quinta-feira, 24 de novembro de 2011


Mateus Prado cursou Sociologia e Políticas Públicas na USP. É presidente nacional do Instituto Henfil e autor de livros didáticos. Presta assessoria em Enem

Mateus Prado

Educador analisa o Enem, os vestibulares e o ensino brasileiro

Saber usar o SISU pode fazer a 

diferença para entrar na faculdade

Com sistema mais estável, cresce o dilema entre fazer inscrição 

no curso preferido ou no que tem nota para entrar


O aluno que hoje tem nota para passar
 em algum curso, ou nota muito próxima,
 precisa pensar bem suas estratégias para amanhã. Saber usar o SISU poderá ser a diferença entre entrar, ou não, no ensino superior 
público. Já na segunda chamada, mais de 30% das vagas estarão novamente à disposição e,
 desta vez, com nota de corte menor. No ano passado, quando o SiSU ofereceu menos vagas
 no primeiro semestre (cerca de 48 mil, contra as 83 mil atuais), quase 50% de quem passou 
na primeira chamada não apareceu para fazer sua inscrição. Depois das várias chamadas e da
 lista de espera, ainda sobraram mais de 7 mil vagas. Teremos este ano três chamadas e o aluno
 que declarar interesse poderá participar delas.
Acompanhe o raciocínio: preocupada em garantir uma vaga, grande parte dos alunos que não
 possuía nota suficiente para seu curso de preferência vai se inscrever em outras opções. Por exemplo, se um aluno quiser fazer direito, mas não tiver média suficiente e visualizar isso no 
sistema, pode mudar o curso e optar por fazer pedagogia ou ciências sociais, nos quais sua
 nota é suficiente. Outros candidatos que se inscreveram em cursos fora do seu Estado 
poderão não ter interesse em morar longe de casa. No ano passado, só 20% dos inscritos 
foram para uma faculdade em um Estado diferente do seu.

Nos dois casos, algumas pessoas que tiveram notas razoáveis no Enem simplesmente
 entraram na disputa por uma vaga para ver se podiam ser aprovadas. Vão encontrar 
seu nome na lista de aprovados, mostrar para os amigos, familiares e nada mais. 
Somam-se a isso as universidades públicas que não selecionam pelo sistema e 
divulgarão sua lista nos próximos dias. Quem, por exemplo, for aprovado na USP e 
em algum curso do sistema de seleção pode optar pela estadual paulista. A mesma 
coisa vale pra quem entrar na UFMG, na UFRGS, na UFJF, na UFSC, na UFTM, na UFV,
 na UFRJ pelo vestibular, na UERJ, na UFS, no PROUNI, entre tantas outras 
opções.

Também tem a questão de os alunos poderem concorrer, simultaneamente, a duas vagas no
 SISU. Isto distorce completamente a nota de corte e deixa os alunos sem parâmetros para comparação. Um aluno de nota alta que quer Medicina provavelmente se inscreveu em duas 
opções em que terá nota pra ser chamado, mas só será chamado em uma. Alguns alunos 
hoje passam só em seu curso de segunda opção, mas quando o sistema fechar, muitas 
pessoas podem ter como segunda opção o curso que ele quer como primeira. Automaticamente
 estes alunos saem desta lista de chamada, a nota de corte cai e este aluno melhora sua posição
 na classificação.

O raciocínio é um pouco difícil de entender, mas vamos com um exemplo mais claro. O curso de Medicina oferece cerca de 1300 vagas no SISU. A grosso modo, podemos dizer que os 650 alunos com as melhores notas, dos que querem Medicina, se inscreveram em duas opções e podem estar classificados nas duas. Na hora de se inscrever, cada candidato é considerado, para critérios de classificação, como se ele fosse duas pessoas distintas. Na hora que sair a lista de chamados, ele será uma só. Não pode um aluno cursar Medicina em Pelotas e na Faculdade de Saúde do Rio Grande do Sul ao mesmo tempo, mas hoje ele pode concorrer aos dois.

O resultado de tudo isto é que os candidatos ainda terão muitas chances de entrar em uma Federal. Mas será necessário muita atenção e paciência, por que as notas de corte atuais são péssimos, porém os únicos, parâmetros para a decisão.

Nenhum comentário :

Postar um comentário