sábado, 24 de setembro de 2011


Cerca de 200 mil jovens deficientes estão fora da sala de aula

Segundo o MEC, o problema seria a falta de vagas nas escolas públicas

Brasília - Quase metade das crianças e adolescentes (48%) com algum tipo de deficiência e que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) está fora da escola. A proporção equivale a cerca de 200 mil jovens que deveriam estar estudando, mas não conseguiram vaga nas escolas ou as famílias não efetuaram a matrícula.
Foto: Divulgação
Para Haddad, há falta de iniciativa do poder público local | Foto: Divulgação
Os números são do Ministério da Educação (MEC) que lançou em Brasília, nesta quarta-feira, a 2ª edição do Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas. De acordo o ministro Fernando Haddad, o grande contingente é fruto de problemas culturais (as famílias não têm a compreensão da necessidade e do direito de as pessoas com deficiência estudarem) e também da falta de iniciativa do Poder Público local.
Haddad espera que as secretarias deEducação dos estados e dos municípios busquem as crianças e os adolescentes que não estão na escola. “Eu tenho o cadastro de todas as crianças que recebem por lei um salário mínimo em virtude de uma deficiência. Eu tenho esse cadastro e cruzo com o do MEC. Se eu não encontro a criança matriculada, eu tenho que visitar essa criança. Cem mil crianças já foram resgatadas com esse processo, nós temos que buscar essas 200 mil”, disse.
De acordo com a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), Cláudia Pereira Dutra, muitas famílias têm medo de perder o benefício ao matricular os filhos porque, na visão dessas pessoas, a frequência escolar seria a comprovação de que não existe invalidez. Cláudia afirma que não há essa possibilidade e esclarece que a Constituição Federal (Artigo nº 205) determina que a educação é “direito de todos e dever do Estado e da família”.
“Esse recurso é para promover a qualidade de vida das pessoas, entre eles, o exercício do direito à educação”, destacou.
Segundo Cláudia, desde 2007, mais de 24 mil salas de recursos multifuncionais (com equipamentos, mobiliários, material para atendimento especializado) foram instaladas nas escolas públicas (investimento de R$ 150 milhões). Anualmente, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) oferece R$ 100 milhões para a adequação física de escolas (construção de rampas, instalação de corrimão, adaptação de banheiros).
Na opinião da secretária, além da adequação física e da formação dos professores, é fundamental a compreensão dos profissionais que atuam nas escolas de que muitas pessoas com deficiência necessitam do apoio de um acompanhante permanentemente – como parentes que possam ficar na escola para ajudar em atividades em sala, na locomoção, na alimentação e no uso dos banheiros.
No ano passado, escolas públicas de 420 municípios de todo o país inscreveram 713 iniciativas para concorrer ao prêmio. Uma escola em cada região foi premiada. Este ano,o prêmio foi dividido em três categorias: escolas públicas (para experiências pedagógicas exitosas); secretarias de Educação (gestão do sistema de ensino que gere inclusão); e estudantes de escolas públicas (para texto narrativo sobre o tema A Escola Aprendendo Com as Diferenças, que deve ser elaborado por estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio). O primeiro colocado receberá um notebook.
As inscrições devem ser feitas até 31 de dezembro, no site do MEC: www.mec.gov.br
Com informações da Agência Brasil