Re: [ciencialist] Re: Eis a Ciencia ......
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O texto sobre guarda chuvas é uma brincadeira, uma gozação, para brincar com
pseudo-ciencias que apenas por acumularem enorme base de dados e calculos
matematicos se acreditam ciencias..:-) Não leve à sério..:-)
Um abraço.
Homero
----- Original Message -----
From: Maria Natália
To: ciencialist@...
Sent: Sunday, October 19, 2003 7:16 PM
Subject: [ciencialist] Re: Eis a Ciencia ......
Estão a gozar com a malta, não?
Se perguntar a esse tal qualquer coisa se sabe porque um guarda chuva
abre e que forças estão aplicadas nas varetas ele nada sabe.
Realmente só com um guarda chuva pelas costas abaixo.
Quando surgiu o guarda chuva? Este texto só pode ser do séc XVII e o
que professor é que a malta reforma a noção de ciência.
[]'
Maria Natália
PS nós aqui em Portugal temos um sociólogo a emitir pareceres sobre a
ciência...É o Boaventura Sousa Santos e na última 6ª feira estivemos
duas horas a discutir ci~encia epistemologia etc e tal
--- Em ciencialist@..., "Luiz Ferraz Netto"
<leobarretos@u...> escreveu
> O que é a ciência?
> John Sommerville
>
> Caro Senhor
>
> Tomo a liberdade de me dirigir a si rogando-lhe que seja o juiz
numa disputa entre mim e uma pessoa minha conhecida que já não posso
considerar um amigo. A questão em discussão é a seguinte: É a minha
criação, a guardachuvalogia, uma ciência? Permita-me que explique a
situação. De há dezoito anos para cá que, conjuntamente com alguns
fieis discípulos, venho recolhendo informações relacionadas com um
objecto até agora negligenciado pelos cientistas - o guarda-chuva. O
resultado da minha investigação, até à presente data, encontra-se
reunido em nove volumes que vos envio separadamente. Deixe-me,
antecipando a sua leitura, descrever brevemente a natureza dos
conteúdos aí apresentados e o método que empreguei na sua compilação.
Comecei pelas ilhas. Passando de quarteirão em quarteirão, de casa em
casa, de família em família, de indivíduo em indivíduo, descobri: 1)
o número de guarda-chuvas existentes, 2) o seu tamanho, 3) o seu
peso, 4) a sua cor. Tendo coberto uma ilha, passei às restantes.
Depois de muitos anos, passei à cidade de Lisboa e, finalmente,
completei toda a cidade. Estava então pronto a continuar o trabalho
passando para o resto do país e, posteriormente, para o resto do
mundo.
>
> Foi neste ponto que me aproximei do meu amigo de outrora. Sou um
homem modesto, mas senti que tinha o direito de ser reconhecido como
o criador de uma nova ciência. Ele, por outro lado, afirmou que a
guardachuvalogia não era de todo uma ciência. Primeiro, disse ele, é
uma tolice estudar guarda-chuvas. Este argumento é mau, uma vez que a
ciência se ocupa de todo e qualquer objecto, por muito humilde e
abjecto que seja, até mesmo da «perna de trás de uma pulga». Sendo
assim, por que não guarda-chuvas? Depois, ele afirmou que a
guardachuvalogia não poderia ser reconhecida como uma ciência porque
não trazia qualquer benefício ou utilidade para a sociedade. Mas não
será a verdade a coisa mais preciosa na vida? E não estão os meus
nove volumes repletos de verdades acerca do meu objecto de estudo?
Cada palavra é verdadeira. Cada frase contém um facto firme e frio.
Quando ele me perguntou qual era a finalidade da guardachuvalogia,
senti-me orgulhoso em dizer «Procurar e descobrir a verdade é
finalidade suficiente para mim». Sou um cientista puro; não tenho
motivos ulteriores. Daqui se segue que a verdade seja suficiente para
me sentir satisfeito. A seguir afirmou que as minhas verdades estavam
datadas e que qualquer uma das minhas descobertas poderia deixar de
ser verdadeira amanhã. Mas isto, disse eu, não é um argumento contra
a guardachuvalogia, é sim um argumento para a manter actualizada, que
é precisamente o que pretendo fazer. Façamos levantamentos mensais,
semanais, ou mesmo diários, de modo a que o nosso conhecimento se
mantenha actualizado. A sua objecção seguinte foi afirmar que a
guardachuvalogia não continha hipóteses e que não tinha desenvolvido
leis ou teorias. Isto é um grande erro. Utilizei inúmeras hipóteses
no decurso das minhas investigações. Antes de entrar num novo
quarteirão e numa nova secção da cidade coloquei hipóteses
relacionadas com o número e com as características dos guarda-chuvas
que aí seriam observados, hipóteses essas que foram, de acordo com o
correcto procedimento científico, ou verificadas ou anuladas pelas
minhas subsequentes observações. (De facto, é interessante notar que
posso comprovar e documentar cada uma das minhas respostas a estas
objecções com numerosas citações de trabalhos fundamentais, de
revistas importantes, de discursos públicos feitos por cientistas
eminentes, etc.) No que respeita a teorias e leis, o meu trabalho é
abundante. Mencionarei, a título de exemplo, apenas algumas. Existe a
Lei da Variação da Cor Relativa à Posse pelo Género. (Os guarda-
chuvas que são posse das mulheres tendem a ter uma grande variedade
de cores, ao passo que aqueles que são posse dos homens são quase
sempre pretos.) Apresentei, para esta lei, uma exacta formulação
estatística. (Veja-se vol. 6, apêndice 1, quadro 3, p. 582). Existem
as Leis dos Possuidores Individuais de uma Pluralidade de Guarda-
chuvas e as Leis da Pluralidade dos Possuidores de Guarda-chuvas
Individuais, leis curiosamente inter-relacionadas. A inter-relação,
na primeira lei, assume a forma de uma quase directa ratio com o
rendimento anual, e a segunda, uma quase relação inversa com o
rendimento anual. (Para uma formulação exacta das circunstâncias
modificadoras veja-se vol. 8, p. 350). Há também a Lei da Tendência
para Adquirir Guarda-chuvas em Tempo Chuvoso. Para esta lei forneci
verificação experimental no capítulo 3 do volume 3. Realizei,
igualmente, numerosas outras experiências relacionadas com a minha
generalização.
>
> Por conseguinte, creio que a minha criação é, em todos os aspectos,
uma ciência genuína, e apelo para a vossa comprovação da minha
opinião.
>
> John Sommerville
> Tradução e adaptação de Luís Filipe Bettencourt
> Citado por David Boersema in "Mass Extinctions and the Teaching of
Philosophy of Science" (Teaching Philosophy, vol. 19, n.º 3,
September 1996, pp.263-264).
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