quarta-feira, 13 de julho de 2011

Alguma coisa está fora da Ordem...
Paulo Chico
No próximo domingo, dia 17, 135 mil bacharéis em Direito farão as provas de mais um temido Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Com tão pouco tempo para efetuar a revisão do que foi - ou deveria ter sido - aprendido ao longo da faculdade, resta desejar a eles que tenham melhor sorte do que aquela que (não) sorriu para a maioria do inscritos no última edição da avaliação, aplicada em dezembro de 2010. Dados da OAB divulgados na última semana revelam que o Exame do final do ano passado reprovou 88,27% dos 106.891 inscritos - e, na prática, apesar de diplomados, eles não podem exercer a função de advogados. Em números absolutos, apenas 12.534 candidatos foram aprovados. No Rio de Janeiro, e também no país afora, houve mesmo uma situação cômica, se não fosse trágica. Em todo o país, 90 instituições de ensino não conseguiram aprovar ao menos um de seus alunos no Exame da Ordem. No Rio, três faculdades chegaram ao final da avaliação nesta condição. Isto é, com o expressivo índice de 0% de aproveitamento. Mas, afinal, o que acontece com o Exame? Onível de exigência das questões - elaboradas pela Fundação Getulio Vargas é alto demais? Trata-se mesmo de uma prova somente para superdotados? Ou, justamente ao contrário, o nível da formação superior em Direito é que anda baixo demais? Ou, ainda, será que, simplesmente, não é injusto cobrar das faculdades que elas resolvam problemas de formação herdados ainda da escola básica? "Lamentavelmente, esse resultado é um reflexo do ensino jurídico do Brasil e da irresponsabilidade governamental de liberar mais cursos. Só na gestão da presidenta Dilma Rousseff já foram liberados mais 33. Temos mais de 1 mil cursos de Direito e cerca de 600 mil vagas em oferta - e não há efetivamente mestres e doutores para preparar todos esses alunos", dispara o presidente da OAB, Ophir Cavalcante.

A OAB chegou a enviar, no dia 6 de julho, ofício ao Ministério da Educação, solicitando que o órgão imponha um regime de supervisão às instituições de ensino de Direito que não 
conseguirem aprovar pelo menos um de seus inscritos no Exame. No ofício, Ophir Cavalcante classifica como "lamentável" a estatística. "Algumas dessas instituições têm cometido um verdadeiro 'estelionato educacional', enganando estudantes que acreditam estar recebendo uma boa educação", pontuou ele, para prosseguir. "Um ensino jurídico não qualificado compromete a formação dos operadores do Direito. E o advogado bem preparado é e será sempre sinônimo de uma Justiça melhor. Contudo, hoje, a maioria, quando termina o curso e se submete ao Exame de Ordem ou a um concurso, é reprovada. Ou seja, no final, o bacharel verifica que tem um diploma na mão, mas que não vale nada." O ministro Fernando Haddad respondeu, no dia 7, que a fiscalização sugerida pela Ordem já é feita pelo Exame Nacional de Estudantes (Enade). Vale lembrar que, em junho deste ano, o MEC anunciou o fechamento de quase 11 mil vagas em 136 cursos de direito, que não apresentaram índices satisfatórios de desempenho na avaliação governamental.

Nenhum comentário :

Postar um comentário