p. 99).
Infelizmente, esse excedente acabou fazendo com que fosse despertada em alguns indivíduos, a possibilidade da detenção do poder. A produção começou a ser disputada. Além disso, a terra, que era de todos, foi sendo repartida, tornando-se propriedade privada, terminando assim a igualdade entre eles, uma vez que apenas uma minoria foi beneficiada. A desigualdade começa quando se estabelece a divisão entre as famílias proprietárias e as não-proprietárias. Assim, surgem as classes sociais; e também “(...) a luta de classes, na medida em que a classe proprietária procura aumentar suas posses, impedindo que19 Das Sociedades Comunais ao modo de Produção Feudal os demais se tornem proprietários; e na medida em que os não proprietários
querem se tornar proprietários, ameaçando as propriedades
dos primeiros” (Frei BETTO, p. 14).


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