domingo, 28 de agosto de 2016

Um apartheid chamado de Jogos Olímpicos?

Um apartheid chamado de Jogos Olímpicos?

A Olimpíada Rio 2016 acabou? Levaram a chama olímpica e sem ela quem dará luz e vida ao espírito das Paraolimpíadas? Ela que saiu de Olímpia (em grego: Ολυμπία; transl. Olympía), Grécia, viajou pelo mundo cruzando terra e mar, atravessou países inspirando as pessoas, porém, com o espírito olímpico, apagou antes do início dos Jogos Paraolímpicos que agora são Paralímpicos1! É importante lembrar que a cada quatro anos ao longo da história, isso vem acontecendo, insultando o verdadeiro espírito humanístico das Olimpíadas!

Como podemos dizer que vivemos em um mundo inclusivo quando todos os 207 países que participaram da Rio 2016, aceitam este apartheid: 2 eventos, 2 chamas, 2 cerimônias de abertura e duas cerimônias de encerramento - tudo atrelado a uma grande diferença de tratamento (patrocínio, cobertura na TV e até nos preços dos ingressos) demonstrando que existem 2 classes de eventos: Os Jogos Olímpicos, um evento classe A, e os Jogos Paralímpicos, um evento que fica com as sobras!

A separação entre jogos Olímpicos e Jogos Paralímpicos é a prova real de que todas essas nações, não só o Brasil, não estão livres do preconceito e não são inclusivas como deveriam, apesar da maioria ter assinado a Convenção Internacional das Pessoas com Deficiência das Nações Unidas caracterizando em off, uma segregação, um verdadeiro apartheid!

Onde estão todos os jornalistas, os correspondentes internacionais, a multidão, aquela torcida do mundo? Será que todos já deixaram o Brasil antes do início dos Jogos Paralímpicos? Todo o brilho que tem as histórias de superação do limite do homem e que tanto valoriza o Espírito Olímpico passa a ficar ofuscado se o próprio evento traz em si segregação e uma história de preconceito.

Os Jogos Olímpicos devem ser únicos e inclusivos, ou seja, para todos. Provavelmente seria necessário uma ou duas semanas a mais, alternando dias e datas para as competições alongando o evento. Porém integraria os dois eventos, com competições de atletas com diferentes habilidades começando e terminando no mesmo dia, lado a lado, com uma única chama olímpica a ser acesa. Essa é a coisa certa a ser feita! Tenho a total certeza que o Espírito Olímpico concatena em unir TODAS as pessoas, todas as nações para celebrar esporte e cultura sem nenhum preconceito.

Essa provação tem o endereço de todos os organizadores dos próximos jogos. E o Japão (tenho a certeza que farão), que terá uma segunda chance, faça uma VERDADEIRA OLIMPÍADA, a de todos e para todos.

Enquanto isso, nós brasileiros, ainda temos uma missão, apoiar a todos os Atletas Paralímpicos do mundo. Todos verdadeiros heróis por superarem as barreiras da vida e os preconceitos dos seus semelhantes.

José Robson de Almeida
 Deficiente Auditivo, Professor e Wind surfista (desde 1988).


1 A pedido do Comitê Paralímpico Internacional o nome original Para(o)limpíada perdeu a letra “o” . Foi alegada a igualdade do modo de usado (Paralímpico) por todos os outros países de língua portuguesa.