Um apartheid chamado de Jogos Olímpicos?
A Olimpíada Rio 2016 acabou?
Levaram a chama olímpica e sem ela quem dará luz e vida ao espírito das
Paraolimpíadas? Ela que saiu de Olímpia (em grego: Ολυμπία; transl. Olympía), Grécia,
viajou pelo mundo cruzando terra e mar, atravessou países inspirando as
pessoas, porém, com o espírito olímpico, apagou antes do início dos Jogos
Paraolímpicos que agora são Paralímpicos1!
É importante lembrar que a cada quatro anos ao longo da história, isso vem
acontecendo, insultando o verdadeiro espírito humanístico das Olimpíadas!
Como podemos dizer que vivemos em
um mundo inclusivo quando todos os 207 países que participaram da Rio 2016,
aceitam este apartheid: 2 eventos, 2 chamas, 2 cerimônias de abertura e duas
cerimônias de encerramento - tudo atrelado a uma grande diferença de tratamento
(patrocínio, cobertura na TV e até nos preços dos ingressos) demonstrando que
existem 2 classes de eventos: Os Jogos Olímpicos, um evento classe A, e os
Jogos Paralímpicos, um evento que fica com as sobras!
A separação entre jogos Olímpicos
e Jogos Paralímpicos é a prova real de que todas essas nações, não só o Brasil,
não estão livres do preconceito e não são inclusivas como deveriam, apesar da
maioria ter assinado a Convenção Internacional das Pessoas com Deficiência das
Nações Unidas caracterizando em off,
uma segregação, um verdadeiro apartheid!
Onde estão todos os jornalistas,
os correspondentes internacionais, a multidão, aquela torcida do mundo? Será
que todos já deixaram o Brasil antes do início dos Jogos Paralímpicos? Todo o
brilho que tem as histórias de superação do limite do homem e que tanto
valoriza o Espírito Olímpico passa a ficar ofuscado se o próprio evento traz em
si segregação e uma história de preconceito.
Os Jogos Olímpicos devem ser
únicos e inclusivos, ou seja, para todos. Provavelmente seria necessário uma ou
duas semanas a mais, alternando dias e datas para as competições alongando o
evento. Porém integraria os dois eventos, com competições de atletas com
diferentes habilidades começando e terminando no mesmo dia, lado a lado, com
uma única chama olímpica a ser acesa. Essa é a coisa certa a ser feita! Tenho a
total certeza que o Espírito Olímpico concatena em unir TODAS as pessoas, todas
as nações para celebrar esporte e cultura sem nenhum preconceito.
Essa provação tem o endereço de
todos os organizadores dos próximos jogos. E o Japão (tenho a certeza que
farão), que terá uma segunda chance, faça uma VERDADEIRA OLIMPÍADA, a de todos
e para todos.
Enquanto isso, nós brasileiros,
ainda temos uma missão, apoiar a todos os Atletas Paralímpicos do mundo. Todos
verdadeiros heróis por superarem as barreiras da vida e os preconceitos dos
seus semelhantes.
José Robson de Almeida
Deficiente Auditivo, Professor e Wind surfista
(desde 1988).