sábado, 5 de março de 2011

Marca-passo no estômago ajuda a emagrecer

Marca-passo no estômago ajuda a emagrecer

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DA ASSOCIATED PRESS
Patrick Hetzner já tentou quase tudo para perder peso e nada funcionou. Cinco meses atrás, tentou algo novo: um marca-passo no estômago que pode controlar o apetite.
Desde que fez o implante do dispositivo, Hetzner, um carteiro de 20 anos de Munique, perdeu mais de 10 quilos.
Hetzner faz parte de uma pesquisa clínica. Desde o mês passado, o dispositivo já é vendido em toda União Europeia.
Carolin Deutsch/ AP
Patrick Hetzner, 20, colocou um marca-passo no estômago e há perdeu 10 quilos
Patrick Hetzner, 20, colocou um marca-passo no estômago e há perdeu 10 quilos
O marca-passo é parecido com o usado para o coração. É um estimulador que transmite impulsos elétricos para "enganar" o estômago e o cérebro e dar a sensação de saciedade.
Hetzner diz que sente os impulsos poucos minutos depois de começar a comer ou a beber. Ele fica satisfeito com metade da comida que ingeria antes de colocar o aparelho.
"Sinto como uma pressão no estômago ou um beliscão, mas não é ruim", disse ele. "É como um pequeno guia para me ajudar a mudar de vida."
Até agora, cerca de 65 pacientes participantes de dois estudos receberam o dispositivo fabricado por uma empresa americana. Metade desses estão com o marca-passo há pelo menos um ano e a maioria perdeu, em média, 20% do peso.
Já existem outros marca-passos para estômago no mercado, mas a maioria é usada para aliviar sintomas como náuseas e vômitos, e não para combater a obesidade.
O apetite é em parte controlado por sinais enviados pelo estômago para o cérebro. O marca-passo interfere nesse sistema de comunicação, enviando a mensagem de que o corpo está satisfeito depois de uma quantidade relativamente pequena de alimento.
"Se você pode estimular os nervos que se comunicam com o cérebro, isso deve ter de fato um efeito na redução da ingestão de alimentos", disse Stephen Bloom, especialista em obesidade do Imperial College, em Londres, que não tem ligação com as pesquisas.
Bloom, no entanto, questiona se o dispositivo funcionaria a longo prazo. Segundo ele, as pessoas poderiam se acostumar com os impulsos elétricos e continuar comendo apesar deles.
Médicos que são familiarizados com o aparelho dizem que sempre terá um jeito de regular o marca-passo e interferir na alimentação do paciente. Como um benefício adicional, o sensor marca quando o paciente come, bebe ou se exercita.
O efeito colateral mais sério registrado até agora foi uma infecção relacionada à cirurgia. Na Grã-Bretanha, o marca-passo custa cerca de 15 mil euros (R$ 34 mil), incluindo a cirurgia.
O fabricante Intrapace também pretende apresentar o dispositivo para aprovação nos EUA e espera que esteja disponível até 2014.
Segundo a empresa, a bateria do aparelho dura cerca de cinco anos e cabe aos pacientes decidirem quanto tempo querem manter o dispositivo.
"O problema desses dispositivos é que eles assumem que as pessoas são racionais e comem apenas porque estão com fome", disse Stephan Rossner, professor na unidade de obesidade no Karolinska University Hospital, em Estocolmo. "Muitos pacientes obesos comem porque estão deprimidos."
Hetzner disse que pretende manter o marca-passo por cerca de quatro anos e que gostaria de recomendar o tratamento a outras pessoas. "Quero ter certeza que eu posso ficar com ele e que meu corpo vai se adaptar a essa nova forma de comer."
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